Primeiro encontro de blogs científicos!

Tchan, tchan, tchan, tchan… Com vocês… O inédito Primeiro Encontro de Weblogs Científicos em Língua Portuguesa (I EWCLiPo). Já anote na agenda e sinta-se convidado. Nos dias 11 e 12 de dezembro, pesquisadores, jornalistas, estudantes e, é claro, blogueiros se reunirão para debater e fortalecer os blogs sobre ciência.
 
O encontro será realizado na Universidade de São Paulo, em Ribeirão Preto (SP). Ildeu Moreira de Castro, diretor do Departamento de Popularização e Difusão da Ciência e Tecnologia (DEPIDI) do Ministério da Ciência e Tecnologia, será um dos doze palestrantes.
 
Não é preciso ser blogueiro para participar. Basta ter interesse e pronto! O evento será gratuito. Em breve, as inscrições estarão disponíveis neste site, do Anel de Blogs Científicos. “Óbeveo” que estarei lá! Quem quiser conhecer em carne e osso a Izinha aqui… Esta que vos fala…
Serviço:
Data: 11 e 12 de dezembro de 2008
Local: Anfiteatro André Jacquemin, Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo
Endereço: Av. Bandeirantes, 3900, Ribeirão Preto (SP)
Entrada: Gratuita
Programação, inscrições e mais informações: http://dfm.ffclrp.usp.br/ldc/

Europa projeta megalaser colossal

Gentem! A Europa está com síndrome de Pinky e o Cérebro. Adoro! Você não imagina o que os europeus estão construindo agora… um MEGALASER para fusão nuclear!
O objetivo do High Power laser Energy Research (HiPER, pegou a sigla?) é produzir muita – mas muita – energia, usando a fusão nuclear, que não polui tanto o ambiente. As pesquisas tiveram início este mês. Entre os anos de 2010 e 2012, serão feitos alguns testes para ver se a teoria dará, realmente, certo na prática. Seu funcionamento está previsto para o ano de 2020.
Ele é gigante. Sua estrutura é do tamanho de um estádio de futebol! Veja a “bola” e os raios vermelhos na imagem. O laser “gera” energia ao comprimir átomos de hidrogênio. Os atuais reatores nucleares usam a fissão nuclear para gerar energia – obtida a partir da divisão de um átomo em dois. Na fusão nuclear, a energia é obtida quando dois átomos são agrupados para formar um.
A criação do megalaser envolve a participação de 25 instituições de onze países. A Grã-Bretanha é a líder! Por isso, o HiPER pode ser instalado dentro da ilha. A Comissão Européia investiu 13 milhões de euros em dindin vivo e, aproximadamente, 50 milhões em assistência material – como fornecimento de hardware e de especialistas.
Como o HiPER funciona?
O laser “gigante” apertará o hidrogênio – uma gás incolor, inodoro e inflamável. Dessa maneira, o hidrogênio ficará com uma densidade 30 vezes maior do que a do chumbo. Em seguida, um segundo laser aumentará a temperatura do hidrogênio acima de 100 milhões de graus Celsius.
Nessas condições, os núcleos do hidrogênio se fundirão e formarão o hélio – aquele usado para os dirigíveis voarem. No momento em que os núcleos forem fundidos, será perdida uma pequena quantidade de massa e liberada uma colossal quantidade de energia.
A idéia é a mesma aplicada pelos motores de carro. Assim, essa ação será repetida várias vezes, gerando muita muita muita energia. Leia mais aqui, no site do HiPER.
A propósito, será que ele colaborará com o final do mundo? Afinal, LHC + HiPER + 2012 = Calendário Maia… Brincadeirinha, viu?!?
Obs.: Sexta à noite, o Igor Zolnerkevic, do Universo Físico, e eu demos uma entrevista sobre jornalismo científico para o Canal Universitário. Assim que for ao ar aviso, mas está previsto para o ano que vem… E a palestra sobre os números da indústria farmacêutica – de sábado – foi interessante. Gráficos, mais gráficos que não cabem aqui. Conhecimento interno.

