Preparem a ajuda humanitária para Santa Catarina

Certa manhã dessas, ao conversar com meu amigo matutino de twitter, o @penachiando, leio uma notícia minimamente intrigante:
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Pensei com meus botões: Oh, raios! Que história é essa de ditadura ambiental?
Alguns twitts depois:
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Como assim, Bial?
Em resumo. A câmara legislativa de Santa Catarina aprovou uma lei ambiental que obriga propriedades rurais catarinenses acima de 50 hectares manterem 10 metros de mata ciliar ao longo de rios e córregos. Ocorre que o Código Florestal federal exige a manutenção de 30 metros ao longo dos mesmos rios e córregos.
Definitivamente preciso de um jurista para me explicar se é possível que uma lei estadual sobreponha-se dessa maneira a uma lei federal, mas fato é que esse anúncio causou tal rebuliço entre o Ministro do Meio Ambiente e o governo de Santa Catarina que até houve ameaça de botar a polícia defendendo os pobres agricutores barriga verdes.
Só tenho uma coisa a dizer sobre essa história: O povo tem memória curta. E os governantes não devem ter memória nenhuma! Será que vai ter ajuda humanitária para Santa Catarina na próxima enchente?
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Foto publicada no blog Alles Blau
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Saiba mais:
Lei ambiental estadual causa conflito entre SC e Minc
Mata Ciliar x Código ambiental de Santa Catarina
Código ambiental de SC será questionado na ONU

A política energética brasileira

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Flickr by ChromaticOrb under the Creative Commons
Há algumas semanas, entrei em uma discussão com o Luiz Bento, vizinho de Science Blogs, autor do Discutindo Ecologia, sobre a real necessidade de produzirmos energia a partir de termelétricas movidas a combustíveis fósseis.
O Luiz tinha acabado de assistir a uma reunião do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, que aconteceu no Centro de Tecnologia da UFRJ. Nela, o Ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc ao revisar o inventário brasileiro de emissão de gases do efeito estufa, mencionava a previsão da construção de 81 novas termelétricas no país até 2017.
Ao meu ver (pessoal e intransferível), um país com uma previsão destas caminha na contramão da história e adota uma política pública burra, atrasada e parece completamente indiferente e alienado às previsões catastróficas levantadas pelos relatórios do IPCC e os acordos da convenção das partes em relação as possíveis consequências do aquecimento global.
Mas, claro, o Ministro Carlos Minc explicou a situação, justificando que, longe de burrice, a construção de termelétricas invés de geradores de energia renovável (eólica, hidrelétrica, solar, biomassa, etc) deve-se ao “nó” dado em licenciamento de novas usinas hidrelétricas. Um suposto problema de falta de energia deveria, então, ser resolvido com a construção de outras formas geradoras de energia, e, se não nos resta opção de energia limpa (não? e eólica, solar, biomassa?) a solução mesmo seria construir termelétricas a carvão ou a óleo combustível.
O problema não pára por aí. Além de menosprezar as outras formas de obtenção de energia limpa, dizendo que são caras e inconstantes (são mesmo? e além disso são menos poluidoras) o Ministro Carlos Minc joga a culpa pela não obtenção de licenciamento de hidrelétricas nos ambientalistas (ele, inclusive?), e os chama de eco-hipócritas e eco-demagogos (ele, inclusive?).
Devo admitir que fiquei bestificada com essas colocações, até porque via no Ministro Carlos Minc um cidadão preocupado com os destinos ambientais do país, um ambientalista e um ativista.
Fiquei, por um momento tentada a buscar n informações sobre usinas de energia limpa, comparar dados, construir planilhas. Isso, obviamente, me consumiria um tempo que não tenho, então desistir da tentação foi relativamente fácil. Mas fiquei extremamente grata ao colunista da CBN Sérgio Abranches por uma de suas colocações, a Senadora Marina Silva e, posteriormente, ao professor José Goldemberg, especialista em energia da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.
A senadora Marina Silva (PT-AC), em palestra na USP, organizada pelo IEA, levantou uma excelente questão: os ambientalistas sempre poderão ser considerados bodes expiatórios para todos os problemas ambientais do país.
Até porque, imagino eu, os ambientalistas são um grupo tão cheio que podem ser unidos em um único grupo assim como podemos unir algas em um mesmo grupo taxonômico, ou unir políticos sob um mesmo ideal. Marina Silva também trouxe um número importante: disse ela que 45,4% da matriz energética brasileira é limpa (Fonte: Ministério de Minas e Energia, 2008).
Sérgio Abranches dizia que

