Situação atual dos projetos em MDL para mercado de crédito de carbono

Branca Americano, da Comissão Interministerial de Mudanças Globais do Clima, fez exposição sobre a situação atual os projetos MDL no Brasil, no Simpósio Internacional sobre aquecimento global. Branca participou ontem da mesa-tema “O mercado de carbono no Brasil e no mundo: perspectivas de continuidade do MDL e as mudanças regulatórias pós 2012”.
Atualmente, os projetos brasileiros concentram-se nas áreas de suinocultura, aterro sanitário, geração elétrica, indústria manufatureira, eficiência energética, manejo e tratamento de resíduos, indústria química e produção de metal. O Brasil é o terceiro país do mundo com maiores atividades de projetos MDL. Em primeiro e segundo lugares vêm a China e a Índia.
A notícia completa é da Agência CT está disponível AQUI.

Segundo inventário nacional de emissões

Durante o Seminário Internacional: Mudanças climáticas que acontece esta semana em Brasília, Newton Parcionik, assessor técnico da Coordenação Geral de Mudanças Globais do Clima do Ministério da Ciência e Tecnologia falou sobre o segundo inventário brasileiros de emissão dos gases do efeito estufa, que deverá ser concluído em dezembro de 2008, e trará dados do período de 1995 e 2000.
O segundo inventário é baseado nas diretrizes atualizadas do IPCC (Painel Intergovernamental em Mudança do Clima). De acordo com Parcionik, a área de maior complexidade é justamente a que diz respeito ao uso da terra e floresta, que foi responsável por 75% das emissões brasileira registradas no primeiro inventário.
“Estamos utilizando a metodologia mais refinada do IPCC para a área de florestas, uma vez que pretendemos concluir os estudos por município”, informou. Ele explica que serão utilizadas imagens de satélite – cerca de 492 imagens interpretadas de observação – não só da Amazônia, mas de todos os biomas brasileiros.
Quanto às reduções de desmatamento anunciadas nos dois últimos anos pelo Governo, essas não devem ser contabilizadas ainda neste inventário, de forma que esse setor deve ainda continuar como um grande emissor.
Parcionik alerta, no entanto, que todo inventário tem sua margem de erro, e que a tendência das emissões brasileiras é crescer na medida em que crescem também a população, o PIB e outras atividades econômicas, mas, ainda assim, vão estar entre as menores do mundo (nas emissões per capita). Veja quem são os maiores emissores aqui.
Mesmo com uma diferença de oito anos entre os dados e a publicação do segundo inventário, é essencial para a tomada de decisões políticas a leitura atenta dos documentos. O primeiro inventário brasileiro (1990-1994) leva em conta dados recolhidos antes da finalização do Protocolo de Kyoto, em 1997 e é anterior às metodologias aprovadas pelo IPCC e pela UNFCCC, o que torna mundo difícil a criação de políticas públicas sérias nos setores analisados. A publicação do segundo inventário, em 2008, certemente trará grandes avanços na discussão da mitigação de gases do efeito estufa no Brasil.
Via: Agência CT
Saiba mais: Protocolo de Kyoto

Mitigação e Adaptação, defende Carlos Nobre

Carlos Nobre, climatologista do Inpe, palestrou ontem no Congresso Nacional, durante o Seminário Internacional “Aquecimento Global: a responsabilidade do Poder Legislativo no estabelecimento de práticas ambientais inovadoras”. Nobre defende que há necessidade de atuação em duas principais áreas: nas ações de mitigação e nas ações de adaptação.
Segundo o pesquisador, o desenvolvimento de um mapa da vulnerabilidade do Brasil seria essencial para que as políticas públicas sejam feitas de forma mais embasada, diminuindo os efeitos causados pelas mudanças climáticas locais.
Não podemos nos esquecer que ações de adaptação devem ser tomadas, mas as ações de mitigação não devem ser deixadas de lado. Quanto menos pensarmos em mitigação, maiores serão os efeitos do clima sobre o planeta. Que esta mensagem tenha ganhado forças nos nossos representantes!
Saiba mais:
Agência CT

Seminário no Congresso Nacional

Esta semana também acontece o Seminário Internacional – Aquecimento global, no Congresso Nacional, em Brasília. O tema do encontro é: “Aquecimento Global: a responsabilidade do Poder Legislativo no estabelecimento de práticas ambientais inovadoras”.
Amanhã, dia 30, acontecem os debates que mais interessam para a população, pois serão sobre a necessidade de aprimoramento da legislação nacional. O economista britânico Nicholas Stern participará do debate sobre “Custos e Fontes de Financiamento da Política Pública Nacional de Mitigação e Adaptação às Mudanças Climáticas”.
Nicholas Stern é autor de um relatório, publicado em 2006, que analisou os aspectos econômicos das mudanças climáticas. O documento estima que os danos causados pelo aquecimento global à atividade econômica poderão ter efeito similar ao das grandes guerras e da depressão econômica na primeira metade do século 20.
Via: Agência Câmara