Sim à obrigatoriedade do diploma de jornalista!

O Supremo Tribunal Federal (STF) caminha para derrubar, ainda neste semestre, a obrigatoriedade do diploma de jornalista para o exercício da profissão. Dos 11 ministros que fazem parte da Corte, seis já se manifestaram de alguma forma contra a exigência de formação específica em jornalismo. Número suficiente para decidir o julgamento.
“A contestação do diploma vem há muito tempo sendo levantada pelos grandes jornais, especialmente a Folha de S. Paulo. Quebrar a exigência do diploma vai significar transferir das universidades para as empresas a prerrogativa de dizer quem vai ser jornalista, como vai ser o jornalismo e como devem atuar esses profissionais”, avalia o coordenador do Fórum Nacional dos Professores de Jornalismo, Edson Spenthof, professor da Universidade Federal de Goiás (UFG). Leia mais aqui.
Injustiça!!!! Eu estudei – e ainda estudo – para exercer a profissão e o jornalismo científico. Tive matérias de teoria da comunicação, discurso, entre outras de humanas. Isso irá saturar, ainda mais, um mercado que já é difícil. Sem contar os outros problemas que gerará, como enfraquecer ainda mais a nossa categoria. Qualquer um que escreve bem que pode ser jornalista? Se for assim, ao treinar repetidamente as técnicas cirúrgicas, posso ser uma cirurgiã?!?

Einstein no Brasil, eu no Ibirapuera

Duas coisas são infinitas: o universo e a estupidez humana. Mas, no que respeita ao universo, ainda não adquiri a certeza absoluta.

Sábado, dia que mais adoro da semana, vou dedicar à ciência. Ossos do ofício… Pela manhã, verei um workshop sobre a indústria farmacêutica – só para jornalistas. À tarde, pretendo acompanhar a primeira da série de mesas-redondas organizadas pela Fapesp e pelo Instituto Sangari. Marcelo Leite, jornalista, será o mediador e lançará seu novo livro: “Ciência: use com cuidado”. Lá no Ibirapuera. Se tudo ocorrer bem, trago como foram os eventos na semana que vem.
Sobre a mesa-redonda: Até o final do ano, aos sábados, se debaterá o tema “O tempo em dois tempos”, sobre a noção do tempo e do espaço, com um físico e um pesquisador das ciências humanas. Aos domingos, na série “Muito além da relatividade”, físicos e escritores especializados em física do abordarão aspectos da vida, do contexto histórico e da obra de Einstein. Esses encontros fazem parte da programação que acompanha a exposição sobre o gênio. Confira a programação aqui.
Sobre a exposição: “Minha vida é uma coisa simples, que não interessa a ninguém”, disse, certa vez, Albert Einstein. Coitado, pleno engano. A exposição – localizada na antiga sede do Prodam, no Parque do Ibirapuera (SP), até dia 14 de dezembro – procura desvendar o homem por trás da ciência e apresenta suas teorias. Conta com objetos pessoais, fotos, fac-símiles de cartas e manuscritos e uma série de instalações interativas que usam tecnologia de ponta. Para completar a exposição, há diversas obras de arte de renomados artistas nacionais. Vista por mais de dois milhões de pessoas no mundo, a mostra foi ampliada e adaptada especialmente para o Brasil. Foram criadas duas novas seções: “Átomos” e “Einstein no Brasil”. Site do evento aqui.
Quero ir. Todo último domingo do mês é de graça. Hum… Vou economizar e adquirir mais conhecimento. Ah, no final, para variar, tem uma lojinha! Puts, AMO “quinquilharias” ou “souvenires” de museus e exposições. Em breve, haverá também uma loja pelo site. Tô perdida.
Confira as melhores frases do cientista – na minha modesta opnião, claro. São irresistíveis:

