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Borboletas do Paraná: risco de extinção

borboleta.jpgTenho receio de dizer que o Paraná está repleto de borboletas. Medo de incentivar a caça dessas encantadoras criaturas. Então, evitarei muitos detalhes sobre as infindáveis espécies que vi e não direi os locais mais frequentados por elas.
Como minha máquina digital está chegando ao final da sua intensa vida, foi difícil fotografar as belíssimas borboletas. Mas não poderia deixar de registrar a espécie acima. Que bichinho mais maravilhoso. Ela é pink com rococós pretos e brancos! Quando abre as asas, a cor rosa se revela completamente!
Sabe qual o nome popular desse inseto? 88. Dispensa explicações… Cientificamente, ela é chamada de Diaethria clymena (Cr). Essa espécie é pequena, encontrada no Cerrado e na Mata Atlântica. A envergadura das asas possui, em média, seis centímetros. E ela gosta de locais abertos e iluminados. Se alimenta dos frutos caídos das árvores.
Outra borboleta que não conhecia era a Azulão-branco (Morpho Athena). Ela é grande, a envergadura das asas pode atingir até 14, 5 centímetros. Voando ao longe, aparenta ser branca. Porém, ao chegar perto, percebemos que reflete a cor azul clara. A Azulão-branco vive em regiões com altitudes superiores a 1.500 metros e se alimenta de frutos maduros.
Enquanto fazia trilhas, me deparava com borboletas na cor azul metálica. Não consegui distinguir qual a espécie. Elas eram “gigantes” e mais inquietas. De acordo com Museu Nacional do Rio de Janeiro, as borboletas de coloração azul metálica eram usadas como adorno por muitos povos nativos brasileiros, pois representavam a força da natureza.
Agora, segundo o Museu, a maioria dessas lepidópteras – borboletas adultas com quatro asas, largas ou em forma de lança, comumente recobertas com escamas e brilhantemente coloridas – estão em risco de extinção. A culpa é da destruição de seus habitats e das coletas indiscriminadas.
Obs.: Clique nos links para saber mais sobre essas espécies. E dê um Google Imagens!

Notícias paranaenses

araucaria.jpgEnfrentei as quedas de barreira nas rodovias… Crateras e muita lama no asfalto, atalhos de terra! Aproveitei o feriado de carnaval para curtir uma folia no meio das florestas de araucária, lá pelas bandas da minha terra natal: o Paraná. Na bagagem, trago roda de música caipira, cheiro de café da tarde, família, esperança e pé na estrada!
Chegando em Telêmaco Borba – nasci no município chamado Harmonia, que pertencia à cidade – fui recebida por um mundo de borboletas! Azuis, brancas, amarelas, marrons, pinks! Pela primeira vez, vi borboletas dessas cores – e “modelos”. Eram tantas que precisávamos desviar delas na estrada. Aliás, alguém sabe por que as borboletas adoram sobrevoar o asfalto?
Além do encanto pelas borboletas, trago para o blog lugares exuberantes, explicações geológicas, dicas de ecoturismo e lendas sobre a natureza. Também… o PRIMEIRO VÍDEO POST DO XIS-XIS! Agora, além de escrever sobre ciência e meio ambiente, vou postar explicações faladas e entrevistas gravadas sobre esses temas! O melhor – que pode ser o pior – tudo de prima. Sem texto decorado, sem ler, sem edição. Ai, ai…
É isso aí. Desta quarta-feira de cinzas, espero que o ano de 2010 venha MUITO bem!

