2012: Não acabe com o seu mundo antes que o mundo se acabe

 

Blogagem coletiva Fim do Mundo
Eis a ironia deste ano: mal começou 2012 e já não conseguimos parar de falar do seu fim. Ao que parece,  os maias já haviam previsto que 2012 seria o último fim de ano da humanidade. É uma pena mesmo se isto for verdade, pois neste ano não terão fogos de artifício na praia de Copacabana e assistiremos pela última vez os desfiles das escolas de samba… mas calma, não entre em desespero! Quem sabe estas histórias não passam de lendas… certo?

Jim Jones

Poderíamos até pensar que histórias sobre o fim do mundo em 2012 são bobagens e só acreditam nelas pessoas supersticiosas e pouco instruídas, ou seja, que estas ideias são inofensivas. Afinal de contas, como levar a sério histórias contadas em escritos de um povo tão antigo?

Entretanto, o conhecimento produzido pela psicologia social tem uma lição muito clara para nos dar sobre este assunto: pessoas com diversas histórias de vida, níveis de educação e saúde mental são vulneráveis à influências sociais e cognitivas tão poderosas que podem passar a acreditar de maneira veemente nas histórias mais cabeludas que você imaginar! Isso inclui eu, você e até aquele seu amigo super inteligente! Histórias reais ilustrando isso é o que não faltam.

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Nielsen: Ciência aberta

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Cientistas poderiam ser incentivados a aderir a uma nova cultura científica aberta, onde compartilhar em tempo real dados de pesquisa e se engajar na promoção da ciência aberta seria parte do próprio “fazer científico”. Isto poderia promover avanços no processo de descoberta científica sem precedentes históricos.

Defendendo esta linha de pensamento, Michael Nielsen, atualmente um engajado entusiasta e desenvolvedor de ferramentas de colaboração científica aberta, oferece acima uma palestra crítica, com uma oratória impecável e inspiradora sobre as ferramentas que estão surgindo e acelerando a primavera acadêmica.

Nielsen, que já ofereceu várias contribuições científicas na física e na computação quântica no passado, lançou no fim do ano passado o livro Reinventing Discovery: The New Era of Networked Science (Reinventando a Descoberta: A Nova Era da Ciência na Rede), no qual ele desenvolve a defesa desta nova forma de fazer ciência que  vem entusiasmado diversos cientistas ao redor do mundo.

A primavera acadêmica: O livre acesso ao conhecimento científico

A quem as editoras servem?

Toda pessoa tem o direito de participar livremente da vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar do processo científico e de seus benefícios. 

Artigo XXVII da Declaração Universal dos Direitos Humanos, 1948.

Um assunto anda bem quente na comunidade científica desde que, no mês passado, o professor de matemática da Universidade de Cambridge, Timothy Gowers, publicou um texto em um blog explicando porque ele boicotava as revistas publicadas por uma das maiores editoras de revistas científicas.  As reclamações dos preços altos para submissão e assinatura das revistas, assim como das diretrizes que estas editoras adotam, já são antigas, mas o ano de 2012 começou com uma novidade: um grupo de cientistas cada vez maior está se unindo para boicotar uma das maiores editoras, a Elsevier,  por meio de uma petição online que já conta com mais de 2700 assinaturas de cientistas ao redor do mundo. Este impacto da “blogada” de Gowers reflete a insatisfação crescente da comunidade com as editoras. Seria este o início da “primavera acadêmica”?

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Como adivinhar de verdade o que alguém está pensando

Lendo pensamentos no cérebro

Quem nunca brincou de tentar adivinhar o que outra pessoa estava pensando? Será que conseguiremos algum dia pedir para alguém pensar em alguma coisa e então adivinhar, sem que a pessoa fale absolutamente nada? Ao que parece, os primeiros passos para isso acontecer estão sendo dados pelo pessoal do Gallant Lab, na Universidade da Califórnia, Berkeley.