  • Deus não joga aos dados.
  • Temos o destino que merecemos. O nosso destino está de acordo com os nossos méritos.
  • Triste época! É mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito.
  • O único lugar onde sucesso vem antes do trabalho é no dicionário.
  • O mundo é um lugar perigoso de se viver, não por causa daqueles que fazem o mal, mas sim por causa daqueles que observam e deixam o mal acontecer.
  • A curiosidade é mais importante do que o conhecimento.
  • O segredo da criatividade é saber como esconder as fontes.
  • Se os factos não se encaixam na teoria, modifique os factos.
  • Não tentes ser bem sucedido, tenta antes ser um homem de valor.
  • Nem tudo o que pode ser contado conta, e nem tudo o que conta pode ser contado.
  • Eu nunca penso no futuro. Ele não tarda a chegar.
  • A distinção entre passado, presente e futuro é apenas uma ilusão teimosamente persistente.
  • Penso noventa e nove vezes e nada descubro; deixo de pensar, mergulho em profundo silêncio – e eis que a verdade se me revela.
  • O homem erudito é um descobridor de factos que já existem – mas o homem sábio é um criador de valores que não existem e que ele faz existir.
  • A ciência sem a religião é coxa, a religião sem a ciência é cega.
  • Se, a princípio, a ideia não é absurda, então não há esperança para ela.
  • A coisa mais difícil de compreender no mundo é o imposto profissional.
  • A fama é para os homens como os cabelos – cresce depois da morte, quando já lhe é de pouca serventia.
  • A religião do futuro será cósmica e transcenderá um Deus pessoal, evitando os dogmas e a teologia.
  • É a teoria que decide o que podemos observar.
  • Não se pode manter a paz pela força, mas sim pela concórdia.
  • Os problemas significativos que enfrentamos não podem ser resolvidos no mesmo nível de pensamento em que estávamos quando os criámos.
  • A imaginação é mais importante que a ciência, porque a ciência é limitada, ao passo que a imaginação abrange o mundo inteiro.
  • A realidade é apenas uma ilusão, ainda que muito persistente.
  • A educação é o que resta depois de se ter esquecido tudo o que se aprendeu na escola.

Fonte: Citador.

Dia da Descarga Mundial

Lembra-se do World Jump Day? Não? Então, leia aqui. Sob o slogan “Porque pular não é legal. Vamos dormir, minha gente!”, lançaram – com um senso de humor apurado – o World Sleep Day 2009. Dia 11 de janeiro do ano que vem, às 6h34, todos devem nanar. Veja comunidade no Orkut aqui. Curioso é que existe um site na internet – aqui, em inglês – que marca o mesmo dia mundial da naninha para dia 20 de março.
Como criatividade pouca é bobagem, um engraçadinho inaugurou o World Descarga Day. Dia sete de dezembro, às 15 horas, todos devem dar descarga para fazer com que a rede de esgoto transborde. Veja comunidade no Orkut aqui. Acredito que não passa de uma brincadeira, uma sátira para todos os dias de comemoração que temos ao ano. Existem os clássicos comerciais – dos Namorados, Pais, Mães -, os de protesto – da Terra, Água, Oceano -, os de Santos e afins – São Sebastião, Nossa Senhora Aparecida – e por aí vai. É para lotar qualquer ano – será por isso que o Calendário Maia “prevê” o final dos dias em 2012?
Deixando a brincadeira de lado, dar descarga sem ter o menor propósito de eliminar os excrementos é uma idéia sem cabimento. Atualmente, a revista The Economist promove um debate online sobre a água. Em tempos de crise econômica e ambiental – longe de mim ser ecochata – mandar água pelo ralo é uma completa bobagem. Sob o tema “A água, um recurso escasso, deveria ser negociada de acordo com seu valor no mercado?”, a página é a mais acessada da revista. Vote também aqui. Neste exato momento, 59% das pessoas são contra.
Mas será que a água irá acabar? Segundo hidrogeólogos, não. A água não irá acabar. Isso porque além das superficiais, existem os lençóis freáticos com a substância purinha – na maioria dos casos. Além disso, é possível extrair água potável do mar. Por fim, se toda a H2O do mundo for poluída, basta tratá-la. Então, por enquanto, podemos ficar sossegados. Mas, claro, sem mandar para ralo abaixo um bem tão essencial para a vida.
Em tempo, uma bacia sanitária gasta 12 litros de água por descarga! Quer saber quanto se consome mensalmente de água na sua casa? Faça o teste aqui.