Extraordinárias fotografias da natureza

fotografo cópia.jpgEste post é para começar a semana inspirada! Alguns momentos revelam a extraordinariedade do meio ambiente ao serem capturados. Encanta. Tenho a impressão que nos faz voltar a uma espécie de princípio perdido.
Para alegrar nossa visão, separei sites de dois fotógrafos brasileiros: Adriano Gambarini e Araquém Alcântara. Entre seus trabalhos, estão os momentos – claro, únicos – “retirados” da natureza. Quer relaxar um pouco? Visite o site de ambos clicando nos nomes.
Beijo, boa semana quase carnavalesca.
;]

Um buraco sem araras em Bonito

Há uns seis anos – nossa, como estou ficando velha! – conheci Bonito, a cidade mágica do Mato Grosso do Sul. Lá, entre tantos lugares de sonho, existia um fantástico. O “Buraco das Araras”.
Era uma vez uma depressão na terra, chamada de dolina, que forma um buraco gigantesco de 65 metros de altura. Nas paredes da dolina e nas árvores quase inalcançáveis dentro dela, as barulhentas araras faziam ninhos.
Todo dia, dizem que principalmente no final da tarde, era possível ficar pertinho das araras, dos periquitos, dos papagaios… Eles davam rasantes sobre nossas cabeças. Até que…
Dois conhecidos meus foram visitar Bonito, em novembro. Segundo moradores, turistas com ideias de jerico soltavam fogos da beira do Buraco. Com o barulho, as araras se assustavam e voavam. Naquele único momento, o vôo coletivo poderia ser lindo. Mas as araras se debandaram do local. E diminuíram o número de ninhos, ao menos ali.
Meus conhecidos voltaram chateados. Disseram que, agora, responsáveis estão tentando impedir que se solte fogos de artifício no lugar. E pesquisando maneiras de repopular, como antes era, a dolina com araras. Como, por exemplo, soltaram um casal da espécie no lugar.
Obs.: Encontrei um site – creio ser da fazenda onde está localizada a dolina – com histórias do jeito que gosto – realismo fantástico? – e fotos do Buraco. Recomendo. Clique aqui para ver.

Sorteio do livro “Seis Graus”!

seisgraus.gif
Valendo! Quer ganhar o livro “Seis Graus”, escrito por Mark Lynas e editado pela Jorge Zahar Editor? É simples. Basta escrever nos comentários deste post o que você faz para evitar o aquecimento global. Seja criativo! Os comentários poderão ser postados até o dia 20 de novembro. Em seguida, sortearei todos os inscritos. É o Xis-xis de Natal! Ho ho ho!
Sobre a obra
Meu coleguinha Mark Lynas, jornalista e ambientalista, um belo dia teve um insight. Ele mora a cerca de um quilômetro e meio da Biblioteca Científica Radcliffe, Universidade de Oxford, na Inglaterra. Segundo o autor, a maioria dos estudos sobre aquecimento global eram enviados para o local “onde permaneciam intocados por semanas, ou até anos”. “Dei-me conta de que era quase o mesmo que ter um oráculo de Delfos logo ali no meu jardim dos fundos, ou Nostradamus morando na casa ao lado”, escreveu.
Curioso, o jornalista foi xeretar os trabalhos científicos. E percebeu que, com o material, poderia montar um guia, grau por grau, sobre o futuro calorento do aquecimento global – se ele se concretizar. E essa é a história do “Seis Graus”. Lynas esclarece que parte dos trabalhos científicos foram feitos baseados em projeções, sendo que muitas vezes cada uma utilizava um modelo diferente. Ele foi encaixando os estudos em cada grau. No final do livro, colocou as referências para quem quiser tirar a prova.
O livro foi impresso no Brasil em papel reciclado. Recebi a obra esta semana, estou ainda no primeiro grau. Mas já deu para perceber um pouco sobre a prosa. Ela não é toda catastrófica. Além de bem humorado, de acordo com os temas, aos poucos o autor explica fenômenos da natureza – contextualizados com história e geografia – como as correntes marítimas. Veja duas informações curiosas que grifei:

  • Há 70 mil anos, uma erupção vulcânica na Indonésia lançou muito, mas muito mesmo enxofre e poeira na atmosfera. Tanto que até cortou o calor do sol. Assim, a temperatura do planeta despencou, aproximadamente, seis graus. A população humana foi reduzida para 15 mil a 40 mil indivíduos;
  • Na Idade Média, em meados de 1100 d.C., estima-se que as temperaturas no interior norte-americano foram até dois graus mais quentes do que agora. Índios morreram por falta de recursos naturais e em brigas violentas. Na Europa, os vikings colonizaram a Groenlândia e vinhedos eram cultivados no norte da Inglaterra – hoje eles são plantados no Mediterrâneo.

