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O que tem no ar que você respira? Sabe?

Hoje é o Dia Mundial do Meio Ambiente. E, este ano, a ONU, Organização das Nações Unidas, escolheu o tema “poluição do ar” para alertar as pessoas sobre o problema praticamente invisível aos olhos, mas que o coração sente. Segundo a ONU, 92% por cento das pessoas em todo o mundo respiram um ar sujo. Apesar do Brasil ser um país bonito por natureza, também temos pouco a comemorar. Teoricamente, o ar que respiramos deveria ser monitorado para sabermos o que respiramos. Principalmente, em áreas urbanas onde mora muita gente e onde os problemas de qualidade do ar estão associados às emissões de poluentes de veículos como carros, motos e ônibus. No Parque do Ibirapuera, em São Paulo, a concentração de ozônio chegou a atingir mais que o dobro do que o nível recomendado pela Organização Mundial da Saúde entre os anos de 2013 e 2016. De acordo com o novo levantamento do IEMA, Instituto de Energia e Meio Ambiente, apenas onze estados mais o Distrito Federal monitoram a qualidade do ar. Além disso, entre os poluentes medidos no Brasil, os únicos que não apresentam uma tendência clara de queda são o material particulado fino, um dos maiores responsáveis por doenças respiratórias e cardiovasculares, e o ozônio, que é fator de risco para o desenvolvimento de asma.

*Este texto foi falado por esta palpiteira oficial no programa Desperta, da Rádio Transamérica, apresentando pelos queridos Carlos Garcia e Irineu Toledo.  Uma vez por semana, minha coluna vai ao ar por volta das 6h15 da manhã! Geralmente, às quintas-feiras. Beijo!

Foto: Isis Nóbile Diniz

Começo do fim da Era do Plástico

Hoje eu trago só boas notícias. De que adianta proibir o canudo se ainda continuamos consumindo plástico de maneira descartável? O ideal seria reduzir muito o consumo de utensílios de uso rápido feitos de plástico. Essa é a grande vitória na Europa. O Parlamento Europeu aprovou o veto de produtos descartáveis de plástico como copos, pratos, talheres, cotonetes, canudos, tampas e embalagens para entrega de comida a partir de 2021. Aliás, produtos feitos com o plástico oxodegradável, que já foi tido como um possível substituto, também entraram para a lista. Isso porque ele não se decompõe por completo, se transforma em micropartículas que prejudicam o meio ambiente e nossa saúde. Em seguida, o estado americano de Nova York proíbe a comercialização e a distribuição de sacolas plásticas. A medida deve entrar em vigor em março do ano que vem. Ele é o terceiro nos Estados Unidos, depois da Califórnia e do Havaí, a banir esse tipo de produto. Pelo jeito, esse é um caminho sem volta. Ainda bem. O meio ambiente e a nossa saúde agradecem!

*Este texto foi ao ar no programa Desperta, da Rádio Transamérica, apresentando pelos queridos Carlos Garcia e Irineu Toledo.  Uma vez por semana, minha coluna vai ao ar por volta das 6h15 da manhã. Geralmente, às quintas-feiras. Beijo!

Foto: Isis Nóbile Diniz

O canudo de qual material é mais ambientalmente correto?

Cerca de vinte cidades brasileiras, como Rio de Janeiro e Fernando de Noronha, já proibiram o uso de canudos plásticos em bares e restaurantes. Outras como São Paulo devem fazer o mesmo. Mas falta fiscalização dos estabelecimentos. Além disso, poucos locais oferecem canudos biodegradáveis como de papel como opção ao plástico. Afinal, um canudo de papel custa sete vezes mais do que o de plástico. No lugar do canudo, o comércio têm colocado o copo plástico que também é mais barato que o canudo de papel. Resolveu a questão? Piorou. Se continuar assim, o Brasil pode subir de quarto para o terceiro lugar no índice dos países que mais geram resíduos plásticos. Em casa, algumas pessoas estão usando os reutilizáveis e agora na moda canudos de inox. Mas a sua produção consome muita energia elétrica e água, além de emitir gases de efeito estufa. Por enquanto, a primeira solução para a questão dos canudos seria evitar o seu uso, principalmente, se o canudinho for de plástico. Ou seja, optar por recipientes laváveis como o simples copo de vidro. Quando o canudinho for necessário, melhor escolher os reutilizáveis mais biodegradáveis como canudo de bambu ou de vidro. Agora, em todos os casos, sempre descarte o canudo corretamente. Afinal, apenas 13% dos resíduos sólidos urbanos no país vão para reciclagem segundo o IPEA, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada.