Perigo silencioso: LIXO ATÔMICO

Recentemente, fiz uma matéria para o portal iG sobre um suposto amontoado de plástico que bóia no Oceano Pacífico. Leia aqui -, aliás, no final dela coloquei uns dados assombrosos sobre o consumo do material. Além de pesquisar, para elaborar o texto conversei com alguns estudiosos, entre eles o oceanógrafo Ronald Buss de Souza que fez uma “revelação” desconhecida da maioria da população. “As pessoas falam da poluição do plástico, mas se esquecem de uma pior. Do lixo atômico”, diz.
Recapitulando. Durante a Guerra Fria, que aconteceu entre a Segunda Guerra Mundial (1945) e a extinção da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (1991), os Estados Unidos e a URSS realizaram inúmeros testes nucleares. Além de destruir as cidades japonesas de Nagasaki e Hiroshima – aliás, recomendo a leitura do livro que leva o nome desta cidade para ter idéia do horror – detonaram, literalmente, a vida marinha.
Enquanto os Estados Unidos explodiam o Pacífico, a URSS mandava a ver no seu extenso litoral. Fabricaram torpedos nucleares que afundaram. Bombas nem sempre guardadas nas melhores condições. Desativaram lugares altamente radiativos que recebem visitas de turistas – vi um documentário sobre uma extinta fábrica de bombas dentro de uma montanha na Rússia esta semana. E, atualmente, diversos países ainda produzem lixo atômico.
Segundo o site Brasil Escola, “o termo ‘lixo atômico’ não é muito bem aceito pela comunidade científica, que prefere usar o termo “rejeito radioativo”, pois ele abrange todo material que não pode ser reutilizado e que contêm elementos radioativos, ou seja, não pode ser tratado como lixo comum. (…) A grande questão é onde depositar o lixo atômico, já que a radioatividade desses rejeitos se prolonga por milhares de anos e é extremamente nociva aos seres vivos. Geralmente o lixo atômico é colocado em grossas caixas de concreto e jogado no mar, porém é impossível garantir que as proteções ao conteúdo radioativo não venham a se deteriorar com o tempo”.
“Haverá um momento que esse lixo começará a vazar ou ‘aparecerão’ as conseqüências para a vida animal e humana”, alerta o estudioso. Claro. Os peixes – e frutos do mar – que vivem na radiação podem ser aqueles da nossa mesa. Aliás, este mês, a revista Superinteressante publicou uma matéria sobre espécies de fungos mutantes que se alimentam da radioatividade de Chernobyl – assista um vídeo feito dentro do reator da cidade aqui. Seria a natureza dando um “jeitinho” no nosso erro?
Claro que a radioatividade perde “força” com o passar dos anos, porém isso pode demorar mais de um milênio. Ah, e uma matéria publicada no Com Ciência afirma que “O Greenpeace acredita que os testes já realizados envolvendo o destino do lixo nuclear são insatisfatórios e que testes confiáveis demandariam dezenas de milhares de anos. Os rejeitos produzidos em Angra 1 e 2 podem ser classificados em três níveis de radioatividade: alta, média e baixa. Ainda não há, no Brasil, um lugar escolhido para o depósito definitivo do lixo nuclear, ficando o lixo de Angra em depósitos intermediários”. Vamos esperar para nos contaminar?

