Estive na Conferência Internacional (CI) Ethos 2010. A CI é organizada pelo Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, criado em 1998 por um grupo de empresários e executivos. Durante o evento, são realizadas várias palestras e debates sobre sustentabilidade atrelada a questões empresariais. Bastante voltadas para as empresas que estão começando a se interessar pelo tema ou empresários que querem investir em novas tecnologias que poupam mais o meio ambiente.
Apesar das palestras, o que me chamou mesmo a atenção, foi o discurso do autor do livro “Amor e Poder”, o canadense Adam Kahane, especialista em resoluções de conflitos empresariais e sociais.
Era o lançamento do livro dele. Umas das primeiras frases de Kahane foi algo do tipo: “Não vejam minha palestra pensando que sabem tudo sobre o assunto. Tentem ficar abertos para novas ideias”. Hum, pensei, ok. Vamos ver o que ele tem a dizer. Kahane começou contando que, há 20 anos, trabalha em resolução de conflitos. Foi para a África do Sul trabalhar, na época do apartheid. Se apaixonou por uma mulher. E por lá está até hoje.
Na África, matutou: “Por que os desafios sociais emperram?” Na época do apartheid, o povo sul africano brincava que existiam duas maneiras de resolver o problema deles – resumindo, a segregação racial. O jeito miraculoso era dar certo os debates formados por brancos e negros e pelas opiniões opostas. O possível era ajoelhar e ter as preces atendidas. Por incrível que pareça, o milagre aconteceu.
De acordo com Kahane, isso foi possível porque o poder e o amor se equilibraram. Ele usa a definição, em poucas palavras, de que poder é a motivação em realizar de maneira ampla, o desejo de alcançar um objetivo. O amor, o impulso pela unidade, de se unir a outras pessoas. Os dois podem trazer dois tipos de frutos. No caso do poder, ele pode construir tanto como oprimir e destruir. O amor, gerar e dar a vida ou degenerar e reprimir. A falta do amor degenera o poder. A falta de poder torna o amor degenerativo. “O poder do amor pode ser negligente. E o poder sem amor, anêmico”, disse.
Qual a solução? Tentar o equilíbrio. Para ele, o poder não é inimigo do amor. “Grandes empresas que trabalham sem se preocuparem com a unidade podem gerar um resultado catastrófico”, alertou o autor. Ele acredita que, agora, de modo geral, precisamos de mais amor. E, dentro de nós…
Mais uma vez, de equilíbrio. “Cada um se sente mais confortável pendendo com um ou outro”, explicou. Na hora do aperto, cada um pende para um lado. Assim, ele disse que devemos fortalecer nosso lado fraco. Sejamos nós pessoas jurídicas ou pessoas físicas. A dica dele é treinar, é praticar. “Não há um caminho trilhável, cada um faz o seu”. Como disse Martin Luther King Jr.: “Poder sem amor é descuidado e abusivo, amor sem poder é sentimental e anêmico.”
*A inscrição desta no CI do Ethos foi feita pela Natura.
Ouvir Mozart não te deixa mais inteligente
Há mais de 15 anos os cientistas discutem os efeitos da música clássica para a inteligência. Agora, pesquisadores da Universidade de Viena, na Áustria, comprovaram que ouvir esse tipo de música não melhora a habilidade cognitiva específica.
Tudo começou, há um tempo atrás. Quando, em 1993, a revista Nature publicou um artigo da psicóloga Frances H. Rauscher, da Universidade da Califórnia. O texto relatava melhor desempenho de universitários após a exposição à música do gênio aquariano Wolfgang Amadeus Mozart.
Depois disso, nos Estados Unidos, vários governadores estimularam esse tipo de música. Em 1998, o estado da Flórida chegou a aprovar uma lei que obriga as creches a colocarem ao menos uma hora de música popularmente chamada “clássica” por dia para os bebês.
