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Borboletas do Paraná: risco de extinção

borboleta.jpgTenho receio de dizer que o Paraná está repleto de borboletas. Medo de incentivar a caça dessas encantadoras criaturas. Então, evitarei muitos detalhes sobre as infindáveis espécies que vi e não direi os locais mais frequentados por elas.
Como minha máquina digital está chegando ao final da sua intensa vida, foi difícil fotografar as belíssimas borboletas. Mas não poderia deixar de registrar a espécie acima. Que bichinho mais maravilhoso. Ela é pink com rococós pretos e brancos! Quando abre as asas, a cor rosa se revela completamente!
Sabe qual o nome popular desse inseto? 88. Dispensa explicações… Cientificamente, ela é chamada de Diaethria clymena (Cr). Essa espécie é pequena, encontrada no Cerrado e na Mata Atlântica. A envergadura das asas possui, em média, seis centímetros. E ela gosta de locais abertos e iluminados. Se alimenta dos frutos caídos das árvores.
Outra borboleta que não conhecia era a Azulão-branco (Morpho Athena). Ela é grande, a envergadura das asas pode atingir até 14, 5 centímetros. Voando ao longe, aparenta ser branca. Porém, ao chegar perto, percebemos que reflete a cor azul clara. A Azulão-branco vive em regiões com altitudes superiores a 1.500 metros e se alimenta de frutos maduros.
Enquanto fazia trilhas, me deparava com borboletas na cor azul metálica. Não consegui distinguir qual a espécie. Elas eram “gigantes” e mais inquietas. De acordo com Museu Nacional do Rio de Janeiro, as borboletas de coloração azul metálica eram usadas como adorno por muitos povos nativos brasileiros, pois representavam a força da natureza.
Agora, segundo o Museu, a maioria dessas lepidópteras – borboletas adultas com quatro asas, largas ou em forma de lança, comumente recobertas com escamas e brilhantemente coloridas – estão em risco de extinção. A culpa é da destruição de seus habitats e das coletas indiscriminadas.
Obs.: Clique nos links para saber mais sobre essas espécies. E dê um Google Imagens!

Sorteio do livro “Seis Graus”!

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Valendo! Quer ganhar o livro “Seis Graus”, escrito por Mark Lynas e editado pela Jorge Zahar Editor? É simples. Basta escrever nos comentários deste post o que você faz para evitar o aquecimento global. Seja criativo! Os comentários poderão ser postados até o dia 20 de novembro. Em seguida, sortearei todos os inscritos. É o Xis-xis de Natal! Ho ho ho!
Sobre a obra
Meu coleguinha Mark Lynas, jornalista e ambientalista, um belo dia teve um insight. Ele mora a cerca de um quilômetro e meio da Biblioteca Científica Radcliffe, Universidade de Oxford, na Inglaterra. Segundo o autor, a maioria dos estudos sobre aquecimento global eram enviados para o local “onde permaneciam intocados por semanas, ou até anos”. “Dei-me conta de que era quase o mesmo que ter um oráculo de Delfos logo ali no meu jardim dos fundos, ou Nostradamus morando na casa ao lado”, escreveu.
Curioso, o jornalista foi xeretar os trabalhos científicos. E percebeu que, com o material, poderia montar um guia, grau por grau, sobre o futuro calorento do aquecimento global – se ele se concretizar. E essa é a história do “Seis Graus”. Lynas esclarece que parte dos trabalhos científicos foram feitos baseados em projeções, sendo que muitas vezes cada uma utilizava um modelo diferente. Ele foi encaixando os estudos em cada grau. No final do livro, colocou as referências para quem quiser tirar a prova.
O livro foi impresso no Brasil em papel reciclado. Recebi a obra esta semana, estou ainda no primeiro grau. Mas já deu para perceber um pouco sobre a prosa. Ela não é toda catastrófica. Além de bem humorado, de acordo com os temas, aos poucos o autor explica fenômenos da natureza – contextualizados com história e geografia – como as correntes marítimas. Veja duas informações curiosas que grifei:

  • Há 70 mil anos, uma erupção vulcânica na Indonésia lançou muito, mas muito mesmo enxofre e poeira na atmosfera. Tanto que até cortou o calor do sol. Assim, a temperatura do planeta despencou, aproximadamente, seis graus. A população humana foi reduzida para 15 mil a 40 mil indivíduos;
  • Na Idade Média, em meados de 1100 d.C., estima-se que as temperaturas no interior norte-americano foram até dois graus mais quentes do que agora. Índios morreram por falta de recursos naturais e em brigas violentas. Na Europa, os vikings colonizaram a Groenlândia e vinhedos eram cultivados no norte da Inglaterra – hoje eles são plantados no Mediterrâneo.

