O que faz um asteroide ser previsível e outro objeto atingir a Terra

*Este post é uma participação especial do meu irmão Gabriel Nóbile Diniz, engenheiro químico e nerd – veja o canal dele no YouTube e leia o post dele sobre viagens pelo espaço.

Eu sei que este artigo está meio atrasado – eu tinha muita coisa para fazer. Porém, sempre é hora de falar de uma maneira mais fácil o porquê disso ter acontecido.

Por que um asteroide passa perto da Terra e um meteorito atinge a Rússia (leia entrevista com a astrofísica Tânia Dominici sobre meteoritos)?

Para começar, vamos ver por que chamamos um de asteroide e o outro de meteoro.

meteoro

Fonte da imagem: Universe Today.

Ignorem o peixe-espada.

Cometa: um pedaço de rocha e gelo oriundo da área externa do sistema solar, acompanhado de uma coma e de uma cauda.

Asteroide: um pedaço de rocha que “voa” entre Marte e Júpiter. Às vezes, pode ser atraído pela gravidade da Terra.

Meteoroide: uma rocha espacial maior que um grão de areia e menor que um asteroide. Se atingir a Terra, é considerado um meteorito.

Meteoro: o traço de luz de uma rocha espacial que queima pelo atrito com a atmosfera terrestre, também conhecido como “estrela cadente”.

Meteorito: quando o meteoro atinge o solo Terra, por não ser totalmente queimado durante o atrito com a atmosfera.

Então aquela coisa gigante que passou perto da Terra é um pedaço de rocha que veio entre Marte e Júpiter e aquele meteoro é uma rocha “voando” à toa, mas não tem nada a ver com o asteroide?

É sim! E não tem nada a ver um com o outro mesmo. O tempo entre o asteroide que passou perto da Terra e o meteoro que, realmente, atingiu a Rússia foi curto. Porém, nesse curto tempo, a Terra se deslocou no espaço (relativo ao Sol) por quase 500.000 quilômetros.

Por que eu disse relativo ao Sol? Porque eu sou detalhista e metódico! A gente sempre compara a distância percorrida a alguma coisa. Relatividade? Einstein? Lembram? Pois é.

E o que faz uma coisa ser previsível e a outra não?

Para começar, a informação divulgada: tamanho do objeto.

O asteroide nomeado 2012 DA 14 tinha 50 m de diâmetro e pesava 143.000 toneladas. É uma montanha inteira passando na órbita da Terra. E, aliás, passou entre a Terra e os satélites geoestacionários. Eu ainda escreverei sobre o que são os satélites geoestacionários, mas, resumindo, são satélites utilizados para tirar fotos aéreas e por GPS. Estão bem próximos da Terra.

Já o nosso meteoro russo chamado Chelyabinsk, nome da cidade mais afetada por seu impacto, tinha apenas 15 metros de diâmetro e apenas 10.000 toneladas. Estava numa velocidade superior a 50.000 km/h. E ainda por cima se desintegrou a uns 40 quilômetros acima do solo. Mesmo assim, sua energia foi 30 vezes maior que a bomba de Hiroshima.

E a pobre cidade de Chelyabinsk estava a 80 quilômetros da explosão. Muitos foram os feridos. E os vídeos da destruição. É possível checar no Youtube, há vários pontos de vista.

Enfim, quanto MAIOR a coisa, MAIS FÁCIL de ser localizado pelos nossos métodos visuais.

Porém, não é só por causa do tamanho que o meteoro não foi identificado.

Temos uma informação que nem sempre é divulgada: telescópios e radares.

O maior problema a se ver coisas no espaço é a quantidade de olhos. O espaço é gigantesco. Não é possível que nossos telescópios e satélites consigam imagem de todo o espaço sideral. Algumas vezes, dá sorte de descobrir algo novo ou perigoso. E o pior é que o brilho de um objeto é variável. Alguns refletem luz como se fossem espelhos, outros são muito escuros.

Então, para que não precisemos o tempo todo olhar para o céu, utilizamos radares para a mesma coisa. Os radares usam ondas eletromagnéticas para a localização de objetos. As ondas batem no objeto sideral e retornam ao radar. Simples, como o sonar de um submarino. A diferença é que o sonar usa o som e o radar feito para o espaço usa onda eletromagnética. Aliás, luz também é uma onda eletromagnética. Essa onda eletromagnética utilizada é de uma frequência diferente.

