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A crise financeira afetou o setor da reciclagem

Li muito sobre isso. De acordo com o Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR), a crise financeira em 2009 e 2008 prejudicou o setor da reciclagem. Mas a modo de quê?
O preço dos materiais recicláveis – aparas de papel, sucata de ferro e plásticos – é ditado pela Bolsa de Valores de Londres. Tratam-se de commodities classificadas como mercadorias primárias – ou matérias-primas – que têm seu preço cotado de forma global. Assim, os materiais recicláveis estão sujeitos às variações que as indústrias praticam ao redor do mundo – cotadas em dólar.
Segundo o MNCR, no Brasil, por exemplo, o preço do quilo de plástico caiu de R$ 1 para R$ 0,60, e o do plástico de garrafas pet, de R$ 1,20 para R$ 0,35. O quilo do jornal, dos papelões especiais e finos e dos papéis misturados e brancos também tiveram redução no valor. A reciclagem quebrou no Brasil, para o Movimento. Indústrias de beneficiamento fecharam as portas e demitiram. Ainda, hoje, o setor não se recuperou.
Essas informações constam no artigo “A crise financeira e os catadores de materiais recicláveis”, produzido pelo Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR) e publicado no último boletim Mercado de trabalho: Conjuntura e Análise, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Agora, veja só que problema. Estimativas do Movimento apontam que, no Brasil, 90% de tudo que é reciclado vêm das mãos dos cerca de 800 mil catadores. Eles atuam dentro de lixões a céu aberto ou organizados em cooperativas e associações. Quem precisou trabalhar mais para ganhar o mesmo? Os catadores.

Feliz 2010!


Há uns dias não atualizo o blog. Peço desculpas, mas foi por um bom motivo. Tenho me dedicado bastante ao trabalho – e para arrumar os empecilhinhos que aparecem como problemas com a internet, computador, celular, carro (!). Bom, deixando as questões malas para o ano velho – o que me ensinou a ser mais ainda calma, paciente e incisiva -, tal dedicação à profissão refletirá em posts mais interessantes em 2010!
E o balanço do ano de 2009? Completamente positivo à ciência, ao meio ambiente e para a divulgação científica! Alguns exemplos: foram criadas vacinas contra o vírus H1N1; foi descoberto o Ardi, o esqueleto de hominídeo mais antigo já encontrado até hoje, com 4,4 milhões de anos; é certeza que a Lua possui água; desenvolveram uma vacina contra o vírus H1N1 que provoca a gripe suína; realizou-se a 15ª Conferência das Partes da Convenção do Clima (COP 15); a mídia publicou inúmeras matérias sobre Darwin – seu nascimento e teoria da evolução – e astronomia – Ano Internacional da Astronomia; inauguramos o ScienceBlogs Brasil, il, il.
Isso é muito? Não. Nem suficiente. Principalmente no quesito meio ambiente – rimou! Apesar de quase todo o mundo saber do problema do aquecimento global, falta muita ação para tentar diminuir seu efeito. Bem, deixemos para discutir isso no ano que está aí! Vamos às minhas promessas de Ano Novo. Em dezembro de 2008, prometi – leia aqui. Consegui cumprir tudo! Aha-ham. Menos esses pontos, assumo:
Tomar banhos mais rápidos e mais frios – puts, esses serão difíceis;
Todo dia que entrar na internet plantar uma árvore pelo site Clickarvore;
Exigir que plantem mais árvores nas áreas “verdes” do meu prédio;
Ler um livro por mês – intercalando sobre ciência;
Correr ou caminhar uma vez por semana;
Andar de patins com minha amiga Carla – eba – ao menos duas vezes por semana;
Dormir mais cedo e mais tempo – ao menos sete horas por dia;
Ter mais paciência no trânsito da capital paulista.
Para 2010, que começa amanhã, farei 10 promessas! Vamos lá… E são elas… Valendo:
1. Deixar os elevadores de lado e optar pelas escadas – mesmo morando no último andar do prédio;
2. Comer menos produtos industrializados e optar mais pelos naturais;
3. Andar com uma caneca e garrafinha na bolsa para evitar os copos plásticos;
4. Convencer mais amigos e familiares a reciclar o lixo, apagar as luzes e desilgar aparelhos eletrônicos;
5. Conhecer mais museus, parques e locais preservados do planeta – o mundo é nosso! – e contar as histórias aqui;
6. Estudar mais a ciência e o meio ambiente para poder compartilhar as descobertas, ideias, curiosidades no blog;
7. Continuar me dedicando ao trabalho para ser a cada dia uma profissional mais competente, o que refletirá nas notícias;
8. Passar mais tempo com amigos e familiares, propagando alegria aos próximos – foi comprovado, cientificamente, que ela é contagiosa;
9. Conhecer mais pessoas bacanas que estão entre as seis bilhões de pessoas do mundo e trocar ideias ambientais e científicas;
10. Ganhar na Mega-Sena! Puxa, é independente da minha vontade!
São pequenas atitudes, porém sei que farão diferença para as pessoas próximas a mim ou que possuem acesso ao blog ou às matérias. TENHA UM MA-RA-VI-LHO-SO 2010! QUE TODAS AS SEMENTINHAS PLANTADAS FLORESÇAM VERDES, ROSAS, LILÁSES, VERMELHAS, AMARELAS, BRANCAS! SEJA FELIZ!

