O que é a consciência?
Eu e Rodrigo Véras traduzimos um texto que foi publicado hoje no Bule Voador. Deem uma olhada!
Fonte: Psychology Today
Autor: Paul Thagard*
Tradução: Rodrigo Véras e André Rabelo
Pessoas experimentam percepções como azul, sensações como dor, emoções como felicidade, e pensamentos como acreditar que a primavera finalmente chegou. Será que a psicologia e a neurociência serão um dia capazes de explicar como as pessoas têm esses tipos de consciência?
A psicologia e a neurociência têm feito grandes progressos na explicação de muitos processos mentais, como resolução de problemas, aprendizagem e uso da língua. Mas muitas pessoas ainda têm a intuição de que, não importa o quanto a ciência cognitiva progrida, ela ainda será incapaz de lidar com o mistério da consciência. Nesta visão, todos nós temos uma compreensão básica da experiência consciente através de nossos próprios episódios de percepção, sensação, emoção e reflexão. Mas existe um abismo explanatório intransponível que impede a ciência de trazer a consciência para dentro do seu âmbito.
A ciência seria de fato incapaz de explicar a consciência se as experiências mentais fossem propriedades de almas imateriais, cujas operações permaneceriam totalmente misteriosas a partir da perspectiva dos mecanismos que os físicos, químicos, biólogos e psicólogos utilizam para explicar o que acontece. Mas existem insuficientes evidências que sustentem a visão de que mentes são qualquer coisa além de cérebros, desta maneira a perspectiva não-materialista não parece gerar uma barreira para a explicação da consciência. Continue lendo…
Inato x Aprendido (Parte 1)
Autores: André Rabelo e Felipe Novaes
Texto também publicado no Blog NERDWORKING
Desde a Grécia antiga até os dias de hoje, uma idéia tem tido grande influência na discussão acerca da natureza humana – a dicotomia entre comportamentos inatos e aprendidos ou explicações biológicas e culturais do comportamento, o que ficou conhecido com o debate nature or nurture, natureza ou criação, inato ou aprendido.
Este debate acalorado teve seu auge na metade do século passado e seu período mais crítico durou cerca de 20 anos, apesar de muitos ambientes acadêmicos ainda enfrentarem este fantasma, fruto de uma antiga disputa que misturou posições ideológicas e políticas com científicas.
De um lado, sociobiólogos e etólogos afirmavam que grande parte dos comportamentos eram inatos; do outro, pesquisadores das ciências sociais e psicólogos behavioristas defendiam que a maior parte dos comportamentos (ou todos) eram aprendidos. Continue lendo…
Bebês Gêmeos Tagarelas
É no mínimo desconcertante assistir o vídeo em que dois bebês gêmeos com menos de 17 meses de idade conversam e gesticulam como se estivessem estabelecendo uma comunicação inteligível entre eles. O vídeo em questão vem fazendo tanto sucesso que ja possui mais de 9 milhões de visualizações.
Os bebês tem sido muito estudados por psicólogos do desenvolvimento mas também por psicólogos evolucionistas e cognitivos, que hoje em dia se sobrepõem muitas vezes no estudo do ser humano visto que seus conhecimentos têm sido fundamentalmente complementares. Continue lendo…
Perspectivas Evolucionistas Acerca da Religião
Muitas pessoas buscaram explicações para a natureza da religião – porque ela é tão comum em grupos humanos e porque ela parece ser “natural”, já que é encontrada em tantas sociedades e tribos?
Afinal de contas, muitas religiões estimulam comportamentos de alto custo reprodutivo, como atentandos suicidas (e.g. homem-bomba), mutilação genital e o celibato (Bulbulia, 2007). Além disso, alguns rituais religiosos exigem sacrifício de recursos e são exaustivos, perigosos, dolorosos e cansativos.
E se deus não existir, como muitos pensam, as pessoas que acreditam nele estão sistematicamente errando os seus julgamentos acerca do mundo e a seleção natural deveria ter reduzido ou eliminado tendências religiosas, pois entender o mundo de forma errada normalmente incorre em custos altos (e.g. não perceber que um tigre está vindo na sua direção ou pensar que deus irá protegê-lo do tigre).