[…] para reduzir a margem de rentabilidade das eólicas, das usinas a vento, porque tem um custo de manutenção muito baixo então o custo benefício delas é muito favorável, eles fizeram uma manipulação no cálculo do custo benefício que permite avaliar as empresas na hora dos leilões, que teve como consequência premiar as termelétricas a carvao e viabilizar as termelétricas a óleo diesel que são as mais caras e as piores que tem […]. Houve um erro grosseiro da política de energia do governo, que o governo não quer reconhecer, não quer voltar atras, e aí diz que são os ambientalistas.
[…] Nós estamos na contramão do mundo, o mundo tá erradicando, tá tentando erradicar o uso de carvão, tá tentando trocar as termelétricas por energia renovável, nós temos um enorme potencial de energia renovável e estamos aumentando a participação dos combustíveis fósseis, do carvão e do óleo diesel e […] bloqueando o uso das energias renováveis no Brasil […]. Isso não tem nada a ver  com ambientalismo tem a ver com uma péssima política de energia que está na contramão do mundo.

Ouça:
O IBAMA pretende reduzir o impacto ambiental causado por usinas termelétricas movidas a carvão e óleo diesel. As usinas terão que prever o plantio de árvores para absorver pelo menos 1/3 dos gases causadores do efeito estufa [maldita neutralização de carbono]. Os outros terão de ser mitigados no investimento em produção de energias renováveis.
Ao ser perguntado sobre a construção das usinas térmicas, o professor José Goldemberg pôs em cheque o real déficit de energia no país.

[…] o Brasil, que sempre teve sua matriz energética limpa, está expandindo sua matriz não na direção correta, construindo mais hidrelétricas, mas construindo térmicas, né? Isso tem provocado críticas tremendas e o Ministério de Minas e Energia se defendia dizendo que a culpa era do Ministério de Meio Ambiente, viu? E agora então veio o troco do Ministério do Meio Ambiente, né? Eu acho que é um remendo, viu? Quer dizer, a solução mesmo é mexer na política energética de modo que se construa usinas hidrelétricas ou usinas que usem energia dos ventos ou energia fotovoltáica. […] 1/3 de plantio de árvores não é suficiente mas ainda é bastante, viu? Vai encarecer a energia, viu? […]
[…] esse argumento desses defensores de energia usando carvão e diesel estão completamente equivocas, no momento não há perigo nenhum de racionamento, choveu à beça no ano passado e no começo desse ano. Essa é uma situação que ocorria a dois, três anos atrás, não há urgência nenhuma, viu? O que há é que o Ministério de Minas e energia entrou na direção errada, viu? E se o problema e de mais urgência porque não fazer parques eólicos no Norte do país? […] Maranhão, Piauí […]
Eu acho que o governo entrou numa direção errada, o Ministério do Meio Ambiente demorou para atuar, finalmente atuou, ótimo. Provavelmente as medidas deles são insuficientes. O que precisava é rever o processo de licienciamento de usinas de modo que as usinas que efetivamente são adequadas são licenciadas rapidamente.

Ouça:
UFA! Fiquei bem mais tranquila em perceber que minhas observações não estavam assim tão erradas. Também fiquei tranquila em saber que especialistas no assunto tocaram em pontos que eu imaginava corretos. Pena que o governo insiste em andar para trás. ACORDA GOVERNO!

Bem-vindos sciblings!

Dou boas vindas ao novo blog do Science Blogs Brasil!

banner ciencia e ideias.JPGCiência e Ideias, de Maria Guimarães e João Alexandrino.
Informação científica de qualidade na medida certa. Jornalismo científico de primeira. Notícias quentes e populares. Tem que ir lá olhar!

Pegada 23 – Sustentabilidade

Acabei de voltar de um banco. Uma das propagandas dizia:

SUSTENTABILIDADE É QUANDO VOCÊ INVESTE NO FUTURO DO PLANETA E NO SEU

Eu não poderia discordar mais. Enquanto as pessoas acharem que ser sustetável é cuidar do SEU futuro, teremos aquelas discussões extremamente basais e infrutíferas como: “Por que reduzir o MEU consumo de carne se MEU vizinho não reduz?”, ou “Por que usar um carro 1.0 flex se EU tenho dinheiro para comprar um 4×4 para andar na cidade?” ou “Vamos cuidar da crise econômica e ambiental do NOSSO país!”, ou ainda “O Brasil vai lutar para ganhar créditos de carbono por manter SUAS florestas mas não vai deixar de emitir gases do efeito estufa pois SUA responsabilidade histórica em relação ao aquecimento global é baixa e NÓS temos que crescer economcamente”.
Enquanto sustentabilidade não for uma preocupação com o que deixaremos para as gerações futuras, estaremos em um caminho paliativo e infrutífero (pelo menos para a maioria da população).

