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São Paulo não é mais a Terra da Garoa

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Vídeo produzido pelos colegas da Pesquisa FAPESP explica o porquê de não garoar como antigamente na capital paulista. A culpa é da poluição. As partículas de sujeira pairando no ar impedem que as gotículas cheguem ao solo da cidade. Fica tudo junto sobre as nossas cabeças, “agarrado”. Quando elas caem, é em forma de pé d’água.

Além disso, o vídeo tira a dúvida que ronda a nossa cabecinha branca: Chove mais forte em São Paulo devido ao excesso do emprego de concreto na cidade ou devido às mudanças climáticas? Esta pergunta não vou responder. Veja o vídeo para descobrir!

E tenha uma quinta-feira liiiiiiiiiiiinda e com inversão térmica – saiba mais sobre este fenômeno aqui, no texto e infográfico que produzi enquanto trabalhava lá na revista Pesquisa FAPESP!

Como fazer uma ciclovia simples

No último sábado (14), fomos de carro até o centro de São Sebastião, litoral norte de São Paulo, para comprar ração. Uma amorosa gata de rua apareceu pedindo comida e, depois, levou seus cinco filhotinhos para também se alimentarem. Lá vamos nós socorrer os bichanos da fome. No caminho ao pet shop, uma ciclovia chamou a nossa atenção. Na área central da cidade, o espaço da via mais próximo à calçada, antes destinado ao estacionamento de carros, se transformou em uma ciclovia. Um detalhe interessante: ela foi instalada de maneira simples.

 

Não sou urbanista para avaliar o impacto dessa “obra” e se foi realizada de acordo com as diretrizes da companhia de tráfego e afins. Realmente, o que se destacou foi a possibilidade de construir uma ciclovia com simplicidade e rapidez. Para tal, primeiro, foram pintadas e sinalizadas duas mãos para bicicletas no asfalto. Tachões – aquelas tartarugas ou olhos de gato -, aplicados para separar o trânsito de magrelas dos veículos automotores. E… pronto! Está feita a ciclovia. Uma obra com baixo investimento que será revertido em menos acidentes e maior qualidade de vida aos usuários.

Reflita sobre o seu direito de ir e vir. Ele pode ser mais simples e feliz do que imagina. Boa jornada! 

Com a cabeça nas nuvens

Adivinhe onde tirei esta foto? Na varanda da minha casa (suspiro). Aliás, a primeira coisa que faço ao chegar no apartamento é abrir a cortina – faça chuva ou sol, seja dia ou noite. Tenho necessidade desse respiro profundo: admirar a Serra da Cantareira, observar a mudança de tempo e do clima, ver a vida. Sinto que a maioria dos moradores de grandes centros urbanos, ou seja, mais da metade da população do país, perde essa relação com a natureza por vontade própria ou sem querer.

Por exemplo… Há alguns anos, seguia pelas estradas no interior do Mato Grosso do Sul rumo ao ocidente. Meu destino final era a cidade de Bonito. Lembro direitinho daquela paisagem como se fosse ontem: plantação rasteira de soja em ambos os lados, rodovia de mão dupla quase sem curvas que parecia infinita e, elevando os olhos um pouco acima do horizonte, o céu azul claro com nuvens salpicadas. Este era um espaço amplo, livre da interferência de extensas e unidas construções.

 

Minha tia compartilhou os seus pensamentos: “Nossa! Há quanto tempo não vejo um céu assim, infinito?” Ela – e todos nós naquele carro – ficou admirada. Mesmo morando no Rio de Janeiro, cidade que tem um lado (o do mar) com o horizonte de certa maneira livre, naquele momento sentiu e percebeu que falta o céu nos faz.

 

Eu vou perder a vista observável a partir da minha varanda – é verdade que ganharei outras condições como um parque e mais movimento de pessoas no espaço público. Por enquanto, sigo admirando o máximo possível os tons de azul que mudam a cada dia, as nuvens, as montanhas, a chuva, o sol, o clima, o tempo. É importante ter o pé no chão, mas jamais quero perder o meu céu.

Dois olhares sobre a ciclorrota

Tenho passado frequentemente pela ciclorrota da Zona Oeste de São Paulo usando o carro e a bicicleta. Acho divertido, confesso que fiquei toda emocionada ao pedalar sobre a marca de uma bicicleta feita pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) no asfalto logo na semana em que foi anunciada a nova ciclorrota de ligação entre os parques da Água Branca e do Villa-Lobos. Antigamente (há uns três anos), eram os ciclistas quem pintavam no chão as bicicletinhas como protesto por uma qualidade de vida melhor. Vamos chegar lá.

Enquanto o sonho não se realiza, tenho duas observações a fazer. A primeira é uma visão de quem está na bicicleta. Pedalei pela rua Turiaçu (foto), em Perdizes, pertinho do Parque da Água Branca. Como muitos carros estavam estacionados ao lado direito, o espaço na estreita rua era apertado para os veículos em circulação. Segundo a Lei de Trânsito, os carros devem manter um 1,5 metros de distância das bicicletas durante seu trajeto – incluindo a ultrapassagem.

Mas não foi o que aconteceu. Quando não havia carro vindo na outra mão, alguns motoristas até ultrapassaram por cima das duas faixas amarelas contínuas para dar vez aos ciclistas. Porém, a maioria não estava nem aí, tirava fininha de quem passava de bicicleta. Fique tensa. Ambas as ações estão em desacordo com o Código de Trânsito Brasileiro. Quer dizer, os motoristas infringiram a lei e arriscaram a vida dos ciclistas.
Já, quando dirigia meu carro pela região, algumas placas específicas chamavam a atenção conforme se aproximavam do veículo: “Ciclorrota na transversal”. A palavra transversal, que pode ser óbvia para você, deveria ser trocada. Nem todo mundo entende o seu significado, ou seja, um corte inclinado sobre uma linha reta – dê um Google para ver “imagens matemáticas” sobre a tal transversal. Não seria mais intuitivo colocar algo como: “Ciclorrota no cruzamento”?

