Blogtweet de 22 de março

2018 e ainda tem gente que joga lixo pela janela dos automóveis.

O que aconteceria se os Ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente se fundissem?

Sabe que tem gente que não merece ser mencionada, né? Porque colocar o nome das pessoas/empresas/instituições por aí é, de certa forma, fazer propaganda. E têm pessoas/empresas/instituições que merecem cair no esquecimento. Simples assim.

Mas… a gente não pode fazer de conta que não vê certos impropérios. Enfim.

Quem fez universidade, quem tem uma família, quem tem um relacionamento, quem tem um emprego, quem tem amigos (um, que seja!) sabe que equilíbrio é fundamental. É fundamental que uma balança tenha dois lados, se não, fica parcial. Se não, não se mede nada.

O que aconteceria se dois lados opostos de uma balança se fundissem? O que aconteceria com os projetos de preservação do meio ambiente, conservação de espécies ameaçadas de extinção, reestruturação de áreas degradadas, reflorestamentos, manejo de vida aquática, gerenciamentos de sistemas de água, gerenciamentos de resíduos sólidos de todas as naturezas, entre outros se fundissem com interesses comerciais de exploração de recursos da terra e da água para produção agrícola e pecuária? Com interesses econômicos apenas?

Veja, não há vencedores e isso não é uma partida de futebol. Não é interessante discutir se isso ou aquilo é mais importante/relevante SE não existir uma situação de equilíbrio. Porque, me parece óbvio que para um lado, é sempre melhor e mais interessante e mais relevante ter mais áreas de preservação, mais corredores ecológicos, mais reflorestamento, mais espécies saindo da lista das ameaçadas de extinção. Para outro, é óbvio que é sempre melhor ter mais áreas de pasto, mais áreas de cultivos agrícolas, mas áreas de exploração de recursos naturais para viabilizar projetos que vão trazer lucros para o país. O que significa que, o melhor dos dois mundos seria manter aquele empate técnico saudável.

Enfim… parece uma discussão de país de terceiro mundo que ainda não conseguiu passar da fase primária da economia (ow, wait!). Quando ainda estivermos na discussão do agro é pop fica difícil ultrapassar a barreira da economia primária. Da exploração de recursos. Da extração pura e simples de matéria-prima (mesmo que isso signifique commodities). Quando eu era criança e queria ser cientista, eu achava (achava mesmo, de verdade) que em alguns anos, talvez quando eu estivesse com a idade que eu estou agora, o Brasil estaria na fase de exportar tecnologia, sabe? Porque temos potencial. Porque temos cérebros para isso. E temos dinheiro! Mas… estava completamente equivocada. Tipo… os Jetsons ainda não chegaram!

Acontece que a briga tem aliados fortes e sem escrúpulos. A bancada ruralista defende, por exemplo, o fim dos licenciamentos ambientais. Outros loucos sugerem a fusão dos dois pratos da balança (Agricultura e Meio Ambiente). Os licenciamentos ambientais, talvez não sejam conhecidos de todos, então explico – meio superficialmente porque, na realidade é um trabalho extremamente complexo: os licenciamentos ambientais significaram, desde a sua implementação com a Lei de Política Nacional do Meio Ambiente em 1981 um super avanço na legislação brasileira em relação ao meio ambiente. Antes dela, não havia nenhum impedimento, nenhuma fiscalização, nenhuma regulamentação sobre a construção de obras de qualquer natureza – não se sabia que tipo de prejuízos o meio ambiente poderia sofrer, no local da obra ou em suas imediações. Não se sabia porque não se estudava nem o ambiente antes da construção, nem o ambiente depois da construção. Não tínhamos ideia se, por exemplo, uma ferrovia ia matar um corredor ecológico importante para migração de certa espécie ou se o barulho das máquinas ia impedir certas espécies de se acasalar, por exemplo. Não sabíamos se um lago ou rio ia tornar-se completamente inadequado ou se ia deixar de existir caso construíssemos uma barragem para um reservatório de usina hidrelétrica. Não sabíamos N-A-D-A.

Também não sabíamos que tipos de prejuízos uma fazenda poderia trazer para um rio que passasse na propriedade se grandes quantidades de água fossem retiradas para irrigar as plantações. Como não havia regulamentação nenhuma, cada um explorava os recursos naturais pertencentes ao país como bem entendesse (sim, um rio que passa em uma propriedade rural é do país, assim como um lençol de água subterrâneo). Ninguém é dono de um rio, apesar de achar que é. Enfim… interessa muito (para pouca gente) que o Ministério do Meio Ambiente seja controlado pelo Ministério da Agricultura.

Lembre-se: isso não é um jogo de futebol. Não há vencedores. Sem equilíbrio não resta muita coisa. Nem Agricultura. Nem Jetsons, infelizmente.

P.S. Obrigada Clau! Obrigada Takata! Obrigada Eloi!jetsons

 

 

 

 

5 anos

5 anos de reclusão. 5 anos de férias. 5 anos vendo muitas coisas acontecerem, inclusive a decadência dos blogs como forma de dispersão de conteúdo. 5 anos pensando que, talvez, não tivesse mais muita coisa como que contribuir. 5 anos achando que não havia tempo. 5 anos sabáticos.

Os tempos sabáticos devem ser dedicados a projetos de vida particulares. Usei bem esses anos. Foram muitos projetos de vida particulares. Alguns não foram assim tãããããão particulares. Envolveram muito trabalho, envolveram muito amor e desenvolvimento pessoal, com certeza. Mas, há momentos em que voltar umas casas se torna necessário. A era é de transformações intensas. A era é de não calar. A era é de pensar e atuar, com as ferramentas que a gente tem, usando uma linguagem universal, que sempre foi protegida por todas as pessoas conscientes: a linguagem da Ciência. Em diversos tempos de guerra, a Ciência foi protegida, os cientistas, respeitados. Como cientistas, independente de sua nacionalidade. A Ciência estava, enfim, acima dos interesses políticos.

Mas, porquê? O que te fez voltar? Você vai continuar falando de rastros de carbono? De IPCC? Mudanças climáticas?

Talvez não. Talvez sim Talvez esse espaço mereça um outro olhar, um novo olhar editorial. Talvez a Ciência seja, atualmente, a linguagem que precisa ser resgatada. Resgatada, preservada, dispersada. Provavelmente por um tempo esse espaço será como um diário filosófico. Ideias jogadas às nuvens (e esperemos que lá não haja traças!). Caminhemos.

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