Dia da Terra – Como estão as negociações sobre o clima?

ChargeGylvanNature.jpgCharge disponível em: http://www.nature.com/nature/journal/v455/n7214/full/455737a.html

Hoje, 22 de abril, comemora-se o Dia da Terra. Para celebrar essa data, aproveitei uma pseudo-férias para ir à USP, assistir a um debate que promete analisar as negociações sobre mudanças climáticas, o que já foi feito, o que tem sido feito, o que será feito para as negociações internacionais e as perspectivas nacionais em políticas públicas. 
Na chegada ao debate, no IEA, já tive uma pequena disputa de trânsito com uma fulana que definitivamente não sabe dirigir, num Tucson. Está agora sentada ao meu lado. Espero que ela tenha grandes contribuições para dar sobre o tema, já que deve ser uma pessoa muito consciente sobre suas emissões pessoais de gases do efeito estufa. 
Na mesa de discussões, apenas nomes de respeito: Sérgio Serra, Gylvan Meira, Adriano Santhiago, Paulo Artaxo, Tercio Ambrizzi, José Eli da Veiga e Wagner Costa Ribeiro. Em discussão, o encontro em Copenhagen (COP-15), o mapa do caminho de Bali (COP-14) e os trilhos formados pelos grupos de trabalho AWG-KP e AWG-LCA, as políticas públicas dos EUA, o Protocolo de Kyoto e o segundo período de compromisso a ser assumido pós 2012, G-20 e UNFCCC, entre outros. 
Resumo da ópera: 
+ Há um grupo Ad Hoc discutindo o futuro do Protocolo de Kyoto (AWG-KP) e o segundo período de compromissos, que deverá ser firmado após 2012, quando expira o prazo para as reduções de emissões previstas pelo Protocolo. 
+ Há um outro grupo Ad Hoc discutindo formas cooperativas de ação a longo prazo (AWG-LCA) para mitigar as emissões de GEEs.
+ Todos esperam uma definição dos EUA sobre as políticas em relação às mudanças climáticas, mesmo sem terem ratificado o protocolo de Kyoto. Uma política de “cap and dividend”, será?
+ Há uma esperança de que o G-20 – que contempla o grupo dos países que deve ser responsável por cerca de 82% das emissões de gases do efeito estufa do mundo até 2015 – proponha medidas de mitigação dos gases do efeito estufa além dos objetivos da UNFCCC. [Minha opinião: não vai acontecer.]
+ Infelizmente, mitigação parece ser a ponta do tripé mais discutido entre os delegados da UNFCCC. Adaptação (o que faremos quando as consequências do aquecimento global começarem a ser sentidas?) e vulnerabilidade (quais as regiões mais vulneráveis aos efeitos do aquecimento global?) são os primos pobres dessa discussão.

+ No Brasil, há grandes discussões sobre REDD (Redução das Emissões de Desmatamento e Degradação ambiental), ou seja, uma política de incentivos para redução de emissões de gases do efeito estufa provenientes de desmatamento e degradação ambiental em países em desenvolvimento que fazem correta conservação, manejo sustentável e aumento dos estoques de CO2 em florestas. [Deve-se lembrar que o Brasil está planejando a adoção de uma matriz energética movida a combustíveis fósseis (termelétricas), aumentando a intensidade de carbono da economia, fragilizando nossas posições na UNFCCC].

Basicamente, enquanto os delegados dos mais de 192 países membros da UNFCCC discutem se querem trabalhar com um plano de mitigação, adaptação e vulnerabilidade com base em uma perspectiva de um aumento de 2 ou 4 graus Celsius, o Brasil insiste na política da responsabilidade histórica e os países do G-20 fingem que a crise ambiental merece menos atenção do que a crise econômica, o Planeta Terra esquenta, e a fulana do Tucson dirige por aí sem nenhuma responsabilidade por suas ações pessoais e o aquecimento global faz suas vítimas.

Meio ambiente e educação 3 – O mapa dos maiores emissores de GEE

Um dos posts mais visitados do Rastro de Carbono é o que fala sobre os países que mais emitem CO2 no mundo.

