A vez das algas

Afinal, o que as algas tem com o nosso rastro de carbono? Bem, as algas podem ser usadas na alimentação, são o verdadeiro “pulmão do mundo” e podem ser matéria-prima para biocombustíveis.

Na biologia, classificar as algas é uma tarefa para poucos. As algas não constituem um grupo único, mas estão no reino dos protistas, no das plantas e no reino das bactérias. Todas as características que as unem (ou não) como algas é o fato de realizarem fotossíntese (como todas as plantas, cianobactérias e alguns protistas), não apresentarem caules, folhas ou raízes verdadeiras (o que tb une as briófitas)… enfim… é difícil mesmo classificar. Mas está cada vez mais em pauta saber do que as algas são capazes.

Na alimentação

Algas são alimentos saudáveis, utilizadas a milênios pela comunidade oriental (quem gosta e conhece restaurantes japoneses sabe disso).

Na dieta ocidental, a presença das algas é mais discreta. Temos algas (ou ao menos parte delas),  no sorvete, em iogurtes e na cerveja. (Quer saber onde elas estão escondidas? Clique aqui que Guto e Dadá explicam para você).

Atualmente, a proposta é de que se use algas para enriquecer outros alimentos, como carnes. A ideia é bem simples. Indústrias podem fazer um extrato de algas em pó, rico em carboidratos, que não tem cheiro, nem sabor. Esse pó pode ser usado para enriquecer produtos como a carne. Além do aumento da ingestão de fibras, essencial para o bom funcionamento dos intestinos, há menos consumo de carne vermelha. Fora isso, fibras em geral protegem os intestinos, aumentam a absorção de nutrientes, diminuem riscos de câncer e problemas cardiovasculares (ouça mais aqui).  Só vantagens.

O “pulmão do mundo” não é a Amazônia

Muitas pessoas ainda acreditam que a Amazônia é o “pulmão do mundo”, mas não é exatamente, embora ainda haja algumas esperanças.

Desfaz-se o mito e cria-se a pergunta: Então, ó raios, quem é o pulmão do mundo? Algumas pessoas acreditam que sejam as algas marinhas presentes no fitoplâncton as maiores produtoras de gás oxigênio da Terra. Tá aqui o Jonny que não me deixa mentir sozinha.

Biocombustíveis

Não só isso, as algas também podem ser usadas como biocombustíveis! Alguns países estudam a viabilidade de se fazer piscinas gigantes de alga salgada para aumentar a produção das algas. E já há estudos sobre como transformar essa matéria-prima em combustível. (Leia mais aqui e aqui em inglês). É a era dos biocombustíveis 2.0.

Roda Viva ontem

Ontem não… Na verdade, semana passada.

Estava eu, segunda-feira passada a esta hora, sendo maquiada (!!!) para participar do Roda Viva ao lado da Maira e da Clau Chow. O entrevistado? O presidente da FUNAI, Márcio Meira. O que o Rastro de Carbono tem com índios? Talvez (mas só talvez) o Markun saiba responder.

A entrevista não foi lá aquelas coisas. Não que os entrevistadores não tivessem feito sua parte. As perguntas eram sensacionais, e tão cheias de informação, que as respostas deixaram muito a desejar. Ainda estou me perguntando se a culpa é da situação ou do presidente, mas tenho aqui minha resposta preferida.

Tento me fazer entender assim: quem é índio? Pelo estatuto de índio:

Art.3º Para os efeitos de lei, ficam estabelecidas as definições a seguir discriminadas:

I – Índio ou Silvícola – É todo indivíduo de origem e ascendência pré-colombiana que se indentifica e é intensificado como pertencente a um grupo étnico cujas características culturais o distingem da sociedade nacional;

Quem quer ser índio? Bom… tirando uma meia dúzia que acham uma maravilha se auto-nomear índio, mesmo não sendo, para “tirar proveito” dos 13% de terras destinadas a 0,3% da população nacional. Pena, desses 13% tudo é do governo. A exploração pode, desde que sustentável. A renda é pouca. Luz elétrica? Água encanada? Postos de saúde e médicos de plantão? Só para a imensa minoria. Ser índio não é fácil. E, não só isso, ser índio é ser de mais de 200 populações distintas, que falam cerca de 180 línguas distintas. Quem é índio? E, afinal, quem não é?

Os casos são muitos. É índio que morre queimado em ponto de ônibus, é índia estuprada. É índio que agride. É índio que é agredido, é índio com imensas dificuldades de inserção no que é “ser brasileiro”. É índio que cobra pedágio, que é alcoolatra. É índio que faz tráfico de drogas é índio que nem sabe que Portugal existe. Enfim… com isso, dá pra dar sempre a mesma resposta a qualquer pergunta que se faça. E as agressões? E o desmatamento? E a exploração em terras indígenas? “Depende… cada caso é um caso.”

Twittar no Roda Viva é um show a parte. Até porque, todo meu conhecimento sobre o “detrás das câmeras” era da câmera de algum colega ou parente. Televisão é uma caixa mesmo… Luzes, câmeras, ação! Desliga o celular, retoca a maquiagem. Aperta aqui, puxa o fio dali. Twitta, twitta, twitta. Ouve pergunta, ouve resposta. E se passam duas horas sem se notar.

O que tiro dessa experiência? A oportunidade é excelente. O canal está aberto. Acho que temos, finalmente, uma TV democrática.

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P.S. Dado mais importante e impressionante para mim nessa história toda (e nem foi o presidente da FUNAI quem falou): De toda área desmatada da Amazônia, somente 1,14% estão dentro de terras demarcadas indígenas.

Contextualizando Carlos Minc

A idéia deste post é dar uma introduçãozinha ao entrevistado de hoje no Roda Viva (TV Cultura, 22h40).
O novo Ministro do Meio Ambiente (MMA) substitui a ambientalista Marina Silva, que estava no cargo desde o início do governo Lula. A saída da ministra foi muito controversa e gerou repercussão até no exterior pois Marina Silva tem uma biografia brilhante na área e é muito conceituada no exterior. As razões da saída da Marina Silva, não oficialmente, é a política do Governo Lula de deixar a questão ambiental de lado frente à questões econômicas e de desenvolvimento.
Carlos Minc assume o MMA diante das enormes pressões do governo, materializadas na Ministra da Casa Civil DIlma Rousseff, para que se apresse o processo de licenciamento ambiental, necessário para a aprovação de toda obra, do governo ou não.
Ex-guerrilheiro, membro-fundador do Partido Verde, deputado estadual por 6 mandatos seguidos e Secretaria de Estado do Ambiente do RIo de Janeiro, o novo ministro tem como desafio mostrar que consegue ter relevância federal, uma vez que sua esfera de atuação tem sido, principalmente, a estadual.
Espero que a entrevista logo mais discuta a questão da ocupação e do desmatamento na Amazônia (principalmente do Programa Amazônia Sustentável), a proteção de ambientes fora da Amazônia, o futuro dos biocombustíveis e como mantê-los genuinamente verdes.
E, afinal, quem deveríamos priorizar, o desenvolvimento ou o ambiente? Por quê é quase impossível conciliar ambos?
Veja a página de Carlos Minc.