Estudo inteligente: Aproveite ao máximo o seu tempo de estudo com essas dicas tiradas de pesquisas
Fonte: gradPSYCH Magazine*
Autor: Lea Winerman
Tradutor: André Rabelo
Você provavelmente pensa que sabe como estudar.
Afinal de contas, você chegou ao ensino superior. Você entregou com sucesso tarefas de casa e passou em exames por pelo menos 16 anos. E existe uma grande chance de que você tenha um conjunto de rotinas de estudo, quer seja um copo de chá e o seus livros-texto na cama ou um canto em uma biblioteca calma que você alegou ser seu.
Mas pode ser que os hábitos de estudo que você desenvolveu por uma década ou duas não estejam te servindo tão bem quanto você pensa que eles estão.
Pesquisas têm mostrado que algumas técnicas de estudo do “senso comum” — como sempre ler no mesmo local calmo ou gastar horas em um momento de concentração em um assunto — não promovem aprendizagem de longo prazo. E alguns hábitos que você deve suspeitar não são tão bons, como o estudo de últimos minutos antes de exames, podem até ser pior do que você pensou.
Nós sumarizamos três princípios, tirados a partir de décadas de pesquisa na psicologia cognitiva, para te ajudar a aproveitar o máximo das suas horas de estudo (continua depois do parágrafo abaixo).
* Este material originalmente apareceu em inglês como [Winerman, L. (2011, November). Study Smart. gradPSYCH. Retrieved from http://www.apa.org/gradpsych/2011/11/study-smart.aspx]. Copyright © 2011 pela American Psychological Association. Traduzido e reproduzido com permissão. A American Psychological Association não é responsável pela precisão desta tradução. Esta tradução não pode ser reproduzida ou distribuída adiante sem uma permissão prévia escrita da APA.
Insônia: Como melhorar o seu sono
Atualmente, muitas pessoas relatam dificuldades para dormir. Casos de insônia tem sido prevalentes entre adultos de muitos países. A baixa qualidade do sono pode ter diversos impactos negativos na qualidade de vida das pessoas, tanto biológicos (prejuízo no funcionamento do sistema imune) quanto psicológicos (depressão, ansiedade).
Comum a muitas destas reclamações são os relatos de cognições que surgem intrusivamente na mente das pessoas enquanto elas tentam dormir e que acabam atrapalhando o sono por muitas vezes induzir a determinados estados afetivos e fisiológicos que nos impedem de “desligar” a nossa mente. Estas “cognições pré-sono” agitadoras, normalmente relacionadas a planos futuros ou preocupações, podem ter um papel importante na manutenção da insônia.
Muitos estudiosos tem buscado compreender os fatores que influenciam a qualidade do sono. No começo deste ano, por exemplo, a revista Cognitive Therapy and Research publicou uma edição especial de artigos relacionando o sono com a cognição. Vale a pena conferir também a coletânea de textos falando sobre os benefícios do sono e maneiras de melhorá-lo que foi recentemente divulgada pela revista de divulgação Psychology Today. Dentro das últimas publicações, um estudo publicado na revista Psychotherapy indica que uma intervenção simples com terapia cognitiva pode apresentar melhoras rápidas na qualidade do sono de pacientes com insônia. Eu me focarei aqui em descrever como essa intervenção foi feita e como você poderia aplicar ela em você mesmo.
Budismo: O Uso Milenar da Neuroplasticidade
Fonte: NERDWORKING
Autor: Felipe Novaes
Embora ciência e religião pareçam sempre estar vivendo num eterno conflito, existe outro lado dessa história, em que existe o diálogo, a curiosidade e a saudável e frutífera troca de informações. De quebra, esse lado ainda representa um importante diálogo entre Oriente e Ocidente. O Dalai Lama parece ser o catalisador desse tipo de relação, mostrando – juntamente com a ciência ocidental – que a prática budista tem mais a nos ensinar sobre a nossa própria ciência do que nós desconfiaríamos. Mesmo sem saber, o monge budista e líder político e religioso do Tibet colocou o dedo numa questão científica que muito em breve se tornaria uma revolução no nosso conhecimento sobre o cérebro: a relação entre a neuroplasticidade e o suposto poder de a mente influenciar a arquitetura cerebral.
