Compreendo, logo, posso admirar mais
Quem nunca ouviu, depois de dar uma explicação científica sobre algo na natureza para alguém, um comentário como “ah, mas assim você está tirando a magia da coisa, seu chato!” É como se, para muitas pessoas, a contemplação desinformada fosse um pressuposto para que possa haver prazer na admiração de algo. Sem o mistério, parece que nada restaria para eliciar o prazer. Neste texto, eu tentarei compartilhar um pouco do porque eu acho que a compreensão de algo na natureza pode, pelo contrário, torná-la mais bonita, já que pode nos oferecer uma dimensão da grandeza ainda maior que há naquilo que estamos olhando.
Um ótimo exemplo do que estou falando é o pássaro na imagem acima – o famoso beija-flor. Quem nunca perdeu alguns segundos admirado ao observar como este pássaro se move de maneira tão habilidosa, precisa e rápida? Se você nunca fez isso, eu recomendo que faça, é realmente absurdo. Ele consegue ficar numa posição quase estática no ar diante de uma flor, enquanto estica a sua língua para alcançar o néctar no interior das flores.
Estudo inteligente: Aproveite ao máximo o seu tempo de estudo com essas dicas tiradas de pesquisas
Fonte: gradPSYCH Magazine*
Autor: Lea Winerman
Tradutor: André Rabelo
Você provavelmente pensa que sabe como estudar.
Afinal de contas, você chegou ao ensino superior. Você entregou com sucesso tarefas de casa e passou em exames por pelo menos 16 anos. E existe uma grande chance de que você tenha um conjunto de rotinas de estudo, quer seja um copo de chá e o seus livros-texto na cama ou um canto em uma biblioteca calma que você alegou ser seu.
Mas pode ser que os hábitos de estudo que você desenvolveu por uma década ou duas não estejam te servindo tão bem quanto você pensa que eles estão.
Pesquisas têm mostrado que algumas técnicas de estudo do “senso comum” — como sempre ler no mesmo local calmo ou gastar horas em um momento de concentração em um assunto — não promovem aprendizagem de longo prazo. E alguns hábitos que você deve suspeitar não são tão bons, como o estudo de últimos minutos antes de exames, podem até ser pior do que você pensou.
Nós sumarizamos três princípios, tirados a partir de décadas de pesquisa na psicologia cognitiva, para te ajudar a aproveitar o máximo das suas horas de estudo (continua depois do parágrafo abaixo).
* Este material originalmente apareceu em inglês como [Winerman, L. (2011, November). Study Smart. gradPSYCH. Retrieved from http://www.apa.org/gradpsych/2011/11/study-smart.aspx]. Copyright © 2011 pela American Psychological Association. Traduzido e reproduzido com permissão. A American Psychological Association não é responsável pela precisão desta tradução. Esta tradução não pode ser reproduzida ou distribuída adiante sem uma permissão prévia escrita da APA.
Replicação e publicação: A atual tentativa de auto-correção na psicologia
Um antigo problema tem direcionado os holofotes da mídia para a psicologia atualmente: o da replicabilidade. Replicar um estudo significa que outros pesquisadores são capazes de reproduzir o procedimento de um estudo publicado e encontrar resultados semelhantes. A replicação é muito importante na ciência. Ela pode funcionar como um filtro da própria comunidade, pois os colegas de área de um pesquisador podem averiguar se o efeito relatado em um estudo é reproduzível, generalizável ou se é limitado. O problema da replicação na psicologia, e em outras áreas da ciência, não é novo, mas tem chamado a atenção atualmente os esforços de diversos cientistas para priorizá-la.
A inquietação na comunidade foi se agravando na medida em que diversos pesquisadores, como o professor Brian Nosek da Universidade da Virginia (na imagem acima), um importante pesquisador na área de cognição social, não conseguiam obter, em seus próprios laboratórios, os efeitos relatados nos artigos de seus colegas, e como não tinham para onde mandar estes dados, eles eram engavetados [1]. A este problema, têm sido dado o nome de The File Drawer Problem (o problema da gaveta de arquivo). Isto pode representar um considerável problema para uma área da ciência, principalmente se o que você está tentando fazer é uma ciência que produza conhecimentos que possam se embasar em estudos anteriores e aprimorar sucessivamente a compreensão de um fenômeno, ou seja, uma ciência cumulativa. Muitos psicólogos têm promovido cada vez mais iniciativas visando uma auto-correção em relação a diversos problemas da área relacionados à replicabilidade, às políticas editoriais das revistas científicas e aos incentivos de agências de financiamento.
Pessoas com tetraplegia conseguem controlar braço robótico pela mente
[youtube_sc url=”http://www.youtube.com/watch?v=ogBX18maUiM”]
Pela primeira vez em 15 anos, Cathy Hutchinson foi capaz de tomar novamente o seu café matinal por conta própria, embora ela ainda não tenha recuperado o movimento pleno das pernas ou dos braços. O que permitiu este feito foi o uso das tecnologias mais avançadas atualmente de interface entre o cérebro e as máquinas. Cathy usou apenas o seu pensamento para controlar um braço robótico capaz de pegar o copo e levá-lo até a sua boca. O vídeo acima mostra Cathy manuseando o braço e o relato dos cientistas envolvidos no projeto.