Maragogi e Porto de Galinhas: entre o paraíso e o inferno

Para quem não sabe, as belezas de Maragogi (AL) e Porto de Galinhas (PE) é obra da nossa imensa barreira de coral. Daí, este post. Bom, todo mundo que visitou ambos os lugares, falou para mim que eram maravilhosos. Sendo assim, colocamos as duas praias no roteiro da viagem.
Realmente, Maragogi e Porto de Galinhas são de uma beleza ímpar. Se me arrependo de ter visitado os dois corais? Jamais. Se eu vi peixes? Sim, muitos, mas muitos peixes de todas as cores e tamanhos. Aliás, encontrei moréias, ouriços, minhocas do mar. Além disso, a cor do coral e dos seus habitantes misturada àquele mar azul e verde transparente é uma afronta. Lindo, lindo demais.
Mas… o ditado que afirma que “nem tudo é perfeito” cabe, perfeitamente, a ambas as praias.
Maragogi
O município de Maragogi está localizado em Alagoas, quase na divisa com Pernambuco. O forte do local são os corais, que ficam a seis quilômetros da costa. As praias do município são lindas, algumas com ondas. O único detalhe é que várias são de acesso praticamente impossível, pois estão em propriedades que dificultaram a entrada. E a da cidade está repleta de turistas dirigindo mini bugues em alta velocidade na areia.
Seus corais são os mais bonitos de Alagoas. Quando a maré está baixa, paga-se a bagatela de R$ 50 por pessoa para visitá-los de catamarã. Segundo um pescador de Japaratinga, antigamente, todo tipo de embarcação podia chegar até eles. Mas formou-se uma cooperativa e agora apenas quem possui catamarã registrado. Por sua vez, o Ibama – ou prefeitura? – restringiu o número de 60 pessoas por catamarãs por dia.
Durante a viagem, são dadas instruções de segurança e de cuidado com o meio ambiente. Daí, você pensa, se os caras vivem disso, eles respeitam, correto? Não. Eu vi âncoras cravadas em corais. Não apenas uma! Além disso, um dos marinheiros me disse que é proibido alimentar os peixes, porque eles apareciam mortos – de fome ou de tanto comer? – após a maré alta. O que esse mesmo guia fez? Deu peixe cru aos peixes.
Porto de Galinhas
A praia – como Maracaípe, Cupe e Muro Alto – faz parte do município de Ipojuca, em Pernambuco. Cada praia é bem diferente da outra. Porto de Galinhas, aqui o caso, é uma bagunça! Urbanisticamente falando, você até percebe um projeto. Ela foi meio que dividida em quadras. Entre cada uma delas, há um praça, local para praticar esportes, etc.
Mas, no primeiro dia em Ipojuca, tivemos a brilhante ideia de dormir em Porto de Galinhas. Impossível! São carros e casas com som alto a noite inteira. Sem contar que é impraticável esticar a canga na praia, parece o litoral sul de São Paulo. Muita gente na areia e barracas de praia loteando o local. É uma disparidade. Quando a gente volta os olhos ao mar, vê aquela natureza que descrevi acima. Quando escutamos e observamos a cidade, uma bagunça.
No coral, nem os próprios jangadeiros respeitam um manual de bom ecoturismo que a prefeitura distribui. Por exemplo, é proibido dar ração aos peixes, mas eles afirmavam não saber disso. Aliás, tenho uma teoria: Porto de Galinhas possui tanto peixe por causa dessa louca alimentação. Quando a maré desce, eles devem vibrar: “Oba! Vamos ficar nas piscinas naturais para conseguir comida na boca!”

