Calculadora de FIB

Você sabe o que é FIB? Se não sabe, clique aqui.
Pois bem, fui apresentada a uma calculadora de FIB. Quer experimentar? Dirija-se a http://www.felicidadeinternabruta.com.br/
Minhas impressões:
1) Da abordagem das perguntas
Se considerarmos que a análise de Felicidade Interna Bruta deve se basear em nove dimensões, como sugere a psicóloga e antropóloga de Harward, Susan Andrews (padrão de vida econômica, critérios de governança, educação de qualidade, saúde, vitalidade comunitária, proteção ambiental, acesso à cultura, gerenciamento equilibrado do tempo e bem-estar psicológico), o teste pergunta pouco ou nada sobre critérios de governança, educação de qualidade, acesso à cultura e proteção ambiental. A calculadora baseia-se apenas em quatro temas, sendo eles: corpo, bolso, mente e mundo.
2) Das perguntas
O teste traz 36 questões de múltipla escolha, sendo  cinco as escolhas: nunca, raramente, às vezes, bastante e sempre. 
Entre as perguntas, estão algumas que revelam muito sobre seus hábitos. Por exemplo, a primeira pergunta é sobre a frequência da prática de exercícios físicos. Essa pergunta não só diz sobre a sua preocupação com a saúde, mas também sobre como você gerencia seu tempo e um pouco sobre como é o seu padrão de vida.
Outras, são mais diretas como a pergunta sobre com que frequência você consegue poupar – obviamente relacionada com o seu padrão de vida econômico.
Há apenas duas perguntas que se referem ao meio ambiente, mas não tocam na ferida sobre se você pratica ações em benefício de meio ambiente. Elas só queriam saber sobre com que frequencia você tem contato com a natureza e com que frequencia você se preocupa com o futuro do planeta. De ações mesmo, nada.
3) Da análise
A calculadora te coloca em uma de cinco posições, variando do que eu imagino ser muito infeliz e muito feliz. Achei falta de observações sobre onde você deveria “investir” mais para o crescimento do seu FIB.
4) Do site
O site também traz outras calculadoras, mas não consegui abrir nenhuma. Problemas de compatibilidade com o Mac? Será?
Ah! Eu já sabia, mas, pela calculadora, sou muito feliz. E você?

Felicidade Interna Bruta

O ano é 1972. Estados Unidos e a antiga União Soviética travavam há anos (e travariam por mais tantos, até 1989), o que ficou conhecido como Guerra Fria.
Os Estados Unidos estavam neste ano participando do que deve ter sido uma das piores experiências de guerra de sua história, a Guerra do Vietnã  – obviamente motivados pela tensão do “o comunismo está se alastrando”. 
No mesmo ano, a corrida espacial continuava disputada. De um lado, os soviéticos enviram Luna 20 para a Lua, que volta carregada de rochas. De outro, os americanos lançaram a Apollo 16.
Eis que, num mar de insanidade política e econômica, algum “especialista” virou para Sua Majestade, o Rei do Butão, Jigme Singye Wangchuck e disse algo do tipo: “Ei! Sua Majestade! Seu país é uma vergonha! O crescimento dele é miserável!”. 
[parênteses] Sabe… nem todo mundo é Rei por indicação, ou porque, de repente, sobrou um reinado na mão – tava lá, disponível, ninguém queria, então eu peguei. – Não! Alguns reis conseguem mostrar pra que vieram (e também conseguem sair pela culatra de maneiras realmente espetaculares). [fecha parênteses]
E a Sua Majestade, o Rei do Butão, Jigme Singye Wangchuck vira para o crítico e responde algo assim: “Somos um país budista. Aqui, nosso propósito é a felicidade das pessoas, o desenvolvimento de seus valores morais. Aqui nos interessamos pelo desenvolvimento humano, que só surge quando há desenvolvimento espiritual e material ocorrendo simultâneamente. Não nos interessamos quando só há uma medida medíocre e abstrata de economia. Por isso eu digo: aqui nos preocupamos com a Felicidade Interna Bruta das pessoas, invés do Produto Interno Bruto com a qual o senhor está preocupado.”
E eis que, em 1972, o termo Felicidade Interna Bruta ou FIB, foi criado. Baseado nos preceitos budistas, o FIB busca medir o desenvolvimento social e economômico sustentável e igualitário, preservar e promover os valores culturais, conservar o meio-ambiente e estabelecer uma boa governança.
 
