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Tudo sobre as pesquisas em animais

Segunda chuvosa com ressaca de eleições. E aí, seu candidato foi eleito? Eu prefiro nem comentar – cada um que apareceu para nos representar, afe. Acompanhando o clima, começo a semana com um tema polêmico: pesquisas feitas em animais. Para entender mais sobre o assunto, conversei com o médico Ricardo Taddeu. “As pessoas não imaginam o quanto dependem dessas pesquisas”, diz. Tire suas dúvidas e conclusões depois de ler a entrevista a seguir. Aliás, não perca e reflita sobre a última resposta.
1. Desde quando são feitas pesquisas em animais?
Quando nos referimos à medicina ocidental, provavelmente, os primeiros a utilizar animais como objeto de estudo foram os egípcios. Talvez porque isso fosse socialmente aceito, já que a dissecção de animais e corpos humanos para mumificação era procedimento rotineiro. Os gregos também realizavam dissecções, sobretudo Herophilus de Chalcedon e Erasistratus de Chios – médicos da antiguidade. Porém, foi Galeno quem alcançou um novo patamar. Ele utilizou animais em estudos que resultaram no tratado anatômico adotado pela medicina ocidental por quase 1500 anos. Além disso, foi um dos pioneiros na realização de estudos fisiológicos com animais.
2. Elas são praticadas em outros países? Quem as utiliza?
Praticamente, todos os países do mundo ocidental se valem da experimentação animal. Cada um tem uma legislação diferente, mas procuram resguardar os animais de qualquer tipo de sofrimento. No Brasil, existem leis e normas para pesquisas em humanos e em outros animais. As penas por não cumpri-las vão desde multas até detenção. Só como exemplo temos o PL 1153, a lei 6638/79, lei 9605, resolução HCPA, e as Diretrizes e Normas da CNS. A União Européia, por exemplo, restringe os testes de cosméticos em animais e espera baní-los completamente em alguns anos. A área do conhecimento humano que mais se beneficia são as ciências biológicas. Mas a psicologia também realiza alguns experimentos. Atualmente, com o desenvolvimento tecnológico, áreas que não realizavam muitos experimentos com animais, como a engenharia e a robótica, passaram a usá-los.
3. Quais animais são os mais empregados? Onde os pesquisadores obtêm esses bichos?
Praticamente todos os animais de pesquisa são roedores – ratos e camundongos – correspondendo a 95% do total de animais empregados. Ao contrário do que se acredita, cães, gatos e primatas representam juntos menos de 1% do total de animais utilizados e esse número diminui a cada ano. Os animais empregados em experimentos devem ser criados em biotérios só para essa finalidade. Isso vale para cães, gatos, porcos, primatas e, principalmente, roedores. Animais de rua capturados pela carrocinha não são usadas em experimentos por estarem em péssimas condições de saúde, o que invalidaria os resultados. Contudo, são utilizados em aulas de técnica cirúrgica nas faculdades de medicina e, no lugar de serem mortos na câmara a vácuo, são sacrificados sem sofrimento sob anestesia.
4. Se nós somos diferentes de outras espécies, os testes em animais são realmente eficazes?
Realmente, há diferenças significativas entre nós – animal humano – e outras espécies. Mas, como se pode notar, nós também somos animais e compartilhamos muitas características. De modo grosseiro, segundo Darwin, todos evoluímos de um ancestral comum. Portanto, diversos processos metabólicos e características anatômicas são iguais ou bastante semelhantes entre as diferentes espécies. Como garantir que resultados obtidos em animais sejam transponíveis para seres humanos? Não há como garantir 100%, mas com a experiência acumulada é possível minimizar os erros.
5. Quais são os tipos de pesquisas?