Como uma amante dessas lindas composições, eu agradeceria. Sempre brinquei dizendo que, durante a gravidez, vou ouvir esse tipo de música para o bebê nascer gostando de coisa boa… E samba também, claro.
Os psicólogos Jakob Pietschnig, Martin Voracek and Anton K. Formann analisaram 40 estudos independentes e outros trabalhos acadêmicos inéditos, totalizando mais três mil participantes.
O estudo, publicado na revista científica Intelligence, concluiu, com base nessas evidências acumuladas, que ainda não é possível afirmar que as pessoas melhoram sua capacidade específica espacial apenas ouvindo música “clássica”.
“Eu recomendo a todos ouvir Mozart, mas sem a expectativa de aumentar suas capacidades cognitivas”, diz Jakob Pietschnig, o autor principal do estudo. Para saber mais sobre os estudos, clique aqui – em inglês.
Rio Grande do Sul faz nova pesquisa com células-tronco
Há quase um ano escrevi um post, sobre tratamento com células-tronco na China, que é um dos mais discutidos até hoje. Então, leitor interessado em tratamentos com células-tronco, saiba que a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC) do Rio Grande do Sul assinou um convênio com o Centro de Criogênia Brasil (CCB) de São Paulo.
De acordo com o CCB, a proposta é buscar nova fonte alternativa de células para a regeneração de tecidos com patologias associadas ao sistema nervoso central, como doenças neurodegenerativas, ou processos lesionais.
Nesse projeto, coordenado pelo médico e pesquisador Jaderson Acosta, as células-tronco do cordão umbilical serão estimuladas a diferenciarem-se em neurônios. Posteriormente, a ideia é utilizá-las no tratamento de patologias do sistema nervoso.
Por enquanto, parte da colaboração se encontra em andamento em um projeto de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Clínica Médica e Ciências da Saúde, em Neurociências. Boa semana!
Farinha do mesmo neandertal
Vocês leram a pesquisa sobre o sequenciamento do genoma do homem de neandertal publicada na Science? Leia aqui, na íntegra, em inglês. Conclusão: todos temos um pouco de neandertal dentro de nós. Quer dizer, quase todos. Os cientistas descobriram que cerca de 2% dos nossos genes provêm do homem de neandertal – que apareceu há cerca de 400 mil anos e se extinguiu há 30 mil.
Quando os primeiros e corajosos vovôs Homo sapiens saíram da África, entre 50 mil e 80 mil anos atrás, ops, se encontraram com neandertais no Oriente Médio, na Europa e na Ásia. Aí, papo vai, papo vem… Algo deve ter acontecido. Isso explica porque os africanos não têm os genes dos – a-há – homens das cavernas neandertais.
No gene das três neandertais sequenciadas – que datam de 38 mil a 44 mil anos provenientes da Croácia – não foram encontrados resquícios de Homo sapiens. Parênteses: até as moças neandertais são importantes para a ciência. O que seria do mundo sem o sexo feminino?
Vamos aos números:
O DNA de um chimpanzé é 98,8% idêntico ao nosso;
O DNA de um neandertal é 99,7% idêntico ao nosso.
Medo? Um pouco. Mas isso é evolução, minha gente. Só sei que eu sempre dizia que os humanos e os neandertais trocaram genéticas. Poucos botavam fé em mim. Afinal, quem sou eu, né? Agora, me sinto de DNA lavado.
Parabéns ao telescópio brasileiro!
O Observatório do Pico dos Dias (OPD), localizado em Minas Gerais, completou 30 aninhos! Ele possui três telescópios sendo, um deles, o maior em solo brasileiro com espelho de 1,6 m – esses “bichos” são medidos pelo tamanho da lente. Ok, é pequeno se comparado aos Keck, no Havaí, com 10 m cada um dos dois. Mas eles são 15 anos mais novos…
O importante é frisar que nem só de macaco vive o Brasil. Na nossa selva, temos um telescópio bacanérrimo que, graças a ele, um astrônomo conterrâneo meu fez uma descoberta que deixou o mundo de queixo caído.