Brasil tem a segunda maior barreira de coral do mundo

Todos os habitantes do litoral de Alagoas repetem com orgulho: “Tá vendo esse coral? É a segunda maior barreira de coral do mundo. Só perde para a Austrália”. De acordo com um pescador alagoano, que nas horas vagas trabalha como guia para complementar a renda, a barreira vai desde a Bahia até o Maranhão.
Eu percorri todo o litoral de Alagoas, mas passei mais tempo na parte norte do estado. Fiz um caminho que é conhecido como “Rota Ecológica” – de praias pouco exploradas pelo turismo. Nesses lugares, o mar varia entre as cores: verde-água, verde-esmeralda, azul-calcinha e azul-piscina. Parece o Caribe, é um desbunde!
Por todo o litoral, observamos da praia as ondas quebrarem no horizonte do mar – a foto acima é do mar ao lado com a maré baixa. Isso significa que é lá que estão localizados os corais. Quando a maré desce, é possível caminhar sobre as pedras ao lado dos corais e mergulhar com snorkel. É rasinho, com no máximo dois metros de profundidade. A cor “coral” misturada ao mar azul-piscina… é de chorar de lindo.
Em algumas cidades, como em Japaratinga, existem dois corais. Um fica pertinho da praia, na maré baixa é possível ir a pé – observe, na foto ao lado, os barcos encalhados. O outro, a cerca de dois quilômetros de distância. Se não quiser ir a nado, procure os pescadores que na hora vaga levam aos corais. Aliás, a maioria dos passeios de barco que fiz durante a viagem foi nesse esquema. Os próprios pescadores dizem que ganham mais dinheiro com os turistas do que com a pesca.
Na chamada Ilha da Crôa – onde tirei essa foto divina -, um banco de areia com pedras e corais, encontramos um pescador de polvo. O rapaz, com menos de 18 anos, disse que vendia o polvo por R$ 12 o quilo. Ele ia a nado até a Ilha, cerca de dois quilômetros de distância da praia, pegava os polvos e voltava nadando. “Não tem emprego na região, precisamos viver do mar”, disse.
Dois lugares imperdíveis que indico é a região de São Miguel dos Milagres e de Japaratinga. Vale reservar três dias para cada uma dessas cidades.
O futuro de Coruripe
Coruripe é uma cidadezinha simples localizada ao sul de Maceió. Seus habitantes vivem do turismo, da pesca, do comércio. Além daquele mar verde-esmeralda maravilhoso, o bacana da cidade é que a barreira de coral de Coruripe está bem perto da praia. Na maré baixa, o mar forma piscinas naturais. É possível ver os bichos marinhos do rasinho.
Recentemente, após voltar de viagem, li sobre a construção de um estaleiro – que fará navios e plataformas de petróleo – na cidade. Veja a matéria aqui. Não sei detalhes sobre o projeto, por isso não posso palpitar. Apenas acredito que, para nosso desenvolvimento econômico, precisamos de estaleiros e outras indústrias. Mas a região é muito linda…
Leia mais sobre a barreira de coral amanhã.

Mulheres identificam as emoções melhor que os machos

A-há! Pimenta no molho! As mulheres distinguem melhor do que os homens as emoções, especialmente, o medo e o desgosto. A conclusão é de um estudo realizado por Olivier Collignon e outros pesquisadores da Universidade de Montreal – Centre de Recherche en Neuropsychologie et Cognition (CERNEC).
Dessa vez, os cientistas não usaram fotos para analisar a reação dos 23 “cobaias” homens e mulheres, com idade entre 18 e 43 anos. Os pesquisadores contrataram atores e atrizes para simular o medo e o desgosto. Escolheram essas emoções porque acreditam que são mais relevantes à sobrevivência. Os “cobaias” deveriam dizer rapidamente o que sentiam ao ver as expressões e, ao mesmo tempo, ao ouvir os áudios compatíveis e não com as emoções representadas.
Bom, as mulheres responderam mais rapidamente – e correto – às emoções expressadas por outras mulheres. E, comparadas aos homens, processaram as emoções em maior velocidade. Apesar do resultado… a ideia não é mostrar a superioridade de nós, meninas lindas e gostosas e charmosas e inteligentes e modestas, sobre os homens. O intuito é relacionar as emoções com os gêneros e as doenças. Por exemplo: o autista, maioria homens, possui dificuldade no reconhecimento das emoções.
Eu, leiga, acredito que as mulheres percebem as emoções por necessidade, para entender os filhos e se relacionar melhor com o macho provedor. Além disso, porque é competitiva com outras mulheres. Nada melhor do que saber o que o “concorrente” sente para, em seguida, agir. O artigo está aqui, ó.

