“Do Tamanduatey ao Pinheiros” ou “O que fizemos com o rio?”

Rio, que rio? Tudo o que sinto é o cheiro, principalmente nos dias quentes.

Esta é uma frase fictícia. Porém não irreal. Todos os dias olho pela janela do trem, o rio Pinheiros. E todos os dias fico imaginando o que seria do rio se ele fosse diferente. Se ele fosse um rio, a bem dizer. Se ele tivesse um fluxo. Se ele tivesse cor de rio. Se ele tivesse curvas (como um rio).

Mas a história do rio é outra. E é triste. Tudo tem relação com uma cidadezinha, de aproximadamente 20 mil habitantes, que, em duzentos anos, passou a ter 11 milhões. E os habitantes precisavam de energia! E pra gerar energia que os problemas do Tamanduatey começaram.

Começaram quando uma certa companhia canadense, resolveu se aproveitar de uma lei e de uma enchente. E, em 1929, em plena quebra da bolsa de New York, que a The São Paulo Railway Light and Power se aproveitou das grandes chuvas que assolavam São Paulo para, numa manobra “absolutamente legal” se apossar de quilômetros e quilômetros de várzea. E se aproveitaram do rio para inverter seu fluxo e bombear água para a represa Billings, e de lá para a usina hidrelétrica Borden, em Cubatão.

A preocupação da cidade com o rio nunca foi de abastecimento de água. Foi de geração de energia. E aos poucos, com o crescimento da economia e a chegada das indústrias, o rio foi ficando mais e mais poluído. E não é a toa que o que vejo todos os dias do trem é um imenso córrego de água preta e parada. Por isso, nadadores, remadores e lavadeiras tiveram que deixar o rio.

Conta que os trilhos do bonde chegavam até o rio, transportando areia… era um bonde de carga. Do rio Pinheiros tiravam areia usada nas construções. Tinha cachoeira. A água era uma maravilha… um compadre tinha um barco, às vezes me levava para passear… o rio foi retificado e transformou-se num esgoto a céu aberto. Esse pedaço daqui ainda era limpo, mas logo ali na frente a gente via o esgoto caindo no rio. Celeste, 89 anos.

E por que o rio não fica limpo? Por que não há programas públicos? Pra falar a verdade programas até existem. O projeto POMAR busca um dos desafios, que, para mim, é o maior de todos. Trazer as pessoas para perto do rio. Fazê-las reconhecer que o córrego preto é um rio. É um “exercício ambiental de resgate da cidadania” não do rio, mas das milhares de pessoas que passam por ele todos os dias, sem notar que ele existe (a não ser quando ele fede).

Perceber o rio, sentir que ele faz parte da cidade, olhá-lo e observá-lo são tarefas que as pessoas que passam pelo Pinheiros têm de fazer. O envolvimento das pessoas, as ações pessoais, as pressões para políticas públicas eficientes são de fundamental importância para que o Pinheiros volte a ser um rio.
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Este texto foi escrito para a Blogagem Coletiva Blogueiro Repórter. Caso você tenha gostado do texto, por favor, vote nele no Dihitt.

Fala Leitor!

Olá Paula,

procurando sobre ciclovias do mundo encontrei uma postagem sua no blog da “Faça a sua parte” Achei muito interessante, porém triste. Pois vc não mencionou sobre as ciclovias de Sorocaba.
Vc já as viu?
São mt interessantes, pois diferentes das outras turisticas do Brasil, como a do RJ que é só na orla, as de Sorocaba interligam a cidade para que o cidadão possa justamente utilizar a bicicleta como meio de transporte. E a prefeitura ainda esta organizando além de passeios foruns de debates sobre a utilização da bicicleta.
Dê uma olhada no pequeno documentario que fiz sobre um trabalhador sorocabano que cruza a cidade diariamente de bicicleta rumo ao seu serviço.

http://www.youtube.com/watch?v=ncf0LmDwLtM

Muito obrigado!
Abraço!!