Porém, nem todos os objetos refletem a onda eletromagnética da mesma forma. Da mesma maneira que objetos diferentes brilham diferente, asteroides diferentes refletem de forma diferente. E o tamanho, assim como acontece com a observação visual, também afeta a detecção.

Resultado final: estamos cada vez mais preparados para objetos que caem do céu. Porém, objetos de 15 metros de tamanho ainda podem escapar, causando caos em algumas áreas.

Uma curiosidade: a maioria dos meteoritos cai na água. Por quê? Pois a água ocupa maior área da superfície terrestre. A maioria dos meteoritos que cai em terra vai parar na Sibéria. Por quê? Por que a área da Sibéria é uma das maiores áreas que existem na Terra!

O que é esterco?

[youtube_sc url=”https://www.youtube.com/watch?v=aJTHSd4E3zo”]

Querido leitor! Yo, via este blog que vos escreve, iniciei uma parceria com o Instituto Aprenda.bio que nasceu incubado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Juntos, unidos venceremos, começamos a produzir vídeos curtos para explicar dados curiosos da área científica para o nosso canal Além da Bio, no YouTube. Nosso vídeo-piloto, ou seja, o primeiro, é sobre esterco. Saiba como o cocô pode mudar a sua vida. A gente gosta de ciência, mas se diverte.

Obs.: Como dizem nos bastidores do teatro: “meeeeerda”. Nada como começar um projeto com um tema de acordo.

Saúde: documentários grátis sobre alimentação

Ontem, postei aqui dicas de filmes sobre meio ambiente. Agora, compartilho dois documentários super interessantes sobre saúde, ou melhor (sendo mais específica), sobre alimentação. Se nós somos o que comemos, todos deveriam assistir aos filmes abaixo.

O documentário “Muito além do peso”, amplamente divulgado na mídia, foi patrocinado pelo Instituto Alana, uma ONG que atua a favor das crianças. Apesar de ser voltado à saúde infantil, as lições deixadas nele valem para as pessoas de qualquer idade. Com certeza, se você ver, notará que sabe menos sobre o que come do que imagina. É difícil não se surpreender com as informações divulgadas no vídeo. Imperdível. Veja na íntegra:

O “O veneno está na mesa”, outro documentário interessante sobre alimentação, eu vi na semana passada. Este é bem radical a favor dos alimentos orgânicos. Ele apresenta dados para mostrar que seria possível consumirmos produtos orgânicos a preços completamente acessíveis e mostra a quantidade intolerável de agrotóxicos que ingerimos diariamente. Está disponível no link:

Tenho procurado me alimentar de maneira mais saudável e mais consciente ecologicamente – quanto menos alimentos com produtos embalados eu consumo, menos lixo gero. Em um mês, meu marido (que entrou comigo no carrinho de supermercado seletivo) e eu emagrecemos sem regime apenas optando por mais frutas, verduras, legumes, alimentos pouco processados e pouco industrializados. Ah, tudo isso sem neurose – consumimos açúcar todos os dias e de vez em quando caímos em tentação. Pode ser efeito placebo ou piração, mas já sinto minha pele e meus cabelos mais hidratados.

Se você gostou da ideia de ter uma alimentação mais saudável, deixo outra dica. A jornalista e mestrando em nutrição Francine Lima escreve o blog “Uma equilibrista” apenas sobre alimentação. Olhe, foi lendo o blog dela, já há meses, que fiquei impressionada em saber como o assunto é mais extenso e intenso do que eu imaginava. Mas não se preocupe. Francine traduz de maneira fácil esse vasto universo e as pesquisas científicas ligadas a ele. Tudo isso com uma crítica na ponta da língua, quer dizer, dos dedos.

Devore os conteúdos acima e…

bon appétit!

Documentários grátis sobre meio ambiente

Recentemente, tenho visto documentários incríveis pela internet disponibilizados pelos próprios autores. Uma maravilha. Não preciso passar na locadora ou cruzar os dedos torcendo para que os canais de televisão transmitam algum documentário interessante. Basta eu ligar a internet e aproveitar o filme via YouTube, mesmo. Praticidade total.

O primeiro filme que recomendo, rapidinho, não tem 20 minutos, é o “Agricultura Legal” produzido pela ONG Iniciativa Verde – onde eu trabalho no momento. Não é puxa-saquismo. O breve documentário relata uma experiência bem interessante onde agricultores contam as vantagens em preservar as matas ciliares e outras áreas protegidas de acordo com a lei ambiental. Saiba mais aqui.