Maragogi e Porto de Galinhas: entre o paraíso e o inferno

Para quem não sabe, as belezas de Maragogi (AL) e Porto de Galinhas (PE) é obra da nossa imensa barreira de coral. Daí, este post. Bom, todo mundo que visitou ambos os lugares, falou para mim que eram maravilhosos. Sendo assim, colocamos as duas praias no roteiro da viagem.
Realmente, Maragogi e Porto de Galinhas são de uma beleza ímpar. Se me arrependo de ter visitado os dois corais? Jamais. Se eu vi peixes? Sim, muitos, mas muitos peixes de todas as cores e tamanhos. Aliás, encontrei moréias, ouriços, minhocas do mar. Além disso, a cor do coral e dos seus habitantes misturada àquele mar azul e verde transparente é uma afronta. Lindo, lindo demais.
Mas… o ditado que afirma que “nem tudo é perfeito” cabe, perfeitamente, a ambas as praias.
Maragogi
O município de Maragogi está localizado em Alagoas, quase na divisa com Pernambuco. O forte do local são os corais, que ficam a seis quilômetros da costa. As praias do município são lindas, algumas com ondas. O único detalhe é que várias são de acesso praticamente impossível, pois estão em propriedades que dificultaram a entrada. E a da cidade está repleta de turistas dirigindo mini bugues em alta velocidade na areia.
Seus corais são os mais bonitos de Alagoas. Quando a maré está baixa, paga-se a bagatela de R$ 50 por pessoa para visitá-los de catamarã. Segundo um pescador de Japaratinga, antigamente, todo tipo de embarcação podia chegar até eles. Mas formou-se uma cooperativa e agora apenas quem possui catamarã registrado. Por sua vez, o Ibama – ou prefeitura? – restringiu o número de 60 pessoas por catamarãs por dia.
Durante a viagem, são dadas instruções de segurança e de cuidado com o meio ambiente. Daí, você pensa, se os caras vivem disso, eles respeitam, correto? Não. Eu vi âncoras cravadas em corais. Não apenas uma! Além disso, um dos marinheiros me disse que é proibido alimentar os peixes, porque eles apareciam mortos – de fome ou de tanto comer? – após a maré alta. O que esse mesmo guia fez? Deu peixe cru aos peixes.
Porto de Galinhas
A praia – como Maracaípe, Cupe e Muro Alto – faz parte do município de Ipojuca, em Pernambuco. Cada praia é bem diferente da outra. Porto de Galinhas, aqui o caso, é uma bagunça! Urbanisticamente falando, você até percebe um projeto. Ela foi meio que dividida em quadras. Entre cada uma delas, há um praça, local para praticar esportes, etc.
Mas, no primeiro dia em Ipojuca, tivemos a brilhante ideia de dormir em Porto de Galinhas. Impossível! São carros e casas com som alto a noite inteira. Sem contar que é impraticável esticar a canga na praia, parece o litoral sul de São Paulo. Muita gente na areia e barracas de praia loteando o local. É uma disparidade. Quando a gente volta os olhos ao mar, vê aquela natureza que descrevi acima. Quando escutamos e observamos a cidade, uma bagunça.
No coral, nem os próprios jangadeiros respeitam um manual de bom ecoturismo que a prefeitura distribui. Por exemplo, é proibido dar ração aos peixes, mas eles afirmavam não saber disso. Aliás, tenho uma teoria: Porto de Galinhas possui tanto peixe por causa dessa louca alimentação. Quando a maré desce, eles devem vibrar: “Oba! Vamos ficar nas piscinas naturais para conseguir comida na boca!”