Um buraco sem araras em Bonito

Há uns seis anos – nossa, como estou ficando velha! – conheci Bonito, a cidade mágica do Mato Grosso do Sul. Lá, entre tantos lugares de sonho, existia um fantástico. O “Buraco das Araras”.
Era uma vez uma depressão na terra, chamada de dolina, que forma um buraco gigantesco de 65 metros de altura. Nas paredes da dolina e nas árvores quase inalcançáveis dentro dela, as barulhentas araras faziam ninhos.
Todo dia, dizem que principalmente no final da tarde, era possível ficar pertinho das araras, dos periquitos, dos papagaios… Eles davam rasantes sobre nossas cabeças. Até que…
Dois conhecidos meus foram visitar Bonito, em novembro. Segundo moradores, turistas com ideias de jerico soltavam fogos da beira do Buraco. Com o barulho, as araras se assustavam e voavam. Naquele único momento, o vôo coletivo poderia ser lindo. Mas as araras se debandaram do local. E diminuíram o número de ninhos, ao menos ali.
Meus conhecidos voltaram chateados. Disseram que, agora, responsáveis estão tentando impedir que se solte fogos de artifício no lugar. E pesquisando maneiras de repopular, como antes era, a dolina com araras. Como, por exemplo, soltaram um casal da espécie no lugar.
Obs.: Encontrei um site – creio ser da fazenda onde está localizada a dolina – com histórias do jeito que gosto – realismo fantástico? – e fotos do Buraco. Recomendo. Clique aqui para ver.

E o livro “Seis Graus” vai para…

o Marcelo! Parabéns, sortudo! Ho, ho, ho!
Para quem caiu de paraquedas… O Xis-xis sorteou o livro “Seis Graus”, escrito por Mark Lynas e editado pela Jorge Zahar Editor. Um mimo de Natal – que está chegando! Para se inscrever, bastava dizer o que fazia para conter o aquecimento global. Mas não escolhi a “melhor” ideia – o que seria deveras subjetivo. Fiz um sorteio, mesmo.
E pedi para as pessoas serem criativas. Entre serinhos e piadistas, surgiram comentários interessantes. O Marcelo, o grande vencedor, escreveu:
“Bom, diversas atitudes para combater o aquecimento. desde o controle do banho até o projeto da casa onde vou morar que conta com 100% de reaproveitamento da água usada + água da chuva. Garantia de regulagem do motor do carro para o mínimo de emissões, não deixar eletrodomésticos desnecessariamente conectados à rede elétrica, uso somente de produtos “verdes” e assim por diante. Parabéns pelo blog.”
Confira com seus próprios olhos o resultado do sorteio – se seu nome não aparece, é porque é um dos últimos, que um dia serão os primeiros:
sorteio seis graus.jpg
Um beijo da Isis Noel!