*Este texto foi ao ar no programa Desperta, da Rádio Transamérica, apresentando pelos queridos Carlos Garcia e Irineu Toledo.  Uma vez por semana, minha coluna vai ao ar por volta das 6h15 da manhã. Geralmente, às quintas-feiras. Beijo!

Foto: Isis Nóbile Diniz

A poluição do ar está acima dos padrões da OMS

Olá! Bom dia! Pare e respire fundo… Você sabe o que tem nesse ar que respira? O IEMA, Instituto de Energia e Meio Ambiente, lançou a plataforma da qualidade do ar que reúne dados do monitoramento feito em todo o Brasil e também indica as ultrapassagens das recomendações feitas pela ONU. Dos 27 estados brasileiros, apenas nove realizam o monitoramento da qualidade do ar. São eles: Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Paraná, Goiás e Distrito Federal. Nesses locais, os poluentes material particulado fino e o ozônio seguem em alta. O material particulado fino é um dos maiores responsáveis por doenças respiratórias e cardiovasculares no mundo. Ele é emitido pela queima de combustíveis e formado lá na atmosfera a partir de reações químicas. Já o ozônio pode ser causador de doenças pulmonares e a asma. Ele aparece nos dias ensolarados a partir da reação química de outros poluentes. A concentração dele no Parque do Ibirapuera, por exemplo, chegou a ser o dobro do que a OMS recomenda. Mas uma notícia boa: a maioria dos poluentes apresenta uma tendência clara de queda. Isso graças a programas como o de controle veicular (Proconve) que regulamenta a tecnologia dos motores e a qualidade dos combustíveis. O negócio é olharmos para aquilo que a gente não vê.

*Este texto foi falado por esta palpiteira oficial no programa Desperta, da Rádio Transamérica, apresentando pelos queridos Carlos Garcia e Irineu Toledo.  Uma vez por semana, minha coluna vai ao ar por volta das 6h15 da manhã! Geralmente, às quintas-feiras. Beijo!

Troque o carro pela bicicleta em Campos do Jordão

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Até a semana que vem vou publicar por aqui alguns vídeos sobre meio ambiente que fiz durante viagens. Acima, segue um sobre a modesta ciclovia da cidade de Campos do Jordão, no interior de São Paulo. Apesar da cidade estar incrustada em plena Serra da Mantiqueira, a ciclovia é plana. E, mesmo com os altos e baixos, recomendo passeios de bike pelo município. É completamente agradável se perder pelas ladeiras entre as araucárias. Além disso, usando a bicicleta como meio de transporte e lazer você evita o trânsito e diminui a emissão de carbono.

Saiba mais sobre a região da Serra da Mantiqueira aqui.

Uma mancha vermelha no mar

Nesse fim de semana, os lindos céu e mar azuis pincelado por golfinhos em São Sebastião foi coberto por densas nuvens cinzas. O vento que trouxe essas nuvens agitou o oceano e carregou mais surpresas para perto da areia: uma mancha vermelha na água. Minutos antes, uma tartaruga morta foi encontrada ainda sangrando na praia. “Não é possível que toda essa mancha seja o sangue da tartaruga”, pensei. “São algas”, concluiu o grupo com o qual conversava.

 

Claro que, curiosa, entrei na água até acima do joelho para ver de perto (sem mergulhar). Nem sei se faz mal para a saúde, mas não resisti. Incontáveis algas avermelhadas de vários tamanhos boiavam lado a lado forrando o mar perto da praia com sua cor vermelho-coral alarmante (clique nas imagens para ampliar). Até deixei de sentir frio causado pelo vendaval que varria a parte da pele molhada exposta para fora da água. Fiquei ali admirando “a união faz a força” daqueles pequenos seres por alguns minutos. Saí fedida – geralmente, alga exala um cheiro forte.Algum biólogo saberia dizer se esse é o fenômeno conhecido por maré vermelha (proliferação excessiva de algumas espécies de algas tóxicas que pode ser causada, entre outros, pela poluição do mar)?

Boa colorida semana!

A bicicleta é a solução para o trânsito?

Não. E sim. Essa é uma discussão que a cada dia tem se tornado mais frequente nas conversas de bar, nas redes sociais e em meios de comunicação como jornais e programas de televisão. Quem morou ou passou um tempo em cidades interioranas com cerca de 100 mil habitantes, se não usou a bicicleta para se locomover, deve ter observado muita gente pedalando. O mesmo é válido para quem vive ou viveu na periferia da cidade de São Paulo. E engana-se quem pensa que a bicicleta é utilizada apenas agora como meio de locomoção.