Brasil tem a segunda maior barreira de coral do mundo

Todos os habitantes do litoral de Alagoas repetem com orgulho: “Tá vendo esse coral? É a segunda maior barreira de coral do mundo. Só perde para a Austrália”. De acordo com um pescador alagoano, que nas horas vagas trabalha como guia para complementar a renda, a barreira vai desde a Bahia até o Maranhão.
Eu percorri todo o litoral de Alagoas, mas passei mais tempo na parte norte do estado. Fiz um caminho que é conhecido como “Rota Ecológica” – de praias pouco exploradas pelo turismo. Nesses lugares, o mar varia entre as cores: verde-água, verde-esmeralda, azul-calcinha e azul-piscina. Parece o Caribe, é um desbunde!
Por todo o litoral, observamos da praia as ondas quebrarem no horizonte do mar – a foto acima é do mar ao lado com a maré baixa. Isso significa que é lá que estão localizados os corais. Quando a maré desce, é possível caminhar sobre as pedras ao lado dos corais e mergulhar com snorkel. É rasinho, com no máximo dois metros de profundidade. A cor “coral” misturada ao mar azul-piscina… é de chorar de lindo.
Em algumas cidades, como em Japaratinga, existem dois corais. Um fica pertinho da praia, na maré baixa é possível ir a pé – observe, na foto ao lado, os barcos encalhados. O outro, a cerca de dois quilômetros de distância. Se não quiser ir a nado, procure os pescadores que na hora vaga levam aos corais. Aliás, a maioria dos passeios de barco que fiz durante a viagem foi nesse esquema. Os próprios pescadores dizem que ganham mais dinheiro com os turistas do que com a pesca.
Na chamada Ilha da Crôa – onde tirei essa foto divina -, um banco de areia com pedras e corais, encontramos um pescador de polvo. O rapaz, com menos de 18 anos, disse que vendia o polvo por R$ 12 o quilo. Ele ia a nado até a Ilha, cerca de dois quilômetros de distância da praia, pegava os polvos e voltava nadando. “Não tem emprego na região, precisamos viver do mar”, disse.
Dois lugares imperdíveis que indico é a região de São Miguel dos Milagres e de Japaratinga. Vale reservar três dias para cada uma dessas cidades.
O futuro de Coruripe
Coruripe é uma cidadezinha simples localizada ao sul de Maceió. Seus habitantes vivem do turismo, da pesca, do comércio. Além daquele mar verde-esmeralda maravilhoso, o bacana da cidade é que a barreira de coral de Coruripe está bem perto da praia. Na maré baixa, o mar forma piscinas naturais. É possível ver os bichos marinhos do rasinho.
Recentemente, após voltar de viagem, li sobre a construção de um estaleiro – que fará navios e plataformas de petróleo – na cidade. Veja a matéria aqui. Não sei detalhes sobre o projeto, por isso não posso palpitar. Apenas acredito que, para nosso desenvolvimento econômico, precisamos de estaleiros e outras indústrias. Mas a região é muito linda…
Leia mais sobre a barreira de coral amanhã.

Historinha sobre um péssimo ecoturismo

O ponto mais alto de Fernando de Noronha é chamado de Morro do Pico. Antes, os turistas podiam subir para observar a ilha inteira dele. Até que alguns infelizes tiveram uma ideia de jerico.
No alto do morro existe um farol sob responsabilidade da aeronáutica (?) com lente gigante. Um dia, a aeronáutica reparou que o farol não iluminava o quanto deveria. E mandou uma pessoa checar o que estava acontecendo.
Ao chegar lá, o oficial reparou que a lente estava pichada! Os turistas deixavam recados na lente do farol como: “Estive aqui em (data)”. Ou: “João ama Maria”. Ou: “Mamãe, olha eu aqui”.
Conclusão? Os turistas colocaram a vida de pessoas em embarcações em risco. E… a partir desse dia, a aeronáutica proibiu a subida de pessoas não autorizadas ao Morro do Pico.
Para saber mais sobre Fernando de Noronha, indico o site mantido pelo Governo de Pernambuco e o Ilha de Noronha.

