Curtas – Florestas
“O desmatamento e a queimada das florestas liberam anualmente cerca de 1,6 bilhão de toneladas de carbono na atmosfera. Ao lado da queima dos combustíveis fósseis – que emite entre 6,4 e 7,2 bilhões de toneladas –, a destruição da floresta está entre os grandes responsáveis pela concentração de gases de efeito estufa que causou, nos últimos 50 anos, um aumento de 1,7ºC na temperatura média da Terra.”
Paulo Artaxo – professor titular e chefe do Departamento de Física Aplicada do Instituto de Física da Universidade de São Paulo.
Fonte: Agência FAPESP
Os biocombustíveis e o preço dos alimentos
Hoje a FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) divulgou um relatório onde afirma que os alimentos não voltarão a ser baratos. O aumento na demanda e a necessidade de repor os estoques manterá a o preço dos alimentos altos.
Segundo Ariovaldo Umbelino de Oliveira, professor da USP, as causas para o aumento no custo de alimentos vão além da produção dos biocombustíveis. O preço de produtos como o arroz, o trigo e a soja observado nos últimos meses relaciona-se ao aumento no custo do barril de petróleo, que também ocasiona o aumento dos agroquímicos e consequentemente o aumento na produção de alimentos.
O preço do milho no mercado internacional, impulsionado pelo uso do milho para a produção de etanol pelos EUA causaram um aumento nos preços de arroz, soja e trigo. Muitos dos produtores desses alimentos redirecionaram sua produção para milho, o que causou uma diminuição nos estoques dos outros cereais, causando aumento do preço desses produtos. Esse dado nos faz acreditar que no caso do etanol brasileiro, produzido a partir de cana-de-açúcar, a história é outra e não haveriam aumentos dos alimentos.
Porém, no Brasil, houve aumento nos preços de feijão, arroz e mandioca, principalmente porque muitos dos produtores desses alimentos direcionaram suas lavouras para o plantio de milho, já que o preço desse grão no mercado internacional era maior.
Segundo a FAO, o aumento no preço dos gêneros alimentícios ocasionou um aumento na produção dos alimentos e as próximas safras devem ser boas. Porém o preço dos alimentos deverá continuar alto.
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Os agrocombustíveis e a crise dos alimentos
por Ariovaldo Umbelino de Oliveira
As políticas neoliberais aplicadas à agricultura e ao comércio mundial de alimentos são responsáveis pela crise que se abateu sobre os alimentos na atualidade. Ela é resultado da total incapacidade do mercado para construir uma política mundial de segurança ou de soberania alimentar. Vários são os fatores para explicá-la.
Em primeiro lugar, deve-se destacar que depois da criação da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura) e do advento da revolução verde, o mundo capitalista adotou um mecanismo de controle de produção de alimentos baseado no sistema de estoques. Essa sistemática tinha por objetivo garantir excedentes agrícolas alimentares que permitissem simultaneamente, garantir a oferta de alimentos diante o fantasma da fome e a regulação de seus preços contra as ações especulativas dos players capitalistas (jogadores do mercado das bolsas de mercadorias e valores). Com o neoliberalismo e a criação da OMC (Organização Mundial do Comércio), o sistema adotado é aquele da colocação dos estoques no mercado e do império absoluto do livre comércio. Ou seja, o mercado através da disponibilidade dos estoques seria o regulador da oferta da produção de alimentos. Essa mudança revela na atualidade sua consequência: a crise.
Com a redução dos estoques de alimentos e da elevação de seus preços, os fundos de investimentos que sofreram violentas perdas, com as ‘subprime’, no mercado financieiro e imobiliário norte-americano, passaram a investir no mercado futuro, das commodities (milho, soja, trigo e arroz, principalmente). Este processo meramente especulativo atua no controle privado dos estoques e sobre a possibilidade de oferta de alimentos no mercado futuro. Dessa forma, todas as commodities têm já preços para o final do ano ascendentes.
Simultaneamente, com estes dois processos, articula-se a segunda causa em importância: a opção dos EUA pela produção do etanol a partir do milho. É óbvio que o efeito desta escolha fez com que parte do milho destinado à alimentação humana e à produção de ração animal fosse destinada à produção do agrocombustível. Porém, o aumento rápido do consumo do grão gerou mecanismos especulativos na queda dos estoques. Essa queda, por usa vez, puxou para cima consigo os preços da soja, trigo e arroz.
