“To speak or not to speak”

Sempre me chamou a atenção os diferentes graus de dificuldade dos diversos povos para aprender um novo idioma. Há alguns meses, participei de um encontro em Madri com neurocientistas de boa parte do mundo. O idioma oficial do encontro era o inglês, obviamente. Durante as aulas ministradas por franceses, pude notar a extrema dificuldade que eles possuíam em falar o inglês. Por outro lado, os falantes do Leste Europeu falavam um inglês bastante razoável, em sua maioria. Uma explicação para esse fato reside em capacidades diferentes que os homens possuem em analisar os fonemas de acordo com a língua materna. Explicando melhor: as línguas eslavas estimulam a audição em uma faixa entre 125 e 8000 Hz, contra 1000 a 2000 Hz do francês. Assim, a maior facilidade dos povos eslavos em aprender outro idioma pode estar associada a uma melhor percepção auditiva. Caso alguém se interesse, há uma excelente revisão na edição de novembro de 2006 da revista “La Recherche” (www.larecherche.fr), seção “Bac to basics: L’audition”.

A criança e a creche

Ao chegar da casa de nossa sobrinha, minha mulher fez um comentário que despertou esse “post”. Ela notou que a menina de um ano e oito meses estava falando muito melhor após os quase trinta dias de férias da creche. Durante esse período, a pequena tagarela esteve dia e noite junto de seus pais, também de férias. O estímulo mantido e incansável dos pais ou educadores é claramente decisivo no processo de aquisição da linguagem, tema que me é bastante caro. Noam Chomsky diz que a criança adquire uma língua específica com o uso de recursos limitados que lhe são apresentados pelos cuidadores. Pobre Terceiro Mundo com os cuidadores que possui…

Umberto Eco, Manguel e a Biblioteca à noite


Acabo de ler o excelente livro de Alberto Manguel, escritor argentino naturalizado canandense. Para se ter uma idéia de quem é Manguel, basta dizer que ele teve o privilégio de “emprestar” sua visão ao já cego Jorge Luis Borges. Ao acabar a leitura de “A biblioteca à noite” (Cia. das Letras, 2006), lembrei-me de um ensaio de Umberto Eco que discute a angústia da influência (“Borges e a minha angústia da influência”). Diz Eco: “Tenho algumas experiências que creio sejam comuns a todos que possuem muitíssimos livros (hoje em dia tenho cerca de quarenta mil) e que consideram uma biblioteca não apenas como um lugar para conservar os livros já lidos, mas sobretudo um armazém de livros a serem lidos um dia ou outro, quando surgir a necessidade. Ora, acontece de, a cada vez que os olhos caem sobre um livro, experimentar-se um remorso. Só que chega finalmente o dia em que, para saber algo sobre um determinado assunto, nos decidimos então a abrir um dos tantos livros nunca lidos. Começamos a ler e nos damos conta de que já o conhecíamos. O que aconteceu? Há uma explicação místico-biológica: com o passar do tempo, de tanto retirá-los, espaná-los e recolocá-los no lugar, através das pontas dos dedos a essência dos livros penetrou em nossa mente. Há a explicação do scanning casual e continuado: com o passar do tempo, pegando e reordenando os vários volumes, não é que o livro nunca tenha sido folheado; já ao tirá-lo do lugar, olham-se algumas páginas, uma hoje, uma no mês seguinte e pouco a pouco acaba-se por lê-lo em grande parte, embora de forma não-linear. Mas a verdadeira explicação é que, entre o momento em que aquele livro chegou até nós e o momento em que o abrimos, outros livros foram lidos nos quais havia algo que aquele primeiro livro dizia e, portanto, ao final aquele livro que não lemos fazia parte de nosso patrimônio mental e talvez tivesse nos influenciado profundamente”. Se eu fosse você, não deixaria a leitura desse livro para amanhã.

Primeiros escritos


Caros amigos,
é com grande satisfação que inicio o meu blog. Espero que possamos compartilhar idéias e informações. A idéia do blog surgiu durante as minhas férias, quando tive tempo para vasculhar a rede e ser apresentado a esse tipo de diário eletrônico. O título é uma óbvia homenagem a Montaigne, que muito nos auxiliará nos “posts”. Espero que aproveitem!

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