O segundo filme, um pouco maior com quase uma hora, “O Vale”, de de Marcos Sá Corrêia (fundador do “O Eco”) e João Moreira Salles, mostra como o Vale do Paraíba, em São Paulo, foi completamente devastado. É um filme emocionante, triste, deprimente, sem final feliz – na verdade, o final feliz depende de nós. Foi também indicado pelo Blog do Planeta. Veja o documentário na íntegra aqui.

 

Aproveite a sessão pipoca e tenha uma boa semana!

Direitos iguais e diferenças respeitadas

Sucintamente, é isso que desejo para nós, mulheres. Somos fisicamente, quimicamente, biologicamente, quase-tudo-mente diferentes dos homens, mas essas particularidades não podem ser usadas como desculpa para que não tenhamos os mesmos direitos que eles. Ao contrário, as diferenças devem ser respeitadas. E, se você acha que somos, é uma sortuda que vive em um meio onde isso é possível (existe algum lugar assim no Brasil?) ou você não é mulher. Eu sou mulher.

diadamulher

Quero ter TPM. Quero ter hormônios. Quero ter menopausa. Quero ter o direito de escolha sobre conceber ou não o filho. Quero ter equiparação salarial. Quero andar de minissaia. Quero ter acesso à educação e à saúde. Quero ficar com quem eu quiser. Quero andar de bicicleta pela rua. Quero poder ser bonita e inteligente ao mesmo tempo. Quero dividir as tarefas do lar. Quero ser gordinha ou magra sem ser discriminada. Quero fazer topless. Quero ser dona do meu corpo. Quero chegar ao cargo de gerência. Quero ser feminina. Quero poder expor as minhas ideias.

Recomendo para mulheres, homens e aqueles que estão acima das questões do gênero, a palestra no TED (organização sem fins lucrativos devotada a “Ideias Que Merecem Ser Espalhadas”) da escritora chilena Isabel Allende – vi o vídeo por meio da indicação da minha professora de canto e fono, Renata Bee. É imperdível. Você não perderá 18 minutos, e sim ganhará ensinamentos para o resto da vida.

 

Feliz Dia da Mulher para nós, objetos de pesquisas e pesquisadoras da vida.

Entrevista: astrofísica fala sobre meteoritos

Fiquei impressionada com o meteorito que caiu na região dos montes Urais, na Rússia, na sexta-feira (15). Filha de geólogo, cresci aprendendo sobre os diversos tipos de rochas, inclusive sobre essas que “caem do céu”. E, justamente por caírem do céu, sempre chamaram mais a minha atenção. É quando o mundo joga na nossa frente o fato de que há um universo (infinito?) em nossa volta e que somos menor que um grão de areia dentro desse gigante, relativamente, pouco conhecido. Por isso, exceto pelos feridos, fiquei em êxtase. Voltei ao meu tempo de criança em que viajava observando ora as rochas, ora o céu.

Para saber mais sobre esse meteorito e compartilhar com você essas incríveis informações, pedi para a Tânia Dominici, astrofísica e pesquisadora do Laboratório Nacional de Astrofísica (MCTI/LNA), responder algumas dúvidas. Atenciosa, Tânia topou na hora dedicando um pouquinho do seu precioso tempo para nos ajudar a entender o que aconteceu na sexta-feira. Leia a entrevista abaixo e levante seus olhos ao céu!

Primeiro de tudo: o que é um meteorito?

Os meteoritos são o material que sobrevive à entrada de um meteoro na atmosfera terrestre e chega até o solo. O meteoro, por sua vez, pode ser originado por pedaços de asteroides ou restos de cometas. São os eventos que, às vezes, observamos durante a noite e popularmente chamamos de “estrelas cadentes”.

Ou seja, o que se registrou na Rússia foi a queima de um meteoro na atmosfera durante o dia, sendo os meteoritos os restos que chegaram ao solo e estão sendo procurados e recolhidos desde então.

Recolher e estudar os meteoritos em laboratório é muito importante, porque eles são resquícios dos primórdios da formação do Sistema Solar. Assim, nos ajudam a entender como os planetas foram formados.

É comum meteoritos caírem na Terra?

Sim, ocorrem todos os dias (tanto meteoros quanto meteoritos). O que acontece é que a maior parte da superfície terrestre é coberta por oceanos ou áreas desabitadas. Assim, eventos como o da Rússia, que ocorreu em uma área urbana, raramente são registrados.