Didaticamente, pode-se dividi-las em básica e aplicada. A pesquisa básica objetiva gerar conhecimentos novos úteis para o avanço da ciência sem aplicação prática prevista. Envolve verdades e interesses universais. Geralmente, não possui aplicações diretas, ao menos inicialmente. Ela serve de base para a construção de hipóteses que serão testadas posteriormente. Por exemplo, descoberto em ratos uma proteína diretamente envolvida na formação de novos vasos – angiogênese – o que permite o crescimento de tumores. Mesmo sem aplicação direta, essa descoberta será a base para a busca de novas formas de tratamento do câncer. Enquanto isso, a pesquisa aplicada procura gerar conhecimentos para aplicação prática e dirigidos à solução de problemas específicos. Envolve verdades e interesses locais. Por exemplo, teste de novas drogas em animais buscando uma que seja capaz de impedir a angiogênese e, consequentemente, o crescimento tumoral. Novos medicamentos poderiam ser usados isoladamente ou combinados com outras formas de tratamento.
6. Os animais sofrem antes, durante ou depois dos experimentos?
Cada país tem sua legislação que regulamenta o uso de animais em experimentos e impede que eles sejam submetidos a experimentos que dêem sofrimento. No Brasil, existe uma lei federal que regulamenta o emprego de animais em pesquisas e proíbe qualquer tipo de maus-tratos (lei 6638/79). Segundo o USDA Annual Report – do United States Department of Agriculture -, do ano 2000, 63% dos animais empregados em pesquisa sofreram apenas um desconforto ou dor momentânea, comparável a uma picada de injeção. Do total, 29% dos animais empregados recebem anestésicos ou analgésicos e apenas 7% não recebem nenhum tipo de analgesia – porque isso interferiria no experimento. Porém a dor é minimizada o máximo possível. Além disso, ao contrário do que se acredita, cientistas não são alheios ao sofrimento animal. Primeiro, por serem seres humanos que se preocupam com os animais da mesma forma que qualquer outra pessoa. Somando-se a isso, para obter resultados válidos, os animais empregados devem estar em boas condições de saúde e higiene. A dor também é evitada, pois ela torna os animais imunossuprimidos.
7. Esse tipo de pesquisa pode ser substituído por outra?
As opções disponíveis e mais empregadas são simulações de computador, estudos in vitro e procedimento em cadáveres – como culturas de células ou tecidos humanos. Outras opções seriam observação clínica, voluntários humanos doentes ou sãos), material oriundo de mortes naturais, visualização não-invasiva em condições clínicas, observação em usuários, inferência estatística e substituição dos animais por plantas.
Atualmente, é impossível substituir completamente o uso de animais, principalmente, na experimentação. Quando se trata de animais utilizados no ensino, alguns modelos surgem como substituto, mas possuem potencial restrito, preços altos e duração limitada. É bastante complicado treinar procedimentos cirúrgicos em manequins. Desse modo, estaríamos fazendo experimentos in anima nobile – expondo o paciente ao dano e o médico ao erro.
8. Por que geram tanta polêmica?
Não existe um único motivo que possa explicar toda a polêmica. O principal deles é a ignorância e o fanatismo “quase religioso” pregado por algumas entidades de defesa dos animais. Curiosamente, os mais intolerantes são aqueles com menos informações sobre o assunto. Eles representam um grupo que, além de acreditar em fotos e vídeos sensacionalistas e falsos, ainda propagam a idéia de que experimentos com animais é tortura. Há de se convir que é uma imagem com muito apelo, porque a maioria das pessoas que gostam de animais os vê como seres puros e indefesos e não tolera imaginar o sofrimento desses “fofinhos”. Em associação, algumas entidades de defesa dos animais tratam o assunto como religião. Existe uma “indústria do ecologismo” que cresce rapidamente. Com certeza algumas entidades levam o assunto a sério, mas boa parte delas explora a ignorância das pessoas ao criar “igrejas” de adoração à natureza e repulsa ao ser humano. Talvez o ponto mais curioso nisso tudo é que os cientistas são a única parte flexível. A comunidade científica entende e aceita que o mínimo de animais deve ser sacrificado e sempre com o menor sofrimento possível. Mesmo apresentando dados sobre esses procedimentos, a incredulidade ignorante predomina.

