O ovo do E.T.
Através do Bunker eu cheguei na página do jornal O Mossoroense (vou segurar as piadas por enquanto) que noticia a descoberta de um ovo alienígena.
O artigo não tem data (talvez no link, que tem uma sequência de números que lembra uma data, mas não dá para ter certeza), mas acredito que seja recente. Afinal, está na seção Cotidiano (é, não agüentei segurar as piadas por muito tempo)…
Não quero ser processado por apropriação indevida de material pelos descendentes do cidadãos que expulsaram Lampião NA BALA (há controvérsias sobre a presença de Virgulino, que teria mandado seus capangas antes de arriscar o próprio pescoço, mas não dá para incluir links para elas pois li em livros. Lembram deles?), por isso não vou copiar trecho algum da reportagem, sugiro que leiam a reportagem agora, clicando aqui e depois leiam o resto do meu artigo, clicando aqui.
Resenha – A Cientista que Curou o Próprio Cérebro
“Todo cérebro tem sua história e esta é a do meu.”
É assim que começa A Cientista que Curou o Próprio Cérebro, que promete, mais adiante que “este não é um livro para cientistas”.
O relato de uma neurocientista que experimentou de dentro para fora a destruição do objeto de seu estudo (anatomia cerebral e a interligação entre os hemisférios) e teve que reaprender do zero, como um recém-nascido, a viver sua vida e se integrar com ela mesma.
A autora, Jill Bolte Taylor, nos diz que escreveu o livro por causa das pessoas que vieram a ela com problemas semelhantes aos que ela passou e, busca como única recompensa, alguém que reconheça em si os sintomas de um derrame e ligue para a emergência antes que seja tarde demais.
Porém, o livro não é manual técnico ou lista de afazares em situações de emergência, mas um conto, bastante pessoal, de uma tragédia consertada, um acidente devastador que foi remediado e curado.
É um livro com explicações muito didáticas (mas refinadas, não infantis) sobre o funcionamento da máquina cerebral, dadas pela autora, que é Ph.D em neuroanatomia e que conta também com descrições bastante vívidas e detalhistas.
Ela escreve com um método que eu gosto de chamar de “poesia científica”, descrevendo a situação com a emoção de uma poetisa, a percepção de uma pessoa comum e o detalhe de uma cientista especialista naquele assunto.
O volume é como uma ficção científica hard. Uma estória de fantasia recheada de detalhes técnicos e científicos reais e relevantes.
Uma narrativa que me capturou a atenção e que, a cada parágrafo, me deixava ansioso por mais.
Eu usaria o termo “envolvente”, mas como não sou crítico profissional, direi que trama é MASSA!!
Ótima do ponto de vista literário e excelente do lado científico descritivo.
Até certo ponto.
Existe um balanço delicado entre licença poética/descrição otimista e uma glorificação grosseira e exacerbada de uma condição séria; a paralisia do hemisfério esquerdo devido a um coágulo causado por um derrame.
Um subtítulo apropriado para essa obra seria “A mulher que se apaixonou pelo hemisfério direito do seu cérebro”.
Perto do fim, no entanto, a narrativa dá uma descarrilhada (que vinha sendo anunciada sutilmente, de modo ambíguo, desde o começo, mas que no finalzinho aparece de corpo inteiro) e se apóia (“desajeitadamente” é uma palavra apropriada) em energias, pensamento esperançoso, pseudociência e “coisas que a Ciência ainda não entende”.
Contudo, uma boa história é uma boa história (é uma boa história). Por mais que neurociência não seja seu prato do dia, o livro é bem escrito e bem descritivo.
Não posso dizer se essa leitura ajudaria alguém a se recuperar ou a algum familiar de uma vítima a ajudar na recuperação, pois não sou um ou outro, mas é um relato otimista e acalentador, do tipo “não se preocupe, tudo vai dar certo, aguarde e confie!”