Sempre é necessário lembrar que quando se fala em emissão de CO2, estamos na verdade falando sobre carbono equivalente. O cálculo do carbono equivalente leva em consideração os efeitos causados por cada um dos gases do efeito estufa (sim, são diferentes, cada um com um potencial diferente) e permite comparar os possíveis danos causados por cada um deles, como se fossem gás carbônico. Assim, por exemplo, uma única molécula de metano tem um potencial 23 vezes maior do que o gás carbônico, portanto, se consideramos que o carbono equivalente do gás carbônico é 1, o do metano é 23.

Sabendo disso, podemos comparar as emissões de gases do efeito estufa por país, por cada habitante, e saber quais são os países mais emissores. Além da tabela que pode ser vista aqui, agora há uma ferramenta bastante interessante – um mapa! É importante dizer que eu não chequei se os dados da tabela e do mapa são iguais, mas devem dar dimensões bastante aproximadas do problema.

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O mapa é bastante dinâmico e pode ser usado potencialmente apenas pelo site http://www.breathingearth.net/.

Quando se passa o mouse sobre cada país, no canto inferior esquerdo do mapa aparecem dados de geografia populacional e, na última linha, a informação CO2 emitted per person, ou seja, carbono equivalente emitido por pessoa, por ano – em toneladas! Vale a pena visitar o site e, porque não, fazer um projeto com os alunos, em parceria com as disciplinas Ciências, Geografia e Inglês.

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Outro texto que pode interessar:
CO2, todo mundo emite

Resenha: Desenvolvimento sustentável: que bicho é esse?

Assim que vi a disponibilidade desse livro, pensei: preciso resenhá-lo – os leitores do blog vão gostar, ainda mais o público mais jovem, que também é o público-alvo do livro. Escrevi para a Editora Autores Associados, e devorei o livro em poucas horas.
O prólogo é fantástico! Traz trechos do discurso de uma menina de 12 anos, chamada Severn Suzuki, na Eco-92.

Nesse momento pensei comigo: o livro vai arrasar! Mas, para minha surpresa, ele tomou um caminho bem inesperado, diferente das minhas expectativas. Isso definitivamente não me motivou inicialmente, mas agora, depois de alguns dias pós-leitura, estou percebendo o livro de outra maneira.
desenvolvimentosustentavel.jpgDesenvolvimento sustentável: que bicho é esse? é, inconscientemente (ou não) dividido em duas partes. A primeira, informa sobre acidentes nucleares, crescimento populacional, subdesenvolvimento, PIB versus IDH, civilizações maia e da Ilha de Páscoa, sobre danos à camada de ozônio, sobre escassez de água e aquecimento global.
A segunda parte, lá pela metade do livro, vai finalmente falar sobre desenvolvimento sustentável, sobre a origem do termo, resiliência, protocolo de Kyoto. Escorrega ao dar uma justificativa em com base em entropia e evolução darwiniana (não, a extinção da espécie humana não é prevista pela termodinâmica, nem por Darwin – pelo menos não como diz o livro). Nas dez últimas páginas, indica um caminho do meio, que não é nem muito otimista, nem muito pessimista em relação ao desenvolvimento econômico, social e ambiental (embora eu também discorde um pouquinho sobre ser a educação a única salvação para a pobreza e a exclusão social – mas disso eu escrevo quando estiver resenhando o livro do Yunus).
O que para mim desmotivou durante a leitura foi que o livro dá informações e dados sobre diferentes visões sobre o assunto, mas ele mesmo não toma partido de nada, não se define, não defende nem ataca. Expõe a Ciência, os paradoxos existentes entre diferentes vertentes de pensamento, equilibra as informações em uma balança. E isso me incomodou porque nem sempre dá para equilibrar as informações, porque há mais controvérsia em um lado e um pouco mais de clareza nas hipóteses em outro, porque os paradoxos não são assim tão mal resolvidos. Há mais em cada ponto levantado, outras ideias, outros argumentos, outras hipóteses que poderiam ter sido discutidas.
Hoje, alguns dias depois da leitura, o que me fez de fato gostar do livro são exatamente os pontos que me desmotivaram no primeiro momento. Por quê? Porque com esse tipo de abordagem fica excelente para o professor problematizar questões, buscar o conhecimento prévio dos alunos acerca do tema, motivá-los para o debate aberto, sem pré-julgamentos ou definições.
O livro, ao não expor uma opinião, faz com que os alunos PENSEM, DISCUTAM, PROBLEMATIZEM.
Desenvolvimento sustentável: que bicho é esse? é da Editora Autores Associados e foi uma cortesia para este blog.

Bem vindos sciblings!

Parem de ajudar o Planeta, por favor!