Eu já havia traduzido um texto aqui no blog comentando sobre o artigo publicado na revista Current Biology onde o pessoal deste laboratório conseguiu, a partir de registros da atividade neural dos participantes, reconstituir de maneira aproximada as imagens que os participantes observavam. Neste link, tem o vídeo comparando as reconstituições obtidas com as imagens que de fato os participantes olharam.

ResearchBlogging.orgDesta vez, os destemidos membros deste laboratório publicaram um estudo na revista PLoS Biology onde eles conseguiram, novamente a partir da atividade neural, reconstruir palavras nas quais os participantes estavam pensando. Em outras palavras, eles conseguiram adivinhar a palavra que a pessoa estava pensando só a partir da atividade elétrica do cérebro dos participantes! Sim, é isto mesmo, você não está lendo nada errado!

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Sou foda

Eu sou sinistro!

Muitos homens costumam perceber, erroneamente, interesse afetivo por parte de mulheres até quando este interesse nem existe. Imagine uma situação “típica”: uma mulher que está em um bar procurando o garçom no meio da  multidão da, sem querer, “aquela” olhada no “bonitão” que acabou de chegar, achando que encontrou o garçom… pronto. O camarada já pensa: “sou foda!”

Vários estudos demonstram que homens possuem esta tendência de perceber maior interesse sexual por parte das mulheres do que elas realmente têm por eles. Um estudo publicado recentemente na revista Psychological Science replicou esta tendência e foi um pouco mais além: pessoas como o nosso amigo “foda” dos Avassaladores na imagem  acima podem ter sido favorecidos evolutivamente, mas mulheres também podem possuir um viés cognitivo na percepção de interesse sexual, porém no sentido oposto.

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Fatos interessantes sobre a memória humana

Fonte: Learning Mind
Autora: Anna
Tradutor: André Rabelo

O que é a memória?

A memória é uma das funções mentais e tipos de atividade mental direcionada para preservar, armazenar e reproduzir informações.

Graças à memória usamos em nossa vida cotidiana nossa própria experiência e a de gerações prévias. É possível melhorá-la? Do que ela depende? Vamos tentar responder a estas perguntas.

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Mães lésbicas

Fonte: Psychology Today
Autor: Nathan Heflick
Tradutor: André Rabelo

Mães lésbicas podem criar ótimas crianças

Muitas pessoas que se opõem ao casamento gay argumentam que crianças criadas por pais gays são na maioria das vezes incapazes de criar crianças normais. Bem, talvez estas pessoas estejam certas. Baseado no vídeo linkado aqui, estas crianças seriam mais como crianças extraordinárias.

Parece horrível que crianças se tornem adultos como ele, não é mesmo?

Evidências anedóticas a parte, pesquisas corroboram a afirmação de que crianças criadas por lésbicas são, em média, mais felizes e menos violentas do que crianças criadas por casais de sexo misto. Também existem evidências de que o abuso físico contra crianças é menor (praticamente inexistente) em relacionamentos lésbicos.

Parece, portanto, que pelo menos em termos de pais lésbicas, as pesquisas sugerem que crianças criadas por pais homossexuais passam bem.

Mais pesquisas são necessárias para testar o porque estas crianças são, em muitos casos, mais pacíficas e felizes.

Annie Paul: O que aprendemos antes de nascermos

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Nesta provocante palestra do TED, Annie Murphy Paul apresenta uma área de pesquisa chamada de fetal origins (origem fetal), interessada em estudar as capacidades de aprendizagem humana durante o período de gestação no útero. Já não bastasse a extrema complexidade que caracteriza a relação entre cultura e herança genética no desenvolvimento dos seres humanos a partir do nascimento, esta área de pesquisa ainda vem nos mostrar evidências de processos de aprendizagem muito básicos que, aparentemente, ocorrem enquanto estamos no útero de nossas mamães, preparando-nos para o ambiente que iremos enfrentar! A área tem reunido evidências nas últimas duas décadas de que os 9 meses de gestação são cruciais para a saúde posterior das pessoas e é um período de férteis experiências sensoriais uterinas que influenciam várias características posteriores, como a preferência alimentar, a  saúde, a inteligência e a aprendizagem da língua de sua cultura. Annie Paul lançou em 2010 o livro Origins, onde apresenta um panorama dos principais achados desta interessante linha de pesquisa. Para quem quiser legendas em inglês, espanhol ou português de portugal para o vídeo, recomendo que vejam o vídeo no próprio TED.