O “humor”, ou clima, da obra como um todo, pode ser descrito como Zen (já fui estudioso dessa filosofia; pasmem!). Algo do tipo “escute o que vem de dentro, dê ouvidos ao seu ritmo, liberte o seu Eu interior”. Mas eu precisei ler até o fim para chegar a esta conclusão.
Finalmente, uma leitura fácil, sem jargões desnecessários ou desconsertantes, mas também sem simplificação exagerada.
Se encarado como “baseado em fatos reais” ou visto como “apenas uma boa estória”, é uma boa aquisição, um livro para um público adulto e curioso, que já sabe de alguma coisa mas gostaria de aprender mais.
Venda direta pela Editora Ediouro.
Grande Colisor de Blablablá
Blablablá blablá blablá de hádrons pode blá blá buraco blábla pode blá do mundo blá blá blá.
É isso que eu estou ouvindo ultimamente e acho que muita gente concorda comigo.
Essa conversa de LHC já abusou o cego (“encheu o saco”, para de fora).
Tem até blogue de poesia falando nisso!
No meu outro blogue, por não ser estritamente científico, eu comentei sobre isso algumas vezes e também tenho andado em vários blogues tentando acalmar os ânimos dos Espalhadores de Pânico e suas vítimas.
Não interessa a nós, por enquanto, saber o que são buracos negros estáveis e a energia necessária para gerá-los; não importa se soubermos o que são strangelets, antimatéria, hádrons ou higgs-boson; menos ainda saber que a cada segundo somos bombardeados por forças naturais zilhões de vezes maiores que as que conseguiríamos produzir e o mundo e o universo ainda estão aqui, firmes e fortes.
Da mesma forma que nos é inútil a preocupação com o fim do mundo (eu, por um, tenho coisas mais urgentes que uso para perder o sono e os cabelos).
Necessário, neste momento, é saber que as chances do mundo acabar por causa disso são extremamente remotas.
Eu li um físico dizendo que a probabilidade do LHC produzir strangelets que destruiriam o universo é menor do que a do seu carro se transformar num cavalo com carruagem, através de flutuações quânticas.
Pode acontecer, mas também pode acontecer de alguém jogar um milhão de dados para cima e todos cairem se equilibrando em uma quina, uns por cima dos outros, formando um icosaedro.
Pessoas, se o mundo tivesse que acabar, teria acabado mês passado.
E ninguém poderia fazer coisa alguma.
Puf! Acabou!
Pela caridade, relaxem!
Um dado interessante que pouca gente sabe: vocês só estão aqui, lendo isto, graças ao CERN, pois foi lá que criaram a rede (web) (o que não é o mesmo que Internet, mas o que nos possibilita navegar por ela).
De nada!
(Enquanto escrevia, lembrei dum sonho que tive ontem a noite, de um vídeo explicando bem direitinho como acontecia a colisão. Pena que tal vídeo não existe e se existisse explicaria errado. Mas na hora, enquanto meu cérebro estava rodando em meia embreagem, fez sentido…)
Teoria do bocejo
Os neurônios-espelho são células neurais especializadas que nos fazem imitar comportamentos inconscientemente.
Resumidamente.
Mais explicadamente:
Descobertos vinte anos atrás pelo neurofisiologista italiano Giacomo Rizzolatti enquanto estudava cérebros de macacos, esses neurônios ajudam as pessoas (e outros animais) a se identificar e empatizar com as emoções dos outros como se elas fossem suas próprias.
A estória contada diz que descoberta foi feita enquanto um membro da equipe de sua equipe estudava, em um macaco, uma área do cérebro chamada F5, responsável por planejamento, seleção e execução de tarefas. O símio estava lá, na dele, quietinho, até que o cientista na sala com ele esticou o braço para pegar alguma coisa. Quando isso se deu, ele ouviu um barulho repentino vindo do computador que analisava as ondas cerebrais da criatura, indicando atividade naquela parte do cérebro que estava sendo monitorada, como se o bicho tivesse esticado o braço para pegar o que quer que tenha sido o alvo da pegada.
