A idade certa

Diego Velasquez, Los borrachos, o el trunfo de Baco, 1629
Lienzo, 1,65 x 2,25 Museo del Prado

Um interessante estudo publicado na revista Neuropsycopharmacology deste mês concluiu que a ingestão precoce de álcool pelos jovens tem efeito deletério sobre a formação de neurônios. Os cientistas notaram que indivíduos expostos ao consumo regular de álcool no final da adolescência possuem cerca de 20% menos do volume normal da substância cinzenta da região frontal do cérebro quando atingem a idade adulta (no estudo, entre 30 e 50 anos). Além disso, também ficou evidente uma diminuição da substância branca cerebral, responsável por permitir conexões entre as várias partes da substância cinzenta do cérebro. Portanto, moderação caros papais e mamães “prafrentex”…

O mito do progresso

Maurice Merleau-Ponty dizia que chamar de progresso nossa dura e penosa caminhada nada mais é que uma elaboração ideológica das elites. Não creio que essa afirmação seja completamente válida, mas serve como gancho para o editorial da revista “Science” deste mês. O artigo discute a falácia do progresso ao demonstrar que a diferença de riqueza entre países ricos e pobres só aumentou nos últimos 30 anos, apesar dos inegáveis avanços da ciência e tecnologia. Assim, as benesses desses avanços ficaram restritas a uma minoria da população mundial e, pelo que parece, em nada contribuiram para a minimização da pobreza. Ironicamente, o preço do progresso será pago por todos, de forma indistinta, por meio das consequências do aquecimento global. E mais: o preço pago pelos países miseráveis da África e da Ásia será o maior de todos. Enquanto isso, aproveitemos o nosso tórrido e alienado Carnaval!

O Blog


REMBRANDT
Aristotle contemplating a bust of Homer 1653
Oil on canvas, 143.5 x 136.5 cm
Metropolitan Museum of Art, New York

Estou repensando o papel e a qualidade do meu blog após ler a entrevista do Sérgio Augusto (link citado pelo Daniel Piza em seu blog, hoje). “Quanto aos blogs, ainda os vejo como uma plataforma da grafomania ególatra e onfalocêntrica (ônfalo é umbigo em grego). São tantos blogs — alguns bons, ótimos, mesmo — que não dá tempo de acompanhá-los. Mas a maioria é feita por gente medíocre, vaidosa, semi-analfabeta e ressentida com a falta de oportunidade na chamada mídia mainstream. Fora isso, acredito no potencial da mídia eletrônica, nem que apenas como linha auxiliar da mídia impressa”. Assim, até que eu esteja convencido de que esse “blog” não serve apenas para satisfazer os caprichos ególatras de um alfabetizado, o Amigo de Montaigne se recolherá. Obrigado aos mais de 400 visitantes no curto período de existência desta página.

O filósofo que influenciou o Renascimento

Plotino (205-270 d.C.), filósofo egípcio neoplatônico, foi uma grande influência para os artistas do Renascimento, embora tenha sua obra pouco divulgada e traduzida para o português. Escreveu 54 tratados. Transcrevo aqui parte do ensaio “Sobre o belo”, que abre o Tratado das Enéadas. É só um aperitivo. “O Belo dirige-se principalmente à visão; mas também há uma beleza para a audição, como em certas combinações de palavras e na música de toda espécie, pois a melodia e os ritmos são belos. As mentes que se elevam para além do reino dos sentidos encontram uma beleza na conduta de vida: em atos, caráteres, bem como a encontram nas ciências e nas virtudes. Há uma beleza anterior a essa?”. Ficou curioso?

