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Cientistas falam sobre “novo” Código Florestal

A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e a Academia Brasileira de Ciências (ABC) preparam uma reação – oficial – aos argumentos ruralistas para a aprovação das mudanças no Código Florestal propostas pelo deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP). Para os pesquisadores, redução das áreas de preservação é ruim para a própria agricultura; ruralistas discordam.
As instituições divulgaram – leia mais no Jornal da Ciência – um resumo do estudo que deve provar cientificamente que as flexibilizações previstas no “novo Código Florestal” comprometem o futuro das florestas do país.
Os cientistas argumentarão que a área utilizada pela agropecuária no país pode ter a produtividade maximizada sem necessidade de novos desmatamentos, com investimentos em pesquisa e tecnologias. E que também é possível recuperar as áreas desmatadas de forma irregular.
Além disso, os pesquisadores discordam da redução da Área de Preservação Permanente (APPs) na margem de rios, da possibilidade de regularizar plantios em topos de morros e da recomposição de áreas de reserva legal com espécies exóticas.
“O contraponto do sucesso econômico da agricultura tropical se manifesta no aumento das pressões sobre o meio ambiente, com agravamento de processos erosivos, perda de biodiversidade, contaminação ambiental e desequilíbrios sociais. Fica evidente que há necessidade de medidas urgentes dos tomadores de decisão para se reverter o atual estágio de degradação ambiental provocada pela agropecuária brasileira”, diz o sumário executivo publicado pela Agência Brasil.
A votação do novo código deveria acontecer em março, mas como decidiu-se criar um grupo com representantes das bancadas ruralista e outro ambientalista para discutir o tema, a votação deve ser adiada. O texto foi aprovado em uma comissão especial em julho do ano passado e está pronto para ir a Plenário. Rola uma pressão dos ruralistas.

Por que água da chuva não é absorvida pela terra?

É sempre assim. Chega o verão o telefone não para de tocar em casa. É época daquelas chuvonas de verão – ou de tempestades, mesmo – no Sudeste e em parte do Sul. Os jornalistas – vamos ajudar essas criaturas – discam ávidos em busca de meteorologistas e geólogos. Afinal, com a enxurrada, veem os deslizamentos de terra. Meu pai, para quem não sabe, é geólogo. Melhor: hidrogeólogo.
Dia desses, entre um pingo e outro, meu pai deu entrevista para a Globo News e participou de uma mesa-redonda na rádio CBN. As pautas? Consequências das chuvas, claro. Na CBN, a discussão foi bem bacana. Os participantes estavam animados. Ouça aqui uma parte.
Na Globo News, meu pai contou que há transtorno com as chuvas porque os terrenos não são apropriados para infiltração da água – condições geológicas não favorecem. Para piorar, as áreas ocupadas começam a interferir no acúmulo dela. Veja no vídeo a resposta para a questão.

O quati não late, mas morde

DSC01025.JPGEstava pasmando no Parque Nacional Iguazú, parte argentina das Cataratas do Iguaçú, do lado de fora de uma lanchonete. Enquanto isso, uma gringa desavisada – não deu atenção às placas – comia seu delicioso lanche. Entre uma mordida e outra colocada no prato, num momento de distração, um quati subiu na mesa. Ele agarrou com a boca o sanduíche e correu para debaixo da mesa.
A moça nem tentou brigar por sua comida. Já gritou com medo do bichinho. O pessoal em volta tentou obter a deliciosa refeição de volta, sem sucesso. Aliás, nem os guardas florestais do parque conseguiram espantar o animal para muito longe. Os bichos se acostumaram.
DSC00633.JPGNa parte brasileira das Cataratas, os guardas usam uma varinha para espantar a espécie. Eles batem com força no chão sempre que um quati se aproxima de nós. Aqui, no Brasil, eles fogem. Porém, essa aproximação acontece porque os animais devem ter se acostumado com pessoas, no passado recente, dando comida para eles. Aí, quem quer se alimentar na floresta se ganha na boca gordura trans?
No Parque Estadual de Vila Velha – também no Paraná -, com a reformulação do lugar, os quatis ficam longe das pessoas. Hoje, eles têm medo de nós. De certa maneira, é bom para ambos. Afinal, eles seguem com uma alimentação e costumes adequados. Apesar deles serem bonitinhos, sua mordida passa raiva – uma doença infecciosa.
Recentemente, recebi em uma newsletter da ONG S.O.S. Mata Atlântica com informações interessantes: “O quati (Nasua nasua) é um mamífero comum na Mata Atlântica brasileira. Possui um nariz comprido, que utiliza para farejar suas presas, a maioria pequenos vertebrados e insetos que busca na terra e nos troncos podres. Também se alimenta de frutas e ovos, e gosta de subir em árvores. Os machos adultos vivem sozinhos. As famílias de quatis são formadas pelas fêmeas e seus filhotes, que permanecem junto da mãe até os dois anos de idade. É conhecido pelo fato de, ao se sentir ameaçado, se fingir de morto, se jogando no chão de patas para cima. Outras espécies, como o Gambá, também usam este artifício”.
Obs.: A foto acima foi tirada na Argentina; e, a ao lado, no Brasil. Boa semana!