Três tartarugas marinhas nadando em Fernando de Noronha

Tirei muitas fotos, mais de duas mil (!), e gravei tantos vídeos durante a viagem por Alagoas e Pernambuco que resolvi compartilhar mais estórias. Entre eles, o vídeo de três tartarugas marinhas nadando atrás da rebentação na Baía do Sancho:

Em Fernando de Noronha, existe uma base do Projeto Tamar – Programa Brasileiro de Conservação das Tartarugas Marinhas. Todas as noites, o local oferece palestras sobre tubarões, aves, tartarugas, entre outras. Tive a sorte de ver uma sobre o próprio arquipélago. Bárbaro! E essencial para entender mais sobre o ecossistema da ilha. Saiba mais sobre as palestras e o projeto em Noronha aqui.
Tartarugas em Noronha
Bom, voltado às tartarugas. Durante a palestra e o “Ilhatur”, passeio que dura o dia todo e percorre os principais pontos turísticos de Noronha, conferi que algumas praias são usadas pelas tartarugas marinhas para reprodução. Entre elas, está a famosa Praia do Leão, eleita uma das bonitas do Brasil diversas vezes.
No arquipélago, as tartarugas marinhas botam os ovos durante o verão. Na Praia do Leão, por exemplo, que possui esse nome devido a uma ilha localizada em frente a ela que parece um leão-marinho, se não me engano entre os meses de novembro e janeiro é proibido ir a praia durante a noite. A partir das 18 horas, as mamães tartarugas saem do mar para botar os ovos. Se elas avistarem um humano, permanecerão na água. Porque têm medo.
Um pouco de história
Antigamente, os descobridores faziam atrocidades com as mamães tartarugas. Os marinheiros passavam meses mais meses no mar. Levavam diversas comidas, muitas vezes até animais vivos como cabras, para se alimentar. Porém, depois de meses, só restavam os alimentos que não eram frescos. Então…
Uma tartaruga quando sai para botar ovo é um alvo fácil dos humanos. Ela é devagar na areia. Os marinheiros, sem nenhuma dificuldade, capturavam elas. E a prendiam no navio por meses. Assim, quando o capitão queria comer carne fresca, os marinheiros matavam a coitadinha.
Projeto Tamar
Um belo dia há 28 anos, um pequeno grupo de jovens pesquisadores resolveu catalogar as tartarugas marinhas no Brasil e os locais de desova. Sem lenço, nem documento. Graças a esses guerreiros – no Brasil, nada, mas nada minha gente é fácil -, nove milhões de filhotes foram devolvidos ao mar. Mas estima-se que apenas dois filhotes de mil que nascem sobrevivem até a fase adulta.
Nos maravilhosos dias que passei em Noronha, cheguei a ver uma tartaruga quase do meu tamanho – tenho 1,64m! Eu acho que era da espécie tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata), pois parecia pintada. Estava perto do porto. A vi quando fazia o “Planasub” ou, também, “isca de tubarão”. Um passeio em que somos rebocados pelo barco.
No último dia em Noronha e apenas no período da manhã, contei ter avistado 15 tartarugas! Cheguei a mergulhar, no máximo, com três de uma vez… Creio que a maioria da espécie tartaruga-verde (Chelonia mydas). Isso é sinal de que o Projeto Tamar está, mesmo, obtendo resultado.
Isis estrelando: Procurando o Nemo
No segundo dia em Noronha, fui conhecer a magnífica Baía dos Porcos. Mergulhando entre as pedras avistei uma tartaruga se alimentando. Quando a onda vinha fraca, ela continuava comendo. Quando batia nas pedras e quebrava, a tartaruga dava uma pirueta para lá. Logo em seguida, quando a onda puxava, a tartaruga dava cambalhotas virando de ponta cabeça para cá. E voltava, calmamente, a comer. Sem fazer algum esforço contra a correnteza.
Fiquei ali cerca de 15 minutos observando a tranquila da tartaruga. E aquele olhinho “caído”. As cores da água, das pedras, o jeito da tartaruga… Tudo fez com que eu me sentisse dentro do filme “Procurando o Nemo”. O máximo. Saí zen. Voltei zen.