Pescadores alimentam tubarões em Fernando de Noronha

Fernando de Noronha é a ilha da fantasia. Um sonho, mas não perfeita. E a “culpa” é nossa. Recentemente, pescadores estão arriscando a vida dos turistas e da própria população.
Há pouco tempo os pescadores resolveram limpar os peixes no porto – foto – e jogar os restos no mar. A graça é ver os tubarões se alimentando desse resto. A região está repleta deles. De snorkel, eu vi três tubarões, creio que da espécie tubarão-limão.
Em setembro e outubro, as águas da área estão calmas. Por isso é possível com snorkel, a partir da praia mesmo, mergulhar no naufrágio do navio grego “Eleani Stathatos”. Veja o vídeo que gravamos dele:

No verão, as águas do porto ficam repletas de ondas. Quando o mar está muito agitado, o porto “se muda” para a Baía do Sueste – uma praia “no mar de fora”, voltado para o oceano. E os surfistas pegam onda na Praia do Porto.
O fundo do mar da Praia do Porto é de pedras – aliás, de todas as praias, mas a maioria é forrada de areia dourada. Por isso os surfistas correm o risco de bater nas pedras e se machucar. Ou mesmo qualquer pessoa pode tomar um caldo e se ralar.
Como os pescadores alimentam os tubarões, ambientalistas temem que os bichos ataquem quem sangrar. Principalmente, na época em que não forem alimentados.
Assim, segundo agentes de turismo de Fernando de Noronha, os ambientalistas estão estudando uma maneira de acabar com essa prática. Lá na ilha, quase todas as praias possuem placas explicando as proibições ecológicas. Como, por exemplo, que é proibido sair da praia da Baía do Sancho para nadar com os golfinhos. Não respeitou? Toma multa do fiscal do Ibama.
Na palestra que conferi no Projeto Tamar, disseram que em Fernando de Noronha nunca houve um caso registrado de ataque de tubarão em humanos. Tá, apenas um. Um turista puxou o rabo de um tubarão-lixa. O animal arrancou um pedaço da carne do braço do infeliz.
Outras observações para serem consideradas sobre Noronha:
Na maior parte da BR 363, principal via da ilha, não existe calçada. As pessoas caminham na rodovia ao lado de carros e bugues em alta velocidade – muitas vezes conduzidos por pessoas que nunca dirigiram um bugue na vida. Os guias até avisam sobre o perigo, já que o hospital da ilha é um pronto-socorro equipado para acidentes simples. Aliás, nas ruas asfaltadas da Vila dos Remédios – centro – também não existe calçada;
Fernando de Noronha está tomada por ratos e gatos! Tudo bem que os gatos atacam os roedores, mas eles também caçam os pássaros da região que não estão acostumados com felinos;
Há problema com o depósito do lixo. Além disso, a energia da ilha é obtida por termoelétrica – que usa combustível fóssil. Eles estavam testando energia eólica – menos poluente -, mas um raio prejudicou o projeto;
Não vi ciclovias! Como acontece no resto do Brasil, a prioridade é para os carros. Carros e bugues que queimam muito óleo. Poxa, em uma ilha tão pequena, com uma bicicleta qualquer um poderia visitar os principais pontos. Mas andar de magrela na BR 363 é uma ação suicida;
Os turistas, na Praia do Atalaia, não respeitam o meio ambiente. Todos os guias repetem cinquenta mil vezes que é proibido pisar e encostar nos corais. Um fiscal do Ibama também fica de prontidão para retirar os infratores da água. Porém, quem está de snorkel, vê a falta de educação de alguns turistas.

