Livro sobre meditação e compaixão livre para download!

Titel.English.iPadFoi com muito entusiasmo que vi na revista Science esses dias uma matéria sobre meditação e compaixão (ambos temas centrais no meu mestrado \o/). A matéria explorava a pesquisa da professora Tania Singer, uma das mais importantes pesquisadoras atualmente no campo da neurociência social da empatia. Ela está conduzindo um estudo de grande porte para testar se a compaixão pode ser treinada e cultivada por meio da meditação. Ela também pretende entender o que ocorre no nosso cérebro enquanto realizamos meditação. Foi nessa matéria também que descobri que ela editou um livro com Matthias Bolz sobre a prática e a ciência da compaixão e disponibilizou o livro online para qualquer pessoa no mundo fazer o download totalmente de graça. O livro parece ser interessante tanto para praticantes iniciantes quanto avançados de meditação, bem como para pesquisadores ou apenas curiosos pelo tema da compaixão. Portanto, se você quer saber um pouco mais sobre a ciência da compaixão e da meditação ou apenas deseja conhecer um pouco mais dessa prática, esse parece um ótimo livro para começar! Ainda não o li, mas em breve estarei comentando sobre ele por aqui! Você pode baixar o livro aqui.

No banco dos réus: Reflexões sobre o impacto de jogos digitais no comportamento humano

Autor: Maurício Miranda Sarmet (autor convidado)*

No último dia 06/08, foi publicada no site da Folha de São Paulo a informação que o jovem suspeito pela morte dos pais, avó e tia utilizava, em seu perfil da Facebook, imagens do jogo Assassin’s Creed. Rapidamente, várias mensagens nas redes sociais criticaram a notícia, uma vez que ela associava – mesmo que indiretamente – o jogo a um comportamento violento. Várias piadas do tipo “Se o jogo influenciasse o comportamento, eu seria um encanador por jogar Mário” ou “Jogo jogos violentos desde pequeno e nunca saí matando ninguém” circularam (e ainda circulam) por aí. Além das piadas, circula a preocupação de que o jogo possa, de alguma forma, ter algum papel nesta história trágica.

 Essa não foi a única (nem a última) matéria desta natureza a ser divulgada nos meios de divulgação de massa. Assim como foi com o rádio, o cinema e a televisão, especula-se o tipo de influência que o videogame pode ter na mente e no comportamento de crianças, jovens e adultos expostos a eles. No entanto, mais do que uma questão comercial ou ideológica, trata-se de uma questão cuja resposta passa por um raciocínio empírico. Ou seja, é necessário um conjunto de estudos sistemáticos sobre o tema para chegarmos a alguma conclusão. A boa notícia é que já existem vários estudos sobre consequências positivas e negativas da exposição a jogos eletrônicos. A má notícia… bem, essa eu comentarei ao longo do texto, e nem é tão má assim (pelo menos no meu ponto de vista).

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Replicação na psicologia: Uma entrevista com Brian Nosek

Imagem retirada do blog Not Exactly Rocket Science

Imagem retirada do blog Not Exactly Rocket Science

Recentemente, a psicologia tem sido colocada a teste por um número crescente de cientistas na sua área. Eles querem saber o quão realmente replicáveis são os seus resultados, considerando a dificuldade que muitos deles tem vivido ao tentar repetir os procedimentos dos seus colegas e encontrar as mesmas coisas.

Liderando este movimento, o professor Brian Nosek da Universidade da Virginia tem conduzido o Open Science Framework (OSF), uma iniciativa que tem como objetivo produzir dados sobre a replicabilidade de pesquisas recentes na psicologia. E é com uma grande honra que hoje eu trago a vocês uma entrevista exclusiva com o próprio Brian Nosek que, apesar da sua agenda totalmente lotada, gentilmente aceitou responder a algumas perguntas sobre os seus esforços entusiasmados em investigar perguntas ainda não respondidas sobre o valor das pesquisas recentes na psicologia.

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O que bombou em 2012 no SocialMente

newyear

Um feliz ano novo especial para todos vocês, queridos leitores (mais especial ainda para os assinantes do feed)! Mais um ano passou voando, e por aqui as coisas foram bem agitadas! Que 2013 seja um ano melhor ainda para todos nós! Segue uma pequena lista dos textos mais acessados do blog durante esse ano.

O que é a terapia cognitiva?

O que é o jeitinho brasileiro?

Psicologia Brazuca: Yamamoto e a psicologia evolucionista

Insônia: Como melhorar o seu sono

Você leva jeito para psicologia?

Altruísmo ou egoísmo: Qual é a motivação para a generosidade?