Os meteoros podem ser originados por pedaços de material extraterrestre tão pequenos quanto um grão de areia e, de fato, o evento russo parece ter sido causado pelo maior meteoro desde o Tunguska em 1908 que, estima-se, tinha cerca de 100 metros (contra 15 metros estimados do meteoro que queimou sobre os Montes Urais). Por este ponto de vista, o evento da última semana foi extremamente raro.

Existe algum lugar atingido por meteoritos com mais frequência, por quê?

Não. Eles podem cair em qualquer local. A probabilidade de um evento como o do dia 15 de fevereiro ocorrer na Rússia é a mesma de que seja em São Paulo ou Itajubá…

O que acontece quando um meteorito atinge a atmosfera e o solo terrestres? Ele sempre explode ao entrar em contato com ambos?

Na verdade, ele não explode. O material se queima pelo atrito com a atmosfera e contato com o oxigênio. O que vimos na Rússia, com os vidros estourando, portas e telhados sendo arrancados foram ocorrências causadas pela onda de choque provocada pelo deslocamento do ar durante a queima do meteoro na atmosfera, uma vez que ele entrou com velocidade superior a 50 mil km/h. Ou seja, as pessoas não foram feridas por meteoritos, mas sim pelos estilhaços provocados pela onda de choque.

Em quanto tempo, desde que avistado na atmosfera, um meteorito pode atingir o solo? Dá para termos uma ideia?

É bastante difícil prever. Depende do tamanho do meteoro, da velocidade de entrada, da altitude da atmosfera onde ocorre a queima… De qualquer modo, ao avistar um meteoro como o da última sexta, o máximo que as pessoas poderiam fazer seria rapidamente tentar se afastar das janelas e portas de vidro que poderiam se estilhaçar.

Seria possível identificar quando um meteoro desse tamanho vai atingir a Terra?

Neste momento, vários telescópios mundo afora estão dedicados à descoberta e acompanhamento de asteroides e cometas. Observatórios profissionais e astrônomos amadores trabalham de forma coordenada para isso. Praticamente todos aqueles asteroides muito grandes (centenas de metros a quilômetros) já são catalogados e possuem suas órbitas muito bem calculadas. Ou seja, a possibilidade de qualquer ocorrência potencialmente fatal para o planeta seria conhecida com muita antecedência.

Já objetos menores como o que atingiu a Rússia são os mais difíceis de serem descobertos e monitorados. Segundo os estudos iniciais, ele tinha cerca de 15 metros de comprimento e 10 toneladas. As observações desses corpos são feitas, principalmente, por meio da análise das suas variações de posição e brilho utilizando telescópios ou, ainda, por meio de medidas de radar.

De maneira geral, como se descobre um asteroide?

Em uma sequência de imagens de uma mesma região do céu, os astrônomos procuram por objetos que estejam se movimentando em relação ao campo de estrelas (“no olho”, comparando as imagens ou por programas de computador especialmente desenvolvidos). Uma vez encontrado um objeto potencialmente interessante e calculadas as suas efemérides, os dados são cruzados com as bases de dados mantidas pela comunidade astronômica internacional. Assim, verifica-se se o objeto celeste já era conhecido ou não. No caso de já ser conhecido, é possível que a órbita já seja bem determinada ou que ele tenha sido perdido e esteja sendo redescoberto. Cada nova observação vai sendo utilizada para refinar o cálculo da órbita de cada asteroide ou, mais raramente, de cometas.

Existem sistemas de alerta que avisam os observadores quando algum objeto novo é descoberto, para que eles direcionem os seus telescópios e ajudem a monitorá-lo. Inclusive, já temos telescópios robóticos que recebem os alertas automáticos e se posicionam imediatamente, sem precisar de interferência humana.

A observação da variação do brilho ao longo do tempo oferece outras informações além da trajetória desses corpos celestes como a forma, dimensões e pistas sobre a composição química. Então, se o objeto é muito pequeno, a luz (do Sol) que ele irá refletir será mais tênue e, por isso, mais difícil de ser detectada pelos nossos telescópios. Outro ponto em relação ao meteoro que atingiu a Rússia foi o fato de que o evento ocorreu durante o dia, portanto inacessível aos telescópios ópticos. Apenas radares poderiam registrar a aproximação.

