“Ninguém me convenceu a ficar sem carro hoje…”

Hoje é dia 22 de setembro, Dia Mundial Sem Carro.
Ontem a linha vermelha do metrô de São Paulo ficou um sem número de horas sem funcionar. Outro sem número foi o de pessoas que passaram mal dentro dos trens lotados – como sempre – e quentes – por conta do excesso de gente, claro. Ar? Quem precisa de ar, afinal?
Ontem choveu granizo. Em Guarulhos, alguns lugares apresentavam 1 metro de puro gelo, cobrindo carros e impedindo o acesso de pessoas às suas casas – ou à rua, dependendo de onde se estivesse.
Todo dia é um caos sair de casa de bicicleta. Os motoristas não respeitam ciclistas. Não tem ciclovia. É perigoso… Dá medo. Dá mesmo.
Hoje tá um calor do cão… Cê acha que eu vou sair de transporte público? E se der zica no metrô de novo? E se chover granizo bem na hora de sair do trabalho? E se eu tomar chuva? E se? E se? E SE????
Enfim… tá difícil convencer a galera a ficar sem carro. A fazer a sua parte no dia mundial sem carro. A fazer a sua parte todos os dias, a pensar mais no coletivo, a usar transporte público, a usar menos o carro e mais os próprios pés. Mas… é bem mais fácil convencer a galera lá na Holanda, onde tem ciclovia, o transporte público é sensacional, a prefeitura sabe controlar a neve quando neva demais…
E aqui? Dá pra convencer alguém a ficar sem carro? O cara te joga na cara um ou dois argumentos e a gente fica com cara de ßåΩ≈∫. Aí a gente dá aquele argumento de que é fazendo a nossa parte que o clima vai ficar menos doido, e assim evitaremos catástrofes completas como uma chuva imensa de gelo. Aí o cara te olha e só responde “Ah, tá”.
Tá é fácil convencer alguém a ficar sem carro hoje, viu? Quem sabe o ano que vem, quando esse monte de candidato a esse monte de cargos cumprir todas essas promessas que eles fazem. Quem sabe aí, a gente tenha argumentos mais sólidos.

O causo das obras da Marginal Tietê

O post passado, sobre as árvores da Marginal do Tietê que estão sendo derrubadas para a ampliação da via, causou alvoroço nos comentários e trouxe outros aspectos da polêmica obra.

Veja, dizer que as árvores do Tietê não são empecilho para que a obra
aconteça (porque vão ser transplantadas, substituídas e um parque linear está no projeto) não quer dizer que a obra deva ser feita ou vá trazer soluções para o caos do trânsito na cidade. A obra tem problemas
muito maiores do que as árvores que hoje ocupam a Marginal, mas não são
as árvores que poderiam barrar a construção ou até mesmo, não são elas que seriam um bom jeito de unir a população em torno do
problema.

O problema gira em torno de um imenso nó da cidade de São Paulo, já discutido no post anterior e referendado por alguns colegas do Twitter: o trânsito. O trânsito, que não é só exclusividade da cidade de São Paulo mas de todos os centros urbanos de grande adensamento populacional, nasceu há muito tempo. Muito mesmo. Antes de qualquer um desses prefeitos, governadores e presidentes em quem nós, mais jovens, tenhamos sonhado em votar. O problema do trânsito é derivado de uma política pública de adoção dos automóveis como meios de transporte e da gasolina, derivada do petróleo como nosso meio de energia para movimentar esses automóveis. Foi uma escolha política, que beneficiava algumas relações comerciais e algumas relações pessoais e sociais.

Fato é: eu vejo duas escolhas para a resolução de um problema de trânsito – uma solução rápida, barata e que a curto prazo não vai mais funcionar, e uma lenta, gradual, com investimento alto em diversos setores, que deve funcionar a longo prazo.