Encontro Internacional – Viena – ATUALIZAÇÕES

As conferências e plenárias que estão sendo realizados esta semana, em Viena, no Encontro Internacional sobre Mudanças Climáticas podem ser gratuitamente assistidas através de WebCasts. Algumas apresentações em Power Point também podem ser baixadas através do site da UNFCCC. Todas as palestras e apresentações em inglês.

Encontro Internacional em Viena

Até o final desta semana, representantes de mais de 150 países estarão reunidos em Viena para discutir ampliações e extenções para o Protocolo de Kyoto, que deverá ser substituído por um novo acordo, em 2012. O encontro é uma preparação para a conferência que deverá ser decisiva e acontecerá em Bali, ainda este ano. O momento é positivo para discussões.
Segundo o secretário-executivo de mudanças climáticas da ONU, Yvo de Boer, as conversas têm como objetivo mostrar como os países signatários estão progredindo nacionalmente sobre o tema aquecimento global e pretende discutir os investimentos que deverão ser feitos nos próximos 25 anos. O novo relatório da ONU mostra a necessidade de investimentos mundiais na ordem de 200 bilhões de dólares por ano, até 2030, para segurar as emissões de gases estufa nos níveis atuais.
Saiba mais:
UNFCCC
BBC News (em inglês)
Carbono Brasil

O que é carbono equivalente?

A unidade dos créditos de carbono nos “Certificados de Emissões Reduzidas” (CER’s) é padronizada em toneladas de carbono equivalente. Isso vale porque os CER’s não levam em conta só a redução das emissões de dióxido de carbono (CO2), mas também das emissões dos outros gases do efeito estufa: metano (CH4), óxido nitroso (N2O), perfluorcarbonetos (PFCs), hidrofluorcarbonetos (HFCs) e hexafluoreto de enxofre (SF6). É essencial para a mitigação sabermos se é melhor prevenir a emissão de 1Kg de CO2 ou de 1Kg de CH4, por exemplo.
Para calcularmos o carbono equivalente é necessário sabermos o poder destrutivo das moléculas de cada gás do efeito estufa. Este conceito é conhecido como Potencial de Dano Global (ou Global Warming Potential – GWP), e permite que saibamos quanto de efeito foi gerado quando emitimos a mesma quantidade de cada um dos gases.
Este número é baseado na eficiência radiativa (habilidade de absorver o calor), assim como a meia-vida de uma mesma quantidade de cada gás, acumulado em um certo período de tempo (normalmente 100 anos). Este valor nunca é absoluto, mas sim relativo ao CO2. O GWP de cada gás significa quanto mais (ou quanto menos) um gás aumenta o efeito estufa em 100 anos comparada com a mesma quantidade de CO2 emitida ao mesmo tempo. A molécula de dióxido de carbono tem valor definido como 1 neste índice.
Gás_____________ GWP relativo/CO2 (100 anos)
Dióxido de Carbono………………….1
Metano…………………………….23
Óxido nitroso…………………….298
Perfluorcarbonetos…………………..6.500 – 8.700
Hidrofluorcarbonetos……………….140 – 11.700
Hexafluoreto de enxofre…………..23.900
Isto equivale a dizer que o metano (CH4) tem um potencial 23 vezes maior que o CO2 de causar dano ao ambiente, ou seja, emitir 1Kg de metano tem o mesmo efeito que emitir 23Kg de CO2. O óxido nitroso (N2O) tem um potencial de dano 298 vezes maior que o CO2, e assim por diante.
Por definição, 1Kg de CO2 vale 0,2727Kg de carbono equivalente, já que considera apenas a massa das moléculas de carbono em um quilo de dióxido de carbono. Para os outros gases:
Carbono equivalente = GWP relativo x 0,2727
Para os principais gases do efeito estufa, temos:
Gás______________ Carbono equivalente
Dióxido de Carbono………………0,273
Metano……………………………..6,27
Óxido nitroso……………………..81,27
Perfluorcarbonetos……………….1 772 – 2 372
Hidrofluorcarbonetos…………….38,2 – 3 190
Hexafluoreto de enxofre………..6.518
Estes dados são muito importantes economicamente. Suponha que uma tonelada de carbono equivalente vale 1000 dólares no mercado de carbono. A mitigação de uma tonelada de CO2 vale 273 dólares, de metano 6.270 dólares e assim por diante, sempre levando em conta o potencial de dano de cada gás, mas padronizado em equivalente de carbono para evitar maiores confusões.
Saiba mais:
Wikipedia
CONPET
IPCC
http://www.manicore.com/anglais/documentation_a/greenhouse/greenhouse_gas.html