No Brasil, o Observatório Nacional (MCTI/ON) está desenvolvendo o projeto IMPACTON. É um telescópio de operação remota, com espelho primário de um metro de diâmetro instalado em Itacuruba (PE) e totalmente dedicado à observação de pequenos corpos do Sistema Solar. Além disso, vários grandes projetos internacionais que ajudarão a suprir as lacunas para a detecção de objetos muito tênues estão em desenvolvimento como, por exemplo, a missão europeia Gaia ou o telescópio LSST de oito metros de diâmetro a ser instalado no Norte do Chile e que será dedicado a monitorar todo o céu com profundidade e detalhamento sem precedentes.

 

Obs.: A Tânia Dominici tem um blog sobre poluição luminosa – clique aqui para conhecer –, um problema que nos impede de vermos as estrelas no céu (e atrapalha as pesquisas).

Foto: El coleccionista de instantes.

Onde o vento faz a curva

[youtube_sc url=”http://youtu.be/iIvjSDlv5ME”]O que era para ser um passeio romântico de barco na Cidade do Cabo, África do Sul, se transformou em um roteiro de aventura. Durante a viagem, entendemos o naufrágio de muitas embarcações viradas ou levadas a se colidirem contra a costa pelos ventos da região. Passado o susto, demos boas risadas!

O jardim botânico mais incrível do mundo

[youtube_sc url=”http://youtu.be/2-HGlRJ69VQ”]

O lindinho Jardim Botânico de São Paulo faz parte da minha vida, o do Rio de Janeiro é todo bossa que mora no meu coração, mas o da Cidade do Cabo… É INCRÍVEL.

Ele é o maior jardim botânico da África. Tem mais de oito mil espécies, um lugar reservado apenas para as plantinhas suculentas e – o mais impressionante – está aos pés da, de tirar todos os fôlegos (literalmente), Table Mountain. Conheça o Kirstenbosch National Botanical Garden, jardim botânico localizado na Cidade do Cabo, África do Sul.

Desculpe-me Jardim Botânico do Rio de Janeiro, mas ter uma montanha bem grande do lado é fundamental.

Conhece o gigante bambu do mar?

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Já ouviu falar sobre o gigante bambu do mar? Ele vive em alguns locais com águas frias do sul do planeta como no litoral da África do Sul. Pode ser encontrado jogado na areia, geralmente, arrancado pela força das ondas do mar. Mas sua beleza se realça quando um bambu vive ao lado do outro formando uma misteriosa floresta aquática. E, assim, percebemos que a natureza é superlativa na África até debaixo da água.

Meu primeiro encontro com os guepardos

“Vocês duas esperam aqui, do lado de fora”, ordenou gentilmente um dos guias. A menina de dez anos olhou feio para ele, enquanto a que tinha cerca de cinco anos sentou conformada no banco de madeira, em frente ao ambiente cercado por grades com mais de dois metros de altura onde estavam as duas chitas (guepardos) também irmãs. Uma era fêmea e a outra, macho. Nós seis (os dois guias sul-africanos, o casal americano, o meu marido e eu) seguimos em frente.

O guia tratador das chitas tirou o cadeado do bolso e abriu a porta de metal. Entramos naquela espécie de ampla jaula e caminhamos atentos em busca dos animais. Eles são amarelos, mas imperceptíveis nas sombras nas plantas. O casal americano parou para ver como as filhas estavam do lado de fora. “Venham, temos que andar todos juntos! É perigoso nos afastarmos uns dos outros”, ordenou o guia que nos acompanhou por todo o passeio dentro do Tenikwa Wildlife Awareness Centre, localizado na capital africana do surf Plettenberg Bay. Os americanos, que já estavam um pouco assustados, seguiram mais atentos. Até que…

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Encontramos as duas maravilhosas chitas deitadas sob escassa sombra de uma árvore. Não podíamos tocá-las, apenas observar os elegantes felinos que tinham a feição de um gatinho. Enquanto o tratador contava particularidades desses animais como o fato de serem os mais rápidos mamíferos terrestres do mundo, atingindo até 120 km/h durante uma caçada, os bichos ronronavam. Sim! Ronronavam – chitas não rugem! E era porque estavam gostando de algo. As chitas são, com exceção dos gatos domésticos, os únicos felinos que ronronam na idade adulta.

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O macho deitado no chão girava o corpo para um lado, girava para o outro, enquanto passamos a observar essa engenhosidade – estrutura leve e calda comprida que atua como um leme e dá estabilidade durante a corrida – da natureza de perto. Que emoção! Eu quis chegar mais pertinho, mas fiquei receosa. Pensei: “Melhor não me aproximar muito e nem fazer movimentos bruscos para não assustar os animais”. As chitas não costumam caçar e comer humanos. Apesar dessas estarem bem alimentadas e tratadas (dá para perceber pelo pelo brilhante) e já acostumadas com a presença humana (elas foram apreendidas de forma que não podem mais serem soltas na natureza), são carnívoras. Portanto, melhor não arriscar. Os músculos pouco rasgados e uma leve saliência na barriga entregam que, apesar da amplitude do local, elas não praticam muita atividade física. Não correm atrás do alimento.