A primeira é fácil! Usa-se o espaço disponível (que já é pouco e elimina o canteiro central), faz-se túneis, viadutos, pontes, outro andar de marginal, sei lá! Qualquer solução que busque aumentar a área para aumentar o fluxo de carros. Essa alternativa funciona por um tempo: tempo suficiente para outros carros invadirem as ruas, a frota aumentar, e tudo ficar insuportável de novo – que parece ser a saída adotada pela prefeitura e governo do Estado de São Paulo.

A segunda é muito mais difícil. Requer educação da população, investimento em transporte público de qualidade e em ciclovias, alternativas inteligentes para o transporte de suprimentos para a cidade, principalmente os atualmente feitos por caminhões, soluções para períodos de feriados e férias, ALÉM DE obras que facilitem o transporte de carros nos dias de semana.

Para a segunda escolha, não bastam investimentos em dinheiro, mas investimentos no social, no ambiental e no econômico, que permeiem outros setores que não só o de transportes. A logística da cidade deveria ser realinhada como um todo, para permitir um fluxo mais eficiente de abastecimento e de transporte de resíduos. As pessoas deveriam ter a disposição um transporte público de qualidade, com pontualidade e preços justos, que servisse toda a cidade com eficiência. As ruas e avenidas deveriam ser pensadas de modo a permitir um fluxo rápido para quem usa transportes públicos e também para permitir o uso de bicicletas. Projetos específicos para facilitar o escoamento de pessoas em períodos de férias e feriados deveriam ser estudados e implementados. 

Mesmo com um imenso investimento financeiro por parte do governo, nada disso seria útil se as pessoas que ocupam a cidade não forem educadas para usar transporte público sem preconceitos, para pensarem duas vezes antes de tirarem seus automóveis de casa e andarem a pé ou de bicicleta, para se educarem para o trânsito defensivo e não ofensivo.

Para isso, também é necessário investimento na área de segurança. E, nesse sentido, talvez fossem necessários menos investimentos na área de saúde. E a qualidade de vida de todos aumentaria muito.

Sinto que sonhei… E você? Acha que isso é possível, ou só fazendo uma nova São Paulo?

O causo das árvores da Marginal Tietê

Até onde vale a pena “brincar” com a natureza em detrimento do progresso? 

Com essa pergunta, do @interney, lá no Twitter, é que eu tiro o pó desse teclado, as aranhas desse mouse e recomeço a blogar.

A pergunta do Sr. Edney era um chamado para a leitura de um post do Cris Dias, sobre as obras na marginal do Tietê. Para a construção de 23 Km de extensão de cada um dos lados da via, além de novas pontes e viadutos (aqui), o canteiro central, que abriga hoje cerca de 4589 árvores adultas, deixará de existir. Dessas árvores, 935 serão transplantadas. As demais, algumas já condenadas, outras não, serão ou estão sendo derrubadas (aqui e aqui).

Minha discussão sobre esse assunto começou lá no twitter. Eu escrevi “dizer que as árvores da marginal são “natureza” é discutível.” E é mesmo. As árvores da marginal estão bem longe de ser um exemplo de mata ciliar, que é um tipo de mata original da várzea de rios. Aliás, o rio também não é mais o mesmo faz tempo. Assim como o Pinheiros, do qual já escrevi um pouco aqui, perdeu seus meandros ao longo dos anos, e foi perdendo cada vez mais a mata original, dando lugar não só a marginal, mas também a prédios comerciais e residenciais. 

Rio_tiete.jpg

Fonte da fotografia: Wikipedia

Dizer que as árvores da marginal são sumidouros de carbono também não é verdade. Árvores adultas retêm uma quantidade mínima de carbono. Árvores jovens, das que estão sendo prometidas pelo governo em substituição as que serão cortadas agora, essas sim podem contribuir para a diminuição da concentração de gás carbônico (mas só um pouquinho… 15 mil árvores retêm apenas algumas toneladas de carbono e não podem ser responsabilizadas por nada em termos de aquecimento global).