E o Nobel vai para…

Isis Nóbile Diniz! Brincadeirinha! O fato é que, esta semana e a próxima, serão memoráveis para o meio científico. Dias em que o Nobel 2008 será entregue. Aliás, hoje mesmo foi divulgado que os pesquisadores Yoichiro Nambu, Makoto Kobayashi e Toshihide Maskawa receberam o Prêmio Nobel de Física.
O primeiro, cidadão norte-americano nascido em Tóquio, pela descoberta do mecanismo de quebra espontânea de simetria em física subatômica. Os dois últimos, japoneses, pelo trabalho que previu a existência de pelo menos três famílias de quarks – partículas hipotéticas que constituiriam a base de todas as partículas atômicas. Vão dividir US$ 1,4 milhão.
Ontem, os cientistas franceses Luc Montagnier e Françoise Barre-Sinousi, que descobriram o vírus da Aids, e o alemão Harald zur Hausen, que identificou o vírus que provoca o câncer do colo do útero, ganharam o Prêmio Nobel de Medicina ou Fisiologia.
Além dos citados acima, amanhã será entregue o de Química, dia 9 o de Literatura, 10 o de Paz e 13 o de Economia. Quer acompanhar os vencedores antes de toda a imprensa? Clique aqui, no site oficial do prêmio. Ele possui uma lista com os laureados de todos os tempos, jogos, histórias das estrelas e por aí afora.
Quem foi Nobel?

O prêmio existe desde 1901. Suas bases foram definidas em 1895 quando o sueco Alfred Bernhard Nobel escreveu que sua última vontade: deixar parte de sua riqueza para a criação de um prêmio. Nobel era cientista, inventor, empresário, escritor e pacifista – que criou a dinamite!
Diz a lenda que, o químico de formação trabalhava na fábrica de nitroglicerina do pai engenheiro. Após a falência do estabelecimento, passou a fazer explosivos à base de nitroglicerina líquida. Um acidente com a substância provocou a morte de Emil, seu irmão caçula. Proibido de reconstruir a fábrica e visto como “cientista louco”, continuou a pesquisar a maneira de minimizar o perigo de manusear a nitroglicerina, aperfeiçoou a dinamite e, consquentemente, criou um explosivo mais poderoso: a nitroglicerina gelatinizada.
Nobel acumulou uma fortuna gigante com as patentes e a exploração de poços petrolíferos na Rússia. Como não teve filhos e ficou abalado com a utilização de seus inventos, deixou seu rico dinheirinho à fundação encarregada de premiar aqueles que se destacassem por sua contribuição para o bem da humanidade.
E o Ig Nobel?
É uma sátira que está na 18ª edição. Além de divertir, foi criado para “honrar façanhas que primeiro nos fazem rir e depois pensar”. Pela primeira vez, brasileiros são agraciados! Astolfo G. Mello Araújo e José Carlos Marcelino ganharam o Prêmio Ig Nobel de Arqueologia pelo trabalho “O papel dos tatus no movimento dos materiais arqueológicos: uma abordagem experimental”.
Na pesquisa, ambos chegam a quatro conclusões principais: o movimento vertical dos artefatos, feito pelos tatus, não apresenta direção preferencial; os horizontes culturais dispersos em camadas estratigráficas – seqüências de camadas de rochas – separadas por até 20 centímetros podem ser misturados pelos tatus; a atividade dos tatus deixa traços característicos – buracos – que podem ser reconhecidos durante uma escavação; não há correlação significativa entre o tamanho, o formato ou o peso dos artefatos e a sua mudança de local. Veja os outros ganhadores aqui, no site Inovação Tecnológica.
Quando soube da façanha, confesso. Tirei o maior sarro. Por fim, ganhar um prêmio sempre atrai a atenção. Sabe o ditado “fale bem ou fale mal”… Então, essa é uma maneira de divulgar a ciência, neste caso, do Brasil. Parabéns para todos.