Papa reconhece a evolução das espécies!

Extra! Extra! Vocês tinham razão, agora um buraco negro engolirá toda a Terra! Ou, no mínimo, cairá um raio sobre as nossas cabeças! 150 anos depois… ou hoje… o Vaticano reconhece a Evolução das Espécies! A Igreja Católica afirmou que a Teoria da Evolução é, sim, compatível com a Bíblia, tá?
Engraçado que eu sempre disse isso – e alguns católicos sempre discordaram. Explico. Deus criou o Bóson de Higgs que criou o Universo que criou a Terra que criou a água que criou a ameba que criou a baleia que criou o macaco que criou o homo sapiens! Não fez, exatamente, Eva e Edão num “rá!”. Aliás, esse “que criou” me lembrou uma historinha infantil, provavelmente polonesa, que minha mãe conta para mim desde que eu era criança.
Desculpas para o Darwin, o Vaticano não pediu. Tudo bem. Gianfranco Ravasi, ministro da Cultura do Vaticano, anunciou uma conferência de cientistas, teólogos e filósofos que o Vaticano promoverá em em março de 2009, na impressionante – linda, suja e quente – Roma, para comemorar os 150 anos da publicação da  “A Origem das Espécies”, de Charles Darwin: CONFERENZA STAMPA DI PRESENTAZIONE DEL CONVEGNO INTERNAZIONALE “BIOLOGICAL EVOLUTION: FACTS AND THEORIES. A CRITICAL APPRAISAL 150 YEARS AFTER ‘THE ORIGIN OF SPECIES’” (ROMA, 3-7 MARZO 2009).
Quer saber tudo o que a Igreja Católica pensa e mais detalhes sobre o evento? Clique aqui e leia um documento emitido, pelo Vaticano, para a imprensa. Está em italiano. Mas como o italiano entende português e o brasileiro o que der e vier, fiz uma tosca tradução abaixo de um trecho dele – o texto é imenso:
“Muitas vezes o tema é discutido de forma mais ideológica que científica, como era sua verdadeira face. Muitos têm gerado confusão, colocando em oposição frontal o ‘evolucionismo’ e o ‘criacionismo’. Essas confusões, também contribuíram para a recente posição do chamado ‘Design Inteligente’ que tem a intenção de tornar insuficiente as alavancas da teoria neodarwiniana (…) como se apenas o ‘design inteligente’ de Deus poderia explicar os processos de evolução. Desta forma, o divino teria como finalidade substituir o mecanismo. Enquanto que eles são, obviamente, dois planos distintos. (…) A Igreja se mostra profundamente preocupada com esse diálogo, respeitando plenamente, as responsabilidades de cada um”.
Sarah Palin, abraço!
Engraçado que hoje mesmo eu conversava com meu amigo Fábio sobre tema semelhante. A ciência será “quem” ditará os comportamentos e modos – o que já acontece. Não que a Igreja perca seu valor nem que uma substitua a outra. Já diria a máxima: “Ado, ado, cada um no seu quadrado”.

Peleja entre los hermanos

Bolívia e o gás
Ia escrever sobre o gás que importamos da Bolívia, mas essa história é um pé no saco. Vou colocar apenas algumas notas. Publiquei uma matéria em 2006, leia aqui, que continua muito atual. “Eventualmente, em uma remota situação de corte do suprimento de gás, alguns consumidores terão problema momentâneo de adaptar-se para outro energético, mas tudo se superará em menos de seis meses“, disse, na época, um representante da Petrobrás.
É o que eles querem fazer. Acionar termoelétricas e racionar o produto – viva a poluição. Quem passou a usar gás no carro, com o perdão da palavra, se ferrou. O preço aumenta cada dia mais. E não tem conversa. Aliás, falando em não tem diálogo…
Paraguai e as terras
Conheci uns vizinhos nossos, da América Latina, e eles foram claros. Veem nós, brasileiros, como nos sentimos com relação aos estadounidenses- tentar escrever como o Acordo Ortográfico é complicado! Somos a nação – “do mal” – que usa as reservas deles, abusa, manda e desmanda. Veja os paraguaios expulsando os agricultures brasileiros que possuem fazendas lá.
Quer saber qual o maior problema no nosso continente? Má distribuição de renda, falta de oportunidade e educação. Por isso o povo se revolta, mas, no fim, quem paga são os mais fracos. Nós, brasileiros, apenas pagamos – e bem – pelo que consumimos. Não lembro qual autor afirmou, há anos, que a próxima região de conflito mundial seria a América Latina. A cada dia que passa concordo mais com ele.
Brasil e o petróleo
Uma fonte muito confiável disse que andou lendo os documentos da Petrobrás. Antes desse último anúncio sobre mais descobertas, havia afirmado: aí tem petróleo, e muito. Dizem que não são reservas separadas, mas uma monster reserva, tudo junto. Segundo a fonte, dará para tomar banho de ouro negro – só espero que essa previsão esteja certa, não quero ver minhas ações mais na cucuia.
Agora, o Brasil possui tecnologia para começar a perfurar algumas camadas do pré-sal. Outra, para quem não sabe, nós temos reservas de gás natural. Parecemos mesmo uma nação aí, que usa os dos outros e deixa a melhor parte do bolo para comer no final. Não afirmo que isso seja errado. Se o dinheiro que pagamos por isso for bem aproveitado, melhor para eles. 
Mesmo assim, tenho uma dúvida. Será que, quando começarmos a comercializar para valer esse petróleo, os países que seriam possíveis compradores já não tenham nova tecnologia que usa outra fonte de energia? Alguém aí me ajuda? Tenho muuuitas dúvidas!
Leia aqui uma matéria sobre a nova crise do petróleo e ali sobre o corte do gás. Ambas em espanhol, de jornais bolivianos.
COMENTE ESTE POST, TAMBÉM, AQUI.