Essa atividade registrada deu indicações de que o macaco estava imitando, mesmo sem precisar se mexer, apenas em seu cérebro, o que viu o pesquisador fazendo.
De toda forma, a existência dessas células já foi provada independentemente (o melhor tipo de prova) e ajuda a explicar o porquê de sentirmos o que outras pessoas estão sentindo (empatia é a palavra)
Segundo o neurocientista da UCLA, Marco Iacoboni, Ph.D, (especialista também em Estimulação Magnética Transcranial, a versão 2.0 de Sincronização Cerebral, o tema da minha dissertação na faculdade!), essa habilidade de entrar em mente alheia teve um papel importante no desenvolvimento da sociedade e cultura.
Ele acredita que esse traço, obviamente herdado pelo processo evolutivo natural, nos ajudou a socializarmos mais facilmente (quando vejo alguém sorrindo ou chorando, eu sei instintiva e instantaneamente o que aquela pessoas está sentindo, nem tanto por entender suas reações, mas por estar eu mesmo experimentando suas emoções, o que fortalece meus laços com ela) e a aprender através de exemplos, otimizando nosso desenvolvimento por evitar um processo dispendioso de erro-e-acerto pelo qual passaríamos se os neurônios-espelho (ou similares) não existissem. E isso tudo sem precisarmos agir!
Nosso cérebro se encarrega de viver aquilo que vemos sem nos dizer explicitamente.
As ligações neurais que disparam quando eu chuto uma bola são as mesmas que disparam quando eu vejo um jogador na TV chutando uma bola.
Eu não tenho as conexões que me fariam girar três vezes no ar em três eixos diferentes, por isso não entendo como um ginasta ou mergulhador ornamental consegue fazê-lo.
Outra coisa interessante que eu ouvi Dr. Iacoboni dizer é que a culpa de viramos a cara quando vimos um pedinte ou um sem-teto de modo geral, é desses neurônios. Ao ver alguém em dificuldade (inclusive social), nós sentimos o que aquela pessoa está sentindo e isso nos é desagradável, por isso tentamos não olhar para não causar desconforto em nós mesmos.
Funções cerebrais de ordem superior, no entanto, conseguem anular esse mecanismo, o que nos permite guerrear outros por discordarem das nossas crenças políticas ou religiosas sem muito peso na consciência. Oba!
Quanto ao bocejo, eu criei (responsabilidade é assumidamente minha) um paralelo que aparenta fazer sentido.
Mas não faz. As células-espelho são discretas e não se mostram. Nós sentimos mas não fazemos.
Logo, minha teoria do bocejo não durou sequer um parágrafo completo.
Vou continuar tentando…
Panificação
Melhor que cheiro de pão saindo do forno é o sabor do pão que você mesmo fez e que acabou de sair de forno e esfriou só o suficiente para não amolecer a camada de pele que recobre o céu-da-boca.
O pão que nós comemos hoje (macio, com casca e miolo bem definidos) é uma invenção relativamente recente.
A invenção do pão foi uma maneira que nossos parentes mais antigos (nove mil anos antes da era cristã, onze mil anos atrás) descobriram de preservar o alimento por mais tempo. Grãos eram, apesar de abundantes, difíceis de comer e de armazenar, mas depois de moídos e assados, duravam vários dias e eram digeridos mais facilmente.
(Uma nota intrigante: alguns arqueólogos acreditam que a cerveja, também conhecida como pão líquido foi inventada antes do pão, pois é relativamente mais fácil de fazer (não envolve fornos) e é uma maneira “interessante” de se purificar, através da fermentação, água que talvez estivesse contaminada. E, além de ser tão nutritiva quanto pão, ainda é mais divertida!)
Os primeiros pães eram basicamente uma casca assada (como o pão sírio) e, por não ter fermento, não cresciam. O formato inicial da massa ao ir para o forno se mantinha enquanto era assada.