Decoração: poupando o meio ambiente

Já contei que estou arrumando minha casa, certo? Também que sinto dificuldade em comprar apenas produtos mais ambientalmente corretos. De modo geral, eles são mais caros. E, em alguns casos, não existem tantas opções assim. Sem contar que é uma luta interna não adquirir móveis lindos feitos com materiais menos indicados.
Pensando em pessoas que estão na mesma situação que moi, procurando uma luz no começo das obras, fiz esta matéria publicada no Yahoo! – clique aqui. São dez atitudes para poupar o meio ambiente ao construir ou imobiliar uma residência.
Resumão: prefira madeira como acabamento, compre móveis usados, invista em área realmente externa, cultive plantas, reutilize a água, verifique qual o consumo de energia dos eletro-eletrônicos, opte por revestimentos naturais, encaminhe o entulho para o reaproveitamento, dê preferência para lustres e abajures com lâmpadas fluorescentes ou Leds, escolha utensílios domésticos que agridam menos o meio ambiente como potes de vidro no lugar dos de plástico.
Construa um doce lar – que não de açúcar. E seja feliz!

O encontro do rio Paraná com o Iguaçu

DSC01213.JPGPasmei nesse lugar. É meio bizarro, sabe? De um lado você vê o Brasil (direito), do outro o Paraguai (esquerdo) e nos pés o solo argentino – tirei a foto do lado da Argentina. Nas três pontas, nas três terras, um obelisco pintado com as cores da bandeira de seus respectivos países – detalhe, só no lado do Paraguai não havia turistas, ô tristeza, estavam todos fazendo compras.
Mas e os rios? Não se atreva a nadar neles. É meio que território de ninguém – e ao mesmo tempo de todos os três. Afinal, todos usamos e dependemos daquelas águas amarronzadas de certa maneira – seja para a navegação, comércio, abastecimento ou geração de energia. Só Deus sabe o que acontece lá quando os olhos não veem.
DSC01218.JPGO que não se percebe na foto estática, escrito nas entrelinhas, é que o Iguaçu (lado direito) deságua no rio Paraná. Colocando mais água no feijão disputadíssimo. O que torna a aura do lugar ainda mais mágica. Aliás, não caia na pegadinha. Quando as Cataratas do Iguaçu estão mais caudalosas, espertinhos dizem que é porque abriram os vertedouros – ou comportas – da Hidrelétrica de Itaipu. Pura história para boi dormir.
Os funcionários da usina falaram que os vertedouros só abrem 10% do tempo ao ano, quando a represa está para transbordar. Quase ninguém vê nem unzinho aberto. Eu, por exemplo, conferi todos fechados. Isso porque a represa estava cheia. Já meu pai… teve a sorte de ver a água escorrer numa velocidade assustadora.
Obs.: Engraçado. Visitei, no mesmo dia, as Cataratas de manhã e no final da tarde – quando estavam mais cheias. Será que teria chovido na cabeceira do rio? Explicação mais plausível.

A destruição das florestas de araucária

DSC00642.JPGA imagem mostra a evolução do desmatamento que ocorreu no estado do Paraná. Tirei ela dentro do museu localizado na entrada do Parque das Cataratas do Iguaçu. Logo, são dados oficiais.
O que isso significa, além da óbvia destruição? Bom, para quem não sabe, o meu bioma preferido – a Mata Atlântica – é composto por diversos tipos de florestas ou o que chamamos de ecossistemas. São eles: floresta ombrófila densa, campos de altitude, restinga, manguezais e… floresta ombrófila mista ou mata de araucária – nesse site da ONG Instituto Rã-Bugio há explicações e fotos onde é possível identificar direitinho cada um deles.
Infelizmente, meu ecossistema amado está ameaçado de extinção. De acordo com o site do Rã-Bugio, isso se dá “devido à exploração da madeira e pela substituição de sua área de domínio pela agricultura e reflorestamentos de pinus e eucalipto”. Segundo dados do Ministério do Meio Ambiente (MMA), restam apenas 5% da área original de floresta, sendo 0,7% “áreas primitivas”.
DSC00563.JPGDizem as más línguas, e atribuem os dados ao Ministério Público (MP) do Paraná – não consegui confirmar no site do MP se isso é verdadeiro -, que cerca de 0,8% do que existiu de mata de araucária no estado permanece completamente preservado. Observando a foto… O número não parece ser muito distante da realidade. O resto virou pó. É uma pena.