A terceira causa decorre do aumento do preço do petróleo, uma vez que já há previsóes para que o preço do barril chegue a US$ 200. A produção de grãos na revolução verde está assentada no setor agroquímico, e esse é comandado pela lógica do preço do petróleo. Com a subida do preço do petróleo, sobe o dos agroquímicos e também o custo da produção agropecuária. Consequêntemente, esta pressão atua no sentido do aumento dos preços dos alimentos.
No caso brasileiro, como consequência da crise mundial e da elevação dos preços internacionais do trigo associado ao bloqueio estabelecido pela Argentina em relação às exportações deste cereal ao Brasil, seu preço e de seus derivados estão aumentando. O país, sendo o maior importador mundial de trigo, precisa importar 7 das 10 milhóes de toneladas que consome. Essa produção vem dos EUA e Canadá, a preços elevados e frete aumentando.
Com relação aos três alimentos básicos da população brasileira (feijão, arroz e mandioca), desde 1992 o país não expande sua área plantada. O aumento do preço do feijão, por exemplo, decorreu da conversão da sua produção em terras para cultivo do milho, que tinha preços mais vantajosos no mercado mundial, em função da escalada provocada pelo etanol americano. Escalada que atingiu também a soja, que, na falta do milho, o substituiu na ração animal – não na alimentação humana.
No caso do arroz, os estoques de que o Brasil dispõem são baixíssimos – 10% da demanda. A perspectiva de safra, já praticamento colhida, momentaneamente não sinaliza para uma situação de falta do produto, mas seu preço no mercado interno já subiu.
Dessa forma, como não há estoques suficientes no país e, os preços no mercado mundial estão elevados, e em parte, as exportações bloqueadas, continuarão a falta e os preços altos dos alimentos no país. Assim, a dedução lógica desta política que transforma alimento em agrocombustível é a crise mundial dos alimentos.
Ariovaldo Umbelino de Oliveira é professor Titular de Geografia Agrária – FFLCH – USP/ABRA/Instituto Iánde. Texto publicado no Jornal do Campus, Número 338, Ano 26.
“Do Tamanduatey ao Pinheiros” ou “O que fizemos com o rio?”
Rio, que rio? Tudo o que sinto é o cheiro, principalmente nos dias quentes.
Esta é uma frase fictícia. Porém não irreal. Todos os dias olho pela janela do trem, o rio Pinheiros. E todos os dias fico imaginando o que seria do rio se ele fosse diferente. Se ele fosse um rio, a bem dizer. Se ele tivesse um fluxo. Se ele tivesse cor de rio. Se ele tivesse curvas (como um rio).
Mas a história do rio é outra. E é triste. Tudo tem relação com uma cidadezinha, de aproximadamente 20 mil habitantes, que, em duzentos anos, passou a ter 11 milhões. E os habitantes precisavam de energia! E pra gerar energia que os problemas do Tamanduatey começaram.
Começaram quando uma certa companhia canadense, resolveu se aproveitar de uma lei e de uma enchente. E, em 1929, em plena quebra da bolsa de New York, que a The São Paulo Railway Light and Power se aproveitou das grandes chuvas que assolavam São Paulo para, numa manobra “absolutamente legal” se apossar de quilômetros e quilômetros de várzea. E se aproveitaram do rio para inverter seu fluxo e bombear água para a represa Billings, e de lá para a usina hidrelétrica Borden, em Cubatão.
A preocupação da cidade com o rio nunca foi de abastecimento de água. Foi de geração de energia. E aos poucos, com o crescimento da economia e a chegada das indústrias, o rio foi ficando mais e mais poluído. E não é a toa que o que vejo todos os dias do trem é um imenso córrego de água preta e parada. Por isso, nadadores, remadores e lavadeiras tiveram que deixar o rio.
Conta que os trilhos do bonde chegavam até o rio, transportando areia… era um bonde de carga. Do rio Pinheiros tiravam areia usada nas construções. Tinha cachoeira. A água era uma maravilha… um compadre tinha um barco, às vezes me levava para passear… o rio foi retificado e transformou-se num esgoto a céu aberto. Esse pedaço daqui ainda era limpo, mas logo ali na frente a gente via o esgoto caindo no rio. Celeste, 89 anos.