Três tartarugas marinhas nadando em Fernando de Noronha

Tirei muitas fotos, mais de duas mil (!), e gravei tantos vídeos durante a viagem por Alagoas e Pernambuco que resolvi compartilhar mais estórias. Entre eles, o vídeo de três tartarugas marinhas nadando atrás da rebentação na Baía do Sancho:

Em Fernando de Noronha, existe uma base do Projeto Tamar – Programa Brasileiro de Conservação das Tartarugas Marinhas. Todas as noites, o local oferece palestras sobre tubarões, aves, tartarugas, entre outras. Tive a sorte de ver uma sobre o próprio arquipélago. Bárbaro! E essencial para entender mais sobre o ecossistema da ilha. Saiba mais sobre as palestras e o projeto em Noronha aqui.
Tartarugas em Noronha
Bom, voltado às tartarugas. Durante a palestra e o “Ilhatur”, passeio que dura o dia todo e percorre os principais pontos turísticos de Noronha, conferi que algumas praias são usadas pelas tartarugas marinhas para reprodução. Entre elas, está a famosa Praia do Leão, eleita uma das bonitas do Brasil diversas vezes.
No arquipélago, as tartarugas marinhas botam os ovos durante o verão. Na Praia do Leão, por exemplo, que possui esse nome devido a uma ilha localizada em frente a ela que parece um leão-marinho, se não me engano entre os meses de novembro e janeiro é proibido ir a praia durante a noite. A partir das 18 horas, as mamães tartarugas saem do mar para botar os ovos. Se elas avistarem um humano, permanecerão na água. Porque têm medo.
Um pouco de história
Antigamente, os descobridores faziam atrocidades com as mamães tartarugas. Os marinheiros passavam meses mais meses no mar. Levavam diversas comidas, muitas vezes até animais vivos como cabras, para se alimentar. Porém, depois de meses, só restavam os alimentos que não eram frescos. Então…
Uma tartaruga quando sai para botar ovo é um alvo fácil dos humanos. Ela é devagar na areia. Os marinheiros, sem nenhuma dificuldade, capturavam elas. E a prendiam no navio por meses. Assim, quando o capitão queria comer carne fresca, os marinheiros matavam a coitadinha.
Projeto Tamar
Um belo dia há 28 anos, um pequeno grupo de jovens pesquisadores resolveu catalogar as tartarugas marinhas no Brasil e os locais de desova. Sem lenço, nem documento. Graças a esses guerreiros – no Brasil, nada, mas nada minha gente é fácil -, nove milhões de filhotes foram devolvidos ao mar. Mas estima-se que apenas dois filhotes de mil que nascem sobrevivem até a fase adulta.
Nos maravilhosos dias que passei em Noronha, cheguei a ver uma tartaruga quase do meu tamanho – tenho 1,64m! Eu acho que era da espécie tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata), pois parecia pintada. Estava perto do porto. A vi quando fazia o “Planasub” ou, também, “isca de tubarão”. Um passeio em que somos rebocados pelo barco.
No último dia em Noronha e apenas no período da manhã, contei ter avistado 15 tartarugas! Cheguei a mergulhar, no máximo, com três de uma vez… Creio que a maioria da espécie tartaruga-verde (Chelonia mydas). Isso é sinal de que o Projeto Tamar está, mesmo, obtendo resultado.
Isis estrelando: Procurando o Nemo
No segundo dia em Noronha, fui conhecer a magnífica Baía dos Porcos. Mergulhando entre as pedras avistei uma tartaruga se alimentando. Quando a onda vinha fraca, ela continuava comendo. Quando batia nas pedras e quebrava, a tartaruga dava uma pirueta para lá. Logo em seguida, quando a onda puxava, a tartaruga dava cambalhotas virando de ponta cabeça para cá. E voltava, calmamente, a comer. Sem fazer algum esforço contra a correnteza.
Fiquei ali cerca de 15 minutos observando a tranquila da tartaruga. E aquele olhinho “caído”. As cores da água, das pedras, o jeito da tartaruga… Tudo fez com que eu me sentisse dentro do filme “Procurando o Nemo”. O máximo. Saí zen. Voltei zen.

Sabia que os corais fazem barulho?