by Cayusa on Flickr
Por outro lado, o Produto Interno Bruto ou PIB, que o crítico teve que colocar no bolso e sair de fininho, refere-se a soma de todos os bens de uma região. Sendo assim, como natureza, cultura, desenvolvimento social, governança justa não são bens “precificáveis” eles não contam para essa medida. No PIB o que interessa são os valores dos bens, dos produtos e serviços produzidos e comercializados. O PIB é um dos indicadores mais usados nos estudos de macroeconomia e visa medir a atividade econômica de uma região.
Medir o PIB não é tarefa fácil, mas basicamente se resume em somar consumo privado, investimentos, gastos governamentais, volume de exportação e diminuir o volume de importações.
Medir o FIB é tarefa complicada, pois deve medir a percepção das pessoas em relação a sua felicidade. Segundo a psicóloga e antropóloga de Harward, Susan Andrews, a felicidade deve ser ” analisada em nove dimensões: padrão de vida econômica, critérios de governança, educação de qualidade, saúde, vitalidade comunitária, proteção ambiental, acesso à cultura, gerenciamento equilibrado do tempo e bem-estar psicológico.” (vi aqui).
Curiosidade: O Brasil é 9? lugar no ranking do PIB. E 30? no ranking do FIB.
Recomendo leitura:
PIB, IDH, FIB, IFF, você sente e pressente – texto de Carlos Magno Gibrail, no Blog Mílton Jung.

Pegada 18 – Erro de cálculo

Pois é. Sabe que 75% das emissões de gases do efeito estufa brasileiros são tidos como decorrentes de uso de terra, incluindo desmatamento, né? Pois são. Então… pesquisas recentes do Inpa (Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia) acaba de demostrar que os cálculos podem estar errados. Sim, errados.
Por quê? Porque segundo os pesquisadores, os dados de biomassa da floresta densa e fechada, com madeira mais densa, e portanto com maior biomassa, foram utilizados para extrapolar a biomassa de outros sistemas florestais, como no arco do desmatamento, onde a densidade das árvores é menor – e portanto tem menos biomassa.
Pelos cálculos novos, o erro pode ser de até 24 milhões de toneladas de carbono a menos, o que significa que essas toneladas de carbono equivalente não foram emitidas quando a floresta foi desmatada, contrariando o cálculo anterior. 
Mas pelamordedeus isso não significa que o desmatamento está liberado nas áreas de mata com biomassa menos densa!
Daí vem minha especulação. Considerando aquela coisa na qual eu não acredito – neutralização de carbono – como são considerados os dados de biomassa? Provavelmente são extrapolados de algum cálculo, mas qual? Então quer dizer, todo mundo que se beneficiou ou “neutralizou” carbono pode ter “neutralizado” a menos, né? Ok.
___________________________________________
Saiba mais em: Agência FAPESP