Sorteio do livro “Seis Graus”!

seisgraus.gif
Valendo! Quer ganhar o livro “Seis Graus”, escrito por Mark Lynas e editado pela Jorge Zahar Editor? É simples. Basta escrever nos comentários deste post o que você faz para evitar o aquecimento global. Seja criativo! Os comentários poderão ser postados até o dia 20 de novembro. Em seguida, sortearei todos os inscritos. É o Xis-xis de Natal! Ho ho ho!
Sobre a obra
Meu coleguinha Mark Lynas, jornalista e ambientalista, um belo dia teve um insight. Ele mora a cerca de um quilômetro e meio da Biblioteca Científica Radcliffe, Universidade de Oxford, na Inglaterra. Segundo o autor, a maioria dos estudos sobre aquecimento global eram enviados para o local “onde permaneciam intocados por semanas, ou até anos”. “Dei-me conta de que era quase o mesmo que ter um oráculo de Delfos logo ali no meu jardim dos fundos, ou Nostradamus morando na casa ao lado”, escreveu.
Curioso, o jornalista foi xeretar os trabalhos científicos. E percebeu que, com o material, poderia montar um guia, grau por grau, sobre o futuro calorento do aquecimento global – se ele se concretizar. E essa é a história do “Seis Graus”. Lynas esclarece que parte dos trabalhos científicos foram feitos baseados em projeções, sendo que muitas vezes cada uma utilizava um modelo diferente. Ele foi encaixando os estudos em cada grau. No final do livro, colocou as referências para quem quiser tirar a prova.
O livro foi impresso no Brasil em papel reciclado. Recebi a obra esta semana, estou ainda no primeiro grau. Mas já deu para perceber um pouco sobre a prosa. Ela não é toda catastrófica. Além de bem humorado, de acordo com os temas, aos poucos o autor explica fenômenos da natureza – contextualizados com história e geografia – como as correntes marítimas. Veja duas informações curiosas que grifei:

  • Há 70 mil anos, uma erupção vulcânica na Indonésia lançou muito, mas muito mesmo enxofre e poeira na atmosfera. Tanto que até cortou o calor do sol. Assim, a temperatura do planeta despencou, aproximadamente, seis graus. A população humana foi reduzida para 15 mil a 40 mil indivíduos;
  • Na Idade Média, em meados de 1100 d.C., estima-se que as temperaturas no interior norte-americano foram até dois graus mais quentes do que agora. Índios morreram por falta de recursos naturais e em brigas violentas. Na Europa, os vikings colonizaram a Groenlândia e vinhedos eram cultivados no norte da Inglaterra – hoje eles são plantados no Mediterrâneo.

Maragogi e Porto de Galinhas: entre o paraíso e o inferno

Para quem não sabe, as belezas de Maragogi (AL) e Porto de Galinhas (PE) é obra da nossa imensa barreira de coral. Daí, este post. Bom, todo mundo que visitou ambos os lugares, falou para mim que eram maravilhosos. Sendo assim, colocamos as duas praias no roteiro da viagem.
Realmente, Maragogi e Porto de Galinhas são de uma beleza ímpar. Se me arrependo de ter visitado os dois corais? Jamais. Se eu vi peixes? Sim, muitos, mas muitos peixes de todas as cores e tamanhos. Aliás, encontrei moréias, ouriços, minhocas do mar. Além disso, a cor do coral e dos seus habitantes misturada àquele mar azul e verde transparente é uma afronta. Lindo, lindo demais.
Mas… o ditado que afirma que “nem tudo é perfeito” cabe, perfeitamente, a ambas as praias.
Maragogi
O município de Maragogi está localizado em Alagoas, quase na divisa com Pernambuco. O forte do local são os corais, que ficam a seis quilômetros da costa. As praias do município são lindas, algumas com ondas. O único detalhe é que várias são de acesso praticamente impossível, pois estão em propriedades que dificultaram a entrada. E a da cidade está repleta de turistas dirigindo mini bugues em alta velocidade na areia.
Seus corais são os mais bonitos de Alagoas. Quando a maré está baixa, paga-se a bagatela de R$ 50 por pessoa para visitá-los de catamarã. Segundo um pescador de Japaratinga, antigamente, todo tipo de embarcação podia chegar até eles. Mas formou-se uma cooperativa e agora apenas quem possui catamarã registrado. Por sua vez, o Ibama – ou prefeitura? – restringiu o número de 60 pessoas por catamarãs por dia.
Durante a viagem, são dadas instruções de segurança e de cuidado com o meio ambiente. Daí, você pensa, se os caras vivem disso, eles respeitam, correto? Não. Eu vi âncoras cravadas em corais. Não apenas uma! Além disso, um dos marinheiros me disse que é proibido alimentar os peixes, porque eles apareciam mortos – de fome ou de tanto comer? – após a maré alta. O que esse mesmo guia fez? Deu peixe cru aos peixes.
Porto de Galinhas
A praia – como Maracaípe, Cupe e Muro Alto – faz parte do município de Ipojuca, em Pernambuco. Cada praia é bem diferente da outra. Porto de Galinhas, aqui o caso, é uma bagunça! Urbanisticamente falando, você até percebe um projeto. Ela foi meio que dividida em quadras. Entre cada uma delas, há um praça, local para praticar esportes, etc.
Mas, no primeiro dia em Ipojuca, tivemos a brilhante ideia de dormir em Porto de Galinhas. Impossível! São carros e casas com som alto a noite inteira. Sem contar que é impraticável esticar a canga na praia, parece o litoral sul de São Paulo. Muita gente na areia e barracas de praia loteando o local. É uma disparidade. Quando a gente volta os olhos ao mar, vê aquela natureza que descrevi acima. Quando escutamos e observamos a cidade, uma bagunça.
No coral, nem os próprios jangadeiros respeitam um manual de bom ecoturismo que a prefeitura distribui. Por exemplo, é proibido dar ração aos peixes, mas eles afirmavam não saber disso. Aliás, tenho uma teoria: Porto de Galinhas possui tanto peixe por causa dessa louca alimentação. Quando a maré desce, eles devem vibrar: “Oba! Vamos ficar nas piscinas naturais para conseguir comida na boca!”