Bom, se quer saber o que significa ciclorrota e a diferença que existe entre ela, a ciclovia e a ciclofaixa clique aqui. Aliás, saiba também que quase 10% dos brasileiros usam a bicicleta como meio de transporte. E boa pedalada!

Vou de bike


Comprei uma “biquicleta” – como diria um conhecido quando criança! Tenho namorado a magrela há meses, mas estava sem tempo para adquirir e muito menos para passear com uma. Até que decidi, “do fim de semana não passa”. Aí está. Agora, vamos pedalar.

Sou daquele tipo de pessoa que quando ganha ou compra algo, quer usar logo. Portanto, domingão, acordei relativamente cedo. Pedalei até tentar alcançar alguma ciclofaixa da cidade – de domingos e feriados algumas faixas de ruas que ligam parques são fechadas exclusivamente para ciclistas. Um detalhe: não conseguimos chegar a uma delas.

 

Nos perdemos… Ameaçava chover… Iam começar os jogos do final do campeonato de futebol… Decidimos voltar. Rodamos, sei lá, pelo menos uns 12 km. A sensação é de liberdade. A mesma daquela quando você era criança e começava a expandir os seus horizontes andando de bicicleta pelo bairro.

As cerca de duas horas pedaladas também foram suficiente para comprovar algo que “eu já sabia”: a cidade de São Paulo é feita para carros. Em bairros arborizados, de calçadas limpas, trechos “interioranos” da cidade, as ruas estão vazias! Cadê as pessoas?

Generalizando, os pedestres são esquecidos durante a formatação do espaço público urbano da metrópole aquariana. Os ciclistas, então… Que tal tentarmos abraçar as nossas calçadas? E exigir ciclovias permanentes? É tão baratinho perto do investimento que é aumentar, por exemplo, as marginais… Bom, veja no vídeo (clique na imagem) a minha empolgação com o passeio. Só te digo: vicia.

Baía de Guanabara contra águas e morros?

Este é um post no estilo: você sabia? Ao menos 15% da Baía de Guanabara, aquela coisa linda circundada por cidades como Rio de Janeiro e Niterói, foi aterrada desde a “descoberta” do Brasil. Uma famosa obra do tipo é o aterro onde está inserido o Parque do Flamengo – delicioso ficar pasmando nele admirando o Pão-de-Açúcar. Bom, apesar de sua beleza, qual o limite para tal ocupação? Há muitas “estórias” para refletirmos sobre as alterações feitas por nós na paisagem.

 

Segundo um pessoal da Fiocruz, localizada no bairro de Manguinhos, antigamente o mar chegava até a avenida Brasil (veja no mapa), umas das vias expressas mais importantes de entrada da Cidade Maravilhosa e que possui a péssima fama de ser perigosa devido aos tiroteios. Também já ouvi e li rumores de que praias como a do Botafogo e Copacabana sofreram com a interferência humana.

 

Talvez a história mais triste sobre aterros na Baía de Guanabara diz respeito ao Aeroporto Santos-Dumont. Existe um bairro, no centro do Rio, chamado Castelo que ainda hoje é conhecido por alguns como “Morro do Castelo”. O local era histórico. De acordo com notícias publicadas em jornais, foi nesse morro que os portugueses, em 1500 e bolinhas, se abrigaram após expulsarem os franceses da cidade (aliás, dizem que o “r” carioca é pronunciado puxado devido ao sotaque francês). Então, foi ali que a cidade se estabeleceu.

 

Assim, vários edifícios históricos foram construídos desde a época dos jesuítas e se mantiveram de pé até o começo de 1900 – entre eles, uma fortaleza que inspirou o nome dado ao morro. Até que, nos anos de 1920, o morro foi ladeira abaixo. Sob o pretexto de melhorar a circulação de ar na cidade para as comemorações do 1º Centenário da Independência do Brasil, o prefeito Carlos Sampaio mandou demolir o local.

 

Aquele montão de terra tirada de lá foi usado, entre outros, para aterrar a área do Aeroporto Santos-Dumont. E, assim, a história literalmente se encontrou demolida. Prédios históricos, acidente geográfico natural, residências, lembranças… ao chão – ou no fundo do mar. Valeu a pena? Como disse meu marido, “parece que as pessoas tentam insistentemente deixar o Rio de Janeiro feio, mas mesmo assim não conseguem”. Tomara.

 

Minha terra terá mais parques onde canta o sabiá?

Sempre quis colaborar para mudar a qualidade de vida no bairro. Onde morava, pentelhei algumas vezes conselhos e subprefeituras. Minhas questões eram arborização, segurança e ciclovias. De alguns, tive resposta. Outros me ignoraram solenemente. Durante uma reforma das calçadas, por exemplo, pedi para alargá-las para a população caminhar com tranquilidade, sem correr o risco de um veículo atropelar alguém – em algumas partes, era necessário andar pela rua devido ao pouco espaço. Em vão.

Mudei de bairro, mas não de objetivo. Passei a sugerir melhorias para o conselho popular da subprefeitura de onde vivo. Tive retorno de alguns membros que queriam ideias para melhorar a qualidade de vida nesse local. Fiz uma pequena – ahãm – lista. E qual não foi a minha alegria quando descobri esta semana, no projeto de uma operação urbana, a quantidade de áreas verdes que querem implantar próximas ao meu bairro? Veja na figura acima – clique para aumentar. Agora, me aguardem nos debates públicos! Isis, ainda em busca de um mundo melhor.