RdC é o melhor blog de Educação, pelo juri do Best Blogs Brazil 2008

Hoje saiu o resultado das avaliações do juri dadas aos blogs concorrentes do Best Blogs Brazil 2008. Antes dos agradecimentos, gostaria de escrever algumas palavras.
Concordo plenamente com o Carlos Hotta quando ele fala sobre nossa blogosfera ser imatura. Alguns blogueiros são maduros, outros não; algumas atitudes que vemos nos blogs são realmente maduras, outras ainda estão tateando, testando e outras ainda são completamente indesejadas.
Os prêmios por vezes refletem a imaturidade da blogosfera brasileira. Embora tenham boas intenções, a imaturidade da blogosfera prejudica (e muito) a credibilidade dos prêmios. Com o amadurecimento dos blogs e dos blogueiros, os prêmios tenderão a ser cada vez melhores e os blogs participantes também serão melhores, o que acabará por tornar os prêmios cada vez mais interessantes.
Quando o Best Blogs Brazil 2008 abriu para indicações, fiquei com muitas dúvidas sobre inscrever o Rastro de Carbono. Isso por que não havia uma categoria perfeita para o blog – que, na minha opinião, seria “Meio ambiente”. Acabei por inscrevê-lo na categoria Educação (Ambiental), porém o RdC também teve indicações para a categoria Ciências.
Fiquei imensamente feliz com os rumos do RdC ao acompanhar as votações dos meus leitores. Fiquei com aquela sensação de trabalho bem feito, fiquei orgulhosa do tempo que invisto neste espaço, fiquei extremamente contente em saber que minhas palavras são lidas e reverberadas por aí. Gostaria de agradecer, portanto, em primeiríssimo lugar, aos meus leitores, assinantes de feeds, assinantes por e-mail e eventualmente às pessoas que votaram e conheceram o RdC pelo site do BBB (sei que foram muitos, pois acompanhei as visitas vindas do site de votações). Foram 187 suadíssimos e queridíssimos votos na categoria educação e mais 65 votos na categoria ciências, que nos renderam, respectivamente, o segundo e o oitavo lugares nestas categorias.
Este blog é feito para os leitores e tenta trazer informações recentes para ser facilitador de pesquisas sobre mudanças climáticas e dicas simples de como nosso estilo de vida pode ser mais coerente com nossa condição ambiental. Acho que estamos no caminho certo!
Em segundo lugar, gostaria de agradecer ao Lablogatórios, que me proporcionou um espaço perfeito para minhas opiniões. Com minha vinda para o Lablogatórios, também vieram novos leitores, novas responsabilidades, novas oportunidades. Espero poder continuar esse trabalho quando viermos a ser Science Blogs Brasil, que está por vir logo menos.
Em terceiro lugar, mas não menos importante, gostaria de agradecer à Cynara, por acreditar na blogosfera brasileira, ao juri, pelo que acredito ter sido uma difícil escolha – devido ao fato do RdC não estar numa categoria perfeita e pelo fato da categoria educação apresentar blogs tão interessantes – e a todos os que apoiaram esse prêmio tão importante para o nosso amadurecimento como blogueiros.
E agora, deixa eu deixar de seriedade, que quem me conhece de perto sabe que o que eu mais gostaria de fazer nesse momento seria sair pulando por aí gritando algo do tipo: AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH! O RdC GANHOOOOOOOOOOOOUUUUUUUUU!!!!! ou A-RÁ, U-RÚ, o RdC É NOSSO! A-RÁ, U-RÚ, o RdC É NOSSO!
Obrigada a todos por fazer desse prêmio algo interessante para nossa blogosfera, e por fazer o RdC ser parte disso!
Paula