Escute no vídeo gravado pelo @gustamn:

Primeira manhã em Fernando de Noronha, naveguei para pasmar nas praias voltadas ao continente… e me encantei pela água do mar. Ela parecia gelatina – sabe quando dá para observar o fundo, mas distorcido? Não via a hora de pular naquela água cristalina.
Depois percorrer a ilha de ponta a ponta – do Porto até a Ponta da Sapata – paramos na Baía do Sancho. Naquela famosa praia considerada a mais linda do Brasil. Na minha opinião, é mesmo e minha praia preferida – bobinha. Porque, além de bela por fora, é encantadora por debaixo d’água. No rasinho, vi arraias, tartarugas, peixinhos coloridos a nadar no mar.
Mais que tudo, fantástico foi pular nessa baía pela primeira vez. O barco atracou próximo a um coral que muitos chamam de “laje”. Creio eu por ser uma laje de pedra onde o coral cresceu em cima. Quanto mais próximo se chega ao coral – é proibido tocar – um barulho estranho aumenta. O coral parece que estala!
Saí do mar curiosa. Para variar, perguntei ao barqueiro: “Que barulho é esse?” Ele disse: “É do coral”. Maravilhoso! Pronto, me apaixonei.
Mas por que o coral faz barulho?
Meu colega Igor Santos, do 42, passou um link da BBC News – aqui, em inglês. De acordo com a matéria, invertebrados – como camarões – emitem um som de alta freqüência e os peixes produzem um som mais agudo. Logo… o barulho dos corais é causado pelos sons dos invertebrados e dos peixes se alimentando. Bárbaro?
Sim, se essa dádiva não estivesse em perigo. De acordo com o Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC, ou Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas), o aumento da temperatura do mar poderá prejudicar os corais. Além disso, a poluição deixou os oceanos mais ácidos – como era há 65 milhões de anos. Nessa época, atividades vulcânicas que liberaram gases do efeito estufa causaram a extinção de espécies que viviam em águas profundas.
Segundo os pesquisadores, se nada for feito, os oceanos poderão se tornar inóspitos ou com pouca biodiversidade. E teremos que dizer adeus ao fantástico barulho dos corais. Também, adeus, Noronha.
Este post faz parte do Blog Action Day. Uma iniciativa internacional em busca da união de todos os blogs por uma causa. Este ano, contra as mudanças climáticas. Veja as fotos do passeio de barco aqui.

Educar para socorrer o peixe-boi-marinho

Durante minhas andanças por Alagoas, passei para conhecer o Projeto Peixe-Boi-Marinho no povoado de Porto da Rua, mais especificadamente, no rio Tatuamunha. Foi en-can-ta-dor!
Antes dos colonizadores portugueses comerem o animal até ele – agora – correr risco de extinção, o peixe-boi-marinho habitava quase toda a costa brasileira. Se não me engano, estava presente desde o norte do Espírito Santo até o Pará. Mas no mar? Pois… é.
O Trichechus manatus, nome científico do bicho, é diferente do peixe-boi do Amazonas. A espécie (Trichechus inunguis) da Floresta Amazônica vive apenas em rios. O peixe-boi-marinho nasce nos rios, em meio ao mangue, e fica por lá com a mãe até sair da amamentação. Depois disso, segue para o mar.
Porém ele não vai muito longe da costa. O peixe-boi-marinho prefere as águas rasas. Ele se alimenta de algas que arranca com ajuda de sua unha – veja na foto. Segundo a guia – super atenciosa que quer cursar biologia, tomara que consiga -, de alga em alga ele pode pesar mais de 500 kg!
Apesar do tamanho, o peixe-boi-marinho é um animal super dócil. Esse foi um grande problema. Por ser fofinho – literalmente, não? -, ele se aproximava do homem. Não tinha tanto medo do Homo sapiens. O que facilitou sua caça.
Atualmente, o projeto com patrocínio da Petrobras e apoio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama) busca repopular a costa brasileira. No rio Tatuamunha, há um espaço destinado à readaptação do animal – veja a foto. Os bebês que se perderam da mãe, os indivíduos estressados ou machucados são levados para esse cercadinho.
Biólogos alimentam e acompanham os animais até se certificarem de que eles estão aptos para voltar a serem livres na natureza. Durante 24 horas, um segurança no local checa se está tudo bem com os bichinhos. Qualquer problema, liga para o biólogo de plantão.
Todos podem visitar o projeto, eu escolhi uma guia credenciada pelo Ibama. Paga-se uma taxa, creio que R$ 20 por pessoa, que será revertida para a preservação. O passeio começa no mangue.
Nós andamos por 15 minutos em tábuas fincadas sobre o mangue e sobre o rio. No mangue, o clima é bem abafado. Depois, pegamos uma espécie de balsa que nos leva até o recinto de readaptação. Como tivemos sorte, conseguimos encontrar solto no rio o peixe-boi-marinho Aldo!
A balsa não pode se aproximar do animal. Deve ficar até 200 metros de distância dele. Mas o Aldo é curioso. Foi até nós e abraçou o barco! Apaixonante. Diferente dos outros compatriotas que foram soltos no rio – a fêmea Lua, por exemplo, passeia por toda a costa do Alagoas e vai até Porto de Galinhas, em Pernambuco -, o Aldo não saiu do Tatuamunha. Ainda não se sabe ao certo o porquê.
Para monitorar esses animais, logo após serem soltos, durante um período os responsáveis pelo projeto colocam um rádio no peixe-boi-marinho. Trata-se de um equipamento desenvolvido no Brasil. O rádio é amarrado na cauda, de forma que não atrapalhe e nem machuque o bicho. Depois de checar que está tudo ok com o comportamento do animal, o equipamento é retirado.
Quando chegamos ao rio, uma bióloga recém-formada olhou feio para nossa balsa. Um passarinho verde contou que ela reprova a visita de turistas. Mas, graças aos turistas, o projeto conseguiu empregar os pescadores que antes matavam o animal – o peixe-boi-marinho, diferente das tartarugas, quando se enrosca nas redes de pesca tem força suficiente para rasgá-las. Também gerou emprego para artesãos que fazem souvenir e para habitantes que agora têm o sonho e emprego se cursar biologia.
Além disso, ao conhecer mais sobre os hábitos e ver o quão o animal é cativante, as pessoas tendem a cuidar de seu ambiente. E a respeitar mais o peixe-boi-marinho. Educação é tudo. Confira mais fotos do passeio aqui. Saiba mais sobre o peixe-boi-marinho ali. Dica: faça o passeio no final da tarde para aproveitar o maravilhoso pôr-do-sol no rio Tatuamunha.