Primeiro BLOG a adotar o Acordo Ortográfico

O IG é o primeiro portal a escrever seguindo as novas normas. Eu me autointitulo o primeiríssimo blog a fazer o mesmo – assim já vou treinando. Afinal, a partir do ano que vem, toda a imprensa dos oito países que assinaram o Acordo Ortográfico deverá colocá-lo em prática. Caso contrário… Será que vamos presos? Viraremos foras da lei? O que acontecerá com as criancinhas que escreverem errado? Alguns estudiosos são contra essa idéia de tudo virar lei. Faz sentido.
Bom, e o que há de científico em tudo isso? Muita coisa. Aspectos comportamentais, históricos, linguísticos, antropológicos… Fazendo um especial para o IG sobre o tema – leia aqui –  tive a oportunidade de discorrer com pessoas interessantíssimas e ligadíssimas ao tema. Aliás, foi em uma conversa com Mauro Villar – veja o resultado aqui -, coautor do dicionário Houaiss, que fui convencida da importância do acordo. A escrita, de certa maneira, é uma convenção. Facilitar e unir o português falado em todo o mundo pode ajudar a fortalecer a nossa cultura.
Claro que também concordo com Luis Carlos Cagliari, professor de letras da Unesp. Ele abordou questões imensamente relevantes. O processo para o acordo mostrou uma série de preconceitos. Portugal, no início, não quis ceder a algumas correções sugeridas pelo Brasil. “Como uma ex-colônia está palpitando?” Por outro lado, o Brasil  – acredite – com maior poder econômico e 200 milhões de pessoas a mais que Portugal quis mostrar sua relevância política. E, claro, abocanhar o mercado internacional de livros escritos na nossa romântica e fanha língua. Além disso, Cagliari acredita que o Acordo deveria ser baseado na ciência e em estudos.
Como o acordado não sai caro, vou tentar me adaptar. Neste link há um pequeno manual com as mudanças. Boa sorte para nós e tomara que tanto trabalho não tenha sido em vão.
Obs.: Ah, quando estava na escola vivia a maior polêmica. Surgiam rumores de que os tremas iriam acabar… Agora entendo melhor o porquê. Só não se simplificaram ou complicaram. O que existe de exceção!

Vote em mim!

Não sou candidata à prefeitura ou vereadora. Muito menos pertenço ao Partido da Genitália Nacional (PGN) – veja o blog aqui. Na realidade, o Xis-xis está inscrito na 5ª edição do The BOBs!
A cada ano o The BOBs premia os melhores blogs – mais bonitos, interessantes, inovadores, legais ou informativos – que surgiram na blogosfera. O Xis-xis pode concorrer nas categorias Melhor Weblog, Prêmio Repórteres Sem Fronteiras (RSF), Prêmio Blogwurst – blogs diferentes – e Melhor Weblog em português. Basta você fazer essa alma que vos fala feliz.
É simples. Entre aqui, marque os quadradinhos abaixo e aperte “enviar”. Prontinho! Não requer manual e nem complicação. Os resultados serão anunciados dia 27 de novembro, em cerimônia aberta ao público no Museu da Comunicação de Berlim.