Uma questão interessante dessa história toda é a permeabilidade da via. Fato é que uma área de asfalto não absorve nada de água de chuva. A troca da área de gramado e árvores para maior área asfaltada, sem dúvida trará problemas de permeabilização de água. Mas acredito que já existam técnicas na engenharia civil capazes de auxiliar o escoamento de água (a verificar).

Agora, há uma outra coisa interessante nessa história. Fiz ainda a pouco uma perguntinha no Twitter: View image

Qual é, na sua opinião, o maior problema da cidade de São Paulo, hoje em dia?

Tive até agora 10 respostas. Nove delas, relacionadas à transporte: uma sobre ônibus fretado (@clauchowi), dois sobre transporte público (@carloshotta e @nelas) e seis sobre trânsito e mobilidade urbana (@djmisscloud, @UREU, @dbonis, @robertaavila, @docouto, @Joao_Gil). Também tive uma resposta sobre desigualdade social e miséria (@kekageorgino). 

Qualquer obra que permita maior fluxo de carros, menos congestionamento e maior mobilidade podem ajudar e muito, não só o bem-estar das pessoas que usam as marginais, como o meio ambiente. Menos trânsito = menos tempo de carros ligados = menos emissão de poluentes. Dizer que as obras da marginal não vão ajudar em nada é precipitado. Dizer que é melhor manter o canteiro central em detrimento da melhoria do fluxo de veículos, é um pouco duvidoso.

Restam duas dúvidas. A primeira sobre o paisagismo da área: vai ficar só concreto e asfalto ou vai sobrar verde para alegrar os olhos do paulistano? A segunda: até onde vale a pena brincar com a natureza em busca do progresso?

Fidelidade em quem?

A sustentabilidade, assim como o consumo sustentável é mantida por três pernas: o respeito aos limites ambientais; a justiça social; e a viabilidade político-econômica. Sem uma dessas pernas, o sistema cai, deixa de existir ou funcionar.
Uma cidade sustentável deve portanto respeitar o meio ambiente, as pessoas, a economia e a política. Pois bem, chegamos onde eu queria. Esse final de semana descobri uma coisa fantástica – o bilhete fidelidade para metrô e trem. A conversa começou assim:
Hoje começou um tal aumento no valor das passagens para transportes públicos aqui na cidade de São Paulo. O trem e o metrô sofreram reajustes e passaram de R$ 2,40 para R$ 2,55. Mas, o bilhete fidelidade será comercializado a partir de hoje! Com ele, podemos comprar 8, 20 ou 50 viagens e a tarifa fica menor quanto mais crédito se coloca no tal cartão. Por exemplo, o cartão de 50 viagens custa R$ 112,50 o que dá, por passagem, um desconto de R$ 0,30. Isso mesmo. A passagem que a semana passada custava R$ 2,40 e hoje custa R$ 2,55 pelo cartão fidelidade sai por R$ 2,25. Demais, não? Respeito à população e aos usuários das linhas, certo?

Errado!

Hoje fui pegar o trem como todos os dias. Só, que invés de usar meu bilhete único, fui até a bilheteria saber sobre o cartão fidelidade! Afinal, sou mesmo muito fiel ao trem, e pego o dito cujo todo dia pra ir e voltar do trabalho. 
Fui informada que o cartão fidelidade pode ser comprado e recarregado apenas na estação Barra Funda. Uma vergonha! Uma cidade do tamanho de São Paulo, com a quantidade imensa de usuários das linhas dos trens e metrôs e APENAS UM ponto de venda? 
Como cobrar das pessoas uma postura sustentável se a cidade onde elas moram não as respeitam? Como exigir das pessoas uma consciência ambiental e comunitária e o governo sacaneia com ela todos os dias? Poxa vida! Essas coisas me deixam muito revoltada!
Saiba mais aqui:
Notícias UOL
G1

Feliz dia, TERRA!

Dia 22 de abril comemora-se o dia da Terra.

E pra comemorar, tivemos um tremor de terra em São Paulo, talvez um dos primeiros a passarem dos 5 graus na escala Richter registrados no século.