Frequentemente, o Dalai Lama deixa seus aposentos na Índia, em Dharamsala, para ir ao encontro de cientistas políticos ao redor do mundo para conhecê-los melhor, saber mais sobre seus trabalhos. Essa ação tem destaque principalmente em relação ao seu acompanhamento da atividade de cientistas. Porser um monge budista, nós tendemos a imaginar que ele não se interessasse por ciência ou mesmo que fosse em alguma medida contra ela, já que não é raro as descobertas científicas acabarem colocando à prova a fé. Mas ele dialoga prazerosamente com todos os cientistas e tem muita curiosidade.
O que é a terapia cognitiva?
A terapia cognitiva, também conhecida como terapia cognitiva comportamental* (Cognitive-Behavior Therapy, CBT) é um tipo específico de psicoterapia que enfatiza a importância dos processos cognitivos na compreensão e no tratamento de diversos transtornos mentais. A terapia cognitiva é estruturada para ter uma duração curta e se baseia na teoria cognitiva, uma teoria composta por 10 axiomas formais que embasam teoricamente diversos modelos e aplicações na prática clínica [2]. Alguns autores defendem que esta abordagem oferece um arcabouço conceitual sobre o qual diversas abordagens psicoterapêuticas poderiam ser integradas [2].
A teoria cognitiva pode ser entendida como uma “teoria das teorias” que as pessoas possuem sobre a sua realidade [2], ou seja, uma teoria sobre as influências que as construções particulares de significado da realidade têm no comportamento mal-adaptativo de pessoas que apresentam algum transtorno.
Desenvolvida por Aaron Beck no final dos anos 1950, esta especialidade se tornou de lá para cá uma das psicoterapias mais investigadas empiricamente e com mais evidências científicas de eficácia [1]. Muitas evidências indicam a sua eficácia para diversos quadros como transtorno depressivo maior, transtorno de ansiedade generalizada, transtorno de pânico, fobias, abuso de substâncias, transtornos alimentares, problemas de casais, transtorno obsessivo-compulsivo, dor crônica, transtorno de personalidade, transtornos do sono e outros quadros.
Burgess: Como o seu cérebro te diz aonde você está
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Discutindo evidências intrigantes sobre os avanços da neurociência cognitiva na compreensão da memória espacial, Neil Burgess, neurocientista associado ao UCL Institute of Cognitive Neuroscience e o UCL Institute of Neurology traz uma palestra breve e didática sobre os mecanismos neurais subjacentes à nossa capacidade cognitiva de memorizar localizações e orientações espaciais. Na palestra postada originalmente no site do TED, é possível ativar as legendas em português.
Entendendo o cérebro humano
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Terrence J. Sejnowski é atualmente um dos pesquisadores mais importantes na neurociência computacional, área essa na qual ele foi um dos pioneiros. Na entrevista acima, Sejnowski comenta, entre muitas questões, sobre um editorial na Science [1] que ele publicou no final de 2011 com um colega acerca da grande quantidade de conhecimento sobre o cérebro produzido nas neurociências que ainda não foi acompanhado por um esforço em sintetizar e compreender as relações entre estes conhecimentos. Ele defende que a acumulação de conhecimento é uma etapa importante, mas que já é hora das neurociências repensarem sobre o que esperam encontrar no final deste turbilhão.
Sejnowski também comenta sobre as implicações no campo jurídico, ético e educacional das pesquisas em neurociências, enfatizando adicionalmente as importantes implicações para estes tópicos das pesquisas em outras áreas como na ciência cognitiva e na psicologia. Um ponto importante que Sejnowski aponta é que aspectos sociais e contextuais são fundamentais para compreender a experiência humana e que estas ainda são variáveis muito difíceis de serem estudadas no âmbito das neurociências (embora estejam surgindo oportunidades inovadoras para investigá-las).
Uma questão é crucial hoje nas neurociências, segundo Sejnowski: se cada vez fica mais claro que o cérebro é um sistema tão dinâmico e flexível, como é possível haver simultaneamente estabilidade a longo prazo? Como é possível que, em um cérebro com sinapses sendo modificadas o tempo todo, possamos reter memórias de episódios ocorridos há décadas, com detalhes minuciosos de informações que somos capazes de recuperar? Vale a pena assistir a esta entrevista, na qual este grande cientista explora diversas questões atuais sobre o desenvolvimento e as implicações das pesquisas em neurociências.
Referências:
[1] Brenner, S., & Sejnowski, T. (2011). Understanding the Human Brain. Science, 334 (6056), 567-567 DOI: 10.1126/science.1215674