Sobre as coisas que vivi em Research Triangle Park II

O Science On Line 09′ me encantou com as discussões oferecidas. Nada de monetização, credibilidade ou publieditoriais – assuntos pra lá de discutidos no Brasil. Entre os blogueiros que conheci, credibilidade não é assunto simplesmente porque não há com o que se preocupar. Se existem idéias, se as idéias são boas, se são as suas idéias e não as do blog famoso da esquina, credibilidade simplesmente vem. Os assuntos são obviamente diversos, como diversos são os pensamentos e os modos de enxergar a vida e os acontecimentos do cotidiano.
Assuntos polêmicos por aqui são principalmente dois, os dois envolvendo preconceito: o primeiro é o preconceito contra mulheres (preconceito de gênero) e o segundo é o preconceito contra sua opinião, (o que pode querer te fazer mudar de nome).
Mulheres
A presença das mulheres na Ciência, na sociedade, no mercado de trabalho é pra lá de assunto discutido. As mulheres aqui ou já entenderam que igualdade não existe e que a nossa sociedade ainda é machista, ou ainda estão queimando sutiãs como precisamos fazer um dia, lá no nosso passado. Fato é que muitas mulheres ainda vivem numa defensiva que vejo pouco no Brasil. E, de verdade, não sei se no Brasil as coisas estão melhores ou, no Brasil, as mulheres (e me incluo totalmente) ainda não se mobilizaram.
O que posso dizer por mim é que tenho que construir meu respeito todo dia, com as minhas superiores no trabalho, com os homens que insistem em passar cantadas ridículas na rua, com os homens e mulheres com quem convivo. Mas nunca associei isso ao fato de eu ser mulher. Nunca associei isso a um preconceito de gênero, embora não seja ingênua de acreditar que ele não existe (para mostrar que existe é só consultar algumas fontes de pesquisa sobre salário versus gênero, ou empregados versus gênero.
E aí? Alguma mulher por aí vivendo isso na própria pele? Alguém para me fazer enxergar o que não estou enxergando?
Nomes
Ter um blog bom, falar o que pensa, argumentar bem, solidificar críticas e promover ações traz amigos e leitores. Mas também traz inimizades. Exemplos: se você fala sobre política, pode cativar o ódio em quem tem outra posição; se você fala sobre uma instituição, seja ela pública, privada ou o próprio governo, certamente terá concordantes, mas também terá discordantes. 
Além disso, fica a dúvida sobre o que é publicável e o que não é. Por exemplo: você se sentiu sacaneado pela empresa onde trabalha e descobriu que os caras não respeitam o período de férias dos funcionários. Ou que não pagam direito as horas extras. Ou que a empresa cometeu alguma fraude, ou foi responsável por alguma situação crítica que causou problemas a outras pessoas ou ao meio ambiente. Você decide que vai botar a boca no trombone e que vai denunciar as práticas da sua empresa no seu blog. E aí? Você fala e corre o risco de perder o emprego? Resolve que é melhor não falar nada? 
Enfim… falar amenidades com o seu nome pode nunca te trazer problemas. Publicar um vídeo do youtube, fazer um publieditorial, linkar uma notícia, falar sobre o trabalho de algum aluno, essas coisas dificilmente vão te trazer complicações. Agora, falar sobre as práticas de uma empresa, criticar o governo, argumentar sobre uma notícia que saiu no jornal e você concordou (ou não), essas coisas podem te trazer inimizades.
As dúvidas que ficam são: usar seu próprio nome e aguentar as consequencias de seus pensamentos? Usar um pseudônimo e nunca se assumir como crítico? Usar seu nome e nunca publicar o que realmente pensa sobre os assuntos polêmicos?
 Abro o assunto para discussão.

A diferença entre falar e fazer verde na #cparty

Estou aqui acompanhando a Campus Party de longe. Ano passado, pude acompanhar várias discussões de perto, pude conhecer pessoas que eu já acompanhava em blogs, comecei a acompanhar blogs que não conhecia. Posso dizer, sem exagerar, que a Campus Party do ano passado me tornou mais blogueira do que eu era antes. Mas, a Campus Party é mais do que network.
A Campus Party é um evento, promovido por uma empresa e deve ser analisado como uma empresa mais do que como um lugar que reune pessoas. Falar da Campus Party deve passar por avaliações de estrutura, organização, logistica & pessoas. E, de longe, só posso analisar o que consigo recolher pela internet. E, como esse blog é um blog sobre meio ambiente e sustentabilidade, a parte que me cabe neste latifúndio é falar sobre isso.
Ano passado, a Campus Party tinha um péssimo gerenciamento de lixo. Não houve o menor cuidado em separar lixo orgânico de lixo reciclável (sendo que a maior parte do lixo produzido pelos campuseiros era e ainda deve ser, de embalagens e copos plásticos). Fora que prometeu certo plantio de uma árvore para cada participante do evento (o que daria 3000 árvores só contando os campuseiros) e não cumpriu a promessa.
Este ano, a Campus Party resolveu esquecer que pode ser sustentável e resolveu deixar o “verde” de seu “campus” voltado exclusivamente para uma seção de conteúdos bastante complexa (mais fácil, né?). Nela pretende-se discutir pontos de união da economia, das tecnologias aplicadas às Ciências e das tecnologias que estão sendo desenvolvidas para melhorar a eficiência energética dos produtos, as novidades para produção de energia elétrica e o uso de novos conhecimentos tecnológicos para resolução de problemas ambientais.  A coleta de lixo, entretanto, pelo que pude ler pelo twitter, não parece estar melhor.
Tratando-se de um evento promovido por uma empresa (e financiado por várias outras) eu esperava maior coerência. Afinal, só falar em tecnologias e ações verdes mas não aplicá-las em seu próprio espaço é absolutamente contraditório. Ou não? Onde está de fato o “verde” do Campus Party?
Imagina que esse blog aqui é escrito por uma pessoa que não se preocupa nem um pouco com suas ações e na realidade não se importa com o meio ambiente. No mínimo iriam dizer que esse blog não tem credibilidade, e, aos poucos, as visitas minguariam até se resumirem a umas parcas visitas direcionadas. E com um evento do tamanho do Campus Party? O que acontece? As pessoas deixam de ir nesse evento mesmo sabendo que ele está estruturado numa área de reserva de Mata Atlântica? Mesmo sabendo que sua postura verde não passa de um blá blá blá de conteúdo para inglês ver? Mesmo sabendo que a promessa do ano passado, sobre plantio de árvores, não foi cumprida? E aí? Como fica? 
Espero que as próximas discussões do Campus Verde tragam à tona as discussões da sustentabilidade do evento. Esse é um texto que busca chamar os campuseiros para uma discussão mais profunda sobre a sustentabilidade do evento. É um manifesto contra o “parecer” mas “não ser” verde. É um chamado para os palestrantes da área de conteúdo do Campus Verde. Bora discutir?