Algumas das explicações mais comuns fazem referência à necessidades humanas críticas, como a vontade de evitar infortúnios, a morte ou de compreender o universo, mas muitas destas explicações se baseiam em noções erradas sobre religião (Boyer, 2003) e não possuem evidências advindas de testes empíricos. Continue lendo…
A Natureza Humana – Entre o Amor e a Guerra
Uma série de vídeos foi produzida em 2010, patrocinada pela The Leakey Foundation, onde os primatologistas Frans de Waal e Richard Wrangham, assim como o psicólogo Steven Pinker, discutem a natureza humana. Os vídeos exploram perguntas como: Somos pacíficos ou agressivos por natureza? Tendemos a criar conflitos ou a cooperar? Macacos possuem um senso de “justiça”? O que ocorre quando o poder é concentrado em um indivíduo ou uma nação? Continue lendo…
The Changing Ape
The Changing Ape (algo como O Macaco Mutante ou que se modifica) foi um documentário produzido em 2010, onde a antropóloga Jill Pruetz, que por 9 anos se dedicou a estudar uma população de Chimpanzés em Fongoli, no Senegal, compartilha achados importantes que, segundo ela, podem reescrever o nosso entendimento do que é ser um humano e ser um chimpanzé.
Pruetz fez muitas filmagens que revelam comportamentos inesperados desses chimpanzés. A caça, a cultura, a diversão e o manuseio de ferramentas foram por muitos tempo aspectos considerados como delimitadores que separavam nós dos outros animais. Os dados que Pruetz relata e ilustra nas filmagens bota em questionamento o quanto esses aspectos realmente nos diferenciam, visto que muitos deles puderam ser observados nos chimpanzés de Fongoli. Continue lendo…
O Derradeiro Homem
O Derradeiro Homem – A Raça Humana (Last Man Standing: The Human Race) é um documentário produzido pela National Geographic em 2006. O documentário buscou divulgar novas evidências sobre a origem do homo sapiens. As imagens que ilustram nossos ancestrais são constantes e intercaladas com relatos de pesquisadores que fizeram descobertas de importantes evidências.
O documentário descreve as pressões ambientais que nossos ancestrais enfrentaram e os caminhos a que essas pressões levaram eles. Enfatiza-se também a incrível adaptabilidade dos nossos ancestrais a diferentes ambientes e o papel que a cooperação teve no desenvolvimento deles. Continue lendo…
O Gênio Charles Darwin

The Genius of Charles Darwin (O Gênio Charles Darwin) é mais um documentário do biólogo Richard Dawkins, onde ele apresenta a vida, a teoria e as implicações das idéias de uma das mentes mais importantes para o entendimento da vida na terra e da diversidade desta vida: Charles Robert Darwin. Continue lendo…
Bebês têm noções de moralidade?!
Muito se discute hoje em uma área de pesquisa da psicologia chamada de Moral Psychology (Psicologia da Moral) sobre os aspectos genéticos e culturais envolvidos no desenvolvimento do julgamento moral e das noções de certo e errado que nós temos sobre os nossos e os comportamentos dos outros.
Por muito tempo uma idéia dominante foi a de que esses padrões de moralidade só podem existir através de um aprendizado formal, alguns chegando até a afirmar que só através de uma educação religiosa isso é possível e que sem a religião nós seríamos selvagens, violentos e desumanos.
A despeito das nações mais desenvolvidas hoje em dia serem as menos religiosas (e.g. Suécia, Noruega, Dinamarca), como descreve Phil Zuckerman em seu livro Society Without God, esse argumento ainda vêm sendo usado, até mesmo pelo pobre papa Bento XVI, em várias declarações infelizes recentemente, apontando o dedo para novos inimigos (ateus) na tentativa de mostrar a importância da igreja no mundo e tirar o foco da atenção nos casos de abuso sexual que há muito tempo a igreja vêm abafando nos seus bastidores (aonde está essa moralidade tão imponente que a educação religiosa oferece nesses padres abusadores de criancinhas?).
Um artigo publicado em 2007 na Nature, uma das revistas científicas mais importantes no mundo e de maior impacto, traz dados sobre a “avaliação” de comportamentos sociais por parte de bebês de 10 e 6 meses de idade. Os resultados indicaram que ao observar uma interação entre um boneco que ajudava o outro a subir uma montanha e um boneco que atrapalhava o outro a subir uma montanha, mais de 90% dos bebês escolheram o boneco que ajudava o outro a subir a montanha. Mais precisamente, 14 dos 16 bebês de 10 meses de idade e 12 dos 12 bebês de 6 meses de idade escolhiam o boneco que havia ajudado o outro na interação que o bebê tinha assistido. Continue lendo…