O paranaense Augusto Damineli, da Universidade de São Paulo (USP), desde 1989 observava a Eta Carinae – a maior e mais luminosa estrela da nossa galáxia, a Via Láctea. Assim, graças ao pesquisador e ao OPD, descobriu se que, na realidade, a Eta Carinae era duas estrelas. Leia mais sobre a pesquisa aqui.
Não é divertido? O OPD faz parte do Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA) que, por sua vez, é uma das unidades de pesquisa integrantes da estrutura do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). Para saber mais, clique aqui. Au revoir!
Tudo sobre água
Ai, que sede… Minha amiga que escreve o blog Saúde e bem estar recebeu um documento sobre água e, fofa, repassou para mim. E, yo, publico para você! Reflita sobre esses dados interessantes da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb):
- Na água surgiu a primeira forma de vida do planeta há milhões de anos. Dela o processo evolutivo caminhou até formar nossa espécie e continua a manter toda a diversidade que conhecemos;
- 3/4 da superfície do nosso mundo são cobertos por água, sendo 97% salgada e, apenas, 3% doce;
- Do percentual da água doce existente, a maior parte encontra-se sob a forma de gelo nas calotas polares e geleiras, outra é gasosa e um pouco líquida – representada pelas fontes subterrâneas e superficiais
- Os rios e lagos, nossas principais formas de abastecimento, correspondem a apenas 0,01% desse percentual, aproximadamente;
- Há 2.000 anos, a população mundial correspondia a 3% da população atual, enquanto o volume de água permanece o mesmo;
- Desde 1950, o consumo de água, em todo o mundo, triplicou. O consumo
- médio de água, por habitante, foi ampliado em cerca de 50%;
- Para cada 1.000 litros de água utilizada pelo homem resultam 10.000 litros de água poluída (ONU, 1993);
- No Brasil, mais de 90% dos esgotos domésticos e cerca de 70% dos efluentes industriais não tratados são lançados nos corpos d’água;
- O homem pode passar até 28 dias sem comer, mas apenas 3 dias sem água;
- O gotejamento de uma torneira chega a um desperdício de 46 litros por dia;
- Um buraco de 2 milímetros no encanamento pode causar um desperdício de
- 3.200 litros por dia, o que corresponde a mais de três caixas d’água;
- Cerca de 70% do oxigênio do ar é proveniente de microscópicas algas habitantes da água.
Obs.: A foto foi tirada no Núcleo Pedra Grande do Parque Estadual da Serra da Cantareira, em São Paulo. Quem gosta de caminhada, natureza e paisagem belíssima, tem que conhecer o lugar.
Sabia que o mar brilha a noite?
Noite dessas, estava na praia com amigos. Parênteses: amo ir à praia a noite, observar as estrelas e sentir a brisa fria vinda do oceano. É outra vibe. Fecha parênteses. Estávamos em uma praia do litoral norte, com poucas luzes artificiais, onde é possível avistar um monte de estrelas cadentes – ou meteoro, se não quiser fazer pedidos.
A gente sofre com a poluição luminosa – luz excessiva e desnecessária – nas nossas praias. Até as tartarugas marinhas apresentam problemas na desova. Por causa da violência, falta de costume, entre outros, apontam-se um monte de refletores para as praias mais visitadas no Brasil. Triste. O que impede as pessoas de se encantarem com um fenômeno fantástico da natureza: a bioluminescência. Quando um ser vivo, como o vaga-lume, produz luz.
Eu parecia uma doida. Da beira da água, falava alto: “Venham ver o mar brilhar”. Acho que as pessoas não acreditavam em mim. Eu completava: “É cientificamente verdade”. Até que o primeiro foi conferir… e os outros, relutantes, acompanharam.