Agenda de 01/09/2007 a 08/12/2007

O que: Ciclo de Palestras Sobre Aquecimento Global e Relações Solo-Planta-Atmosfera (evento pago)
Onde: Departamento de Solos da ESALQ/USP – Piracicaba
Quando: de 01/09/2007 a 08/12/2007, aos sábados
Objetivo: Abordar e discutir com os participantes assuntos relacionados ao aquecimento global, provocado pelo aumento da concentração dos gases do efeito estufa, com ênfase na participação do solo nesse fenômeno. Os mecanismos de contribuição das relações dos sistemas solo-planta-atmosfera no aumento do aquecimento global serão tratados neste ciclo de palestras, bem como os impactos que a agricultura no Brasil sofrerá frente às potenciais mudanças climáticas globais
Programação:
01/09
– Efeito estufa e aquecimento global: bases teóricas / Reservatórios, fontes e sumidouros de gases do efeito estufa; Impactos potenciais do aquecimento global – Prof. Dr. Carlos Eduardo P. Cerri (ESALQ/USP)
29/09
– Alterações no clima devido ao aquecimento global (temp, precip, nuvens, albedo etc) / Conseqüências das mudanças no clima para as plantas e solos – Prof. Dr. Paulo César Sentelhas (ESALQ/USP)
27/10
– Efeito das mudanças climáticas nas relações patógeno-hospedeiro; Impacto das mudanças climáticas sobre doenças de plantas – Profa. Dra. Raquel Ghini (EMBRAPA)
– Biodiversidade e Mudanças Globais – Prof. Dr. Carlos Alfredo Joly (Unicamp) – a confirmar
10/11
– Mudanças climáticas e o agronegócio no Brasil; Alterações no zoneamento agroclimático de plantas cultivadas no Brasil / Agricultura como mitigadora do aquecimento global – Dr. Eduardo Delgado Assad (EMBRAPA)
24/11
– Opções de mitigação: biomassa vegetal como fonte de energia – Prof. Dr. Weber Amaral (ESALQ/USP)
– Pólo Nacional de Biocombustíveis) – Emissões de gases do efeito-estufa (GEE) na produção e uso de etanol da cana- Dr. Isaias Macedo – NIPE Unicamp
08/12
– Ações internacionais e o Protocolo de Quioto; Mecanismo de Desenvolvimento Limpo / Mercado de carbono no âmbito e fora do Protocolo de Quioto – Prof. Dr. Carlos Eduardo P. Cerri (ESALQ/USP)

Mais informações:
+ FEALQ
+ Agência FAPESP

Na Ciência 02/Ago – 08/Ago/2007

O que houve de interessante nas publicações científicas da semana de 01/Ago a 08/Ago de 2007.
1) CO2 atmosférico e calcificação marinha.
2)Painéis solares mais eficientes.
3)China tentar por em prática o PIB verde.
4)Lavouras do futuro.
5)Novas pesquisas sobre o efeito dos aerosóis.
6)Recomendo.
1) CO2 atmosférico e calcificação marinha.
A interação entre o CO2 atmosférico e a calcificação marinha, decorrente de incorporação de carbonato de cálcio (CaCO3) em esqueletos de foraminíferos e cocolitofóridos é um importante mecanismo de ‘feedback’ que interfere nas predições sobre as concentrações de CO2 atmosférico daqui a centenas de anos.
A resposta de diferentes organismos frente a mudanças no pH da água do mar e da alcalinidade é pouco entendido e existem enormes diferenças entre as espécies estudadas. Ridgwell e colaboradores observaram a contribuição de diversas espécies quanto a produção de CaCO3, levando em conta o aumento da concentração de CO2 na atmosfera, dirigida pela queima de combustíveis fósseis.
Saiba mais aqui:
+ Biogeosciences 4, 481 (2007).
+ Science