O que você pensa sobre si mesmo, mas não sabe

 

 

 

Porque tentar não pensar em algo é uma cilada

thought supression

A armadilha da supressão do pensamento

Podemos sentir que controlamos nossos pensamentos quando quisermos. Se você quiser pensar, por exemplo, em uma casa, neste exato momento, você é capaz de imaginá-la detalhadamente. Mas apesar de sermos eficientes na arte de iniciar um pensamento, muitas vezes não somos igualmente bons na arte de encerrá-los ou suprimi-los. Nossos pensamentos nem sempre nos obedecem – quem nunca teve aquele pensamento que não saia da cabeça, por mais indesejável e desagradável que fosse?

O que este tipo de experiência parece indicar é que nem sempre temos o controle da nossa cognição. Se nossa capacidade de “mandar” no que iremos pensar fosse eficiente, alguns problemas que milhares de pessoas vivenciam nem deveriam existir. Um exemplo disso ocorre com pessoas que sofrem de insônia. Muitas pessoas com este problema vivenciam uma “enxurrada” de pensamentos que os induzem a um estado de agitação incompatível com o sono. Outro exemplo drástico de quem convive com este problema é quem enfrenta o Transtorno Obsessivo-Compulsivo, o famoso TOC. Nesta condição, as pessoas vivenciam diariamente pensamentos repetitivos e frequentes sobre um ou mais determinados conteúdos (ex: sujeira) que as levam a realizar ações compulsivas relacionados aos seus pensamentos obsessivos (ex: lavar a mão para evitar a sujeira). Por mais que elas tentem parar de ter estes pensamentos, eles continuam ressurgindo em suas mentes e causando sofrimento.

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Cursos gratuitos de psicologia no Coursera

O Coursera é um projeto no qual você pode fazer cursos dos mais diversos temas (biologia, astronomia, estatística, economia, música, artes, história), ministrados por professores(as) das maiores universidades do mundo, de maneira totalmente gratuita e de quebra você ainda pode ganhar um certificado de que concluiu o curso satisfatoriamente e colocar no seu currículo! As aulas e avaliações dos cursos são realizadas totalmente pela internet e não envolvem qualquer custo para quem se interessar. Vale a pena visitar a página do Coursera e dar uma olhada nos cursos que serão ofertados (tem de tudo)!

Dois cursos são especialmente interessantes para os leitores deste blog. Um deles se chama Why We Need Psychology (Porque nós precisamos da psicologia). Neste curso, o professor Simon Green da Universidade de Londres fará uma introdução à psicologia, buscando demonstrar as implicações práticas do conhecimento produzido pela área e porque ela é uma área importante.

Outro curso, ainda mais interessante, é o chamado de Social Psychology (Psicologia Social), que será ministrado pelo professor Scott Plous da Universidade Wesleyan. No curso, o professor tentará responder à questões básicas sobre o comportamento social humano baseado nas pesquisas recentes da psicologia social. Estas são duas oportunidades únicas e raras para alunos de psicologia e admiradores da área de conhecer uma psicologia muito diferente da psicologia brasileira – é uma oportunidade de conhecer a psicologia que é ensinada e feita no resto do mundo! O melhor do Coursera é que você pode se inscrever no curso e ver e/ou fazer somente aquilo que o seu tempo lhe permitir. Se você não puder assistir a todas as aulas ou fazer todas as avaliações, não poderá afirma que “fez” o curso de fato, mas ao menos você pode acabar vendo alguma aula interessante ou aprendendo algo que você poderá buscar mais quando estiver com tempo. Você não tem nada a perder independente do que fizer, então não perca essa oportunidade de conhecer melhor a psicologia!

Quer ganhar o último livro de Daniel Kahneman como presente de natal?

Se você está afim de ganhar de presente de natal o último livro do psicólogo ganhador de um prêmio nobel, Daniel Kahneman, totalmente de graça, essa é a sua grande chance! Basta você clicar aqui, curtir e compartilhar a foto, e depois clicar aqui e curtir a página do CogSoc. Quem seguir estes passos já estará automaticamente concorrendo a receber em casa um exemplar novinho do livro pertinho do natal! Quem já havia curtido a página do CogSoc só precisa curtir e compartilhar a foto de divulgação do sorteio! O sorteio ocorrerá no dia 17/12/12 e o(a) sortudo(a) será revelado na página do CogSoc. Não é todo dia que um livro destes está sendo distribuído por ai praticamente de graça, então aproveitem!!!

Nosso primeiro impulso é ser gentil ou egoísta?

Nosso primeiro impulso é ser gentil ou egoísta?