Foi uma catarse. Todos ficaram encantados com aquele brilho verde que parecia fluorescente. Quanto mais as pessoas se mexiam na água, mais ela brilhava. É fantástico. Lindo. Incrível. Até que surgiu a dúvida: “Por que o mar está brilhando?”
Algumas espécies de plânctons – “bichinhos” minúsculos – se autoiluminam ao serem incomodadas. Pelo que pesquisei por aí, ainda é incerto o porquê de “acenderem”. Uma das ideias é de que os plânctons “brilham” quando um peixe pequeno se alimenta deles. O que atrairia peixes maiores que comeriam os pequenos – leia aqui e outra história bacana aqui, do vizinho Rainha Vermelha.
Se tiver a oportunidade, mergulhe “de cabeça” com os plânctons – cuidado com o mergulho, trata-se de um modo de falar.
Nem toda planta que vive na água é alga
Ouvi no rádio uma colega falando de um helicóptero: “As algas do rio Pinheiros se espalharam para outros lugares”. Porém, nem toda planta que vive na água é alga. Sei que não posso atirar uma pedra porque cometi o mesmo erro. Essas plantas se chamam macrófitas. Acredite, se puder.
Observe a foto ao lado. Parece que o veleirinho está navegando na grama, correto? Mas toda essa plantaiada é a tal da macrófita aquática. Ou, tais. Aí, onde há verde, deveria estar visível a água da represa Guarapiranga.
Apurando uma matéria, descobri que existem mais de 80 espécies de macrófitas aquáticas habitando a represa. Algumas chegam a atingir 12 metros de comprimento. Olhando de perto, é meio nojento. Porque o lixo da represa fica preso nessa rede natural.
Mas, ao contrário do que se pensa, em número controlado, a fonte disse que elas fazem bem por oxigenar a água. Elas crescem bastante em ambientes com muito nutriente – seriam as chuvas que levam nutrientes para as águas? Ou tudo?
Na represa Guarapiranga e no rio Pinheiros, elas formam bancos de plantas que flutuam para um lado e para o outro de acordo, geralmente, com o vento. Se eu fosse você, nem mexeria com elas.
Inspeção veicular: a sua hora vai chegar
Confesso que resmunguei um bocado para fazer a Inspeção Ambiental Veicular. Vulgo levar o carro para a Controlar. Primeiro, porque temos que pagar mais uma taxa, de R$ 56,44, que não veremos de volta. Segundo, por levar o carro até eles.
O único horário “bom” para mim e para meu trabalho era 7h36 da manhã – sorte que existe uma Controlar perto de casa. Delícia, hein? Fui com aquele bom humor, mesmo sendo extremamente bem humorada pelas manhãs.
Duvidei do horário britânico que os caras disponibilizaram. Mas não é que cheguei e fui atendida rapidamente? É tipo uma produção em série. Um drive-thru.
Ao entrar no lugar, pela placa do carro a recepcionista diz seu horário. Em seguida, fala para você seguir para um dos locais de análises – no caso, eram oito. Lá, você sai do carro e senta em uma cadeira em frente a ele.
Como aquelas propagandas que, supostamente, se passam em fábrica de carros alemães, os funcionários de jaleco e máscara colocam uma espécie de mangueira no veículo. Aceleram de diversas maneiras, enquanto a mangueira passa as informações para um computador. Cola um adesivo no para-brisa. Depois, fala baixo que seu carro passou no teste – meu caso. Entrega um papelzinho com a medição dos gases.
Tudo isso levou menos de 10 minutos. Dei o braço a torcer. Se ajudar a reduzir, principalmente, os caminhões, ônibus e motos que chamam chuva*, será um alívio para o meu nariz. De acordo com o Instituto Akatu, “uma pessoa que vai para o trabalho de carro contribui para o aquecimento global, em dois dias, o mesmo que se tivesse feito essa trajetória de metrô durante um mês inteiro”.
*Sei que explicar a piada perde a graça. Mas… “chamam chuva” porque emitem sinais de fumaça. Pegou?
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