Dinheiro traz felicidade!

A ciência comprova. Esta semana o blog está bombando de coisas bombásticas – pegou a piada infame? Bom, vamos direto ao assunto. Não sou materialista – mas claro que adoro uma roupa maravilhosa de bom caimento e viajar pelo mundo. Quem disse a frase do título para mim foram pesquisadores sobre tema e entrevistados para uma matéria publicada na revista New Scientist.
Com o título “Why the world is a happier place” – Por que carambolas o mundo é um lugar mais feliz? -, o texto explica que os países que já tinham suas economias relativamente desenvolvidas como Dinamarca e Espanha continuam felizes da vida. Mas países pobretões, como o Brasil e a Índia, e ex-soviéticos como a Ucrânia e Eslovênia estão mais felizes do que há 25 anos.
O resultado faz parte do estudo World Values Survey (WVS), realizado todo ano pelo pesquisador Ron Inglehart, que analisou 1400 pessoas de 52 países. Desde 1981, a felicidade aumentou em mais de 45 países. O equipe do estudo acredita que o crescimento econômico só traz mais felicidades para países que tem ou tinham PIB per capita inferior a US$ 12.000.
No livro “A ciência da felicidade”, da psicóloga russa Sonja Lyubomirsky, especialista na área, explica que se você já é rico, um pouco mais de dinheiro não irá te fazer mais feliz. Agora, quem não tinha emprego, onde morar, meio de transporte adequado, estudo, comida, segurança, enfim… Ao conseguir um de cada ou “tudo” isso – o mínimo necessário para viver ou a chamada “qualidade de vida” – será infinitamente mais feliz.
Países latino-americanos e asiáticos muitas vezes aparecem no topo da lista da felicidade. Os pesquisadores dizem que isso acontece devido aos valores pessoais, familiares, orgulho nacional (hã?), generosidade e compaixão. A matéria afirma que nós, pobres da América Latina e da Ásia, consideramos o coletivo infinitamente mais importante que o individual. Daí a felicidade.
O livro “A ciência da felicidade” afirma que um pouco dela é genética. Acho que 40%. Outros 10% vêem do meio – a tal da “qualidade de vida” – e o resto é psicológico. Logo, ser feliz só depende de você. Daí a expressão “felicidade interior”. Quer um conselho meu? Basta seguir aqueles manuais de alto ajuda que as dicas dos cientistas são as mesmas. Faça exercício físico, seja bondoso, tenha amigos e família por perto, cultive um passa-tempo, tente não ficar martelando os problemas, deixe a mania de perseguição que já estará no caminho. “Don’t worry, be happy”, assovie a música! E, aproveite o final de semana!
Ah, leia a matéria completa aqui, em inglês. Veja mais sobre o livro ali, também em inglês. Achei, aqui, um site sobre Felicidade Interna Bruta (FIB), em português.

Aborto: um direito de todas

“Direito de escolher quando e se quer ser mães, quantos filhos ter e com quem ter esses filhos”. Essa frase destaco do site da organização não-governamental Centro Feminista de Estudos e Assessoria (CFEMEA).
Hoje, o Supremo Tribunal Federal (STF) começou o segundo dia da audiência pública – o primeiro foi terça – para debater com especialistas a interrupção da gravidez de fetos sem cérebro, anomalia chamada de anencefalia. Uma terceira audiência pode acontecer no dia 4 de setembro – ouvi no rádio que queriam adiar para o ano que vem!
No Brasil, o aborto é considerado crime exceto em caso de estupro ou risco para a mãe. Agora, se discute se o aborto de bebês anencéfalos pode ser legal, pois eles não conseguem viver por muito tempo. A maioria falece em poucos dias – 25% vivem mais que dez dias. Sem contar que é um sofrimento os pais esperarem nove meses nascer um nenê que irá falecer com certeza. Na maioria dos países Europeus Ocidentais – como Suíça, Itália e Inglaterra – e no Canadá e Estados Unidos, o aborto é legalizado.
Recentemente, conversei com Guacira César de Oliveira, socióloga e diretora do CFEMA, que falou sobre uma pesquisa do aborto. Para quem não sabe, a ONG dá assessoria para políticos entenderem diversas questões e direitos femininos. O site da organização disponibiliza dados de um estudo da Universidade de Brasília (UnB) e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Ele mostra o resultado de 20 anos de pesquisa sobre o tema. Fiquei chocada com o resultado – leia mais completo aqui:

  • Estima-se que foram induzidos 1,5 milhões de abortos em 2005 ou 7,2% do total de mulheres em idade reprodutiva fizeram a prática;
  • A maioria das mulheres que abortam possuem entre 20 e 29 anos. Possuem união estável, até oito anos de estudo, trabalham, são católicas, possuem pelo menos um filho e usuam contraceptivos;
  • Do total de abortos induzidos na adolescência, há uma concentração de 75% na faixa etária de 17 a 19 anos;
  • 73% das jovens entre 18 e 24 anos cogitam a possibilidade do aborto antes de optar por manter a gravidez;
  • Entre 44,9% e 91,6% do total de mulheres com experiência de aborto induzido declaram-se católicas; entre 4,5% e 19,2%, espíritas; 2,6% e 12,2%, protestantes;
  • Mais de 70% de todas as mulheres que decidem abortar vivem uma relação considerada estável ou segura;
  • Apenas entre 9,5% e 29,2% de todas as mulheres que abortam não tinham filhos;
  • Entre 9,3% e 19% que abortam apresentam sinais de infecção;
  • Apenas 2,5% das adolescentes tiveram a gravidez de um relacionamento eventual;
  • Houve melhora de auto-estima em todos os grupos de adolescentes entre a primeira e a última entrevista no período de um ano, mais acentuadamente no grupo de adolescentes que induziram o aborto do que as que tiveram o filho;
  • Quase todas as mulheres do estudo foram processadas pela prática do aborto após denúncias sofridas durante o processo de hospitalização.

Claro que sair por aí legalizando o aborto aos sete ventos não resolve todos os problemas relacionados ao assunto. Primeiro, deve-se ouvir as mulheres. O que nós realmente pensamos – sem hipocrisia, veja os dados. Em segundo, fornecer educação decente nas escolas. Depois, realizar campanhas sobre a importância dos métodos contraceptivos, incluindo onde conseguir com atendimento digno e explicações dos médicos. Por fim, legalizar o aborto. Nem que seja como alguns países desenvolvidos fazem. O primeiro é gratuito, os seguintes devem ser pagos.
Teoricamente, nós vivemos em um estado laico – desprovido de influência religiosa. Nem o povos antigos da China, Índia e Pérsia eram contra o aborto – leia aqui. Seria, realmente, democrático se ele fosse legalizado. Quem quer, faz. Os contra não são obrigados a realizar. É melhor abortar ou criar um filho sem vontade, amor, respeito, carinho, educação e dignidade?

Álcool – direção = transporte público

Último gole do vício do dia…
Estava ouvindo locutores de rádio indignados. Afinal, como vamos voltar para a casa depois de dois copinhos de cerveja? Carona coletiva? Nem sempre seguem para o mesmo lugar. Ônibus? Hã, que ônibus? Metrô? Fecha antes da madrugada. Táxi? Financeiramente complicado.
O jeito é apelar para o transporte público de madrugada. Ao menos em cidades grandes como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Curitiba. Segundo ouvi falar, a prefeitura de São Paulo está discutindo o assunto. Também, precisa colocar na pauta a segurança. Imagine que luxo andar pela cidade de madrugada? Ai Paris, ai Londres, ai Barcelona… É disso que mais tenho saudades dessas capitais.
Antes que alguém fale… “Barça” – para os íntimos – é a capital da Catalunha.