Pro dia nascer feliz

Fui ao cinema assistir ao documentário “Pro dia nascer feliz”. Um retrato dos diferentes “brasis” a partir da educação. Do total descaso e abandono do ensino público aos confortáveis corredores e jardins do Colégio Santa Cruz, o documentário pode muito bem ser resenhado pelo diálogo da aluna Maísa. Diz a estudante do “Santa”, como o colégio é mais conhecido e por onde passaram Chico Buarque, Fernando Meirelles, Eduardo Gianetti da Fonseca, entre outros: “O problema não é que os mais favorecidos vivam numa bolha e tentem enxergar os problemas dos pobres através da transaparência da bolha, sob abrigo e proteção da bolha. O problema é que não há bolha. Estamos todos no mesmo mundo”. Esse é exatamente o problema. A criançada da mais obscura cidade do interior pernambucano, as que vivem nas favelas de Itaquaquecetuba e Duque de Caxias e os privilegiados do “Santa” estão expostos aos mesmos objetos e desejos de consumo. E o único elemento capaz de aproximar os vários brasis, ainda que pareça um lugar-comum, é a educação. Mas os brasileiros riram da ingenuidade do Cristovão Buarque quando disse que o único projeto do seu governo, caso fosse eleito, seria a educação…

A leitura, mãe de todos

Parati II

Acabo de ler a entrevista de Amyr Klink na revista Bravo! deste mês. Diz o velejador que descobriu o mar lendo. Também comenta a idéia pueril e fantasiosa que fazia do barco até conhecer a verdadeira embracação do casal Poncet: “(…) até então o que eu conhecia de um barco a vela era que ele pertence a um velejador, que é de um clube de grã-finos, que sai uma vez por ano e faz umas regatinhas aos finais de semana…mas não viaja. E são embarcações hiperluxuosas e tal. Já os barcos do casal Poncet eram diferentes: enferrujados, os caras moravam dentro. Eles próprios os construíam. (…) Era uma gente que não tinha nem US$ 50 no bolso, mas que sabia viver.” Também diz Klink que leva ,” no mínimo, uns 150 livros nas viagens”. A leitura, sempre a leitura.

Saúde!

Sexta-feira. No início da noite, nada melhor que abrir um boa garrafa de vinho e ouvir Ella cantando “These Foolish Things”. É o que faço agora… Salute! L’chaim! À la votre! Cheers!…

Boca do Inferno

The Ugly Duchess by Quentin Massys
Exhibited in London (UK), National Gallery

Gregório de Mattos e Guerra , conhecido como “Boca do Inferno”, nasceu em Salvador , em 1636. Para mim, é o maior poeta satírico em língua portuguesa, à frente mesmo do português Manuel Maria Barbosa du BOCAGE. Lembro-me de uma história contada por meu professor de literatura, muito tempo atrás. Disse que Gregório de Mattos fora incumbido de recepcionar uma nobre senhora proveniente da Coroa, que chegaria ao porto de Salvador. E assim aconteceu. Ao ser apresentado à nobre mulher por um dos oficiais da comitiva real, diante da extrema feiúra da senhora portuguesa, proferiu as seguintes palavras: “Ser feia é um direito. Disso, ninguém lhe acusa. Mas ser feia deste jeito… Perdão, a senhora abusa!” Deu de costas e abortou a missão. Se a passagem é verdadeira não sei, mas que rende uma boa história…

“As taras do cavalo” e etc.

A edição de janeiro da ótima revista ” Piauí”, uma versão abrasileirada da ” The New Yorker”, traz uma matéria sobre títulos pitorescos de livros de propriedade do bibliófilo Pedro Corrêa do Lago. O artigo chama a atenção para os estapafúrdios nomes que são dados para alguns livros. Por exemplo: ” A arte de conservar os dentes”, ” Biografia do Embrião” ,” Lembranças que lembram”, ” Como viver 365 dias por ano” , ” Fode”, ” A palavra ‘ hemorroidas’ na literatura hebraica” , ” As taras do cavalo” e etc. O que mais me divertiu foi a ilustração metalinguística da capa do livro “Porque os homens falham”, acima reprodzida. Dê um pulo no site www.revistapiaui.com.br/2007/jan/portfolio_2.htme e confira.

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