Educar para socorrer o peixe-boi-marinho

Durante minhas andanças por Alagoas, passei para conhecer o Projeto Peixe-Boi-Marinho no povoado de Porto da Rua, mais especificadamente, no rio Tatuamunha. Foi en-can-ta-dor!
Antes dos colonizadores portugueses comerem o animal até ele – agora – correr risco de extinção, o peixe-boi-marinho habitava quase toda a costa brasileira. Se não me engano, estava presente desde o norte do Espírito Santo até o Pará. Mas no mar? Pois… é.
O Trichechus manatus, nome científico do bicho, é diferente do peixe-boi do Amazonas. A espécie (Trichechus inunguis) da Floresta Amazônica vive apenas em rios. O peixe-boi-marinho nasce nos rios, em meio ao mangue, e fica por lá com a mãe até sair da amamentação. Depois disso, segue para o mar.
Porém ele não vai muito longe da costa. O peixe-boi-marinho prefere as águas rasas. Ele se alimenta de algas que arranca com ajuda de sua unha – veja na foto. Segundo a guia – super atenciosa que quer cursar biologia, tomara que consiga -, de alga em alga ele pode pesar mais de 500 kg!
Apesar do tamanho, o peixe-boi-marinho é um animal super dócil. Esse foi um grande problema. Por ser fofinho – literalmente, não? -, ele se aproximava do homem. Não tinha tanto medo do Homo sapiens. O que facilitou sua caça.
Atualmente, o projeto com patrocínio da Petrobras e apoio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama) busca repopular a costa brasileira. No rio Tatuamunha, há um espaço destinado à readaptação do animal – veja a foto. Os bebês que se perderam da mãe, os indivíduos estressados ou machucados são levados para esse cercadinho.
Biólogos alimentam e acompanham os animais até se certificarem de que eles estão aptos para voltar a serem livres na natureza. Durante 24 horas, um segurança no local checa se está tudo bem com os bichinhos. Qualquer problema, liga para o biólogo de plantão.
Todos podem visitar o projeto, eu escolhi uma guia credenciada pelo Ibama. Paga-se uma taxa, creio que R$ 20 por pessoa, que será revertida para a preservação. O passeio começa no mangue.
Nós andamos por 15 minutos em tábuas fincadas sobre o mangue e sobre o rio. No mangue, o clima é bem abafado. Depois, pegamos uma espécie de balsa que nos leva até o recinto de readaptação. Como tivemos sorte, conseguimos encontrar solto no rio o peixe-boi-marinho Aldo!
A balsa não pode se aproximar do animal. Deve ficar até 200 metros de distância dele. Mas o Aldo é curioso. Foi até nós e abraçou o barco! Apaixonante. Diferente dos outros compatriotas que foram soltos no rio – a fêmea Lua, por exemplo, passeia por toda a costa do Alagoas e vai até Porto de Galinhas, em Pernambuco -, o Aldo não saiu do Tatuamunha. Ainda não se sabe ao certo o porquê.
Para monitorar esses animais, logo após serem soltos, durante um período os responsáveis pelo projeto colocam um rádio no peixe-boi-marinho. Trata-se de um equipamento desenvolvido no Brasil. O rádio é amarrado na cauda, de forma que não atrapalhe e nem machuque o bicho. Depois de checar que está tudo ok com o comportamento do animal, o equipamento é retirado.
Quando chegamos ao rio, uma bióloga recém-formada olhou feio para nossa balsa. Um passarinho verde contou que ela reprova a visita de turistas. Mas, graças aos turistas, o projeto conseguiu empregar os pescadores que antes matavam o animal – o peixe-boi-marinho, diferente das tartarugas, quando se enrosca nas redes de pesca tem força suficiente para rasgá-las. Também gerou emprego para artesãos que fazem souvenir e para habitantes que agora têm o sonho e emprego se cursar biologia.
Além disso, ao conhecer mais sobre os hábitos e ver o quão o animal é cativante, as pessoas tendem a cuidar de seu ambiente. E a respeitar mais o peixe-boi-marinho. Educação é tudo. Confira mais fotos do passeio aqui. Saiba mais sobre o peixe-boi-marinho ali. Dica: faça o passeio no final da tarde para aproveitar o maravilhoso pôr-do-sol no rio Tatuamunha.