Desde criança eu observava as pessoas pedalando ao trabalho, quando morava em um bairro da periferia de São Paulo. Os porteiros do meu condomínio, por exemplo, com frequência chegavam de bicicleta. Uma pesquisa feita pelo Metrô de São Paulo sobre o uso delas na região metropolitana da cidade (de 2007, ok, desatualizada), gentilmente cedida para este blog, mostra que seu principal uso nos dias úteis é como locomoção ao trabalho (dito por 71% dos entrevistados). Quem mais pedala nesse período são as pessoas dos distritos do: Grajaú (10 mil), Vila Maria (9 mil), Jardim Helena (8 mil), Jaçanã (7 mil), Vila Medeiros (6 mil) e Tremembé (5 mil). Parte desses ciclistas escolheram a bicicleta por considerarem outros métodos de condução caros (22%) e a maioria usa para percorrer pequenas distâncias pedalando por até 30 minutos.

 

Eu sempre quis empregar a bicicleta como meio de transporte, mas como cheguei a me locomover até cerca de 30 quilômetros para ir e voltar ao trabalho, era inviável seu uso. Além disso, no bairro onde morava as ruas eram de mão única, com ônibus passando no limite máximo de velocidade e algumas calçadas não tinham a largura mínima exigida de 1,20 m. Se não havia espaço nem para os pedestres, imagine para uma ciclista (lembrando que pelo Código de Trânsito Brasileiro as bicicletas devem usar a rua, pois são veículos).

 

Assim, em grandes distâncias, a bicicleta poderia ser usada como um meio de ligação entre a sua casa e o metrô. Entre o seu trabalho e o principal terminal de ônibus da região. Atravessar a cidade todo dia sobre duas rodas, vamos combinar, exige um incrível preparo físico. O que nem todos têm. Quem mora perto do trabalho, até cerca de 10 quilômetros de distância, é um sortudo que pode usá-la como opção. E até – por que não? – intercalar com o metrô, ônibus, moto, carona e carro.

Hoje em dia, com pessoas com maior poder aquisitivo e formadores de opinião usando a bicicleta como meio de transporte, as discussões sobre o espaço destinado às magrelas têm se tornado mais frequente. Acontecem debates que já deveriam ter ocorrido há muitos anos. Felizmente, essa força – independente da classe social, afinal a ideia é todos podermos compartilhar do desejo de ir e vir como nos convém sem, claro, prejudicar a liberdade do outro – já obteve avanços. Nem que seja como forma de lazer, como as ciclofaixas aos domingos e feriados, para apresentar a vida sobre duas rodas para aqueles que só tem a perspectiva de dentro do carro.

A ideia não é demonizar os carros e outros veículos motorizados. Nem impor o uso da bicicleta para todos. Mas pensar em alternativas de locomoção. Em integrar os meios de transporte. Se pode haver no metrô estacionamento para veículos motorizados, por que não podem existir bicicletários? Precisamos melhorar a nossa qualidade de vida para sermos mais felizes. Tomar as ruas, seja de bicicleta ou a pé, significa ter mais segurança e fazer parte da vida que passa pela janela.

Aqueles que nos insultam enquanto ciclistas – ou também pedestres – pensem em duas coisas. Graças aos ciclistas e pedestres, há menos carro na rua para transitar mais livremente. E menos fumaça prejudicial à saúde. Quem pensa que fechado dentro do carro ou de casa está protegido das emissões de gás carbônico está enganado. Algumas pesquisas afirmam que os poluentes se concentram nesses lugares.

 

A rua tem espaço para todos. Vamos tomar o espaço público como o próprio subjuntivo diz.

Obs.: Quase a metade das viagens (49%) é realizada por pessoas entre 23 e 39 anos e por homens (91%), via pesquisa feita pelo Metrô.

A cidade de São Paulo está mais interiorana?

No interior do Paraná, lá em Telêmaco Borba, fazia “miséria” com uma bicicleta durante as minhas férias na adolescência. Em minutos, passava de casa em casa almoçando com um e tomando café da tarde com outro parente. Saía cedo e voltava no fim do dia. Adorava essa simplicidade. De volta a São Paulo, sentia falta da liberdade de ir e vir sobre duas rodas, mas nunca lamentei. Isso porque eu jamais imaginava, em uma cidade tão grande e onde carro é prioridade, que seria possível reproduzir os passeios interioranos. Até que ontem me senti transportada para aquele tempo – mesma época em que não precisava ser convidada com semanas de antecedência para ir à casa de um amigo ou passar o tempo com ele despretensiosamente sem ter que negociar antes o que iremos fazer.

