Sacolas Oxi

Nas minhas últimas visitas ao supermercado deparei-me com a novidade ambiental do momento: as sacolas oxibiodegradáveis. Muito prazer, mas, que raio de sacola é você?
As chamadas sacolas oxibiodegradáveis prometem se decompor em até 18 meses, por uma reação fotoquímica aliada à atuação de microrganismos. Olha que solução genial, então criamos um produto que “se decompõe” em menos tempo e todo mundo pode consumir à vontade, alô empresários espertinhos!
Este tipo de sacola é produzido desde a década de 80 no Brasil e promete minimizar os danos então causados pela sacolas comuns, como: entupimento de bueiros, impermeabilização dos solos e contaminação do lençol freático. Entretanto, recentemente foi publicado na Revista Pesquisa FAPESP um estudo mostrando que um dos tipos de plástico oxibiodegradável que circula em nosso país fragmenta-se em partículas menores, entretanto não é decomposto por microrganismos, condição necessária para que ele possa ser chamado de biodegradável. O que os olhos não vêem o ambiente não sente?
E que raio de país é este que investe em sacolas que degradam mais rápido porque sua população não é educada o suficiente para consumir sacolas comuns conscientemente e dá-las o destino correto?
Ah… educação brasileira, porque sempre nos esbarramos em você quando discutimos nossos problemas ambientais?
Enquanto empresários reúnem soluções milagrosas para o consumo da população e os políticos se engajam nas leis contra as sacolas plásticas, nossa educação ambiental se resume a hortas nas escolas. Lamentável.
Somos inteligentes para aprender a viver com o necessário, sem precisar de alguém dizendo que só os extremos nos salvam. Sinceramente, me sinto humilhada quando alguém diz que não poderei usar sacolinhas plásticas. Minha cabeça processa da seguinte forma: você não consegue aprender a viver com sacolas plásticas, então fique sem. Como uma mãe repreendendo autoritariamente um filho, como uma autoridade qualquer me dizendo: você é desprovido de educação e incapaz.

Ok sacolinhas, a partir de hoje chamarei vocês de Oxi. Nada pessoal.

Mais sobre a pesquisa Fotodegradação e fotoestabilização de blendas e compósitos poliméricos publicada na Edição 152 – Outubro de 2008 na Revista Pesquisa FAPESP

Indico o post do Luiz Bento sobre EcoBags no Discutindo Ecologia

E também o post da Cláudia Chow no Ecodesenvolvimento: A embalagem, o lixo e o ciclo de vida

Desabafo

Como ainda tem gente que joga lixo para fora da janela do carro sem nem ficar vermelha????
Já faz uns dias que venho observando. É latinha (de cerveja), é bituca de cigarro, é papel, embalagem de lanche, de bolacha.
[Grito silencioso]
PQP! Vai emporcalhar a sua casa!
[Fim do grito silencioso]
Fica só o luto. Aqui jaz uma cidade limpa.