Estou em um momento de mudança de paradigmas, de vai ou racha. Tento, desde que comecei esse blog, ter uma visão positiva das ações verdes que vejo por aí. Mesmo detestando “green washing” busco ver o que há de bom na propaganda, ou na ação promovida por uma empresa. Mesmo duvidando de vários produtos “ecologicamente corretos”, busco ver o que há de bom nisso, se há enriquecimento de uma cultura, preços justos, respeito aos trabalhadores, entre outras coisas.
O momento “estou em dúvida quanto às minhas tentativas de ver pontos positivos” veio por conta de três acontecimentos essa semana. Estes três acontecimentos estão me levando a abandonar o velho pensamento e iniciar um novo, que estou chamando atualmente de “parem de ajudar o Planeta!”. Ele precisa de uma folga de tantas intenções de ajuda. Creio até que ele deve ficar melhor sem elas.
Atente! Não estou dizendo sobre TODAS as intenções. Só das representadas pelos três acontecimentos da semana.
Pare.jpgBy elNico on Flickr
Primeiro acontecimento: veio através da lista de discussão dos sciblings. Estarrecedor! O dito gestor ambiental da DERSA, Marcelo Arreguy Barbosa tem a cara de pau de dizer que “a natureza é a responsável pelas mortes, jamais o empreendimento”, justificando (se é que isso é possível) a morte de animais (inclusive de espécies ameaçadas de extinção), direta ou indiretamente relacionadas com a construção do trecho sul da obra do Rodoanel, em São Paulo. [Saiba mais aqui.]
Como não? Seguindo a lógica do dito gestor ambiental, a natureza é obviamente responsável pelo derretimento das calotas polares (afinal, quem mandou a natureza subir a temperatura média global?) e também pela escassez de água para beber em algumas áreas do globo (natureza boba, chata e feia! quem mandou programar a deriva continental e a distribuição de fontes de água potável desta maneira?)
Segundo acontecimento: veio de uma conversa com a Claudia Chow e, depois, da minha leitura dos posts (aquele e esse) sobre uma certa ação, provavelmente relacionada ao programa Aprendiz Universitário. Clau Chow, aproveitando seu momento Roberto Justus, demitiu todo mundo e com razão! Se os profissionais que estão preparados para ingressar no mercado de trabalho tem, frente aos recursos apresentandos pela dita operadora, essa visão pobre e burra sobre os potenciais de projetos sustentáveis de uma empresa estamos ferrados!
Gente!!!! Não pode!!! Estou estarrecida de novo, e é só terça-feira! Pára com isso! É ótimo plantar árvores? Fato! Todo mundo gosta de ganhar “eco-brindes”? Fato também! Mas até quando os profissionais vão empurrar a responsabilidade para o SOS Mata Atlântica ou para alguma empresa de brindes?! Bora fazer algo novo?!
O terceiro acontecimento: esse veio do Discutindo Ecologia e foi o mais decepcionante de todos. Juro… fiquei triste mesmo, fiquei chocada, fiquei mal o dia todo (e por isso estou escrevendo esse post). Numa ação desajeitada e aparentemente mal planejada, o Greenpeace enfiou os pés pelas mãos. A ideia – muito boa, mas de boas intenções… – era chamar a atenção dos líderes mundiais reunidos no encontro do G20, para que olhassem para as pessoas e para as mudanças climáticas antes de tomarem suas decisões.
Pois bem… o próprio Greenpeace contrariou suas reivindicações e os próprios ativistas, bem ali, no local da manifestação, causaram transtornos para as pessoas e para o meio ambiente. Parece pouco, mas, por conta da ação foram produzidos centenas de quilômetros de congestionamentos, pessoas ficaram atrasadas, estressadas e enlouquecidas, nem sei quantificar a quantidade de gases do efeito estufa emitidos. Bela ação para mostrar o despreparo e a falta de planejamento logístico dessa instituição que merecia mais de seus ativistas.
Por favor, Marcelo Arreguy Barbosa, aprendizes universitários e Greenpeace! Se for desse jeito, pelamordedeus: Parem de ajudar o Planeta!

Pegada 22 – Quando a irresponsável tem poder

Fato:
Mais de 100 animais silvestres, parte de espécies ameaçadas de extinção, morreram desde o início das obras do trecho sul do Rodoanel, que ocupa área de Mata Atlântica.
Explicação:

Os animais receberam o tratamento adequado. A natureza é a responsável pelas mortes, jamais o empreendimento“. Gerente de gestão ambiental da Desenvolvimento Rodoviário SA (Dersa), Marcelo Arreguy Barbosa.

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Saiba mais: Jornal da Tarde