Legislação sobre propaganda de medicamentos é revisada

Já que começamos o dia falando de drogas… Vai a overdose – piadinha insana!
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) discutiu, na segunda-feira, a proposta de revisão da legislação sobre propaganda de medicamentos. O assunto foi debatido em audiência pública, em Brasília. O objetivo é combater os riscos para a população originados do uso incorreto de medicamentos adquiridos com base apenas em propaganda. 
A propaganda de medicamentos é regulamentada pela Resolução RDC 102/2000 – veja aqui. A monitoração e a fiscalização realizadas pela Agência mostraram a necessidade de aperfeiçoamento das atuais regras. “A propaganda é uma atividade lícita, mas são necessárias normas para atingir o cidadão de forma adequada”, diz Dirceu Raposo de Mello, diretor-presidente da Anvisa.
“A cada 42 minutos uma pessoa é intoxicada por uso indevido de medicamentos no Brasil”, afirma Maria José Delgado, a gerente de monitoramento e fiscalização de propaganda da Anvisa (Gprop), referindo-se às estatísticas do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas da Fiocruz.
Principais alterações
Uma das modificações previstas no novo texto é em relação à propaganda de medicamentos isentos de prescrição. A proposta prevê diferentes advertências, específicas para os princípios ativos mais utilizados nesses medicamentos. Um exemplo é a cânfora, cuja proposta de advertência é “não use em crianças menores de dois anos de idade”.
Outra novidade é que nas propagandas veiculadas pela televisão o próprio ator que protagonizar o comercial terá que verbalizar a advertência. No rádio a tarefa caberá ao locutor. Para o caso de propaganda impressa, a frase de advertência não poderá ter tamanho inferior a 20% do maior corpo de letra utilizado no anúncio. Para medicamentos com venda sob prescrição, o fabricante terá que colocar pelo menos uma contra-indicação e uma interação medicamentosa mais freqüentes.
Audiência pública
Cerca de 200 representantes dos setores farmacêutico, publicitário, de órgãos de saúde pública e de defesa do consumidor participaram. Para Ciro Mortella, presidente da Febrafarma, a discussão é rica e necessária: “Já que toda regulamentação precisa acompanhar o dinamismo da realidade”. “O telespectador que está gripado e assiste a uma propaganda de vitamina C deve ser informado de que há um risco, mesmo que seja mínimo, e problemas renais”, exemplifica Emília Vitória da Silva, representante do Centro Brasileiro de Informações sobre Medicamentos (Cebrin) do Conselho Federal de Farmácia (CFF).
Também estão em discussão critérios para a propaganda dirigida aos profissionais de saúde, para a propaganda indireta e para a distribuição de amostras grátis. A atualização da regulamentação da propaganda de medicamentos ainda poderá ser tema de outros debates, caso necessário e passará pela avaliação da Diretoria Colegiada da Anvisa. O novo regulamento deve ser publicado ainda este ano.
Fonte: Anvisa