E por que o rio não fica limpo? Por que não há programas públicos? Pra falar a verdade programas até existem. O projeto POMAR busca um dos desafios, que, para mim, é o maior de todos. Trazer as pessoas para perto do rio. Fazê-las reconhecer que o córrego preto é um rio. É um “exercício ambiental de resgate da cidadania” não do rio, mas das milhares de pessoas que passam por ele todos os dias, sem notar que ele existe (a não ser quando ele fede).
Perceber o rio, sentir que ele faz parte da cidade, olhá-lo e observá-lo são tarefas que as pessoas que passam pelo Pinheiros têm de fazer. O envolvimento das pessoas, as ações pessoais, as pressões para políticas públicas eficientes são de fundamental importância para que o Pinheiros volte a ser um rio.
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Este texto foi escrito para a Blogagem Coletiva Blogueiro Repórter. Caso você tenha gostado do texto, por favor, vote nele no Dihitt.
Fala Leitor!
Olá Paula,
procurando sobre ciclovias do mundo encontrei uma postagem sua no blog da “Faça a sua parte” Achei muito interessante, porém triste. Pois vc não mencionou sobre as ciclovias de Sorocaba.
Vc já as viu?
São mt interessantes, pois diferentes das outras turisticas do Brasil, como a do RJ que é só na orla, as de Sorocaba interligam a cidade para que o cidadão possa justamente utilizar a bicicleta como meio de transporte. E a prefeitura ainda esta organizando além de passeios foruns de debates sobre a utilização da bicicleta.
Dê uma olhada no pequeno documentario que fiz sobre um trabalhador sorocabano que cruza a cidade diariamente de bicicleta rumo ao seu serviço.
http://www.youtube.com/watch?v=ncf0LmDwLtM
Muito obrigado!
Abraço!!
Bruno
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Oi Bruno,
Não conhecia não! Mas vou ver… De qualquer maneira, parabéns para Sorocaba! E que todas as cidades sigam o seu exemplo!
Se você quiser dar uma olhadinha na matéria original, que eu publiquei aqui no Rastro de Carbono, aí vai o link.
Abraços!
Agenda 6 e 7 de maio
O que: Desmatamento na Amazônia: um diálogo necessário. É possível?
Onde: Museu Paraense Emílio Goeldi (Mpeg) e o Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará (Idesp), Belém (PA)
Quando: 6 e 7 de maio
Objetivo: Aprofundar o conhecimento sobre o desmatamento da maior floresta tropical do mundo, a partir do ponto de vista da comunidade científica, das organizações não-governamentais e dos empresários. A idéia é realizar um amplo diálogo entre esses atores para sistematizar recomendações aos tomadores de decisões.
Mais informações: (91) 3219-3312
Interessantíssimo! Pena que São Paulo é tão longe e as passagens são tão caras… Fica a dica pra quem mora mais perto.
Mementrevista de estréia (ou de despedida)
Eu queria fazer minha estréia oficial na nova casa do Rastro de Carbono com o Mementrevista que eu li no Viajante Consciente, que leu no Uma malla pelo mundo, mas a casa nova do Rastro está com problemas e eu não vejo mais a hora de voltar a ser blogueira.
Sendo assim, o Mementrevista será (eu espero) o post de despedida do blogspot!
1. Por que resolveu criar o blog?
Estava na Inglaterra, sem ter o que fazer. Depois de procurar muito por atividades, me deparei com a Cambridge Carbon Footprint, uma simpática ONG movida pela incrível Ro e pelo Andi. A Cambrigde Carbon Footprint ainda hospedava o Akashi Project e a Shilpa, uma das pessoas mais empolgadas com trabalho que eu já conheci.
Comecei a trabalhar voluntariamente na ONG e entrei em contato com muito material publicado sobre mudanças climáticas. Entre muitas descobertas, percebi que no Brasil havia uma total ausência de bons materiais sobre o tema. Com uma vontade enorme mas despretenciosamente, comecei o Rastro de Carbono.
2. O que te dá mais prazer em blogar?
Gosto de blogar porque gosto. Parafraseando, nada no blog exagera ou exclui. É uma ferramenta de massa, para as pessoas, e das pessoas pertence. Gosto de blogar para o mundo, mesmo que o mundo seja somente eu e alguns fiéis leitores.
