Bandeira e o ócio
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Sábado é o dia perfeito para o ócio. Como diz Kien, personagem de Canetti em seu “Auto-de-fé”, “sem ócio não há arte”. Então aproveito o dia e resolvo folhear Manuel Bandeira. Acabo por ler “Meninos Carvoeiros”. E que melancolia!
(…)
– Eh, carvoero! Só mesmo estas crianças raquíticas
Vão bem com estes burrinhos descadeirados.
A madrugada ingênua parece feita para eles…
Pequenina, ingênua miséria!
Adoráveis carvoierinhos que trabalhais como se brincásseis!
– Eh, carvoero!
Quando voltam, vêm mordendo num pão encarvoado,
Encarapitados nas alimárias,
Apostando corrida,
Dançando, bamboleando nas cangalhas como espantalhos desamparados!
Discussão - 2 comentários
E é muito triste imaginar que as crianças cada vez mais (ou pelo menos ainda em alta freqüência) "brincam" em troca de algum dinheiro que apenas permite que continuem comendo luz...
É, a nossa Belíndia é assim, infelizmente, mas sou um panglossiano incorrígivel.