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Começo do fim da Era do Plástico

Hoje eu trago só boas notícias. De que adianta proibir o canudo se ainda continuamos consumindo plástico de maneira descartável? O ideal seria reduzir muito o consumo de utensílios de uso rápido feitos de plástico. Essa é a grande vitória na Europa. O Parlamento Europeu aprovou o veto de produtos descartáveis de plástico como copos, pratos, talheres, cotonetes, canudos, tampas e embalagens para entrega de comida a partir de 2021. Aliás, produtos feitos com o plástico oxodegradável, que já foi tido como um possível substituto, também entraram para a lista. Isso porque ele não se decompõe por completo, se transforma em micropartículas que prejudicam o meio ambiente e nossa saúde. Em seguida, o estado americano de Nova York proíbe a comercialização e a distribuição de sacolas plásticas. A medida deve entrar em vigor em março do ano que vem. Ele é o terceiro nos Estados Unidos, depois da Califórnia e do Havaí, a banir esse tipo de produto. Pelo jeito, esse é um caminho sem volta. Ainda bem. O meio ambiente e a nossa saúde agradecem!

*Este texto foi ao ar no programa Desperta, da Rádio Transamérica, apresentando pelos queridos Carlos Garcia e Irineu Toledo.  Uma vez por semana, minha coluna vai ao ar por volta das 6h15 da manhã. Geralmente, às quintas-feiras. Beijo!

Foto: Isis Nóbile Diniz

O que fazer com o lixo da ilha caribenha?

Este ano está passando tão rápido, são tantas novidades, tantas frentes, que parece que viajei ao Caribe ontem! Maio passou há pouco tempo no meu calendário: ainda é julho para mim. Bom, chega de lenga-lenga. Vamos ao que interessa, à minha apuração feita em Los Roques – aquele encantador arquipélago do caribe venezuelano. Para quem não sabe, o rústico lugar precisa se virar para dar um jeito no lixo produzido e para captar água doce. Essa história da água você saberá nas cenas do próximo capítulo amanhã, por aqui. Hoje, vamos falar sobre o lixo.

 

Não há veículos motorizados de terra no arquipélago, com exceção para um caminhãozinho. Todo final de tarde, ele passa nas vielas de areia da ilha principal, onde estão praticamente todos os dois restaurantes, as dez pousadas, as 100 casas, etc – brincadeira, os números não são exatamente esses. Como aqui no Brasil, as pessoas colocam o lixo para fora. O lixeiro joga na caçamba e segue seu caminho. Será que, como ocorre em Fernando de Noronha, o lixo é enviado de barco para o continente?

 

Nhão. Lá no cantinho da ilha, onde não existem praias de areia, mais ou menos longe das casas e ao lado de uma pequena formação rochosa – uns morrinhos, restos mais visíveis do antigo vulcão – eles possuem uma espécie de lixão (foto acima, clique nela para aumentar). E incineram o material. Enquanto estive lá, não vi queimando, apenas avistei aquele monte de lixo com pássaros sobrevoando. Pelo que vi, posso estar enganada, o lixo que poderia ser reciclado é incinerado junto. Não saberia dizer se queimar o “resto” seria uma boa ou a melhor opção. Foi a encontrada por eles.

Reciclagem na praia

junduelixeira.jpgUma imagem para o sabadão. A cidade de São Sebastião espalhou lixeiras na beira e nos condomínios das praias – uma obrigação que todas as cidades deveriam cumprir. Agora, uma dúvida surgiu. Além da lixeira para materiais orgânicos, ela colocou algumas para a reciclagem de plástico. Poderia inserir de outras coletas seletivas. De qualquer maneira, a imagem é instigante.
Obs.: Olhe o Jundu em volta da lixeira aí, minha gente!