Bruno
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Oi Bruno,

Não conhecia não! Mas vou ver… De qualquer maneira, parabéns para Sorocaba! E que todas as cidades sigam o seu exemplo!
Se você quiser dar uma olhadinha na matéria original, que eu publiquei aqui no Rastro de Carbono, aí vai o link.

Abraços!

Bom humor é sempre bom

Divirtam-se!

O meu favorito é o “Eat local”.
Fonte: PHD Comics

Agenda 6 e 7 de maio

O que: Desmatamento na Amazônia: um diálogo necessário. É possível?
Onde: Museu Paraense Emílio Goeldi (Mpeg) e o Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará (Idesp), Belém (PA)
Quando: 6 e 7 de maio
Objetivo: Aprofundar o conhecimento sobre o desmatamento da maior floresta tropical do mundo, a partir do ponto de vista da comunidade científica, das organizações não-governamentais e dos empresários. A idéia é realizar um amplo diálogo entre esses atores para sistematizar recomendações aos tomadores de decisões.
Mais informações: (91) 3219-3312

Interessantíssimo! Pena que São Paulo é tão longe e as passagens são tão caras… Fica a dica pra quem mora mais perto.

Mementrevista de estréia (ou de despedida)

Eu queria fazer minha estréia oficial na nova casa do Rastro de Carbono com o Mementrevista que eu li no Viajante Consciente, que leu no Uma malla pelo mundo, mas a casa nova do Rastro está com problemas e eu não vejo mais a hora de voltar a ser blogueira.
Sendo assim, o Mementrevista será (eu espero) o post de despedida do blogspot!

1. Por que resolveu criar o blog?
Estava na Inglaterra, sem ter o que fazer. Depois de procurar muito por atividades, me deparei com a Cambridge Carbon Footprint, uma simpática ONG movida pela incrível Ro e pelo Andi. A Cambrigde Carbon Footprint ainda hospedava o Akashi Project e a Shilpa, uma das pessoas mais empolgadas com trabalho que eu já conheci.
Comecei a trabalhar voluntariamente na ONG e entrei em contato com muito material publicado sobre mudanças climáticas. Entre muitas descobertas, percebi que no Brasil havia uma total ausência de bons materiais sobre o tema. Com uma vontade enorme mas despretenciosamente, comecei o Rastro de Carbono.

2. O que te dá mais prazer em blogar?
Gosto de blogar porque gosto. Parafraseando, nada no blog exagera ou exclui. É uma ferramenta de massa, para as pessoas, e das pessoas pertence. Gosto de blogar para o mundo, mesmo que o mundo seja somente eu e alguns fiéis leitores.

3. Indique um blog bom e um que você não gosta e por quê.
Dot Earth é um blog sensacional. Gosto das opiniões bem argumentadas. Infelizmente andei uns meses afastada dos blogs e nem a minha rede favorita consegui olhar. Devo dizer que, no mundo dos blogs, atualização é fundamental.
Gosto do Sustentabilidade/Ecodesenvolvimento, da Clau Chow. Espero que ela não desanime e continue postando sempre. Gosto das opiniões, das fotos, da organização. Enfim… se o Rastro de Carbono não fosse o meu blog, gostaria que o Sustentabilidade/Ecodesenvolvimento fosse.
Blog ruim? Nem leio!

4. Qual tipo de música você ouve, e quais suas bandas favoritas?
Ouço música popular brasileira e músicas da modinha. Das MPBs gosto de Maria Rita, Monica Salmaso, Tereza Cristina, Vanessa da Mata. Gosto de músicas inteligentes para crianças, como as do Paulo Tatit e do Hélio Ziskind.

5. Qual o assunto que você mais gosta de postar?
Gosto de postar sobre o que é feito em termos de políticas públicas para melhorar nossa vida no planeta. Também gosto de postar sobre as bases científicas e contra-argumentos que hipotetizam as mudanças climáticas e o aquecimento global. E por último, mas talvez o mais importante, gosto de postar sobre mudanças pessoais e de hábitos que podem fazer toda a diferença para conter a poluição do ar, da água e do solo e consequentemente conter o aquecimento global.

