Felicidade Interna Bruta

O ano é 1972. Estados Unidos e a antiga União Soviética travavam há anos (e travariam por mais tantos, até 1989), o que ficou conhecido como Guerra Fria.
Os Estados Unidos estavam neste ano participando do que deve ter sido uma das piores experiências de guerra de sua história, a Guerra do Vietnã  – obviamente motivados pela tensão do “o comunismo está se alastrando”. 
No mesmo ano, a corrida espacial continuava disputada. De um lado, os soviéticos enviram Luna 20 para a Lua, que volta carregada de rochas. De outro, os americanos lançaram a Apollo 16.
Eis que, num mar de insanidade política e econômica, algum “especialista” virou para Sua Majestade, o Rei do Butão, Jigme Singye Wangchuck e disse algo do tipo: “Ei! Sua Majestade! Seu país é uma vergonha! O crescimento dele é miserável!”. 
[parênteses] Sabe… nem todo mundo é Rei por indicação, ou porque, de repente, sobrou um reinado na mão – tava lá, disponível, ninguém queria, então eu peguei. – Não! Alguns reis conseguem mostrar pra que vieram (e também conseguem sair pela culatra de maneiras realmente espetaculares). [fecha parênteses]
E a Sua Majestade, o Rei do Butão, Jigme Singye Wangchuck vira para o crítico e responde algo assim: “Somos um país budista. Aqui, nosso propósito é a felicidade das pessoas, o desenvolvimento de seus valores morais. Aqui nos interessamos pelo desenvolvimento humano, que só surge quando há desenvolvimento espiritual e material ocorrendo simultâneamente. Não nos interessamos quando só há uma medida medíocre e abstrata de economia. Por isso eu digo: aqui nos preocupamos com a Felicidade Interna Bruta das pessoas, invés do Produto Interno Bruto com a qual o senhor está preocupado.”
E eis que, em 1972, o termo Felicidade Interna Bruta ou FIB, foi criado. Baseado nos preceitos budistas, o FIB busca medir o desenvolvimento social e economômico sustentável e igualitário, preservar e promover os valores culturais, conservar o meio-ambiente e estabelecer uma boa governança.
 
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Por outro lado, o Produto Interno Bruto ou PIB, que o crítico teve que colocar no bolso e sair de fininho, refere-se a soma de todos os bens de uma região. Sendo assim, como natureza, cultura, desenvolvimento social, governança justa não são bens “precificáveis” eles não contam para essa medida. No PIB o que interessa são os valores dos bens, dos produtos e serviços produzidos e comercializados. O PIB é um dos indicadores mais usados nos estudos de macroeconomia e visa medir a atividade econômica de uma região.
Medir o PIB não é tarefa fácil, mas basicamente se resume em somar consumo privado, investimentos, gastos governamentais, volume de exportação e diminuir o volume de importações.
Medir o FIB é tarefa complicada, pois deve medir a percepção das pessoas em relação a sua felicidade. Segundo a psicóloga e antropóloga de Harward, Susan Andrews, a felicidade deve ser ” analisada em nove dimensões: padrão de vida econômica, critérios de governança, educação de qualidade, saúde, vitalidade comunitária, proteção ambiental, acesso à cultura, gerenciamento equilibrado do tempo e bem-estar psicológico.” (vi aqui).
Curiosidade: O Brasil é 9? lugar no ranking do PIB. E 30? no ranking do FIB.
Recomendo leitura:
PIB, IDH, FIB, IFF, você sente e pressente – texto de Carlos Magno Gibrail, no Blog Mílton Jung.