Olha o coco!

Continuando sobre minha viagem pelo Nordeste…
O estado de Alagoas é forrado de coqueiros. Eles estão por toda a parte. Inclusive, é bom olhar para cima, eventualmente… Para chegar à Praia dos Morros, por exemplo, tivemos que desviar dos cocos.
Existem algumas maneiras de visitar essa que é considerada uma das praias mais lindas do país: seguindo por uma longa trilha, de carro, caminhando por toda a Praia do Carro Quebrado, atravessando o rio Camaragibe a nado ou de balsa.
Para nós, o caminho mais perto e prático era de balsa. Paga-se dois reais – passagem de ida e volta – diretamente para o jangadeiro remar até a outra margem. O carro pode ficar estacionado na belíssima Barra de Camaragibe.
Para chegar até a balsa, deve-se caminhar pela areia por poucos minutos. Porém… Moradores da região falaram que era mais fácil atravessar uma fazenda de coqueiro. Péssima ideia. Havia pessoas colhendo os cocos – subindo nos coqueiros, cortando os cachos e deixando o coco despencar na caçamba de um caminhão-trator.
Os coqueiros são naturais do Brasil?
Certa vez, li que os coqueiros não são endêmicos do Brasil. Algum lugar afirmava que eles foram trazidos da Ásia pelos colonizadores, mas não achei um artigo que comprovasse essa suspeita. Eu sei que o litoral do Alagoas era forrado de Mata Atlântica. E, para variar, foi desmatado.
Passei por praias praticamente desertas como a do Toque, do Laje, do Patacho. De um lado, os pés são molhados por aquele mar verde-claro, azul-calcinha, verde-esmeralda e verde-água de tirar o fôlego. Do outro… observa-se terrenos com coqueiros e mais coqueiros. Estranho.
Tem pescador que não consegue morar de frente para o mar. Vive em dignos povoados na beira da estrada como São Miguel dos Milagres. Então, por que a faixa litorânea está repleta de coqueiros? Por que os pescadores não moram de frente para o mar?
Segundo alguns moradores com os quais conversei, isso ocorre graças à especulação imobiliária. Veja bem, o que pode ter outro nome. Pessoas de fora dessas cidadezinhas adquirem os terrenos de frente ao mar. Plantam coqueiros para dizer que a terra é produtiva. Pegou? Veja mais fotos aqui.