Responda o mais rápido que você puder à seguinte pergunta: se alguém te desse dez reais para fazer o que quisesse, mas dissesse que você poderia doar uma parte deste dinheiro a uma instituição de caridade, você doaria? Se sim, quanto você doaria? Agora, se possível, chame alguém próximo de você e peça para ele responder à mesma pergunta, mas use uma instrução diferente – peça para que ele pense por pelo menos dez segundos antes de responder à pergunta. Uma série de participantes foram colocados em situações parecidas com estas e os resultados foram relatados em um artigo recente na prestigiada revista Nature. O propósito do artigo era entender se, quando agimos por intuição, nosso primeiro impulso seria agir de maneira gentil ou egoísta. Além disso, também foi investigado qual seria o nosso impulso caso pensássemos mais detidamente sobre a decisão de ser gentil antes, ao invés de agir por mera intuição.

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O que você pensa sobre si mesmo, mas não sabe

Autor: Victor Keller (autor convidado)*

O que você pensa sobre si mesmo, mas não sabe

A visão que temos sobre nós mesmos, conhecida como a autoestima, tem um grande impacto em nossas vidas. Ela influi na nossa visão de mundo e, consequentemente, no nosso comportamento. Esta influência é bem conhecida na psicologia clínica, pois é um elemento associado a diversos transtornos mentais como a depressão e alguns transtornos de personalidade (e.g. narcisismo).

A autoestima pode ser entendida como a avaliação que possuímos sobre nós mesmos, podendo variar entre uma avaliação mais positiva ou negativa. Pessoas com uma autoestima muito positiva normalmente se consideram mais capazes e competentes para lidar com as situações, enquanto que pessoas com uma autoestima mais negativa normalmente pensam que são menos capazes e preparadas para lidar com as situações e responsabilidades.

Se quisermos saber qual é a avaliação consciente, ou explícita, que uma pessoa possui sobre si mesma, poderíamos pergunta-la diretamente por meio de questões como: você gosta de si mesma? Você se considera alguém capaz e competente? Existem vários instrumentos validados que medem a autoestima explícita (por exemplo, a Escala de Rosenberg).

ResearchBlogging.orgEntretanto, como a pesquisa que faz uso de medidas implícitas tem evidenciado, as pessoas nem sempre serão capazes ou estarão dispostas a relatar as suas avaliações. Muitas vezes, não temos consciência de diversas avaliações que possuímos ou, se as percebemos, muitas vezes podemos nos sentir desconfortáveis com relatá-las. A partir desta linha de pesquisa, diversos pesquisadores passaram a se perguntar se as pessoas possuem avaliações sobre si mesmas das quais elas não tem consciência, mas que mesmo assim poderiam enviesar a percepção e o comportamento delas. Esta linha de pesquisa indicou que a nossa autoestima inconsciente, ou implícita, pode nos influenciar de maneira considerável.

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Religiosidade e bondade: O bom samaritano

O bom samaritano

“Antes sede bondosos uns para com os outros, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo.”

– Efésios 4:32, Bíblia Sagrada.

Se alguém lhe pedir para pensar nas pessoas mais bondosas que você já ouviu falar, é provável que venha à sua mente, junto com alguns membros da sua própria família, alguns famosos representantes religiosos como, por exemplo, a Madre Teresa de Calcutá. Por sinal, a Madre Teresa foi usada em um estudo, já comentado aqui no blog, onde os participantes que tinham lido uma parte da biografia da Madre Teresa se demonstraram posteriormente mais prosociais com um desconhecido do que participantes que tinham lido uma parte da biografia da Margaret Thatcher. Ela se engajou frequentemente em diversos projetos sociais e por meio da ampla divulgação de suas ações generosas ao redor do mundo, ela se tornou praticamente um sinônimo de bondade.

Religiões extremamente difundidas atualmente, como a da Madre Teresa (católica), incentivam explicitamente os seus seguidores a agirem de maneira benevolente com os seus próximos (como na passagem que iniciou este texto), mas será que a religiosidade de alguém como a Madre Teresa de Calcutá tem alguma relação com a constante benevolência que ela demonstrou ao longo de sua vida? Será que pessoas religiosas como ela são mais generosas do que pessoas menos religiosas?

ResearchBlogging.orgPara tentar responder à estas perguntas, Ara Norenzayan e Azim Shariff publicaram na revista Science um artigo que buscou sistematizar o que conhecemos atualmente sobre a origem e a evolução da prosocialidade religiosa, ou seja, o suposto efeito facilitador que a religiosidade exerce na generosidade que as pessoas costumam exibir.

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