Feliz Dia da Terra!

Não só dia da terra, mas da água, dos seres vivos que aqui habitam o dia da Terra deve ser um importante tempo de reflexão.
Reflexão de como temos nos comportado, como seres inteligentes que somos, para uma proposta real de planejamento presente e futuro para os que aqui dividem esse espaço.
Reflexão de como temos agido em relação aos conhecimentos científicos que já existem e que alardam sobre os perigos a que estamos submetendo nosso planeta e a sobrevivência de diversas pessoas.
Reflexão de como temos feito nossa parte, de como temos reciclado nosso lixo, reduzido nosso consumo e reutilizado o que parece muitas vezes não ter mais utilidade.
Reflexão de como temos instruído e informado pessoas sobre como ser mais ativo e atuante, realizando mudanças reais no nosso estilo de vida.
Reflexão de como temos sido parte dessa Terra, nossa Gaia.

Que o dia da Terra sirva como marco de um novo pensamento, mais moderno, mais humano, mais real, mais tecnológico. Que seja o marco de uma vida mais simples, mais tranquila, mais consciente. Mas que também seja o marco do menos. Menos egoísmo, menos consumo, menos poluição.

Feliz dia, TERRA!

Os Clubes da Cidade

Novata em São Paulo, descobri recentemente os Clubes da Cidade. Tenho o imenso privilégio de morar do lado de um deles. Para mim, os clubes da cidade refletem o que uma prefeitura pode fazer de admirável, numa administração. Se um dos tripés da sustentabilidade é o respeito ao cidadão, nos clubes da cidade vemos esse respeito levado a sério.
Primeiro. Os Clubes da Cidade são inteiramente grátis. Desde a inscrição, até os exames médicos, tudo é grátis. Como se não bastasse, os clubes da cidade oferecem cursos como de hidroginástica, natação, vôlei, futebol, capoeira, ginástica localizada, alongamento e há quem diga que alguns deles ainda fornecem cursos de garçons, baristas e artesanatos em geral.
Segundo. Depois das atividades físicas, os inscritos ganham “lanchinhos” para recobrar as energias. Para a criançada que faz natação por aqui, barras de cereal e achocolatados!
Terceiro. Os professores são de qualidade. Por vezes, muito melhores do que de muita academia que eu já tive o desprazer de frequentar.
Quarto. A administração do clube da cidade fica responsável por fazer pedidos de material para a prefeitura. E, pelo menos da área da piscina, que é o que mais me interessa, os materiais são muito bons. Pranchas, bastões para hidroginástica, tudo de ótima qualidade.
O bom é saber que o dinheiro dos impostos é, em parte, direcionado para uma iniciativa tão saudável como esta. E, engana-se quem acha que é impossível conseguir uma vaga. Infelizmente vivemos num país onde nossas experiências passada nos alertam, às vezes erroneamente, de que, o que é público, é ruim. No clube da cidade aqui pertinho de casa sobram vagas para os mais diversos esportes.
E antes de me chamarem de “Poliana”, eu sei sim que a Cidade de São Paulo, como exemplo para todo o Brasil, tem problemas. Mas fazer propaganda do que é bom, não custa nada. Pelo menos pra mim.

Agenda – 23 de janeiro

O que: Conferencia de Bali- Novas Diretrizes Sobre as Mudanças Climáticas
Onde: Ed. Sede Fiesp, Av. Paulista, 1313 – São Paulo
Quando: 23 de janeiro
Objetivo: O evento irá refletir sobre assuntos discutidos na conferência, que reuniu representantes de 180 países com o objetivo de estabelecer diretrizes para um novo acordo de combate às mudanças climáticas após 2012, fase final do primeiro período de acordos no âmbito do Protocolo de Kyoto.
Mais informações:
Portal FIESP

Mais ciclovias!

