MSN Verde e mitos verdes
Pois… eu não conhecia. Quem me indicou foi a @Oliveiral, lá pelo twitter. Ela também me pediu pra comentar, se eu pudesse, a matéria “5 mitos verdes“, e, como em 140 caracteres isso é impraticável, resolvi fazer um postzinho.
Mito número 1: Alimentos orgânicos são sempre a melhor opção.
Não, não são. E a matéria diz isso muito bem. Os alimentos orgânicos só valem a pena se forem comparados com alimentos convencionais (não-orgânicos) que foram produzidos à mesma distância da sua casa. Se você está em São Paulo e quer escolher entre um suco de uva orgânico produzido no Rio Grande do Sul e um suco de uva convencional produzido em Jundiaí, prefira o suco convencional, que emitiu menos gases do efeito estufa para serem transportados do local da produção até a sua casa.
A matéria só dá uma dica estranha, sobre ser tudo bem se você consumir frutas com cascas grossas que eles não deixam passar pesticidas. Lembre-se se você está optando por um produto orgânico não está optando porque ele não está contaminado com pesticida, mas também porque a produção dele respeita o meio ambiente – ter casca grossa ou casca fina, nesse caso, não ajuda em nada o meio ambiente e lavar bem frutas, legumes e verduras é fundamental independentemente da casca – aliás, se não for lavar pelos pesticidas, lave bem porque os alimentos orgânicos tendem a ter mais microrganismos nas cascas, folhas, raízes etc do que os convencionais.
Mito número 2: Carros híbridos são mais ecológicos.
Então… também não são mais ecológicos necessariamente. Até porque tudo vai depender de que tipo de energia o carro é capaz de hibridizar. Se ele for um híbrido de gasolina com querosene não vai ser ecológico nunca (óbvio que os carros híbridos disponíveis no mercado não hibridizam isso – é só um exemplo).
O híbrido para ser ecológico deve usar pelo menos um combustível renovável ou biocombustível. Nem um carro movido à gasolina e a eletricidade (a maioria dos carros híbridos é assim) vai necessariamente ser ecológico se a matriz energética do país onde ele vai rodar for em sua maioria proveniente de combustível fóssil – e, portanto, a eletricidade que abastece o carro for produto da queima de um combustível fóssil (como carvão, por exemplo). Leia mais sobre carros elétricos aqui e sobre carros híbridos aqui.
Óbvio que sempre melhor é ter um carro que use energia renovável ou bioenergia para funcionar mas fique atento aos carros que se dizem super cleans, movidos à hidrogênio, por exemplo. Já falamos dele aqui.
A matéria se limita a falar que é melhor pensar duas vezes antes de comprar um carro novo, seja ele qual for – o que eu concordo plenamente – mas falha em explicar o que são carros híbridos.
Mito número 3: Desligar o ar-condicionado do carro ao dirigir economiza combustível.
Desligar qualquer coisa ao fazer qualquer coisa geralmente economiza energia. No caso do ar-condicionado do carro, em algumas situações, ele gasta mesmo menos energia do que se você deixasse os vidros abertos – mas isso só se você estiver a uma velocidade tal que a resistência oferecida pelo vento é tão grande que seu gasto de combustível para manter a velocidade do carro é muito maior do que de deixar as janelas fechadas e ligar o ar-condicionado.
A situação é tão particular que o melhor mesmo é deixar o ar-condicionado desligado – mas não precisa morrer de calor por causa disso, fato.
Mito número 4: Se todos plantarem muitas árvores, o aquecimento global será revertido.
Eu espero que ninguém saiba que “ao ‘respirar’, as florestas ajudam a diminuir a temperatura e a quantidade de poluentes do ar e que suas folhas absorvem a luz do Sol, ajudando a resfriar o planeta” porque é uma groselha enorme. Ao ´respirar´as plantas emitem CO2 assim como nós. O que as plantas fazem de sensacional é FOTOSSÍNTESE e esse processo sim, tira CO2 da atmosfera e transforma em glicose, que no final das contas pode servir como energia para a planta realizar os mais diversos processos – como produzir flores, por exemplo, ou para crescer e acumular carbono na madeira – e então servir como um sumidouro de carbono.
E tudo também depende de onde a árvore será plantada – porque dependendo do lugar, ela vai causar mais transtornos do que trazer benefícios – por exemplo, se você resolver plantar uma árvore na sua calçada que amanhã vai derrubar os fios de eletricidade ou quebrar o asfalto da rua.
A matéria acerta ao dizer que geralmente as plantas ajudam a diminuir a temperatura do local onde estão, mas esquece de dizer que de nada adianta plantar árvores se as fontes de emissão de gases do efeito estufa não estiverem controlados.
Se você preferir apoiar algum programa ambiental, fiscalize se o trabalho está sendo bem feito e não lave suas mãos só porque deu dinheiro. Fora isso, pare com essa ideia de fazer neutralização de carbono quando você mesmo sabe que diminuir os gases estufas do planeta é um problema de AGORA, não de daqui a 20 anos quando a sua árvore estiver crescida.
Mito número 5: Viver uma vida verde é muito caro.
O que é caro, meu chapa, são os “produtos ecologicamente corretos” que andam empurrando para você. Viver uma vida verde é um estilo de vida que passa longe de “comprar”. E, se comprar, passa mais perto do “comprar com consciência” do que “comprar o que chamam de eco-qualquer-coisa”. A matéria acerta em focar esse ponto.
O não-consumo é irmão gêmeo da vida verde então é muito barato. Invés de comprar produtos, compre cultura, lazer. Isso sim vai te apresentar como viver verde é prazeroso.
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Escreveu também sobre isso: Blog Vivo Verde