Papéis ao vento…

Pensei… antes de escrever este post… Na realidade, antes de confessar, pela primeira vez, que eu faço uma coisa que alguns poderiam considerar ridícula. Cá entre nós – que ninguém nos ouça: “Eu escrevo poesias, citações ou frases como ‘tenha um bom dia’ em papéis que por ‘n’ motivos não seriam utilizados pela reciclagem e os coloco dentro do ‘lixo’ de coleta seletiva”. Falei!
Tudo começou quando estava revendo algumas matérias jornalísticas minhas do passado. Ainda na faculdade, fiz uma reportagem para a TV Mackenzie sobre os catadores que trabalham em uma cooperativa instalada na Luz. Apurei, entrevistei, fiz a passagem – momento em que o repórter fala olhando para a câmera – e acompanhei a edição.
Durante a entrevista, os catadores contaram suas histórias de vida. A maioria deles se dizia muito feliz por ter um trabalho – lembro-me de um homem dizendo que, com o emprego, conseguia pagar o aluguel, ter onde morar. E, claro, entendiam que seu papel ajudava a preservar o meio ambiente. O que dava uma satisfação pessoal.
Aliás, que papéis lindos eles criavam! Além de separar o coletado para vender para as fábricas de reciclagem, eles produziam blocos, cadernos, folhas de papel reciclado. Indiquei para um primo. Que adorou e lá encomendou o convite de casamento – por sinal, bem mais barato do que as empresas cobravam. Noivas, anotem a ideia.
Passados alguns anos, separando o lixo para a reciclagem, tive uma luz. Ô bom humor! Escrevi algumas mensagens como “desejo um lindo dia” e coloquei na coleta seletiva. Discretamente. Sem ninguém em casa perceber. Repeti a ação outras vezes.
Será que alguém leu? Será que o recado tornou o dia da pessoa mais feliz? Será que estimulou a leitura no outro? Porque me senti sorrindo por dentro. Agora, percebo que isso remete a algo da Amélie Poulain. “São tempos difíceis para os sonhadores”, citaram durante o filme.

Destino ilegal de lixo supera 30 milhões de toneladas por ano

São resíduos como lixo doméstico, da limpeza pública em geral – varrição e limpeza de ruas – e industrial. A estimativa foi feita pela Associação Brasileira de Empresas de Tratamento de Resíduos (Abetre) – entidade que representa as empresas especializadas em tecnologias de proteção ambiental em resíduos sólidos.
São gerados aproximadamente 53 milhões de toneladas por ano de resíduos urbanos. Quanto é isso? Um milhão de toneladas equivale a um estádio do Maracanã, preenchido desde o gramado até a marquise superior.
Desse total, apenas 48% são destinados a aterros sanitários públicos (35%) e privados (13%), que tem as condições adequadas de proteção do solo, tratamento de chorume – aquele líquido que vaza do lixo -, gás e monitoramento. Do restante, cerca de 27 milhões de toneladas, 40% estão espalhados em lixões e em aterros controlados – nome dado aos lixões que foram parcialmente adequados, passando a adotar algumas medidas de mitigação, mas que não estão dentro do que exige a legislação ambiental. Aproximadamente, 12% sequer são coletados. Entenda aqui a diferença entre lixão e aterro.
O lixo hospitalar, que gera preocupação por seu caráter perigoso, está na mesma condição. A quantidade de resíduos de serviços de saúde coletada pelos municípios é de 209 mil toneladas por ano, porém 43% desse total é destinado a lixões ou a locais ignorados sem nenhum tipo de controle sanitário.
“A legislação enquadra a destinação inadequada como crime ambiental desde 1998, Lei. 9.605/98, Art. 54, par. 2º, inciso V. Mas ela tem persistido devido às deficiências de controle e fiscalização, além da tolerância representada por sucessivas renovações de Termos de Ajustamento de Conduta (TACs)”, diz Diógenes Del Bel, diretor-presidente da Abetre. “Enquanto não houver a definição de uma data-limite para fechamento dos lixões e aterros controlados, o problema vai persistir”, acredita.
Segundo levantamento da Abetre, mais de 320 dispositivos regulam o setor entre leis, decretos e resoluções federais ou estaduais, além de normas técnicas diversas. Pelo que vemos, não basta.