Indicações Psíquicas #2 Intuição e racionalidade

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Na nossa série “Indicações Psíquicas”, iremos sugerir filmes, documentários, séries ou livros sobre os assuntos que abordamos nos vídeos pra vocês se aprofundarem um pouco mais! Você acha que devíamos fazer outros “Indicações Psíquicas”? Dê a sua opinião por favor nos comentários do vídeo ou por meio das nossas redes sociais! Você pode ver o vídeo de hoje abaixo ou clicando aqui.

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Referências recomendadas

Nós citamos no vídeo o livro “Rápido e devagar” de Daniel Kanheman e “Subliminar” de Leonard Mlodinow. Todas as referências dos nossos dois últimos vídeos (aqui e aqui) também são base para o vídeo de hoje. Ah e tem a palestra do Dan Ariely também (aqui). Tem também a minha resenha publicada aqui do livro Subliminar. Já o material no Netflix você acessa buscando por “Truques da Mente” e indo no episódio que a gente cita no vídeo.

O novo inconsciente na psicologia – Resenha do livro “Subliminar: Como o inconsciente influencia nossas vidas”

2014-03-11 21.12.28Muitas coisas acontecem bem na nossa frente sem que tenhamos consciência. Isso acontece porque existe muito mais informação no nosso ambiente do que nossa mente é capaz de captar e perceber conscientemente. Mas quando se trata das nossas próprias ações, é claro que temos consciência do que estamos fazendo e das razões pelas quais estamos realizando uma ação, certo? Bom… nem sempre, pois também podemos operar “no piloto automático”, mesmo quando realizamos ações complexas, como dirigir de volta para casa, por exemplo.

O livro Subliminar: Como o inconsciente influencia nossas vidas descreve como o inconsciente influencia as nossas ações e pensamentos, para o bem e para o mal. “Uau, alguém falando de psicanálise nesse blog, finalmente hein féra!” CALMA, muita calma! Não é o inconsciente do qual Freud falava. A nova concepção de inconsciente na psicologia e na neurociência, também explorada no livro Rápido e devagar: Duas formas de pensar, de Daniel Kahneman, é que captamos e usamos informações do ambiente basicamente de duas maneiras: de uma maneira mais automática e inconsciente ou de uma maneira mais controlada e consciente. Quando nossa “mente inconsciente” está no comando, ela preenche lacunas no nosso conhecimento e usa alguns truques bacanas para guiar nossas ações sem que a gente perceba, permitindo-nos assim realizar feitos incríveis, considerando a pouquíssima quantidade de esforço exigida (mas, infelizmente, também pode nos levar a erros igualmente “incríveis” e indesejáveis).

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Porque tentar não pensar em algo é uma cilada

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A armadilha da supressão do pensamento

Podemos sentir que controlamos nossos pensamentos quando quisermos. Se você quiser pensar, por exemplo, em uma casa, neste exato momento, você é capaz de imaginá-la detalhadamente. Mas apesar de sermos eficientes na arte de iniciar um pensamento, muitas vezes não somos igualmente bons na arte de encerrá-los ou suprimi-los. Nossos pensamentos nem sempre nos obedecem – quem nunca teve aquele pensamento que não saia da cabeça, por mais indesejável e desagradável que fosse?

O que este tipo de experiência parece indicar é que nem sempre temos o controle da nossa cognição. Se nossa capacidade de “mandar” no que iremos pensar fosse eficiente, alguns problemas que milhares de pessoas vivenciam nem deveriam existir. Um exemplo disso ocorre com pessoas que sofrem de insônia. Muitas pessoas com este problema vivenciam uma “enxurrada” de pensamentos que os induzem a um estado de agitação incompatível com o sono. Outro exemplo drástico de quem convive com este problema é quem enfrenta o Transtorno Obsessivo-Compulsivo, o famoso TOC. Nesta condição, as pessoas vivenciam diariamente pensamentos repetitivos e frequentes sobre um ou mais determinados conteúdos (ex: sujeira) que as levam a realizar ações compulsivas relacionados aos seus pensamentos obsessivos (ex: lavar a mão para evitar a sujeira). Por mais que elas tentem parar de ter estes pensamentos, eles continuam ressurgindo em suas mentes e causando sofrimento.