Já pensei várias vezes em usar bicicleta para me locomover em São Paulo. Uma, porque gosto de andar de bicicleta. E outra porque é um dos meios de transporte mais verdes que existem. Mas não consigo. Não tenho coragem de sair de casa e enfrentar, junto com os carros, ônibus e caminhões, uma luta cruel por um pedaço de chão. Admiro quem consegue, chego até a invejar, mas todas as vezes que tento pensar em mudar de hábitos e trocar as caminhadas e ônibus por bicicleta, desisto.
Depois de uma matéria que eu li esta semana, fui pesquisar mais sobre ciclovias em São Paulo. Descobri que existe uma lei (Lei 14.266) que criou o Sistema Cicloviário de São Paulo, que legitima a bicicleta como um meio de transporte. A lei também prevê que o município articule o transporte por bicicleta com o Sistema Integrado de Transporte de Passageiros, implemente infra-estrutura adequada como ciclovias e bicicletários, permita acesso de passageiros com bicicletas em vagões especiais de trens e metrôs, e crie sinais e legislação específica para que o transporte com bicicletas seja seguro. A lei na íntegra pode ser conseguida no Pedaleiro.
No papel, tudo parece muito bom. Mas fato é que (não encontrei um número certo) existe na cidade de São Paulo apenas 22,7 a 29 Km de ciclovias construídas, sendo que 19 Km encontram-se dentro de parques, ou seja, a grande maioria da nossa malha de ciclovias é destinada para o lazer e não para o transporte. Só para efeitos de comparação, o Rio de Janeiro possui 140Km de vias exclusivas para bicicletas e o Reino Unido possui uma malha nacional de mais de 16.000Km.
Numa cidade como São Paulo que tem como um dos maiores problemas o trânsito e os congestionamentos gerados pelo imenso número de veículos nas ruas – cerca de 5,5 milhões de automóveis e 62% deles com apenas um usuário, ter menos de 30km de ciclovias servindo toda a cidade parece estupidez.
Para tentar melhorar a situação, o prefeito Kassab prometeu, dia 15 de agosto do ano passado, uma ciclovia de 12,2Km ao longo da Radial Leste, ligando 8 estações do metrô. A obra deve ficar pronta no começo deste ano. (Alguém que passe na Radial pra confirmar a situação das obras?). Em 22 de setembro, “Dia Mundial sem carro” o prefeito prometeu construir mais 50Km de ciclovia na cidade. Algumas vias onde já existem ciclovias, ou existem projetos de implementação, você encontra aqui.

Para agilizar a blogosfera, pensei em criar uma imagem para trazer à tona a discussão sobre o uso de bicicletas e fazer uma pressão sobre o governo para que as ciclovias sejam construídas ou finalizadas. O aumento da extensão e segurança das ciclovias é de fundamental importância para que o paulistano deixe o carro em casa e vá de bicicleta. Como não sou boa em lidar com imagens (alguém?), procurei na web e achei esta imagem, que vou usar – espero que o autor não se importe – todos os diretos de www.geocities.com/bici_portugal/

Para levar a campanha “Mais ciclovias!” pra frente, convido:
+ Willian Cruz do Vá de bike!
+ Pedaleiro
+ Mercedes do Folha Verde

+ Ester Beatriz do Saber é bom demais
+ Faça a sua parte

O futuro do rodízio em São Paulo – e o aumento significativo das minhas multas de trânsito