Brasil tem a segunda maior barreira de coral do mundo

Todos os habitantes do litoral de Alagoas repetem com orgulho: “Tá vendo esse coral? É a segunda maior barreira de coral do mundo. Só perde para a Austrália”. De acordo com um pescador alagoano, que nas horas vagas trabalha como guia para complementar a renda, a barreira vai desde a Bahia até o Maranhão.
Eu percorri todo o litoral de Alagoas, mas passei mais tempo na parte norte do estado. Fiz um caminho que é conhecido como “Rota Ecológica” – de praias pouco exploradas pelo turismo. Nesses lugares, o mar varia entre as cores: verde-água, verde-esmeralda, azul-calcinha e azul-piscina. Parece o Caribe, é um desbunde!
Por todo o litoral, observamos da praia as ondas quebrarem no horizonte do mar – a foto acima é do mar ao lado com a maré baixa. Isso significa que é lá que estão localizados os corais. Quando a maré desce, é possível caminhar sobre as pedras ao lado dos corais e mergulhar com snorkel. É rasinho, com no máximo dois metros de profundidade. A cor “coral” misturada ao mar azul-piscina… é de chorar de lindo.
Em algumas cidades, como em Japaratinga, existem dois corais. Um fica pertinho da praia, na maré baixa é possível ir a pé – observe, na foto ao lado, os barcos encalhados. O outro, a cerca de dois quilômetros de distância. Se não quiser ir a nado, procure os pescadores que na hora vaga levam aos corais. Aliás, a maioria dos passeios de barco que fiz durante a viagem foi nesse esquema. Os próprios pescadores dizem que ganham mais dinheiro com os turistas do que com a pesca.
Na chamada Ilha da Crôa – onde tirei essa foto divina -, um banco de areia com pedras e corais, encontramos um pescador de polvo. O rapaz, com menos de 18 anos, disse que vendia o polvo por R$ 12 o quilo. Ele ia a nado até a Ilha, cerca de dois quilômetros de distância da praia, pegava os polvos e voltava nadando. “Não tem emprego na região, precisamos viver do mar”, disse.
Dois lugares imperdíveis que indico é a região de São Miguel dos Milagres e de Japaratinga. Vale reservar três dias para cada uma dessas cidades.
O futuro de Coruripe
Coruripe é uma cidadezinha simples localizada ao sul de Maceió. Seus habitantes vivem do turismo, da pesca, do comércio. Além daquele mar verde-esmeralda maravilhoso, o bacana da cidade é que a barreira de coral de Coruripe está bem perto da praia. Na maré baixa, o mar forma piscinas naturais. É possível ver os bichos marinhos do rasinho.
Recentemente, após voltar de viagem, li sobre a construção de um estaleiro – que fará navios e plataformas de petróleo – na cidade. Veja a matéria aqui. Não sei detalhes sobre o projeto, por isso não posso palpitar. Apenas acredito que, para nosso desenvolvimento econômico, precisamos de estaleiros e outras indústrias. Mas a região é muito linda…
Leia mais sobre a barreira de coral amanhã.