6. Seaquinevasseceusavaesqui?
Esquisónãomastambémgorrocachecoleluva. Mas no momento ando usando somente galochas.

7. Você é: casada, solteira, separada, enrolada, desquitada, chutada, viúva ou outros?
Casada

8. Por que você deu este nome ao seu blog?
Porque acho o termo “Pegada de carbono” muito leve. Uma pegada é uma marca única, mas o que estamos deixando no planeta com todas as nossas ações muitas vezes impensadas é mesmo um rastro.

9. Qual foi o último blog que você visitou?
Viajante consciente

10. Por que resolveu participar deste meme?
Porque queria inaugurar oficialmente meu blog novo. Ou me despedir do velho, sei lá agora…

Jogo o convite ao vento! Que ele caia sobre uma terra fértil e germine!


The Animals Save the Planet

A rede Animal Planet, em conjunto com a Aardman (produtora de Fuga das Galinhas e allace e Gromit), fizeram a série The Animals Save the Planet, 12 curtas em stop motion com temas ecológicos. Tem vídeos sobre o uso da água, emissões de carbono, economia de energia e outros. Todos possuem animais como protagonistas. Uma boa diversão pro feriado!

Os nossos preferidos são o da medusinha e o do urso polar com um pingüim.


Feliz dia, TERRA!

Dia 22 de abril comemora-se o dia da Terra.

E pra comemorar, tivemos um tremor de terra em São Paulo, talvez um dos primeiros a passarem dos 5 graus na escala Richter registrados no século.

Feliz Dia da Terra!

Não só dia da terra, mas da água, dos seres vivos que aqui habitam o dia da Terra deve ser um importante tempo de reflexão.
Reflexão de como temos nos comportado, como seres inteligentes que somos, para uma proposta real de planejamento presente e futuro para os que aqui dividem esse espaço.
Reflexão de como temos agido em relação aos conhecimentos científicos que já existem e que alardam sobre os perigos a que estamos submetendo nosso planeta e a sobrevivência de diversas pessoas.
Reflexão de como temos feito nossa parte, de como temos reciclado nosso lixo, reduzido nosso consumo e reutilizado o que parece muitas vezes não ter mais utilidade.
Reflexão de como temos instruído e informado pessoas sobre como ser mais ativo e atuante, realizando mudanças reais no nosso estilo de vida.
Reflexão de como temos sido parte dessa Terra, nossa Gaia.

Que o dia da Terra sirva como marco de um novo pensamento, mais moderno, mais humano, mais real, mais tecnológico. Que seja o marco de uma vida mais simples, mais tranquila, mais consciente. Mas que também seja o marco do menos. Menos egoísmo, menos consumo, menos poluição.

Feliz dia, TERRA!

Frase do dia

O que transformou o mundo não foi a utopia, foi a necessidade.

