Mozart e o poder de síntese

Glenn Gould, Alfred Brendel e Arthur Rubinstein são os meus pianistas preferidos. Depois de vários anos escutando-os, passei a associá-los a compositores específicos. Para mim, Gould é sinônimo de Bach executado à perfeição; Brendel, de Beethoven – não qualquer um, mas o compositor já maduro, digno de musicar uma ode de Schiller. Rubinstein me faz, imediatamente, evocar Mozart. Essa identificação não deve ser ao acaso. Em 1962, Rubinstein deu uma entrevista e teceu os seguintes comentários: “Para mim, Mozart consegue se expressar em poucas notas, ao passo que Beethoven necessita do movimento inteiro de uma sonata para conseguir a mesma capacidade expressiva.(…) Eu adoro Mozart; ele é o meu maior, maior, maior e profundo amor”. Em épocas do insuportável ziriguidum carnavalesco, prefiro me recostar na poltrona e ouvir o mais belo concerto para piano de Mozart (número 23, K.488, la majeur). Olha o Rubinstein aí, geeeeente!

P.S.: Acredito que a caracterização de Mozart na entrevista acima deva servir de inspiração para todos nós, sempre com tão pouca capacidade de síntese…

Discussão - 7 comentários

  1. Theo disse:

    Amigo, pra mim BACH é TUDO. É a maior prova de que pouco importa se Deus é invenção humana ou se o homem é invenção divina, o que importa é que o divino EXISTE. Basta escutar Bach e a gentetem a prova. Se tudo é História, se até os sujeitos são História, esse é mais um dado pra gente refletir: Bach, pra mim, representa o máximo possível de superação. Superações pareciam mais possíveis na época de Bach,Bach não é um homem, é um acontecimento, só que um acontecimento inimaginável para a historicidade do HOJE, hein??...Grande abraço!

  2. Léo Mariano disse:

    olá amigos. como estou repetindo por aí; - inda bem que a internet não me deixa sozinho nesse não gostar de carnaval. Não me sinto um estranho no ninho.hehetheo, um amigo me dizia que sempre que precisava provar a existência de Deus, usava a música de Mozart como argumento. quase sempre ele não mudava a idéia de ninguém, mas era bom demais de se ouvir.abs

  3. Theo disse:

    Anyway... todos eles me ajudam bastante a atravessar as quartas-feiras de cinzas...

  4. Caro Theo, "MÚSICA é TUDO". Mozart, Bach, Brahms, Beethoven, Mahler, Schumann (já ouviste o Concerto para piano em lá menor?)... A arte é capaz de fazer a vida valer a pena.Léo: Bach não muda a minha idéia mas é ótimo de ouvir...

  5. luiz damasceno disse:

    Amigo, música clássica parece que é coisa só para iniciado, difícil. Não dá pra simplificar?

  6. Jonas Lopes disse:

    Eu gosto muito do Vladimir Ashkenazy tocando Beethoven. E a relação de Bach e Gould é fantástica mesmo. Engraçado é que o Gould não gostava muito de Beethoven. Suas gravações das sonatas para piano são quase enfastiadas.

  7. Caro Jonas, também já havia reparado no fastio de Gould ao tocar Beethoven. É curioso como o mesmo não acontece ao executar os "Intermezzi" de Brahms, que soam transcedentais em suas mãos.Também gosto do Ashkenazy e do Barenboim interpretando Beethoven, embora prefira Brendel.

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