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Quer ganhar o último livro de Daniel Kahneman como presente de natal?

Se você está afim de ganhar de presente de natal o último livro do psicólogo ganhador de um prêmio nobel, Daniel Kahneman, totalmente de graça, essa é a sua grande chance! Basta você clicar aqui, curtir e compartilhar a foto, e depois clicar aqui e curtir a página do CogSoc. Quem seguir estes passos já estará automaticamente concorrendo a receber em casa um exemplar novinho do livro pertinho do natal! Quem já havia curtido a página do CogSoc só precisa curtir e compartilhar a foto de divulgação do sorteio! O sorteio ocorrerá no dia 17/12/12 e o(a) sortudo(a) será revelado na página do CogSoc. Não é todo dia que um livro destes está sendo distribuído por ai praticamente de graça, então aproveitem!!!

Nosso primeiro impulso é ser gentil ou egoísta?

Nosso primeiro impulso é ser gentil ou egoísta?

Responda o mais rápido que você puder à seguinte pergunta: se alguém te desse dez reais para fazer o que quisesse, mas dissesse que você poderia doar uma parte deste dinheiro a uma instituição de caridade, você doaria? Se sim, quanto você doaria? Agora, se possível, chame alguém próximo de você e peça para ele responder à mesma pergunta, mas use uma instrução diferente – peça para que ele pense por pelo menos dez segundos antes de responder à pergunta. Uma série de participantes foram colocados em situações parecidas com estas e os resultados foram relatados em um artigo recente na prestigiada revista Nature. O propósito do artigo era entender se, quando agimos por intuição, nosso primeiro impulso seria agir de maneira gentil ou egoísta. Além disso, também foi investigado qual seria o nosso impulso caso pensássemos mais detidamente sobre a decisão de ser gentil antes, ao invés de agir por mera intuição.

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Psicologia Brazuca: Gerson A. Janczura e a memória

Gerson A. Janczura

O professor Gerson A. Janczura estuda a memória humana no Laboratório de Processos Cognitivos da Universidade de Brasília (UnB). Sendo um dos pioneiros da área, Gerson teve um papel importante na introdução e expansão da psicologia cognitiva no Brasil. Nesta entrevista que ele gentilmente nos cedeu, o professor explorou um pouco do conhecimento que possuímos hoje acerca de como a memória humana funciona, de como somos capazes de formar memórias falsas, das intervenções práticas que a psicologia cognitiva pode subsidiar e das dificuldades que a psicologia cognitiva enfrenta para ganhar espaço no Brasil.

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Kahneman: Como ideias vem à mente?

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Thinking: Fast and Slow

No vídeo acima, Daniel Kahneman, psicólogo laureado com o nobel de economia de 2002 e atualmente professor de psicologia na Universidade de Princeton, fala sobre os dois sistemas de processamento de informações discutidos em seu mais recente livro, Thinking, Fast and Slow (Pensamento, Rápido e Devagar) publicado no final de 2011.

O livro é certamente uma boa recomendação para quem se interessa  nos processos cognitivos envolvidos na tomada de decisão, um tema para o qual Kahneman ofereceu enormes contribuições com uma linha de pesquisa riquíssima que extrapolou as vizinhanças da psicologia, ajudando a fundar uma das áreas mais importantes da economia atualmente, a economia comportamental. Mais detalhes sobre os modelos de processamento duplo discutidos por Kahneman podem ser encontrados aqui no blog.

Estes modelos ainda carecem de uma formalização e aprofundamento, pois muitos deles  se mantiveram em uma dimensão mais descritiva e a sua utilidade tem se situado principalmente no valor heurístico que eles oferecem para a interpretação de dados e elaboração de hipóteses. Existem, entretanto, esforços na área para formalizar computacionalmente estes modelos e oferecer um maior poder explicativo.

Para um aprofundamento mais denso neste tema e um panorama da área, juntamente com as contribuições da filosofia, recomendo a leitura do livro In two minds: Dual processes and beyond. Jonathan Evans, primeiro autor do livro anterior, também lançou em 2010 o livro Thinking Twice: Two minds in one brain. Este trabalho vai em uma direção muito semelhante ao do Kahneman, divulgando os achados na psicologia sobre os nossos sistemas cognitivos. A leitura destes livros são dicas para aqueles interessados na racionalidade humana, na intuição e na consciência.