O que você não sabia sobre a arqueologia da Amazônia

Há um tempo recebi da editora Jorge Zahar Editor o livro “Arqueologia da Amazônia”, escrito pelo pesquisador Eduardo Góes Neves. Ontem de madrugada, em uma deitada só, devorei a obra. O livro é interessante. Ele sintetiza e contextualiza a arqueologia e outras informações importantes sobre região amazônica – englobando todos os países da qual ela faz parte.
Segundo o autor, uma das ideias do livro é que as informações sobre o passado podem ajudar a solucionar a ocupação atual da região. Afinal, ao contrário do que muita gente pensa, a Amazônia já foi populosa. Comunidades com culturas completamente diferentes viveram ao mesmo tempo nela. Algumas eram agrárias ou possuíam diversas fontes de alimentos – como plantações e praticavam a caça -, outras formaram redes de cidades com estradas, algumas praticavam o comércio.
E a ocupação é antiga… Um dos sítios arqueológicos mais remotos da Amazônia é de 12.000 a.C – localizado no vale do rio Guaporé, em Mato Grosso. Temos muito o que descobrir e aprender com o passado do nosso país. Além disso, precisamos cuidar para evitar os saques e contrabandos que acontecem, possivelmente, todas as semanas. De acordo com o livro, a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) está pressionando para que os arqueólogos e órgãos públicos protejam o patrimônio. Como conhecer ajuda a preservar, selecionei algumas das informações interessantes que li no livro. Preciso compartilhá-las:

  • A ocupação da Amazônia nunca foi uniforme no espaço e no tempo;
  • Cidades contemporâneas como Santarém, Manaus, Manacapuru e Tefé foram construídas em cima de grandes sítios arqueológicos;
  • Nas zonas de estuário e do litoral, foram identificados sítios com algumas das cerâmicas mais antigas da América do Sul;
  • Na bacia amazônica, são faladas línguas de ao menos quatro grandes famílias distintas – tupi-guarani, arawak, carib e gê. A Europa, por exemplo, com exceção das línguas que foram introduzidas da África e da Ásia, possui apenas uma grande família linguística, a indo-européia;
  • Ao longo dos milhares de anos, o clima do planeta mudou e, consequentemente, a floresta amazônica. Entre 10.000 a.C. e 8.000 a.C., as condições climáticas e ecológicas da Amazônia eram semelhantes às atuais;
  • Os índios domesticaram – processo anterior à agricultura – uma série de plantas como o abacaxi, o amendoim, o mamão, a mandioca e a pupunha. É possível que a mandioca e a pupunha foram domesticadas onde hoje está o estado de Rondônia;
  • Na domesticação, algumas plantas desenvolveram uma dependência mútua com relação aos seres humanos. Por exemplo, algumas variedades da mandioca não lançam mais sementes ao solo. Seus galhos precisam ser quebrados e plantados pelos agricultores;
  • O solo amazônico é pobre, mas possuem faixas chamadas de “terras pretas” que são ricas em nutrientes – muito procuradas pelos agricultores atuais. Os arqueólogos acreditam que elas são o resultado do acúmulo de restos orgânicos de aldeias sedentárias de milhares de anos atrás.

Obs.: Quer saber mais sobre a Amazônia? Sugiro a leitura dos posts “A Amazônia não é virgem” e “Cientistas descobrem a idade do rio Amazonas“, este que escrevi para o Blog do Planeta. Também indico a leitura da matéria “Fique em dia com o planeta!“, no portal iG, para contextualizar mais.