Damasio: O mistério da mente consciente

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Um dos maiores neurocientistas e estudiosos da consciência atualmente, Antonio Damasio, professor na University of Southern California, expõe nesta palestra do TED a sua proposta sobre o que permite que existam mentes conscientes como as nossas. A mente consciente seria o resultado de um self (perspectiva subjetiva) no foco da mente. Para responder ao mistério da mente consciente, Damasio explica que precisamos entender como a mente é construída  no cérebro e somo o self é construído. Ele reuniu suas ideias em um livro lançado em 2010, intitulado Self Comes to Mind: Constructing the Conscious Brain.” O livro foi traduzido e publicado em português no ano passado, com o título de “E o Cérebro Criou o Homem.” Para quem quiser a legenda em inglês da palestra, única disponível até agora, recomendo que veja o vídeo no próprio site do TED e selecione “english” no menu “subtitles available in.” Ainda não pude ler o livro, mas vindo de um dos maiores pesquisadores na área, certamente é uma leitura recomendável para quem se interessa na compreensão da consciência.

O Poder da Gentileza


Obra de Keith Haring, 1987

Nas grandes cidades, vivemos nossas vidas em meio a uma multidão de desconhecidos. Cruzamos todos os dias com estranhos que não conhecíamos e que, provavelmente, não vamos conhecer também. Nessa atmosfera, não é de se surpreender que a apatia pelo sofrimento alheio e a distribuição de grosserias tenham se tornado tão comuns e aceitáveis. Podemos até nos surpreender se um completo estranho   emergir a partir da multidão nos oferecendo um ato de gentileza, sem pedir nada em troca.

Você não se surpreenderia se, ao chegar no caixa de um restaurante para pagar a sua conta, fosse informado de que uma pessoa gentilmente pagou a sua conta e não quis se identificar? Uma situação como esta pode parecer muito improvável, mas foi exatamente o que aconteceu em um restaurante na Filadélfia, em 2009, nos Estados Unidos [1]. O ato de gentileza inspirou, nas 5 horas seguintes, várias pessoas naquele restaurante a pagar a conta de outras mesas sem se importar com o valor da conta e de maneira anônima. Os trabalhadores do restaurante ficaram emocionados, pois nunca tinham visto algo tão solidário como aquilo acontecer. Como diz na reportagem da NBC10 Philadelphia: “É uma história de feriado verdadeira que prova como um pequeno gesto de gentileza pode criar um pouco de magia.”

A gentileza é um tipo de ação espontânea e, muitas vezes, sutil, onde uma pessoa beneficia outra, seguindo normas implícitas de conduta. É um tipo de comportamento de baixo custo para quem o realiza, mas que pode beneficiar muito quem recebe. O vídeo abaixo demonstra vários exemplos de como a gentileza pode se manifestar no cotidiano.

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Este vídeo é uma bela ilustração do que a gentileza é capaz de produzir no cotidiano das pessoas. Ela é contagiante. O vídeo (que encontrei no Treta) é uma produção do projeto Life Vest Inside (“Salva-Vidas Interno”), que busca promover a gentileza como uma maneira simples, mas poderosa e ativa, de melhorar o mundo. Uma parte da descrição do projeto merece ser traduzida aqui:

O trabalho de caridade e o serviço comunitário são ferramentas inestimáveis para melhorar o nosso mundo, mas a gentileza é mais do que boas ações ou voluntariado apenas. Gentileza é empatia, compaixão e conexão humana; é um sorriso, um toque ou uma palavra confortante. Mesmo o menor gesto pode clarear um dia escuro ou aliviar um fardo pesado.

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