Vote Cataratas como uma das 7 maravilhas do mundo!

Thumbnail image for DSC01134.JPGSemana passada, quando estava em Foz do Iguaçu e em Puerto Iguazú (Argentina) – o lado hermano das Cataratas – em todo lugar havia placas espalhadas: “Vote Cataratas do Iguaçu para uma das Novas Sete Maravilhas da Natureza”. Os dois países se uniram pelo bem maior, o reconhecimento da beleza da natureza. Veja o site criado aqui.
Segundo o sítio, a eleição teve início em 2007, envolvendo 440 atrações de 220 países. Após duas etapas com voto popular e seleção de especialistas, foram definidas 28 finalistas, elas as Cataratas. Nessa terceira e última etapa, a votação acontece pela internet. Vote aqui! O anúncio das vencedoras dever ser feito ainda este ano.
Eu já votei! Já votei! Escolhi as opções brasileiras – Amazonas e Cataratas – e Galápagos, Mar Morto, Maldivas, Vesúvio, Grande Barreira de Corais. Difícil escolha. Agora é torcer!
Mais: “O concurso é promovido pela Fundação New 7 Wonders, da Suíça, nos mesmos moldes da disputa que consagrou o Cristo Redentor uma das Novas Sete Maravilhas do Mundo. A entidade tem como compromisso a documentação e a conservação dos grandes monumentos e patrimônios naturais ao redor do mundo”.

Cataratas do Iguaçu são “culpa” de falha geológica

Thumbnail image for DSC00691.JPGVoltei! E trago na bagagem uma dica de ecoturismo: Cataratas do Iguaçu – ou Cataratas del Iguazú, se preferir.
Mas este Xis-Xis está fino, viu. Entre os posts que têm o Rally dos Sertões como fio condutor – é assunto que não acaba mais – falarei sobre o meio ambiente e a ciência relacionados à região de Foz do Iguaçu (PR). Como aqui não é um blog de viagem, e sim de meio ambiente e ciência, vou explicar o porquê existem essas maravilhosas cachoeiras aglomeradas.
DSC00526.JPGHá muitos e muitos anos, entre 145 e 120 milhões de anos atrás, uma falha geológica abriu fraturas na área onde hoje existem as Cataratas. Se você reparar no formato delas, verá que são como escadas. Então, de dentro dessas fraturas saíam lavas que iam secando. Depois, mais lavas que iam secando. Em seguida, mais lavas. E, assim, foi criado o cânion que, mais para frente, deu origem às cachoeiras que tiram o fôlego até do ser humano mais insensível – veja na foto acima que tirei do helicóptero, fina again.
Como descobri isso? Além de ter um pai geólogo, ao visitar a parte brasileira da maravilha, o Parque Nacional do Iguaçu – saiba que apenas 20% das Cataratas ficam do lado brasuca -, tentei segurar minha ansiedade para conhecer o museu inserido na entrada do local. Lá, as principais explicações sobre a área estão disponíveis de forma simples. E rápida.
DSC00644.JPGAdendo. Minha vida está uma loucura, nunca dantes tantas coisas diferentes e pela primeira vez aconteceram ao mesmo tempo. Após momentos tristes, consegui uma folga e fugi para onde haja um tobogã, onde a gente escorregue. Fui realizar meu sonho de infância, ver de perto aquele mundo de água sendo despejado rio abaixo, no meu amado estado natal. Claro que aproveitei para fazer “turismo antropológico” em outros países da encantadora tríplice fronteira, como no Paraguai e na Argentina. Aliás, se quiser recomendações, deixe um comentário abaixo ou me tuite @isisrnd.
Dica: Quer saber como os índios explicavam a formação das Cataratas – e aproveitar para conhecer outras lendas do Paraná? Entre aqui! Os textos são curtinhos. “Com certeza, você já se banhou na queda de uma cachoeira. Sentindo a sensação, da sua alma sendo purificada por inteira”, a mala aqui tentava lembrar a letra na trilha.