Segundo o inventário de emissões de gases do efeito estufa (GEE) do município de São Paulo, publicado em 2005 pela Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente (SVMA), 78,54% das emissões em 2003 foram provenientes do setor de transportes. As emissões restantes (21,46%), ficaram distribuídas entre os setores residencial, industrial, comercial, geração elétrica, uso não energético e agrícola, nesta ordem de importância.
Segundo o mesmo inventário, dentro do setor de transportes, a maior fatia das emissões é proveniente da queima de combustíveis fósseis (gasolina, óleo diesel, gás natural), principalmente por veículos individuais (em 2003 tínhamos cerca de 0,52 veículos por habitante na cidade de São Paulo).
A imensa frota de veículos individuais é um problema para a maioria dos habitantes de São Paulo, principalmente para os que são obrigados a encarar quilômetros e quilômetros de trânsito pesado e congestionamento todos os dias para ir de casa ao trabalho e depois voltar. O problema é tão grande que existe até um site para verificar as áreas de congestionamento minuto a minuto.
A solução encontrada pelo governo para tentar diminuir o número de carro nas ruas foi a criação do rodízio municipal de veículos, em 1997. Para saber mais, consulte o site da CET ou o Wikipédia.
O problema é que já faz algum tempo que o rodízio da forma como está não resolve mais o problema do trânsito na cidade de São Paulo. Sendo assim, o vereador Ricardo Teixeira (PSDB) criou um projeto de lei (PL nº 719/2007 de 18/10/2007) que amplia o rodízio de veículos para todo o território da capital (e não mais exclusivo para o mini-anel viário). Na última quarta-feira, 05 de dezembro, a Câmara Municipal aprovou o projeto que ainda deve ser aprovado numa segunda votação e ser sancionado pelo prefeito Gilberto Kassab (DEM) para entrar em vigor.
Pela nova lei, o rodízio ficaria assim:
Anos ímpares (2007/2009/2011…)
Das 7 às 8:30 e das 17 às 18:30 hs – Não circulam veículos com placas final ímpar (1,3,5,7 e 9)
Das 8:31 às 10 e das 18:31 às 20 hs – Não circulam veículos com placas final par (0, 2,4,6 e 8)
PARA TODOS OS DIAS DA SEMANA.
Anos pares (2008/2010/2012…) – Inverte-se os horários de rodízio
Das 7 às 8:30 e das 17 às 18:30 hs – Não circulam veículos com placas final par (0, 2,4,6 e 8)
Das 8:31 às 10 e das 18:31 às 20 hs – Não circulam veículos com placas final ímpar (1,3,5,7 e 9)
PARA TODOS OS DIAS DA SEMANA.
E eu, que já esqueço que não posso sair de casa de carro às terças feiras, vou me dar bem nesse novo esquema (se ele sair)…
Só me falta convidar o pessoal do Decodificando e o Direto é legal para falar mais sobre isso (as implicações no cotidiano, no meio ambiente e no direito das pessoas).
Saiba mais:
+ Yahoo! Notícias
+ Folha Online
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Foto: Adam Rountree / AP file

III Conferência Regional sobre Mudanças Climáticas

Esta semana estou participando da III Conferência Regional sobre Mudanças Climáticas: América do Sul. Na sexta feira, escrevo um post mais significativo sobre minhas impressões, mas posso ir dando uma idéia básica do que anda passando pela minha cabeça por enquanto. Começam assim a série de posts das “lições aprendidas na dor”.
“Lições aprendidas na dor I” (DOMINGO): Alguns grandes cientistas brasileiros se emprenharam no campo da política e das políticas públicas. Um avanço para as comunicações entre a ciência e os tomadores de decisão, na minha opinião. Só que quase nada do que dos cientistas dizem é revertido em projetos de lei, ou ações mais concretas. Motivo: sempre o bom e velho dinheiro.
“Lições aprendidas na dor II” (SEGUNDA-FEIRA): Dos 20 modelos trazidos à tona no Quarto Relatório do IPCC publicado este ano, vários mostram cenários completamente distintos para a América do Sul (em alguns modelos vai chover muito na Amazônia, em outros, haverá uma espécie de desertificação, com chuvas concentradas em determinadas épocas do ano e estações secas bem definidas). Trocando em miúdos, quando os modelos são levandos em consideração todos ao mesmo tempo, existem áreas onde ocorre uma compensação (na Amazônia, exemplo dado acima, se somados todos os modelos, com iguais pesos, não acontecerá nada…). Para a tomada de decisão e políticas públicas eficientes seriam necessários modelos regionais, para a América do Sul ou para cada país especificamente. Então porque não fazemos isso? Falta o bom e velho dinheiro.