Tudo sobre as pesquisas em animais

Segunda chuvosa com ressaca de eleições. E aí, seu candidato foi eleito? Eu prefiro nem comentar – cada um que apareceu para nos representar, afe. Acompanhando o clima, começo a semana com um tema polêmico: pesquisas feitas em animais. Para entender mais sobre o assunto, conversei com o médico Ricardo Taddeu. “As pessoas não imaginam o quanto dependem dessas pesquisas”, diz. Tire suas dúvidas e conclusões depois de ler a entrevista a seguir. Aliás, não perca e reflita sobre a última resposta.
1. Desde quando são feitas pesquisas em animais?
Quando nos referimos à medicina ocidental, provavelmente, os primeiros a utilizar animais como objeto de estudo foram os egípcios. Talvez porque isso fosse socialmente aceito, já que a dissecção de animais e corpos humanos para mumificação era procedimento rotineiro. Os gregos também realizavam dissecções, sobretudo Herophilus de Chalcedon e Erasistratus de Chios – médicos da antiguidade. Porém, foi Galeno quem alcançou um novo patamar. Ele utilizou animais em estudos que resultaram no tratado anatômico adotado pela medicina ocidental por quase 1500 anos. Além disso, foi um dos pioneiros na realização de estudos fisiológicos com animais.
2. Elas são praticadas em outros países? Quem as utiliza?
Praticamente, todos os países do mundo ocidental se valem da experimentação animal. Cada um tem uma legislação diferente, mas procuram resguardar os animais de qualquer tipo de sofrimento. No Brasil, existem leis e normas para pesquisas em humanos e em outros animais. As penas por não cumpri-las vão desde multas até detenção. Só como exemplo temos o PL 1153, a lei 6638/79, lei 9605, resolução HCPA, e as Diretrizes e Normas da CNS. A União Européia, por exemplo, restringe os testes de cosméticos em animais e espera baní-los completamente em alguns anos. A área do conhecimento humano que mais se beneficia são as ciências biológicas. Mas a psicologia também realiza alguns experimentos. Atualmente, com o desenvolvimento tecnológico, áreas que não realizavam muitos experimentos com animais, como a engenharia e a robótica, passaram a usá-los.
3. Quais animais são os mais empregados? Onde os pesquisadores obtêm esses bichos?
Praticamente todos os animais de pesquisa são roedores – ratos e camundongos – correspondendo a 95% do total de animais empregados. Ao contrário do que se acredita, cães, gatos e primatas representam juntos menos de 1% do total de animais utilizados e esse número diminui a cada ano. Os animais empregados em experimentos devem ser criados em biotérios só para essa finalidade. Isso vale para cães, gatos, porcos, primatas e, principalmente, roedores. Animais de rua capturados pela carrocinha não são usadas em experimentos por estarem em péssimas condições de saúde, o que invalidaria os resultados. Contudo, são utilizados em aulas de técnica cirúrgica nas faculdades de medicina e, no lugar de serem mortos na câmara a vácuo, são sacrificados sem sofrimento sob anestesia.
4. Se nós somos diferentes de outras espécies, os testes em animais são realmente eficazes?
Realmente, há diferenças significativas entre nós – animal humano – e outras espécies. Mas, como se pode notar, nós também somos animais e compartilhamos muitas características. De modo grosseiro, segundo Darwin, todos evoluímos de um ancestral comum. Portanto, diversos processos metabólicos e características anatômicas são iguais ou bastante semelhantes entre as diferentes espécies. Como garantir que resultados obtidos em animais sejam transponíveis para seres humanos? Não há como garantir 100%, mas com a experiência acumulada é possível minimizar os erros.
5. Quais são os tipos de pesquisas?
