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Troque o carro pela bicicleta em Campos do Jordão

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Até a semana que vem vou publicar por aqui alguns vídeos sobre meio ambiente que fiz durante viagens. Acima, segue um sobre a modesta ciclovia da cidade de Campos do Jordão, no interior de São Paulo. Apesar da cidade estar incrustada em plena Serra da Mantiqueira, a ciclovia é plana. E, mesmo com os altos e baixos, recomendo passeios de bike pelo município. É completamente agradável se perder pelas ladeiras entre as araucárias. Além disso, usando a bicicleta como meio de transporte e lazer você evita o trânsito e diminui a emissão de carbono.

Saiba mais sobre a região da Serra da Mantiqueira aqui.

Onde nascem as águas

 

Em tempos de águas de março, saiba que o líquido que sai transparente da torneira da sua residência desceu muita serra. Haja corredeira! A dica é de uma exposição permanente do Parque Estadual de Campos do Jordão, vulgo Horto Florestal, localizado na linda Serra da Mantiqueira. Segundo o parque, “mantiqueira” significa “lugar onde nascem as águas” em tupi – as mina pira na semiótica. A água que passarinho bebe em algumas cidades dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais é proveniente da Serra da Mantiqueira, da Cantareira e do Mar.

No caso da Serra da Mantiqueira, seus riachos, ribeirões e rios têm leitos pedregosos quase sempre com corredeiras. Geralmente, essas águas são frias, límpidas, oxigenadas e rasas. E são diversas, mais belas que o rio que corre pela minha aldeia. Em apenas quatro horas dentro do Horto Florestal, encontrei muita água além daquela que veio do céu: visitei a cachoeira do Galharada e fiz uma breve caminhada ao lado do rio Sapucaí-Guaçu, que corta o parque. Recomendo a visita.

Já o nome Serra da Cantareira não tem origem indígena, mas também remete ao precioso líquido. De acordo com o Parque Estadual Serra da Cantareira – outra dica de passeio incrível e, o melhor, não é preciso nem sair da cidade de São Paulo para conhecê-lo – “o nome ‘Cantareira’ foi adotado por conta da grande presença de tropeiros entre os séculos XVI e XVII que guardavam seus cântaros [vasos] de água em móveis chamados ‘cantareiras‘”. Essa água, como é de se imaginar, era retirada da respectiva serra.

Sempre gosto de saber a proveniência dos produtos e alimentos consumidos por mim. É uma maneira de entrar em contato com a terra – e com a Terra. De voltar às origens. De estabelecer uma ligação com aquilo aparentemente tão distante. Ai, ai. Neste momento, sorrio observando a linda Serra da Cantareira da janela da minha sala. Ainda bem que está aí emoldurando a paisagem.

Obs.: A foto tirei do Pico do Itapeva com cerca de 2 mil metros de altitude. De lá de cima, é possível ver várias cidades no planalto como Tremembé, Aparecida, Taubaté, Pindamonhangaba e São José dos Campos e, mais ao fundo, a Serra do Mar. <3

Passeie pela “mata das nuvens”

“Mata das nuvens”… Poética essa composição de palavras, não? Confesso que emprestei daquela exposição permanente sobre a Serra da Mantiqueira no Horto Florestal de Campos do Jordão, interior de São Paulo. Quem já andou no meio do mato em ambientes serranos do Sul e Sudeste deve ter reparado que alguns locais têm uma névoa quase permanente entre e sobre a vegetação. Para mim, essa paisagem remete aos sonhos ou, se existissem, aos lugares onde viveriam as ninfas. Outros já a relacionam aos filmes de terror.

Essa névoa “mágica” é resultado da umidade levada para as serras do Mar e da Mantiqueira por meio dos ventos que sopram do mar em direção ao continente. O nome “verdadeiro” desse misto de nevoeiro e chuva é mata nebular. Segundo a exposição no Horto Florestal, a mata nebular “é densa, formada por árvores de tronco retorcido, quase sempre cobertos de musgos, bromélias e orquídeas”. Mais detalhes: “Nela são encontradas árvores como o cambuí, o guamirim e o pinho-bravo”.

Os ambientes de mata nebular estão, geralmente, acima de mil metros de altitude. A foto deste post tirei em um local com “mata das nuvens”, dentro do Parque Estadual de Campos do Jordão – o vulgo Horto Florestal. Enquanto eu pasmava sentada sobre uma pedra ao som distante da maior queda da Cachoeira da Galharada, aproveitava para capturar o frescor da mata. Respirava fundo. Ai, ar puro e úmido.

Parece pasto, mas não é

Veja como um passeio de bicicleta ao parque é cultura. Enquanto caía a tradicional chuva das duas horas da tarde do verão* de Campos do Jordão, cidade serrana de São Paulo, aproveitei para visitar um pequeno museu localizado dentro do Horto Florestal – leia aqui o post sobre esse parque. Lá dentro, fiz uma feliz descoberta: muitas terras localizadas principalmente no Sudeste e no Sul do Brasil parecem pasto, mas na realidade são exemplos do ecossistema chamado Campos de Altitude (partes das montanhas sem árvores na foto).

 

Lembro nitidamente as paisagens das minhas viagens de infância e adolescência ao Paraná. Em uma ocasião, a rodovia seguia por um lado de uma serra. Lá embaixo, no vale, corria um magro rio com pedras nas margens que refletia o tom azul escuro. Acompanhando o leito, um bucólico trem transportava a carga por uma ponte de ferro. Conforme o carro avançava, o trem ficava para trás e ao lado dele “subia” uma montanha tomando nossa visão. O alto morro pelado parecia ser coberto por uma vasta pastagem. Apenas uma solitária araucária fazia sombra.