Sobre as coisas que vivi em Research Triangle Park I

Então foi assim: terça-feira, dia 13 de janeiro, eu saí do trabalho, fui até em casa, descobri que a temperatura na Carolina do Norte estava chegando próximo ao negativo, fiz minhas malas, saí correndo, cheguei no aeroporto e esperei pacientemente meu voo que passaria sobre a Carolina do Norte, me deixaria em New York, me faria pegar outro avião para então, finalmente chegar ao meu destino. O Science On Line 09‘. 
Parênteses.
Minhas considerações iniciais sobre os Estados Unidos podem ficar para outro post. Ou não. Posso abrir um grande parênteses bem aqui. O que posso dizer é que absolutamente compreensível logo de cara porque os caras tem uma média per capita de emissão de carbono equivalente em torno de 20 toneladas por ano. É incrível, por exemplo que coisas simples como a quantidade de água gasta para dar a descarga no banheiro do aeroporto, possam ser tão significativas. Ou que a quantidade de lixo que eu produzi durante o período de voo é mais ou menos maior do que minha média de produção de lixo em uns dois dias. E isso fecha o parênteses.
Agradecimentos especiais.
Acho interessante dar uma pausa aqui para agradecer @BoraZ e @mistersugar que fizeram um excelente trabalho de organização do evento. Absolutamente sensacional a escolha do hotel, do local do evento, dos patrocínios conseguidos e da comida servida. Agradecimentos especiais são, obviamente ao Coturnix que fez nossa inscrição na última hora e ao Abel Pharmboy pela vaga no hotel, também de última hora.
Primeiro dia.
O primeiro dia do evento contou com quebras-gelo muito interessantes. Primeiro, fomos testar café no Counter Culture Coffee. Sensacional saber que eu não tenho paladar para descrever sabores nem cheiros, pelo menos de café. Muito legal saber que os caras ajudam o desenvolvimento de fair trade em diferentes países do mundo. Muito curioso saber mais sobre o processamento do café pós colheita.
Muito estranho o fato de termos experimentado cafés, mas não termos de fato BEBIDO os cafés. Achei estranho também o fato de não podermos COMPRAR os cafés em pó. Na verdade, ofereceram que comprássemos on line… Achei estranho, fato.