A vida é um grande experimento de priming…

Fonte: We’re Only Human
Autor: Wray Herbert
Tradução: André Rabelo

Uma das idéias mais robustas advindas da psicologia cognitiva em anos recentes é o priming (para entender o que é o priming, leia “aqui” e “aqui“). Cientistas têm demonstrado inúmeras vezes que conseguem influenciar de forma sútil as mentes inconscientes das pessoas  através de pistas, para pensar e agir de determinadas maneiras. Estas pistas podem ser conceitos – como frio, ou rápido ou  velhice – ou metas, como sucesso profissional; de qualquer forma, estes estímulos moldam nosso comportamento, frequentemente sem que tenhamos qualquer consciência de que estamos sendo influenciados.

Isso é desconcertante, especialmente quando você pensa sobre as implicações disso para as nossas crenças e ações cotidianas. Os experimentos de priming são feitos em laboratórios, usando estímulos escolhidos de forma deliberada, mas na verdade o nosso mundo está cheio de pistas que atuam em nossas mentes o tempo todo, para o bem ou para o mal. De fato, muitas das nossas ações são reações à estímulos aleatórios fora da nossa consciência, significando que as vidas que vivemos são muito mais automatizadas do que gostamos de reconhecer.

Mas quão automatizadas? Estamos realmente impotentes diante dessas pistas onipresentes? Ou temos algum poder para reconhecer e sobrepor estas forças? Existe alguma forma de nos protejer – nossas metas e intenções – da sinalização aleatória do mundo, especialmente destas influências intrusivas que minariam nossas vidas e valores? Continue lendo…

Priming

Um paradigma experimental bem estabelecido na Cognição Social é o que investiga o processo de priming, já apresentado anteriormente no blog no texto sobre o Modelo Duplo de Processamento da Informação. O paradigma se baseia em uma idéia simples: a mera exposição de estímulos relacionados a determinadas categorias conceituais associadas na memória de uma pessoa resultará em maiores tendências comportamentais relacionadas a essas categorias. Em outras palavras, o termo priming se refere ao processo pelo qual experiências recentes criam, de forma automática, prontidões de conduta (Bargh e Chartrand, 2000).

John A. Bargh foi e ainda é um dos pesquisadores mais importantes no estudo de priming, e “nesse” vídeo ele discute de forma simples e objetiva a idéia do paradigma, apresentando um estudo realizado por um aluno do seu laboratório. Continue lendo…

Modelo dual de processamento de informações

Em inúmeras situações do nosso cotidiano, fazemos coisas aparentemente sem pensar muito, como quando dirigimos um carro, trancamos a porta de casa mas logo em seguida não lembramos se de fato fechamos, ou subimos escadas de um edifício. “Aonde eu estava com a cabeça” uma pessoa pode dizer ao se dar conta de que jogou na máquina de lavar a roupa limpa que ia usar e vestiu a roupa suja que ia colocar na máquina.

Em casos mais extremos, agir de forma “instantânea” pode ter resultados muito piores do que trocar roupas. Vejamos um exemplo dado por Fiske e Taylor (2008): Pedro está no shopping e vê de repente dois homens negros sendo perseguidos por um segurança branco, ambos vindo em sua direção. Quando Pedro se dá conta do que está acontecendo, o primeiro dos dois homens estava passando ao seu lado, mas ao ver o segundo homem se aproximar Pedro se levanta e o segura, achando que poderia deter ao menos um dos ladrões que o segurança perseguia. O homem agarrado diz que é o dono da loja e que o ladrão (o primeiro homem) estava fungindo.

Esses são exemplos de situações onde as pessoas parecem não estar muito atentas ao que fazem, de tão acostumadas que já estão em realizar certas ações ou de tão pouco tempo que dispõe para tomar uma decisão. Uma parte dos nossos comportamentos parece se dar de forma automática, sem que precisemos deliberar e planejar de forma consciente cada detalhe das nossas ações. A maioria das situações cotidianas demanda que nos comportemos de forma rápida e eficiente, sendo que se tornaria inviável para fins práticos se tivessemos que pensar sobre cada detalhe das nossas ações antes de realizá-las. Isso é o que vários estudos em Cognição Social tem investigado nos últimos anos.

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