Esta foi a primeira demonstração que indivíduos com tetraplegia de longa data podem ser capazes de manusear um braço robótico a partir dos sinais neurais emitidos por uma região específica do seu cérebro, relacionados à sua atividade mental. Esta grande realização foi relatada em um artigo na revista Nature esta semana. No estudo, duas pessoas com tetraplegia de longa data e sem treinamento prévio foram capazes de realizar com sucesso movimentos tridimensionais com um braço robótico.
Mais um aniversário do blog!
Informo com grande prazer que hoje o SocialMente completa 2 anos de existência, e nada melhor que a imagem de um bolo como o acima para celebrar dignamente esta atmosfera científica que é respirada por aqui! Há um ano atrás, este blog tinha outro nome e outra “casa.” Fico feliz de constatar hoje as mudanças ocorridas de lá para cá, tanto no blog quanto em mim, e já me sinto totalmente a vontade neste novo condomínio do blog, o ScienceBlogs Brasil =)
Vou colocar aqui embaixo um “greatest hits,” alguns dos textos mais lidos de lá para cá, incluindo alguns mais antigos, já que eu nunca havia feito este tipo de compilação. Espero que gostem!
- Porque as Pessoas Acreditam em Seres Invisíveis?
- Compreender a sua mente é uma missão crítica
- Ser otimista é saudável?
- Psicologia Evolucionista
- Como Lidar com a Morte?
- Corpos Sem Almas
- O Poder da Gentileza
- Sou foda
- Tudo acontece por uma razão?
- A Neurologia das Experiências de Quase Morte
- Uma homenagem ao mestre César Ades
- Psicologia Brazuca: Vitor Haase e a neuropsicologia
- O que religião tem a ver com moralidade?
- Altruísmo ou egoísmo: Qual é a motivação para a generosidade?
- A primavera acadêmica: O livre acesso ao conhecimento científico
- Perspectivas Evolucionistas Acerca da Religião
- Uma Conversa com Vinícius Ferreira sobre Psicologia Cognitiva
- Homens gays têm mais interesse sexual em crianças do que homens heterossexuais?
Psicologia Brazuca: Dida, a etologia e a psicologia evolucionista
O Dida, como é mais conhecido o professor Francisco Dyonisio C. Mendes, é atualmente professor de psicologia evolucionista (PE) na Universidade de Brasília (UnB). A sua carreira acadêmica está diretamente associada ao programa de psicologia experimental da Universidade de São Paulo (USP), no qual ele fez a maior parte da sua pós-graduação sob a orientação do professor César Ades.
Apesar de possuir um especial interesse e atuação na etologia ao longo de sua carreira, o professor Dida, assim como muitos outros etólogos brasileiros, tem se aproximado cada vez mais da psicologia evolucionista e desenvolvido projetos especialmente situados nesta área. Ele explorou com clareza algumas questões, muitas vezes mal compreendidas, sobre o estudo dos animais na perspectiva evolucionista nesta ótima entrevista cedida gentilmente por ele. Além disso, acreditamos que muitos comentários do Dida acerca da realidade que pesquisadores brasileiros enfrentam para conduzir suas pesquisas soarão familiares a muitos.
Insônia: Como melhorar o seu sono
Atualmente, muitas pessoas relatam dificuldades para dormir. Casos de insônia tem sido prevalentes entre adultos de muitos países. A baixa qualidade do sono pode ter diversos impactos negativos na qualidade de vida das pessoas, tanto biológicos (prejuízo no funcionamento do sistema imune) quanto psicológicos (depressão, ansiedade).
Comum a muitas destas reclamações são os relatos de cognições que surgem intrusivamente na mente das pessoas enquanto elas tentam dormir e que acabam atrapalhando o sono por muitas vezes induzir a determinados estados afetivos e fisiológicos que nos impedem de “desligar” a nossa mente. Estas “cognições pré-sono” agitadoras, normalmente relacionadas a planos futuros ou preocupações, podem ter um papel importante na manutenção da insônia.
Muitos estudiosos tem buscado compreender os fatores que influenciam a qualidade do sono. No começo deste ano, por exemplo, a revista Cognitive Therapy and Research publicou uma edição especial de artigos relacionando o sono com a cognição. Vale a pena conferir também a coletânea de textos falando sobre os benefícios do sono e maneiras de melhorá-lo que foi recentemente divulgada pela revista de divulgação Psychology Today. Dentro das últimas publicações, um estudo publicado na revista Psychotherapy indica que uma intervenção simples com terapia cognitiva pode apresentar melhoras rápidas na qualidade do sono de pacientes com insônia. Eu me focarei aqui em descrever como essa intervenção foi feita e como você poderia aplicar ela em você mesmo.