Dica: tudo sobre sustentabilidade

itau.jpgEssa é quentinha! O Itaú Unibanco acabou de lançar um portal exclusivo sobre sustentabilidade – aqui, aqui! Ok, mas o que você tem a ver com isso? Se gosta de meio ambiente, o portal é seu lugar certo! O site reúne uma lista gigante de cursos de todo o mundo relacionados ao assunto – que são possíveis fazer online de qualquer lugar do Brasil – e uma biblioteca virtual completa que abrange todos os temas que se ligam à sustentabilidade e, ainda, inclui matérias jornalísticas em seu acervo e resumo de livros (!).
Para completar, ele também disponibiliza informações sobre a aplicação do conceito no dia a dia. Por exemplo, dá dicas práticas de como poupar água, energia elétrica, como se comportar de maneira mais “verde” no trabalho, de como se portar com relação ao consumo – atitude que gera muitos resíduos – e, claro, até dica de planejamento financeiro. O site reúne todas essas informações sobre o tema e ainda traz novidades. Eu descobri no Itaú Sustentabilidade que um notebook consome menos energia que um PC – aliás, tome nota disso ao escolher uma máquina nova.
Além das dicas de cursos que realmente me conquistaram, já que antes precisava ficar buscando na internet aleatoriamente – e, por causa disso, já perdi alguns por descobrir só após seu início – outro detalhe bacana que chamou a atenção no site é a explicação de conceitos. Ele traduz de maneira simples, como exemplo, o que seriam o tão falado Protocolo de Kyoto e os tais dos Créditos de Carbono – bases fundamentais e históricas sobre sustentabilidade, leia aqui.
Bom, sugiro que dê uma navegada no site e guarde em seus favoritos. Quando tiver uma dúvida, basta ir consultá-lo. E, claro, a cada início do mês checar a agenda que o Itaú Sustentabilidade disponibiliza para ver se tem algum curso ou evento de seu interesse. Divirta-se!
Obs.: Este é um publieditorial.

Blog Action Day: Água!

DSC_0061.JPGEste post faz parte de uma blogagem coletiva mundial – quando um monte de gente escreve sobre o mesmo tema – chamada Blog Action Day. E o assunto da vez é… água! Mas, para mostrar a importância dela, vou refletir sobre a falta do líquido. Do que acompanhei no Rally dos Sertões – fotos aqui -, em lugares onde água é alucinação.
DSC_0088.JPGFalar que o sertão é seco é o como chover no molhado – maõzinha de hã, hã? Bom, partindo dessa afirmação, em um povoado no interior do Piauí, quase divisa com o Ceará, estava conversando com uma moça de cinquenta e poucos anos sobre coisas da vida, enquanto observava, da sacada e da sala de jantar da senhora, os competidores atravessarem a linha imaginária de chegada.
Claro que não pude deixar de perguntar como viver naquela secura toda. E outras mil questões – antes de ser jornalista, sou curiosa. A simpática senhora, oferecendo cafés para os itinerantes, contou que a água é proveniente do armazenado na cisterna – um reservatório de água da chuva. Porém, eles consomem sua agricultura de subsistência, e aí?
DSC_0084.JPGSempre educada, a senhora contou que chove, se não me engano, no segundo trimestre do ano por cerca de dois ou três meses. Um pouco antes dessa época, planta-se o alimento. A água da chuva faz brotar e crescer, principalmente, os grãos. Enquanto isso, a cisterna vai se enchendo do líquido que fornece vida. Depois da colheita, o alimento é armazenado.
O que rendeu dessa única safra deve alimentar a família – avós, filhos, netos e bisnetos – pelo ano inteiro. O mesmo serve para a água da chuva depositada na cisterna. Porém, e quando não chove o suficiente? Nesse momento, os olhos do marido da senhora, cerca de dez anos mais velho que ela, ficaram vermelhos. E lacrimejaram – me segurei para os meus não acompanharem.
DSC_0095.JPG“Dá se um jeito”, foi a resposta. Como? Compra-se fiado nas vendinhas, faz-se empréstimos, troca-se. De repente, os filhos que ganham como salário a moeda que intitulamos dinheiro, colaboram. Mesmo assim, apesar da falta de água, eles estavam fortes na casa feita de barro empilhado com as próprias mãos e maior que o meu apartamento na “cidade grande”.
A senhora já esteve em São Paulo. O marido foi operado na cidade e voltariam, ainda este ano, para mais uma cirurgia. Se ela deixaria seu povoado para viver na capital paulista? “Não”, enfático. “Lá há muito trânsito, muitas horas são perdidas”, explicou. “Não deixo minha tranquilidade para viver naquela cidade”. E o consumo exacerbado? E o desperdício de água? E a poluição dos nossos abundantes rios?
DSC_0094.JPGAfinal, onde é o sertão? No lugar em que falta água ou entre aqueles que desperdiçam o sinônimo da vida? Deixo a resposta salivar na boca.
Obs.: A foto acima, com água, também foi tirada durante o Rally dos Sertões… Em uma ponte sobre um dos belíssimos rios de água cristalina próximo ao Jalapão, Tocantins.