Completamente vidrada-apaixonada-encantada pela espécie, tentei tirar uma foto com as duas chitas. O guia tratador me orientou: “Pode ir atrás delas, elas não farão nada. E pode abaixar lá para a foto ficar bem bonita”. Soltei uma risada nervosa. “Será?” “Sim, elas não atacam quando o tratador delas está aqui”, informou o nosso simpático guia. Ah, olhei bem as garras delas, engoli e fui para trás. Meu marido e eu fomos os únicos que “se arriscaram”. Foi o tempo de tirar algumas fotos até a fêmea levantar e sair com o olhar fixo num ponto. Admiramos um pouco mais o irmão que acompanhava a fêmea pelo olhar (foto abaixo). “Quer apostar que ela foi observar de perto as crianças?”, disse o tratador. As chitas têm aquelas espécies de “riscos” no rosto para evitar que a luz do sol reflita nos olhos. Diferente dos leões e outros felinos que preferem caçar à noite, no início da manhã ou no finalzinho da tarde, as chitas caçam durante o dia.

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Ficamos mais uns minutos, que nunca parecerão eternos (pena!), no local ao lado do macho. No caminho de volta por dentro da jaula, encontramos a fêmea sentada com o pescoço levantado e os olhos fixos nas duas crianças do lado de fora. É a posição de atenção em que elas permanecem por horas antes de correrem atrás da comida. O tratador soltou um sorriso. Só faltou levantar a placa: “Eu avisei”. A fêmea mal piscava e as crianças lá, sentadas no banco sob o sol, balançando as pernas no ar. Neste caso, a fêmea é quem caça. E as chitas caçam crianças. Os pais voltaram rapidinho para perto das filhas. E a chita lá, impassível.

O Tenikwa, um centro de reabilitação de animais selvagens especializado em felinos, permite vermos de pertinho essas reações de cada felino enquanto o guia discorre sobre a natureza deles. Como no Brasil, na África do Sul é proibido manter animais silvestres em casa sem autorização. Mas muitas pessoas capturam os bichos, como os felinos de pequeno porte, e os tratam como se fossem animais de extimação. Devido a essa convivência e educação, esses quando resgatados não têm mais condições de sobreviverem sozinhos na natureza.

caracal

É o caso de um divino caracal (acima) que corria atrás de um tronco em forma de bola jogado pelo guia. Também pudemos ver de perto um serval (ele quase nos tocou), um gato selvagem africano que estava dormindo escondido entre as folhagens como é de costume, um leopardo, entre outros. No caso do leopardo, estávamos a menos de três metros do animal e não conseguimos vê-lo!  Não entramos na gaiola dele. É tão proibido quanto encostar na grade de proteção onde vive. Ele ataca humanos, embora na natureza foge de nós assim que sente o nosso cheiro a dezenas de metros de distância. Isso porque eles costumam comer animais criados por fazendeiros como bezerros e ovelhas.

leopardo

Durante mais de 100 anos (até hoje, apesar de proibido), os fazendeiros matam os leopardos com tiros. Aliás, existe uma história recente de que em Pretória, capital executiva do país, um leopardo atacou e matou cachorros e crianças que estavam fora de casa até ser descoberto ele o autor dos “crimes”, capturado e solto na natureza bem longe dali. Eles agem durante a noite e passam o dia poupando energia camuflados sob as sombras das árvores. Mesmo assim, bobear perto de um felino como leões e leopardos enquanto tiram aquela soneca preguiçosa da tarde é perigoso.

Se você ama “cats”, animais selvagens (eles têm outros bichos como pássaros), a natureza em geral e vai para a África do Sul, recomendo conhecer o trabalho realizado pelo Tenikwa. Seu pagamento da entrada e compras que faz na lojinha ajudarão a devolver para a natureza animais machucados ou que foram encontrados em cativeiro. Apenas chegue cedo, pois o local sempre lota e só é possível visitar os animais acompanhado de um guia. Um ótimo feriado felino para você!

Gato selvagem africano
Gato selvagem africano
Serval
Serval


A ciência e o meio ambiente vistos por um olhar atraente e feminino