Pescadores alimentam tubarões em Fernando de Noronha

Fernando de Noronha é a ilha da fantasia. Um sonho, mas não perfeita. E a “culpa” é nossa. Recentemente, pescadores estão arriscando a vida dos turistas e da própria população.
Há pouco tempo os pescadores resolveram limpar os peixes no porto – foto – e jogar os restos no mar. A graça é ver os tubarões se alimentando desse resto. A região está repleta deles. De snorkel, eu vi três tubarões, creio que da espécie tubarão-limão.
Em setembro e outubro, as águas da área estão calmas. Por isso é possível com snorkel, a partir da praia mesmo, mergulhar no naufrágio do navio grego “Eleani Stathatos”. Veja o vídeo que gravamos dele:

No verão, as águas do porto ficam repletas de ondas. Quando o mar está muito agitado, o porto “se muda” para a Baía do Sueste – uma praia “no mar de fora”, voltado para o oceano. E os surfistas pegam onda na Praia do Porto.
O fundo do mar da Praia do Porto é de pedras – aliás, de todas as praias, mas a maioria é forrada de areia dourada. Por isso os surfistas correm o risco de bater nas pedras e se machucar. Ou mesmo qualquer pessoa pode tomar um caldo e se ralar.
Como os pescadores alimentam os tubarões, ambientalistas temem que os bichos ataquem quem sangrar. Principalmente, na época em que não forem alimentados.
Assim, segundo agentes de turismo de Fernando de Noronha, os ambientalistas estão estudando uma maneira de acabar com essa prática. Lá na ilha, quase todas as praias possuem placas explicando as proibições ecológicas. Como, por exemplo, que é proibido sair da praia da Baía do Sancho para nadar com os golfinhos. Não respeitou? Toma multa do fiscal do Ibama.
Na palestra que conferi no Projeto Tamar, disseram que em Fernando de Noronha nunca houve um caso registrado de ataque de tubarão em humanos. Tá, apenas um. Um turista puxou o rabo de um tubarão-lixa. O animal arrancou um pedaço da carne do braço do infeliz.
Outras observações para serem consideradas sobre Noronha:
Na maior parte da BR 363, principal via da ilha, não existe calçada. As pessoas caminham na rodovia ao lado de carros e bugues em alta velocidade – muitas vezes conduzidos por pessoas que nunca dirigiram um bugue na vida. Os guias até avisam sobre o perigo, já que o hospital da ilha é um pronto-socorro equipado para acidentes simples. Aliás, nas ruas asfaltadas da Vila dos Remédios – centro – também não existe calçada;
Fernando de Noronha está tomada por ratos e gatos! Tudo bem que os gatos atacam os roedores, mas eles também caçam os pássaros da região que não estão acostumados com felinos;
Há problema com o depósito do lixo. Além disso, a energia da ilha é obtida por termoelétrica – que usa combustível fóssil. Eles estavam testando energia eólica – menos poluente -, mas um raio prejudicou o projeto;
Não vi ciclovias! Como acontece no resto do Brasil, a prioridade é para os carros. Carros e bugues que queimam muito óleo. Poxa, em uma ilha tão pequena, com uma bicicleta qualquer um poderia visitar os principais pontos. Mas andar de magrela na BR 363 é uma ação suicida;
Os turistas, na Praia do Atalaia, não respeitam o meio ambiente. Todos os guias repetem cinquenta mil vezes que é proibido pisar e encostar nos corais. Um fiscal do Ibama também fica de prontidão para retirar os infratores da água. Porém, quem está de snorkel, vê a falta de educação de alguns turistas.

Historinha sobre um péssimo ecoturismo

O ponto mais alto de Fernando de Noronha é chamado de Morro do Pico. Antes, os turistas podiam subir para observar a ilha inteira dele. Até que alguns infelizes tiveram uma ideia de jerico.
No alto do morro existe um farol sob responsabilidade da aeronáutica (?) com lente gigante. Um dia, a aeronáutica reparou que o farol não iluminava o quanto deveria. E mandou uma pessoa checar o que estava acontecendo.
Ao chegar lá, o oficial reparou que a lente estava pichada! Os turistas deixavam recados na lente do farol como: “Estive aqui em (data)”. Ou: “João ama Maria”. Ou: “Mamãe, olha eu aqui”.
Conclusão? Os turistas colocaram a vida de pessoas em embarcações em risco. E… a partir desse dia, a aeronáutica proibiu a subida de pessoas não autorizadas ao Morro do Pico.
Para saber mais sobre Fernando de Noronha, indico o site mantido pelo Governo de Pernambuco e o Ilha de Noronha.