 

No momento, a composição me encantou. Parecia uma pintura feita no início da tarde. Porém, logo em seguida, pensei: “A Floresta de Araucária foi desmatada para dar lugar aos bois? Pena”. Detalhe é que não vi um gado sequer pastando naquelas terras. Hoje, creio que esse lugar perdido nos rincões paranaenses era, na verdade, um exemplar do Campo de Altitude. Segundo pesquisei, esse ecossistema é comum nas áreas mais elevadas – acima de 1.500 metros de altitude – da Serra do Mar, da Mantiqueira e na Cadeia do Espinhaço (em Minas Gerais). Geralmente, são encontrados em locais com solo rochoso.

 

A exposição no Horto Florestal informava que os Campos de Altitude são fundamentais na dinâmica ecológica dessas serras. No inverno, se tornam bem secos propícios a incêndios. Quando chega a primavera, são tomados pelas cores das flores. Aliás, o ecossistema é rico em espécies – muitas delas vivem apenas neles. O engraçado é que sua paisagem lembra as que encontrei na Cordilheira dos Andes – aguarde fotos em novos posts. Claro que guardadas as devidas proporções, principalmente, do tamanho das cadeias de montanhas! Deve ser por isso que me senti tão à vontade no meio daqueles gigantes.

 

 

 

 

*Obs.: Todo dia, na hora do almoço entre 12h30 e 14h, chovia em Campos do Jordão. Mas chovia, chovia muito. Está vendo essas “pedrinhas” brancas no chão da foto ao lado (clique nela para ampliar)? É o resultado de 15 minutos de queda de granizo. Lindo. Ah, e a ciclista da foto acima soy yo.

Estacionamento para bikes parece “as europas”

Noites e manhãs frias em pleno dezembro de verão, casas com arquitetura alemã, pinheiros plantados em passeios públicos, florestas circundado a cidade e estacionamento para bicicletas no centro comercial. A descrição não parece de uma cidade brasileira, não é mesmo? Deixando o gosto duvidoso da arquitetura e da introdução de espécies exóticas de lado, ter um lugar para parar as magrelas no principal centro comercial turístico de Campos do Jordão, no interior de São Paulo, é um mínimo apoio aos ciclistas (foto). Acho civilizado. E o povo usa. Quem vai trabalhar. Quem vai comer ou comprar. Quem é turista. É para todos. As quatro bicicletas da foto tiraram quatro carros das entupidas ruas do badalado “centrinho”. Melhor se exercitar do que ficar dentro do possante meia hora dirigindo a 5 km/h até encontrar uma vaga na rua ou no estacionamento – e dirigir por no máximo 6 quilômetros para chegar ao tal centro, distância da maioria dos hotéis. Todas as cidades brasileiras deveriam ter um lugar destinado às bicicletas nos centros comerciais. Isso, sim, é ser “phyno”.

Obs.: Conhece mais cidades tupiniquins com estacionamento para bikes? Conte aí!

Pedalando até o Horto Florestal de Campos do Jordão

Fiquei tão viciada em andar de bicicleta que descartei a possibilidade de passar minha folga do trabalho longe dela. Fiz duas viagens – e trouxe de ambas vários aprendizados para compartilhar neste blog, aguarde. Na primeira, fui para Campos do Jordão bregamente intitulada “Suíça Brasileira” e marketing que, aliás, acaba desmerecendo a belezinha de município. Lindinho, não pela sua arquitetura inspirada “nas Europas”, mas porque está inserido no meio da Serra da Mantiqueira. As paisagens são inspiradoras.

Apesar dos morros que encontramos na cidade e no entorno dela – como era de se esperar de uma Serra -, o lugar é fantástico para quem gosta de pedalar. Possui uma ciclovia plana, uma pequena estrutura – melhor do que o quase nada de São Paulo – para estacionar a bicicleta em frente aos estabelecimentos, ruas calmas no verão, estradinhas de terra e muito ciclista. Vou abordar tudo isso nos posts que veem por aí. Bom, além disso, li que um dos passeios imperdíveis para quem está começando a pedalar era andar de bicicleta no Horto Florestal do município. E aí fui eu.

 

A curiosa teve a belíssima ideia de ir de bicicleta até o Horto. Antes de ir, perguntei para um morador como era o caminho: “Tranquilo, uma reta plana”. Para quem está de carro, né? A avenida – parece rodovia, mas não é – até o parque possui uma leve subida, imperceptível. Como ainda sou café-com-leite na pedalada, penei nos dez quilômetros. Afinal, ainda havia mais trilhas no Horto. Escolhi a trilha da Cachoeira da Galharada – ao final chega-se a ela com direito a estacionamento para bicicletas (foto) – e uma trilha especialmente para bicicletas. As outras são mais indicadas para caminhada.

 

O Horto Florestal vale o passeio: bem cuidado, sinalizado e com atividades para todas as idades. Ele está localizado entre Minas Gerais e São Paulo, se intitulando a maior extensão contígua de pinheiros brasileiros no Sudeste distribuído em vales e morros com altitudes que variam de 1030 a 2007 metros. Agora, se você levar a bicicleta até Campos do Jordão vá pedalando para o parque. O caminho se revelou uma atração à parte. Saiba mais no vídeo acima!