Algumas palavras de Asimov
Durante uma entrevista sobre os rumos da educação, Asimov foi perguntado sobre sua própria busca de conhecimento e se ele achava que os outros também tinham o mesmo ímpeto que ele.
Abaixo (intercalado com encorajamentos do entrevistador Bill Moyers, em itálico), transcrevo um trecho que acho bastante esclarecedor.
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“Eu gostaria de pensar que as pessoas, se oferecida a chance de aprender os fatos e aumentar seu conhecimento do universo, não buscariam tão avidamente o misticismo.
“Eu me pergunto quantas pessoas escolhem essas coisas místicas e sem sentido simplesmente porque elas precisam escolher alguma coisa e aquilo é a única alternativa disponível.”
“Por que o misticismo incomoda você?”
“A mesma coisa que me incomoda no misticismo é o que me incomoda em vigaristas e falsários. Não me parece correto vender ações falsas para uma pessoa e obter dinheiro com isso. E é isso que os místicos fazem. Eles vendem conhecimento falso para as pessoas e ganham dinheiro com isso. Mesmo se alguém se sentir bem com esse tipo de conhecimento; eu consigo facilmente imaginar que uma pessoa que realmente acredita em astrologia sentirá uma sensação de segurança porque sabe que hoje é um dia ruim e, por isso, ficará em casa. Mas mesmo assim, um cara que comprou ações falsas pode olhar para elas bonitinhas e reluzentes, escritas num pergaminho com letras douradas e tudo mais, e desde que não precise usá-las ele se sente rico olhando para aquilo. Mas isso não é desculpa, o que ele tem ainda são ações falsas.
“E o que uma pessoa que compra misticismo tem ainda é conhecimento falso. E isso me incomoda.”
“E qual é o conhecimento real?”
“Nós não podemos ter absoluta certeza. A Ciência não anuncia verdades absolutas. Ciência é um mecanismo, uma forma de tentar melhorar seu conhecimento de natureza. É um sistema para testar suas idéias, comparando-as com o universo, e ver se elas estão certas. E isso funciona não só para os aspectos mais comuns da Ciência como para tudo da vida. Eu penso que as pessoas gostariam de saber que o que elas sabem é realmente como o universo é, ou ao menos o mais próximo possível disso.”
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BÔNUS
Outro trecho da entrevista, anterior ao supracitado:
“Aprender excita você?”
“Sim! Eu acho que na verdade é o processo de expandir a si mesmo, de saber que agora existe mais um pedacinho do universo que é do seu conhecimento e sobre o qual você pode pensar e entender.
“Me parece que quando for hora de morrer – e isso vai acontecer a todos nós, haverá um certo prazer em pensar que você utilizou bem a sua vida, que você aprendeu o máximo que podia, adquiriu para si o máximo possível sobre o universo; e gostou.
“Existe apenas este universo e existe apenas esta vida para tentar entendê-lo. E, apesar de ser inconcebível que qualquer pessoa consiga entender mais do que a menor parte dele, você pode fazer pelo menos isso.
“Que tragédia deixar a vida passar e não aproveitar nada dela.”