Sobre as coisas que vivi em Research Triangle Park II

O Science On Line 09′ me encantou com as discussões oferecidas. Nada de monetização, credibilidade ou publieditoriais – assuntos pra lá de discutidos no Brasil. Entre os blogueiros que conheci, credibilidade não é assunto simplesmente porque não há com o que se preocupar. Se existem idéias, se as idéias são boas, se são as suas idéias e não as do blog famoso da esquina, credibilidade simplesmente vem. Os assuntos são obviamente diversos, como diversos são os pensamentos e os modos de enxergar a vida e os acontecimentos do cotidiano.
Assuntos polêmicos por aqui são principalmente dois, os dois envolvendo preconceito: o primeiro é o preconceito contra mulheres (preconceito de gênero) e o segundo é o preconceito contra sua opinião, (o que pode querer te fazer mudar de nome).
Mulheres
A presença das mulheres na Ciência, na sociedade, no mercado de trabalho é pra lá de assunto discutido. As mulheres aqui ou já entenderam que igualdade não existe e que a nossa sociedade ainda é machista, ou ainda estão queimando sutiãs como precisamos fazer um dia, lá no nosso passado. Fato é que muitas mulheres ainda vivem numa defensiva que vejo pouco no Brasil. E, de verdade, não sei se no Brasil as coisas estão melhores ou, no Brasil, as mulheres (e me incluo totalmente) ainda não se mobilizaram.
O que posso dizer por mim é que tenho que construir meu respeito todo dia, com as minhas superiores no trabalho, com os homens que insistem em passar cantadas ridículas na rua, com os homens e mulheres com quem convivo. Mas nunca associei isso ao fato de eu ser mulher. Nunca associei isso a um preconceito de gênero, embora não seja ingênua de acreditar que ele não existe (para mostrar que existe é só consultar algumas fontes de pesquisa sobre salário versus gênero, ou empregados versus gênero.
E aí? Alguma mulher por aí vivendo isso na própria pele? Alguém para me fazer enxergar o que não estou enxergando?
Nomes
Ter um blog bom, falar o que pensa, argumentar bem, solidificar críticas e promover ações traz amigos e leitores. Mas também traz inimizades. Exemplos: se você fala sobre política, pode cativar o ódio em quem tem outra posição; se você fala sobre uma instituição, seja ela pública, privada ou o próprio governo, certamente terá concordantes, mas também terá discordantes. 
Além disso, fica a dúvida sobre o que é publicável e o que não é. Por exemplo: você se sentiu sacaneado pela empresa onde trabalha e descobriu que os caras não respeitam o período de férias dos funcionários. Ou que não pagam direito as horas extras. Ou que a empresa cometeu alguma fraude, ou foi responsável por alguma situação crítica que causou problemas a outras pessoas ou ao meio ambiente. Você decide que vai botar a boca no trombone e que vai denunciar as práticas da sua empresa no seu blog. E aí? Você fala e corre o risco de perder o emprego? Resolve que é melhor não falar nada? 
Enfim… falar amenidades com o seu nome pode nunca te trazer problemas. Publicar um vídeo do youtube, fazer um publieditorial, linkar uma notícia, falar sobre o trabalho de algum aluno, essas coisas dificilmente vão te trazer complicações. Agora, falar sobre as práticas de uma empresa, criticar o governo, argumentar sobre uma notícia que saiu no jornal e você concordou (ou não), essas coisas podem te trazer inimizades.
As dúvidas que ficam são: usar seu próprio nome e aguentar as consequencias de seus pensamentos? Usar um pseudônimo e nunca se assumir como crítico? Usar seu nome e nunca publicar o que realmente pensa sobre os assuntos polêmicos?
 Abro o assunto para discussão.

Sobre as coisas que vivi em Research Triangle Park I

Então foi assim: terça-feira, dia 13 de janeiro, eu saí do trabalho, fui até em casa, descobri que a temperatura na Carolina do Norte estava chegando próximo ao negativo, fiz minhas malas, saí correndo, cheguei no aeroporto e esperei pacientemente meu voo que passaria sobre a Carolina do Norte, me deixaria em New York, me faria pegar outro avião para então, finalmente chegar ao meu destino. O Science On Line 09‘. 
Parênteses.
Minhas considerações iniciais sobre os Estados Unidos podem ficar para outro post. Ou não. Posso abrir um grande parênteses bem aqui. O que posso dizer é que absolutamente compreensível logo de cara porque os caras tem uma média per capita de emissão de carbono equivalente em torno de 20 toneladas por ano. É incrível, por exemplo que coisas simples como a quantidade de água gasta para dar a descarga no banheiro do aeroporto, possam ser tão significativas. Ou que a quantidade de lixo que eu produzi durante o período de voo é mais ou menos maior do que minha média de produção de lixo em uns dois dias. E isso fecha o parênteses.
Agradecimentos especiais.
Acho interessante dar uma pausa aqui para agradecer @BoraZ e @mistersugar que fizeram um excelente trabalho de organização do evento. Absolutamente sensacional a escolha do hotel, do local do evento, dos patrocínios conseguidos e da comida servida. Agradecimentos especiais são, obviamente ao Coturnix que fez nossa inscrição na última hora e ao Abel Pharmboy pela vaga no hotel, também de última hora.
Primeiro dia.
O primeiro dia do evento contou com quebras-gelo muito interessantes. Primeiro, fomos testar café no Counter Culture Coffee. Sensacional saber que eu não tenho paladar para descrever sabores nem cheiros, pelo menos de café. Muito legal saber que os caras ajudam o desenvolvimento de fair trade em diferentes países do mundo. Muito curioso saber mais sobre o processamento do café pós colheita.
Muito estranho o fato de termos experimentado cafés, mas não termos de fato BEBIDO os cafés. Achei estranho também o fato de não podermos COMPRAR os cafés em pó. Na verdade, ofereceram que comprássemos on line… Achei estranho, fato.

Depois do almoço, fomos ao North Carolina Museum of Natural Sciences em Raleigh, com a apaixonada monitoria de Roy Campbell, diretor de exibição do museu. Visitamos, inclusive, os laboratórios “subterrâneos” do museu, onde pudemos ver o laboratório de paleontologia, onde o pesquisador nos mostrou uma peça sensacional de um fóssil de crocodilo bípede, no qual ele vem trabalhando por 4-5 horas por dia, durante 5-6 dias por semana, há um ano e diz que ainda há pelo menos mais um ano de trabalho (\o/). Depois visitamos a coleção de pássaros do museus, que tem peças com mais de 100 anos de idade!!!! Resumindo, sensacional. E isso foi só o primeiro dia oficial.

Acabei de decidir que vou deixar a parte das palestras para outro post. Fui!