Didaticamente, pode-se dividi-las em básica e aplicada. A pesquisa básica objetiva gerar conhecimentos novos úteis para o avanço da ciência sem aplicação prática prevista. Envolve verdades e interesses universais. Geralmente, não possui aplicações diretas, ao menos inicialmente. Ela serve de base para a construção de hipóteses que serão testadas posteriormente. Por exemplo, descoberto em ratos uma proteína diretamente envolvida na formação de novos vasos – angiogênese – o que permite o crescimento de tumores. Mesmo sem aplicação direta, essa descoberta será a base para a busca de novas formas de tratamento do câncer. Enquanto isso, a pesquisa aplicada procura gerar conhecimentos para aplicação prática e dirigidos à solução de problemas específicos. Envolve verdades e interesses locais. Por exemplo, teste de novas drogas em animais buscando uma que seja capaz de impedir a angiogênese e, consequentemente, o crescimento tumoral. Novos medicamentos poderiam ser usados isoladamente ou combinados com outras formas de tratamento.
6. Os animais sofrem antes, durante ou depois dos experimentos?
Cada país tem sua legislação que regulamenta o uso de animais em experimentos e impede que eles sejam submetidos a experimentos que dêem sofrimento. No Brasil, existe uma lei federal que regulamenta o emprego de animais em pesquisas e proíbe qualquer tipo de maus-tratos (lei 6638/79). Segundo o USDA Annual Report – do United States Department of Agriculture -, do ano 2000, 63% dos animais empregados em pesquisa sofreram apenas um desconforto ou dor momentânea, comparável a uma picada de injeção. Do total, 29% dos animais empregados recebem anestésicos ou analgésicos e apenas 7% não recebem nenhum tipo de analgesia – porque isso interferiria no experimento. Porém a dor é minimizada o máximo possível. Além disso, ao contrário do que se acredita, cientistas não são alheios ao sofrimento animal. Primeiro, por serem seres humanos que se preocupam com os animais da mesma forma que qualquer outra pessoa. Somando-se a isso, para obter resultados válidos, os animais empregados devem estar em boas condições de saúde e higiene. A dor também é evitada, pois ela torna os animais imunossuprimidos.
7. Esse tipo de pesquisa pode ser substituído por outra?
As opções disponíveis e mais empregadas são simulações de computador, estudos in vitro e procedimento em cadáveres – como culturas de células ou tecidos humanos. Outras opções seriam observação clínica, voluntários humanos doentes ou sãos), material oriundo de mortes naturais, visualização não-invasiva em condições clínicas, observação em usuários, inferência estatística e substituição dos animais por plantas.
Atualmente, é impossível substituir completamente o uso de animais, principalmente, na experimentação. Quando se trata de animais utilizados no ensino, alguns modelos surgem como substituto, mas possuem potencial restrito, preços altos e duração limitada. É bastante complicado treinar procedimentos cirúrgicos em manequins. Desse modo, estaríamos fazendo experimentos in anima nobile – expondo o paciente ao dano e o médico ao erro.
8. Por que geram tanta polêmica?
Não existe um único motivo que possa explicar toda a polêmica. O principal deles é a ignorância e o fanatismo “quase religioso” pregado por algumas entidades de defesa dos animais. Curiosamente, os mais intolerantes são aqueles com menos informações sobre o assunto. Eles representam um grupo que, além de acreditar em fotos e vídeos sensacionalistas e falsos, ainda propagam a idéia de que experimentos com animais é tortura. Há de se convir que é uma imagem com muito apelo, porque a maioria das pessoas que gostam de animais os vê como seres puros e indefesos e não tolera imaginar o sofrimento desses “fofinhos”. Em associação, algumas entidades de defesa dos animais tratam o assunto como religião. Existe uma “indústria do ecologismo” que cresce rapidamente. Com certeza algumas entidades levam o assunto a sério, mas boa parte delas explora a ignorância das pessoas ao criar “igrejas” de adoração à natureza e repulsa ao ser humano. Talvez o ponto mais curioso nisso tudo é que os cientistas são a única parte flexível. A comunidade científica entende e aceita que o mínimo de animais deve ser sacrificado e sempre com o menor sofrimento possível. Mesmo apresentando dados sobre esses procedimentos, a incredulidade ignorante predomina.