No último domingo, chamei alguns amigos para andar de bicicleta – parece convite de criança… E, sem querer, reproduzimos a liberdade que sentia quando estava em Tebê – apelido carinhoso da cidade natal. Minha amiga @pollymir saiu do centro via Minhocão, me encontrou na Zona Oeste, de lá fomos para a ciclorota (ruas indicadas como rota para ciclistas pela Companhia de Engenharia de Tráfego) que nos levou até a ciclofaixa (parte de via fechada para ciclistas aos domingos) e seguindo seu trajeto chegamos à Zona Sul. Decidimos, sem compromisso e sem ter combinado anteriormente, passar na casa de um conhecido, descansar no Parque Ibirapuera e de lá resolvi seguir com meu respectivo para a casa de parentes. Para voltar para nosso apê, pegamos o metrô com a bicicleta, depois pedalamos por uma ciclovia e por ruas. Foram 12 maravilhosas horas passeando livremente sobre duas rodas pela cidade de pedra – e 25 quilômetros pedalados.
Era como se tivesse voltado para a adolescência, quando passava o dia nas ruas do bairro pedalando em busca de lugarezinhos desconhecidos para desbravar e jogando conversa fora com amigos e familiares. Ou quando passeava horas no interior do Paraná de bairro em bairro explorando cada canteiro central, rua recém asfaltada ou vielas de paralelepípedos. Tudo com a sensação do vento gelado batendo no rosto. E do sol bronzeando os ombros e as costas. Pedalar por cima do rio Pinheiros, por avenidas movimentadíssimas em horários comerciais e por bairros sossegados repletos de casas da Terra da Garoa não tem preço. Incrível. Como um sonho.
Apenas vale ressaltar que o mundo das bicicletas é poético, mas reproduz o “mundo real”. Na ciclofaixa abarrotada de ciclistas passeando ao meio dia do domingo ensolarado tem gente – com magrelas que custam o preço de um carro popular usado – cortando o “trânsito”. Colando na traseira alheia para este sair da frente. Brigando com quem ainda não tem segurança para pedalar. Existem outros atrapalhando quem quer ultrapassar. Desligados. Crianças com pais em um ritmo mais lento. Conclusão: não dá para treinar para competições durante a tarde na ciclofaixa. Quem tem essa intenção, melhor procurar uma rodovia. Agora, palmas para a organização da ciclofaixa. A sinalização é objetiva e há monitores tirando dúvidas e organizando o trânsito de bicicletas.

 

Outro importante detalhe sobre bicicleta versus São Paulo diz respeito a andar de Metrô com a bicicleta. A ideia é para lá de genial, mas a sua realização precisava ser pensada. Supõe-se que quem pedala tem força para carregar a sua bike escada acima e abaixo. Ok. E quem está com o filho? E quem não consegue levantá-la? Uma ideia simples seria fazer uma canaleta ao lado dos degraus para empurrarmos a magrela. Afinal, o Metrô proíbe usar os elevadores ou as escadas rolantes das estações para chegarmos até a plataforma. Ou melhor, proibia. A partir do próximo sábado, poderemos subir com a bike pelas escadas rolantes. Viva a metamorfose ambulante!
Obs.: Mais uma boa notícia para quem gosta de pedalar e da sensação de morar no interior. O bairro Santo Amaro deve ser todo interligado por espaços destinados às bicicletas.

Vou de bike


Comprei uma “biquicleta” – como diria um conhecido quando criança! Tenho namorado a magrela há meses, mas estava sem tempo para adquirir e muito menos para passear com uma. Até que decidi, “do fim de semana não passa”. Aí está. Agora, vamos pedalar.

Sou daquele tipo de pessoa que quando ganha ou compra algo, quer usar logo. Portanto, domingão, acordei relativamente cedo. Pedalei até tentar alcançar alguma ciclofaixa da cidade – de domingos e feriados algumas faixas de ruas que ligam parques são fechadas exclusivamente para ciclistas. Um detalhe: não conseguimos chegar a uma delas.

 

Nos perdemos… Ameaçava chover… Iam começar os jogos do final do campeonato de futebol… Decidimos voltar. Rodamos, sei lá, pelo menos uns 12 km. A sensação é de liberdade. A mesma daquela quando você era criança e começava a expandir os seus horizontes andando de bicicleta pelo bairro.

As cerca de duas horas pedaladas também foram suficiente para comprovar algo que “eu já sabia”: a cidade de São Paulo é feita para carros. Em bairros arborizados, de calçadas limpas, trechos “interioranos” da cidade, as ruas estão vazias! Cadê as pessoas?

Generalizando, os pedestres são esquecidos durante a formatação do espaço público urbano da metrópole aquariana. Os ciclistas, então… Que tal tentarmos abraçar as nossas calçadas? E exigir ciclovias permanentes? É tão baratinho perto do investimento que é aumentar, por exemplo, as marginais… Bom, veja no vídeo (clique na imagem) a minha empolgação com o passeio. Só te digo: vicia.