Calculadora de FIB

Você sabe o que é FIB? Se não sabe, clique aqui.
Pois bem, fui apresentada a uma calculadora de FIB. Quer experimentar? Dirija-se a http://www.felicidadeinternabruta.com.br/
Minhas impressões:
1) Da abordagem das perguntas
Se considerarmos que a análise de Felicidade Interna Bruta deve se basear em nove dimensões, como sugere a psicóloga e antropóloga de Harward, Susan Andrews (padrão de vida econômica, critérios de governança, educação de qualidade, saúde, vitalidade comunitária, proteção ambiental, acesso à cultura, gerenciamento equilibrado do tempo e bem-estar psicológico), o teste pergunta pouco ou nada sobre critérios de governança, educação de qualidade, acesso à cultura e proteção ambiental. A calculadora baseia-se apenas em quatro temas, sendo eles: corpo, bolso, mente e mundo.
2) Das perguntas
O teste traz 36 questões de múltipla escolha, sendo  cinco as escolhas: nunca, raramente, às vezes, bastante e sempre. 
Entre as perguntas, estão algumas que revelam muito sobre seus hábitos. Por exemplo, a primeira pergunta é sobre a frequência da prática de exercícios físicos. Essa pergunta não só diz sobre a sua preocupação com a saúde, mas também sobre como você gerencia seu tempo e um pouco sobre como é o seu padrão de vida.
Outras, são mais diretas como a pergunta sobre com que frequência você consegue poupar – obviamente relacionada com o seu padrão de vida econômico.
Há apenas duas perguntas que se referem ao meio ambiente, mas não tocam na ferida sobre se você pratica ações em benefício de meio ambiente. Elas só queriam saber sobre com que frequencia você tem contato com a natureza e com que frequencia você se preocupa com o futuro do planeta. De ações mesmo, nada.
3) Da análise
A calculadora te coloca em uma de cinco posições, variando do que eu imagino ser muito infeliz e muito feliz. Achei falta de observações sobre onde você deveria “investir” mais para o crescimento do seu FIB.
4) Do site
O site também traz outras calculadoras, mas não consegui abrir nenhuma. Problemas de compatibilidade com o Mac? Será?
Ah! Eu já sabia, mas, pela calculadora, sou muito feliz. E você?

Felicidade Interna Bruta

O ano é 1972. Estados Unidos e a antiga União Soviética travavam há anos (e travariam por mais tantos, até 1989), o que ficou conhecido como Guerra Fria.
Os Estados Unidos estavam neste ano participando do que deve ter sido uma das piores experiências de guerra de sua história, a Guerra do Vietnã  – obviamente motivados pela tensão do “o comunismo está se alastrando”. 
No mesmo ano, a corrida espacial continuava disputada. De um lado, os soviéticos enviram Luna 20 para a Lua, que volta carregada de rochas. De outro, os americanos lançaram a Apollo 16.
Eis que, num mar de insanidade política e econômica, algum “especialista” virou para Sua Majestade, o Rei do Butão, Jigme Singye Wangchuck e disse algo do tipo: “Ei! Sua Majestade! Seu país é uma vergonha! O crescimento dele é miserável!”. 
[parênteses] Sabe… nem todo mundo é Rei por indicação, ou porque, de repente, sobrou um reinado na mão – tava lá, disponível, ninguém queria, então eu peguei. – Não! Alguns reis conseguem mostrar pra que vieram (e também conseguem sair pela culatra de maneiras realmente espetaculares). [fecha parênteses]
E a Sua Majestade, o Rei do Butão, Jigme Singye Wangchuck vira para o crítico e responde algo assim: “Somos um país budista. Aqui, nosso propósito é a felicidade das pessoas, o desenvolvimento de seus valores morais. Aqui nos interessamos pelo desenvolvimento humano, que só surge quando há desenvolvimento espiritual e material ocorrendo simultâneamente. Não nos interessamos quando só há uma medida medíocre e abstrata de economia. Por isso eu digo: aqui nos preocupamos com a Felicidade Interna Bruta das pessoas, invés do Produto Interno Bruto com a qual o senhor está preocupado.”
E eis que, em 1972, o termo Felicidade Interna Bruta ou FIB, foi criado. Baseado nos preceitos budistas, o FIB busca medir o desenvolvimento social e economômico sustentável e igualitário, preservar e promover os valores culturais, conservar o meio-ambiente e estabelecer uma boa governança.
 
by Cayusa on Flickr
Por outro lado, o Produto Interno Bruto ou PIB, que o crítico teve que colocar no bolso e sair de fininho, refere-se a soma de todos os bens de uma região. Sendo assim, como natureza, cultura, desenvolvimento social, governança justa não são bens “precificáveis” eles não contam para essa medida. No PIB o que interessa são os valores dos bens, dos produtos e serviços produzidos e comercializados. O PIB é um dos indicadores mais usados nos estudos de macroeconomia e visa medir a atividade econômica de uma região.
Medir o PIB não é tarefa fácil, mas basicamente se resume em somar consumo privado, investimentos, gastos governamentais, volume de exportação e diminuir o volume de importações.
Medir o FIB é tarefa complicada, pois deve medir a percepção das pessoas em relação a sua felicidade. Segundo a psicóloga e antropóloga de Harward, Susan Andrews, a felicidade deve ser ” analisada em nove dimensões: padrão de vida econômica, critérios de governança, educação de qualidade, saúde, vitalidade comunitária, proteção ambiental, acesso à cultura, gerenciamento equilibrado do tempo e bem-estar psicológico.” (vi aqui).
Curiosidade: O Brasil é 9? lugar no ranking do PIB. E 30? no ranking do FIB.
Recomendo leitura:
PIB, IDH, FIB, IFF, você sente e pressente – texto de Carlos Magno Gibrail, no Blog Mílton Jung.