Eu vi pinguim

Este ano, o número de pinguins – sem acento, Acordo Ortográfico – que apareceram na costa brasileira foi recordista. Não tenho o total, mas esse dado biologistas me passaram. Todo inverno, as aves viajam da Patagônia em busca de alimento. Fogem do frio rigoroso de lá, porque falta comida. Como o mar de alguns estados do Nordeste, como a Bahia, estava com dois graus a menos na temperatura, eles conseguiram nadar além de Salvador.
Dentro do oceano, existem correntes de água – lembra-se do filme “Procurando Nemo”?. Eles pegam “carona” nelas e sobem para o Brasil. Alguns, geralmente os mais fracos – seleção natural -, se perdem do bando e param nas praias. Machucados, mordidos, famintos são cuidados por especialistas que, em seguida, mandam eles de volta para o mar. Veja aqui um infográfico bem engraçado dos bichinhos que serão colocados no mar de Rio Grande do Sul hoje mesmo. A corrente marítima para volta à “casa” passa perto do Brasil. Acredito que em poucos dias eles estarão na Argentina novamente.
Há alguns anos, no inverno gélido e coberto de ventos, fui para Pontal do Sul, no embarque para a Ilha do Mel, Paraná. Estava eu, só, caminhando pelas pedras onde os pescadores lançam seus anzóis. Pasmando com os olhos descansados no mar agitado, observei algo estranho na água. “Ué”, cocei a cabeça. “Acho que vi um pato no mar”, pensei. “Pato… No mar?”, foquei com mais atenção.
Era um… PINGUIM! Se eu não me engano, da espécie pinguim-de-magalhães. Ah, que gracinha! Ele mergulhava e “boiava” calmamente. Até que, uma hora mergulhou e o perdi de vista. Sai contente, pô, já tinha visto golfinho no verão da Ilha do Mel, mas pinguim era novidade! Voltando para contar aos meus parentes, mais uma surpresa. E não é história de pescador.
Uma foquinha bebê! Ela subiu nas mesmas pedras, toda machucada. Acho que estava cega de um olho. Muito debilitada mesmo – e agitada. Cheguei perto, ela se virou para mim. A minha idéia – coisa de Felícia – foi fazer “carinho” na sua pele. Ah tá que ela iria deixar. Começou a rosnar, como um cachorro. Ameaçava morder – claro, bem. Logo em seguida, fugiu. Quando surgiu no Iate Club, chamamos os biólogos da região que trataram o animal. Disseram que, provavelmente, ela foi ferida por pescadores, por tentar comer o peixe das redes. Se ambos os animais sobreviveram? Espero que sim. Leia aqui um post de Uma Malla Pelo Mundo sobre as aves.
Foto: Centro de Recuperação de Animais Marinhos (CRAM).

Existe gravidade na órbita da Terra

Já entrevistei muita gente interessante – “famosas” ou “desconhecidas” – que admiro. Rui Ohtake, Tomie Ohtake, Ana Niemeyer, Mauro de Salles Villar, Evanildo Cavalcante Bechara, diversos cientistas e por aí vai. Essa semana, conversar com Thyrso Villela, diretor de Satélites e Aplicações da Agência Espacial Brasileira (AEB), teve um gostinho diferente.
A entrevista foi amena, sobre conhecimentos que, para ele, deve ser como 1 + 1 = 2 para qualquer pessoa. Mas, poxa, se eu tivesse dinheiro pagaria para fazer uma viagem espacial. Queria dar uma voltinha na Terra e dizer: “Ela é azul”. Sei lá, bateu algo nacionalista e de astronauta em mim.
Durante a conversa tive uma “revelação” – óbvia -, mas que matuta na minha cabeça. Parece algo mágico. Quando se está em órbita na Terra, a gravidade do planeta é sentida sim. Ela é apenas, no máximo, 10% menor do que a em solo. “A sensação de estar flutuando é porque a nave, nesse caso, está em queda constante com relação ao solo, mas sempre em movimento acompanhando a rotação da Terra”, disse o pesquisador. (errei!) “A sensação de estar flutuando é porque a nave, nesse caso, está acompanhando a curvatura da Terra”, disse o pesquisador. Estou com a cena das estrelas do filme “2001: Uma odisséia no espaço” na cabeça. E a música…
Foto: Nasa.

A ciência e o meio ambiente vistos por um olhar atraente e feminino