Parece japonês, mas não é

Shoyu, bonsai e hashi. Nenhum foi inventado no Japão. Duvida? A semana paulistana de moda teve como tema o país oriental. Durante o evento, todos os dias o SPFW JOURNAL trazia novidades dos desfiles, comportamento e por aí vai. A publicação estava linda. Modestamente, um arraso.
Todas as edições, praticamente, receberam uma coluninha fixa chamada “Isso não é japonês!”. Ela continha revelações inacreditáveis. O povo da redação não se conformava… Para quem não teve acesso a esse fantástico veículo, segue um gostinho do que foi publicado. Confira o que NÃO é japonês:
Atari
Acredite se puder. O nostálgico videogame, ícone dos anos 80, foi desenvolvido no país que mais concorre tecnologicamente com o Japão: Estados Unidos.
Pastel
Alguns estudiosos afirmam que a origem da iguaria é portuguesa. Outros juram que é chinesa. Os mais exaltados pretendem entregar a autoria aos brasileiros. A única certeza é que japonês não é, né?
Tempura
Dizem as más línguas – de bom paladar – que o famoso “típico prato japonês” na realidade é… português! Ele foi introduzido no Japão durante a expansão marítima. Perceba o parentesco de “tempura” com as palavras: “tempero”, “temperar”, “temporã” e “têmporas”.
Olimpíadas 2008
A China será a sede das próximas Olimpíadas que ocorrem este ano. Em 2002, a Copa do Mundo foi disputada na Coréia e no Japão. Explicada a confusão?
I-Ching
“Ele me ama?”, perguntam os apaixonados. O oráculo, utilizado há mais de 3.000 anos, já conhece a pergunta de trás para frente. Seus criadores chineses juram que ele sempre acerta a resposta.
Yakissoba
Significa “sobá frito” – ou esse tipo de macarrão. Foi incorporado pelos japoneses na sua culinária, mas… É um prato de origem chinesa ideal para ser acompanhado por um típico saquê – este, sim, japonês.
Pucca
Nem todo desenho animado “cute” de olhos puxados é japonês. A menininha, bem-humorada e apaixonada pelo ninja Garu, é cria da empresa sul-coreana Vooz.
Tai Chi Chuan
Trata-se de uma arte marcial e filosofia de vida chinesa! A tradução para o português seria algo como “princípio supremo dos punhos”. Os praticantes de “Tai Chi” mantêm – ou afirmam – a saúde e a cabeça em ordem.
Taekwondo
Por sua vez, esta arte marcial é coreana! Originou-se antes de Cristo. “Tae” significa pé; “Kwon”, mão; e “Do”, caminho ou filosofia da vida. Logo, Taekwondo seria “caminho dos pés e das mãos por meio da mente”. Ufa.
Tangram
Na China, era uma vez um imperador tentando consertar um espelho que ele mesmo quebrou. Ao encaixar os cacos, percebeu que isso poderia virar um jogo. Assim, diz a lenda, nasceu o quebra-cabeças chinês.
Kung fu
Mais uma arte marcial que é… Made in China! O esporte, também chamado de wushu, foi popularizado pelo ator Bruce Lee.
Memórias de uma gueixa
Para americano, oriental é tudo igual! Zhang Ziyi, a atriz que interpreta a personagem principal do filme é, na realidade, chinesa. Ela é natural de Beijing…
Pó facial
As primeiras a colocarem pó branco no rosto para ficar gatinhas foram as gregas, há mais de 4 mil anos! O problema é que a fórmula original do cosmético era uma ameaça para a saúde, pois continha chumbo. Mulher e vaidade devem ser sinônimos e não se está falando grego…
Shoyu
Embora tenha nome japonês, o tempero usado na culinária oriental é chinês de nascimento. Surgiu de uma pasta feita de grãos de soja fermentados entre os anos 1134 e 246 a.C., na dinastia Zhou.
Rain, do Speed Racer
O piloto “japa”, que só revela se é do bem ou do mal no final do filme, chama-se Taejo Togokahn. Ele é… sul-coreano! Aliás, o gato impressionou tanto os diretores que já foi escalado para fazer Ninja Assassin, uma aventura sobre artes marciais.
Bonsai
A arte de cultivar árvores em miniatura surgiu na China. Mas, verdade seja dita, se popularizou no mundo devido aos japoneses por volta do século VIII. “Bon” significa bandeja ou bacia e “sai” cultivo.
Hashi
Os famosos pauzinhos que funcionam como talheres para boa parte dos orientais têm origem chinesa. Apesar disso, no Japão são utilizados em todos os tipos de refeição, mesmo nas formais.
Miojo
Momofuku Ando inventou o bom-bonito-e-barato macarrão instantâneo e fundou a Nissin Food Products, que produz o tal miojo. Ando trabalhou no Japão, mas é… Made in Taiwan! Ele nasceu, em 1910, no país quando este estava sob ocupação japonesa.
Japonizar
Leia com sotaque japonês o trava-língua: arukōru, biidoro, botan, bouro, kappa, karuta, koppu, oranda, pan, shabon, shurasuko e tabako. Agora, respectivamente, a tradução: álcool, vidro, botão, bolo, capa, copo, Holanda, pão, sabão, churrasco e tabaco. A mera semelhança não é coincidência. Elas são portuguesas que foram japonizadas.
Monte Fuji
Pegadinha! O ícone geológico fica mesmo no Japão.
Fonte: SPFW JOURNAL