Depois do almoço, fomos ao North Carolina Museum of Natural Sciences em Raleigh, com a apaixonada monitoria de Roy Campbell, diretor de exibição do museu. Visitamos, inclusive, os laboratórios “subterrâneos” do museu, onde pudemos ver o laboratório de paleontologia, onde o pesquisador nos mostrou uma peça sensacional de um fóssil de crocodilo bípede, no qual ele vem trabalhando por 4-5 horas por dia, durante 5-6 dias por semana, há um ano e diz que ainda há pelo menos mais um ano de trabalho (\o/). Depois visitamos a coleção de pássaros do museus, que tem peças com mais de 100 anos de idade!!!! Resumindo, sensacional. E isso foi só o primeiro dia oficial.

Acabei de decidir que vou deixar a parte das palestras para outro post. Fui!

Filosofando sobre divulgação e jornalismo científico

Eu estou um pouco filósofa estes dias. Isso porque eu aproveitei minhas microférias para conhecer um pouco melhor a blogosfera científica norte-americana. Então, estou eu aqui, em Research Triangle Park, North Carolina, onde aconteceu até agora a pouco o Science On Line 09′.

O evento reuniu muito mais que blogueiros e leitores de blogs. Há, por exemplo, uma professora chamada Miss Baker que trouxe os alunos dela do programa Extreme Biology para conversar com cientistas e para os garotos aprenderem a divulgar a ciência que eles fazem na escola. Há pessoas que não conhecem a ferramenta de blogs e vieram saber mais sobre. Há estudiosos, cientistas, educadores, observadores, interessados, perdidos, etc, etc, etc.
Mas, o que me fez ficar filósofa são particularmente os assuntos envolvendo divulgação científica, jornalismo científico e as novas responsabilidades que blogar fora do Lablogatórios vão trazer (É… o Lablogatórios vai morrer). Por quê? Porque na minha opinião deveríamos levar um peteleco cada vez que abríssemos a boca pra dizer que existe divulgacão científica e jornalismo científico no Brasil. Algo como um castigo por estarmos falando abobrinha.
Não, não há isso no Brasil. E, antes que venham argumentar que sim, existem sim jornais fazendo divulgação de Ciências, já vou adiantando que fazer tradução mal feita de press release e tradução mal feita de sites americanos e ingleses não é jornalismo científico. Quer exemplos do que seria jornalismo científico?
+ O que sabemos sobre a vida e contribuições de Carlos Chagas e sobre suas incursões no interior do Brasil?
+ O que sabemos sobre o que nossos cientistas fazem hoje nos seus laboratórios – muitos deles públicos e que gastam milhões em dinheiro?
+ O que sabemos sobre os avanços tecnológicos e científicos decorrentes das pesquisas do brasileiríssimo Dr. Nicolelis?
+ Quem são os expoentes na Ciência brasileira atualmente?
+ Onde precisamos investir mais dinheiro e que pesquisas deveriam ser completamente encerradas por conta de maus profissionais? (sim, temos maus profissionais, que mentem no currículo, por exemplo.)
+ Quais são os objetivos de cada campo atual das Ciências no Brasil?
+ Por que nossos alunos de ensino fundamental e médio não se interessam por Ciências?
+ O que deveríamos fazer para aumentar o interesse dos brasileiros em Ciências?
+ Por que não temos jornalismo investigativo de qualidade, desses que desenterram questões tipo “Afinal, quem observou pela primeira vez os cromossomos politênicos?”
Enfim…
Graças ao Lablogatórios temos pela primeira vez reunidos em um condomínio bons blogs de Ciência, que atuam em diferentes áreas do conhecimento. Temos cientistas, curiosos, interessados e temos um jornalista (que também é físico). Dos blogs que temos, fazemos bons comentários sobre artigos científicos, sobre novas tecnologias, sobre curiosidades, sobre educação de Ciências nas escolas, sobre ceticismo, sobre Ciência em geral. Mas também não fazemos jornalismo científico, até porque ser um jornalista científico (sendo jornalista ou não) demanda tempo (muito tempo) e precisa ser um trabalho pago (jornalismo científico é profissão, não passa-tempo).
Não sei se consigo levar vocês, meus leitores, onde quero chegar. O que eu tento dizer é que o Lablogatórios é sensacional e que cumpre seu papel em divulgar Ciências de uma forma simples (mas não simplória). Também tenta cumprir um papel interessante de fazer alunos se interessarem mais por Ciências. Também traz a Ciência para o cotidiano das pessoas, ensinando e desmistificando alguns conhecimentos. E também faz a Ciência parecer coisa de maluco, mas ainda assim ser fantástica. O que tento dizer é que para sermos um país preocupado em divulgar Ciências isso não basta. Temos que ter profissionais empenhados nisso. E empregadores interessados em pagar por isso. Temos que divulgar nossa Ciência em livros. Temos que conhecer mais nossos cientistas. Temos que ter mais responsabilidade social e conhecer mais onde nosso dinheiro vai sendo empregado. E isso não é responsabilidade só do Lablogatórios.