3. Indique um blog bom e um que você não gosta e por quê.
Dot Earth é um blog sensacional. Gosto das opiniões bem argumentadas. Infelizmente andei uns meses afastada dos blogs e nem a minha rede favorita consegui olhar. Devo dizer que, no mundo dos blogs, atualização é fundamental.
Gosto do Sustentabilidade/Ecodesenvolvimento, da Clau Chow. Espero que ela não desanime e continue postando sempre. Gosto das opiniões, das fotos, da organização. Enfim… se o Rastro de Carbono não fosse o meu blog, gostaria que o Sustentabilidade/Ecodesenvolvimento fosse.
Blog ruim? Nem leio!
4. Qual tipo de música você ouve, e quais suas bandas favoritas?
Ouço música popular brasileira e músicas da modinha. Das MPBs gosto de Maria Rita, Monica Salmaso, Tereza Cristina, Vanessa da Mata. Gosto de músicas inteligentes para crianças, como as do Paulo Tatit e do Hélio Ziskind.
5. Qual o assunto que você mais gosta de postar?
Gosto de postar sobre o que é feito em termos de políticas públicas para melhorar nossa vida no planeta. Também gosto de postar sobre as bases científicas e contra-argumentos que hipotetizam as mudanças climáticas e o aquecimento global. E por último, mas talvez o mais importante, gosto de postar sobre mudanças pessoais e de hábitos que podem fazer toda a diferença para conter a poluição do ar, da água e do solo e consequentemente conter o aquecimento global.
6. Seaquinevasseceusavaesqui?
Esquisónãomastambémgorrocachecoleluva. Mas no momento ando usando somente galochas.
7. Você é: casada, solteira, separada, enrolada, desquitada, chutada, viúva ou outros?
Casada
8. Por que você deu este nome ao seu blog?
Porque acho o termo “Pegada de carbono” muito leve. Uma pegada é uma marca única, mas o que estamos deixando no planeta com todas as nossas ações muitas vezes impensadas é mesmo um rastro.
9. Qual foi o último blog que você visitou?
Viajante consciente
10. Por que resolveu participar deste meme?
Porque queria inaugurar oficialmente meu blog novo. Ou me despedir do velho, sei lá agora…
Jogo o convite ao vento! Que ele caia sobre uma terra fértil e germine!
The Animals Save the Planet
A rede Animal Planet, em conjunto com a Aardman (produtora de Fuga das Galinhas e allace e Gromit), fizeram a série The Animals Save the Planet, 12 curtas em stop motion com temas ecológicos. Tem vídeos sobre o uso da água, emissões de carbono, economia de energia e outros. Todos possuem animais como protagonistas. Uma boa diversão pro feriado!
Os nossos preferidos são o da medusinha e o do urso polar com um pingüim.
Mulheres…
Não é a toa que Pachamama é a deusa da Terra. Nem que Yara é a deusa das águas. Parece que a muito tempo se sabe que, se alguém tem que dar atenção ao planeta, esse alguém somos nós, mulheres.
Nós mulheres somos os seres dotados da força, da vontade, do poder de dar continuidade à humanidade. E, fato é, somos as responsáveis pela educação ambiental das pessoas que nos cercam. E é a partir de nós que mudanças são feitas no estilo de vida da nossa família.
+ Quem controla o tempo do banho dos filhos?
+ Quem vai ao supermercado e leva sacolas retornáveis, caixas desmontáveis?
+ Quem é que controla os gastos de água e energia elétrica de casa?
+ Quem escolhe o cardápio da semana?
Se “uma mulher” não for pelo menos 80% das respostas dadas para as perguntas, eu me dou por vencida e me calo.
Somos nós as verdadeiras responsáveis pelas mudanças de hábitos na nossa casa, no nosso trabalho, com os nossos amigos. Querendo ou não, somos exemplos para nossos pais, nossa família. O poder de mudar hábitos está nas nossas mãos. Se inventamos não comer carne um dia da semana, a família toda vai ter que ser vegetariana por um dia. Se inventamos que o banho em casa não pode ser no horário de pico e deve ser curto, a família responde. Se resolvemos não usar sacolas plásticas do supermercado, não usamos. E, até podemos mudar alguns amigos se resolvemos levar um copo de vidro pro escritório, evitando os plásticos.
Mulheres! Fato é que somos todos os dias, um pouco Mãe-Terra.