2)Painéis solares mais eficientes.
Painéis solares disponíveis comercialmente convertem em eletricidade apenas 20% da energia de todo o espectro solar que chega neles. Pesquisadores dos EUA estão desenvolvendo uma nova célula de energia capaz de arquivar até 42,8% da energia solar, aumentando significativamente a eficiência dos painéis solares. Embora um protótipo não tenha sido construído, “é importante mostrar que o conceito funciona”, disse Henry Brandhorst, da Auburn University, no Alabama.
Saiba mais:
Light-Splitting Trick Squeezes More Electricity Out of Sun’s Rays
– Science
3)China tentar por em prática o PIB verde.
Beijing está tentando introduzir o “PIB verde”, como forma de avaliar o sucesso dos governos locais em fazer crescer a economia sem prejuízo do meio ambiente. O “PIB verde” tem por objetivo apontar as regiões mais poluidoras, mitigando os excessos e estimulando um desenvolvimento mais limpo.
Este processo está causando briga entre a Agência Nacional de Estatística e a Administração de Proteção Ambiental Chinesas. Segundo levantamentos, algumas regiões com maior PIB também são as mais poluidoras. Críticos dizem que a Agência Nacional de Estatística está cedendo a pressões dos governos locais ao criar o sistema, dificultando o trabalho da Administração de Proteção Ambiental.
Saiba mais:
China’s green accounting system on shaky ground – Nature
4)Lavouras do futuro.
O aumento dos níveis de CO2 na atmosfera poderia aumentar a produção agrícola, com o aumento da estocagem de carboidratos pelas plantas. Mas quais os reflexos no valor nutricional? Alguns especialistas estão se perguntando se CO2 em excesso diminuiria a produção de proteínas e dificultaria a absorção de micronutrientes pelas plantas, o que diminuiria significativamente o valor nutricional. Os investimentos em estudos deste tipo ainda são poucos e existem controvérsias entre os pesquisadores.
Saiba mais:
Future crops: The other greenhouse effect – Nature
5)Novas pesquisas sobre o efeito dos aerosóis.
A ação dos aerosóis na atmosfera é frequentemente associado a função de resfriamento, e usado por pesquisadores do IPCC para explicar porque os efeitos do aquecimento global não são maiores. Um novo estudo realizado por Ramanathan e colaboradores contraria esta premissa e demostra o papel dos aerosóis no aquecimento. Os dados registrados agora explicam por exemplo o aumento de temperatura medido nas geleiras do Himalaya.
Saiba mais:
+ Climate change: Aerosols heat up – Nature
+ Warming trends in Asia amplified by brown cloud solar absorption – Nature
6)Recomendo:
Biodiversity: Climate change and the ecologist – Nature
Um interessante texto com perguntas e respostas sobre aquecimento global, ecossistemas e biomas.

Mitigação de GEE em grandes centros urbanos e a opinião dos especialistas

Os relatórios do IPCC de 2007, principalmente os do Grupo de Trabalho 3 – são claros ao demonstrar que todos os setores da economia têm potencial para contribuir com a mitigação de gases do efeito estufa (GEE).
Quando o IPCC considera: Fonte Energética, Transporte, Edificações, Indústria, Agricultura, Floresta e Lixo o que temos é surpreendente (ver figura). Entre todos os setores da economia mencionados, o que apresenta maior potencial de mitigação é o setor de edificações.
Como setor de edificações são consideradas apenas estimativas técnicas disponíveis comercialmente, sem considerar mudanças pessoais no estilo de vida ou soluções ainda em estudo. Portanto, estão incluídas na estimativa: eficiência na iluminação diurna e noturna; eficiência nos aparelhos elétricos e eletrodomésticos, assim como ar condicionados e aquecedores; melhoria técnica em fogões; melhoria técnica em isolamento térmico; utilização de energia solar para aquecimento ou resfriamento de ambientes; utilização de fluidos de refrigeração alternativos, reciclando aerosóis por exemplo.
Com os pontos de ação apresentados, resta ao poder público criar políticas que facilitem a prática destas ações. O americano Ira Magaziner, diretor da Iniciativa de Mudanças Climáticas da Fundação Clinton concorda com isso e clama pela diminuição urgente das emissões de CO2 em grandes cidades, principalmente no setor de edificações, onde, segundo Magaziner, no mundo 35% a 50% é desperdiçado por ineficiência ou mal uso. Outro problema das grandes cidades, levanta Magaziner, são os sistemas de água que têm perdas de até 35% com vazamentos em cidades como Londres e Paris.
Já a opinião do especialista brasileiro, o meteorologista Carlos Nobre, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais não é mais possível reverter o aquecimento global e é melhor pensar em como reduzir as catástrofes, embora concorde com todos os pontos levantados por Ira Magaziner.
Cada país tem os especialistas que merece…
Para saber mais:
Agência FAPESP
(Para saber o que são considerados nos outros setores da economia, consulte o Sumary for Policymakers – Working Group III, IPCC 2207, pág. 14).