Na Ciência – 09 a 15 de janeiro

Mais calor, menos comida
O que o aquecimento global (nome que eu não gosto pois trás um erro conceitual clássico – achar que aquecimento global vai trazer de fato aquecimento em todas as áreas do globo, e não aumentar na MEDIA, que é o correto) tem com agricultura?
Pois bem, o estudo de Battisti e Naylor, publicado recentemente na revista Science, diz o que todos já esperávamos – as áreas tropicas e subtropicas mais pobres, com mais gente e mais vulneráveis às mudanças climáticas terão sua agricultura seriamente afetadas.
Temperaturas mais altas deverão reduzir a produção de grãos primários, como milho e arroz, de 20% a 40%, sem considerar a dinâmica da água no solo. Considerando que aumento na temperatura também prejudica a umidade do solo, a diminuição na produção será ainda maior.
Science – Battisti D. and Naylor R. – Historical warnings of future food insecurity with unprecedented seasonal heat
Mais calor, mais mar
Estudos recentes indicam que o nível dos oceanos deve subir entre 90 centímetros e 1,3 metro em 100 anos (3 vezes mais do que as estimativas anteriores, assumindo que a temperatura média seja de 3 graus mais quente).
A dificuldade nas estimativas de cálculo do aumento do nível dos oceanos reside no fato de não conseguirmos prever quanto tempo as geleiras demoram para se derreter. 
Climate Dynamics –  Grinsted A. et al. – Reconstructing sea level from paleo and projected temperatures 200 to 2100 AD 
Plástico vira papel sintético
Um papel sintético que pode ser usado na fabricação de rótulos de garrafas, outdoors, tabuleiros de jogos, etiquetas, livros escolares e cédulas de dinheiro agora pode ser feito usando como matéria prima garrafas de água, potes de alimentos e embalagens de material de limpeza.
Mas não se engane! O papel é sintético e seus resíduos ainda são plásticos! A vantagem é produzir papel sintético a partir de material reciclado, e não de resina derivada de petróleo, como é feito atualmente.
Revista FAPESP – Manrich S. – Papel de plástico reciclado

Você conhece o City Rain?

Uma grande amiga minha me escreveu essa semana passando um link para um jogo que parece muito legal para os educadores de plantão. Eu não tenho lá muita paciência para jogos, mas devo dizer que esse, que mescla um pouco de SimCity com Tetris merece um tempo de procrastinação.
O objetivo do jogo é construir uma cidade sustentável. E rápido porque pedaços da cidade vão caindo em cima da cidade já existente!
Ainda não consegui jogar, porque a versão para download grátis de City Rain é para PCs, mas, pelo vídeo do Youtube, parece ser bem legal mesmo!

O jogo foi idealizado e construido para competir no Imagine Cup, uma competição para estudantes de tecnologia do mundo, para que possam se focar e desenvolver soluções para o mundo.
Legal, né? Particularmente, achei a ideia sensacional. É um jeito leve e inteligente de usar jogos para ensinar alunos e interessados em meio ambiente.
Se você conseguir jogar antes de mim (o que eu acho absolutamente provável) e mandar seus feedbacks, essa minha amiga tem contato com os desenvolvedores do jogo que adorariam saber opiniões diversas – e eu teria um imenso prazer em encaminhar os comentários para ela.
Então, faça o download e me conte suas impressões!