José Saramago, 2005

O uso inapropriado do Eco

Este texto faz parte da Blogagem Inédita proposta pelo Interney: Trata-se de um assunto não publicado em nenhuma outra fonte. Todas as pesquisas, fotos e entrevistas necessárias para a publicação desse conteúdo foram feitas exclusivamente pelo Rastro de Carbono.
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Depois da chegada da nova onda pró-ambiental, devido ao aquecimento global e toda a ciência e política envolvida no caso, fica cada vez mais comum empresas, indústrias, publicidades, e afins, buscarem clientes prometendo, digamos, “eco-coisas”.
Os produtos que se dizem ecologicamente corretos invadem as propagandas de TV, a gasolina do seu carro, o guarda-roupa, os lançamentos em eletrodomésticos, as prateleiras dos supermercados e toda uma gama de produtos “verdes” começa a invadir nossa vida.
Vamos ao estudo de caso, que pesquisei durante essa semana:
A empresa “eco-coisas” em questão é dona de empreendimentos imobiliários. Entre as vantagens de se ter um imóvel “eco-coisa” estão a captação de água de chuva, um pomar na área comum, rochas vulcânicas vindas de sei lá de onde pras churrasqueiras individuais em cada apartamento e um tal de elevador ecológico, revestido com madeira de reflorestamento com som ambiente e imagens da natureza.
A crítica começa aqui. Som e imagens da natureza no elevador é um consumo de energia absolutamente desnecessário. Fora a área comum com brinquedoteca, sauna, fitness, sala de estudos e mais um sem número de “vantagens” que todo mundo que mora em apartamento sabe que depois da festinha inicial da novidade ninguém mais usa, só mostram o total descaso com o meio ambiente.
Aliás, as empresas “eco-coisas” em geral, mostram que na verdade, a idéia não é promover uma discussão ou uma conscientização sobre o tema, mas sim vender um produto com uma roupagem “verde” que não existe.
Voltemos ao estudo de caso. O empreendimento “eco-coisa” foi lançado esse final de semana, e, como não podia deixar de ser, botou propagandas espalhadas por todo o bairro onde o dito cujo do empreendimento está. Folhetos com propaganda no semáforo, meninas com bandeirolas na esquina, cartazes e cartazes – aqueles que junto com os panfletos estão proibidos pela lei cidade limpa – e garotas menores de idade trabalhando por um dinheiro mínimo pra saírem correndo com as tais propagandas caso alguma fiscalização apareça.
Benditos produtos “eco-coisas”! O mínimo do bom senso e da coerência seria esperar que os tais futuros moradores do empreendimento “eco-coisa” não estejam buscando um empreendimento “verde”. Espero que eles estejam plenamente conscientes de que, de “verde” o produto que eles compram não tem nada. Pelo menos assim, a propaganda não teria servido de nada e seria só mais um empreendimento imobiliário como os vários, todos voltados para o consumo excessivo de toda e qualquer “novidade” que apareça por aí e faça brotar mais dinheiro nos cofres de alguém.
Mando as fotos de um dos cartazes da “eco-coisas” (acima à esquerda) e mais a fachada do apartamento decorado, com holofotes de luz todas as noites apontando o céu de Sampa (à direita).

Mulheres…

Não é a toa que Pachamama é a deusa da Terra. Nem que Yara é a deusa das águas. Parece que a muito tempo se sabe que, se alguém tem que dar atenção ao planeta, esse alguém somos nós, mulheres.
Nós mulheres somos os seres dotados da força, da vontade, do poder de dar continuidade à humanidade. E, fato é, somos as responsáveis pela educação ambiental das pessoas que nos cercam. E é a partir de nós que mudanças são feitas no estilo de vida da nossa família.
+ Quem controla o tempo do banho dos filhos?
+ Quem vai ao supermercado e leva sacolas retornáveis, caixas desmontáveis?
+ Quem é que controla os gastos de água e energia elétrica de casa?
+ Quem escolhe o cardápio da semana?
Se “uma mulher” não for pelo menos 80% das respostas dadas para as perguntas, eu me dou por vencida e me calo.
Somos nós as verdadeiras responsáveis pelas mudanças de hábitos na nossa casa, no nosso trabalho, com os nossos amigos. Querendo ou não, somos exemplos para nossos pais, nossa família. O poder de mudar hábitos está nas nossas mãos. Se inventamos não comer carne um dia da semana, a família toda vai ter que ser vegetariana por um dia. Se inventamos que o banho em casa não pode ser no horário de pico e deve ser curto, a família responde. Se resolvemos não usar sacolas plásticas do supermercado, não usamos. E, até podemos mudar alguns amigos se resolvemos levar um copo de vidro pro escritório, evitando os plásticos.
Mulheres! Fato é que somos todos os dias, um pouco Mãe-Terra.