A descoberta do pão fermentado (há cinco mil anos, supostamente) foi, muito provavelmente, um acidente. Uma massa crua que foi deixada tempo demais num lugar morno, por causa de contaminantes nos grãos ou em algum aditivo (como leite) fermentou e inchou o preparado. Tornou-se, então, prática comum reservar um pedaço dessa massa fermentada para se colocar na do outro dia, fazendo a nova mistura crescer mais facilmente, criando o que se conhece por massa amarga.
Na minha casa, eu faço pão misturando farinha com água e uma levedura (Saccharomyces cerevisiae) desenvolvida especialmente para isso e mais conhecida comercialmente como fermento biológico.
A receita ainda leva algum tipo de óleo vegetal, açúcar e sal.
O óleo (uso azeite), por introduzir gordura à massa, a deixa mais “ligadinha” (e prazerosa). O sal é puramente para intensificar o sabor.
A açúcar, no entanto, serve como combustível. É a comida que vai fazer a levedura trabalhar.
Quando a levedura está num meio aquoso ideal (banho de água morna, quem não gosta?) ela começa a trabalhar, consumindo açúcares (presente na farinha em forma de amidos e puro no açúcar adicionado) e excretando álcool e gás carbônico. O álcool evapora durante a assadura, por causa da alta temperatura, mas o gás carbônico, que forma bolhas minúsculas mas numerosas, fica preso na massa (graças, em boa parte, ao glúten) que seca e endurece aos poucos, possibilitando ao gás escapar, deixando para trás muitos espaços vazios, criando a textura que tanto conhecemos.
Pão; uma maravilha da tecnologia bioquímica!
Quando a luz dos olhos teus…
Quando saímos de um lugar escuro para um bem mais claro, nós sentimos um pouquinho de dor (olhar direto para o Sol, por exemplo, dói porque a retina está literalmente queimando) mas conseguimos acostumar a visão rapidamente.
As pupilas se contraem quase instantaneamente e muito pouca luz entra.
Simples.
Já o contrário não é tanto assim.
Um experimento para se fazer em casa: num dia de sol forte, fechem as janelas, portas e cortinas, esperem uns dez minutos e saiam. Contem quanto tempo demora para a visão se adaptar.
Novamente, aguardem mais uns dez minutos embaixo do sol forte, entrem novamente na casa escurecida e marquem o tempo de se acostumar.
A segunda etapa levará mais tempo.
Mas por que? Não é só a pupila dilatando e contraindo?
Não.
Existe uma faixa de claridade onde a retina funciona melhor e a pupila se encarrega de deixar a luz nesse meio.
Mas também existe uma substância chamada rodopsina, que fica nas células no fundo dos olhos, que muda para um formato diferente, nos fazendo ver a luz.
Quando essa conversão se dá, ela não volta atrás facilmente e, ficando-se ao sol num dia muito claro, essa substância é usada muito rapidamente, dificultando a visão noturna, que se utiliza do formato inicial da rodopsina para funcionar.
Por isso que ficamos tanto tempo com aquele flash nos perseguindo desde a última fotografia…
O controle da visão não é só mecânico (pupila), mas também químico (rodopsina).
É, eu também achava que fosse algo mais fácil…
Hipocondria pode custar caro
Dica do Atila.
Seqüenciamento de material genético é bom porque nos ensina muito sobre evolução, descendência, migração, saúde e coisas afins mas, de um modo geral, é bom para o progresso da Ciência e, conseqüentemente, para a população como um todo.
Eu não acho que valha a pena gastar trezentos e cinqüenta mil dólares em 8 gigas de um flashdrive com o meu genoma escrito.
Um indivíduo, tendo seu material genético espalhado à sua frente, só pode procurar por doenças, esmiuçadamente em negrito na tela de seu computador.
De pré-disposição a resfriado até variantes raras de doenças inéditas. É isso que um sujeito normal do mundo vai achar dentro de um bicho desses.
Depois de pagar US$350.000 (e de levar uma agulhada antes), claro.
Fora coisas inúteis, que ninguém ainda sabe o que significam, como mutações em genes desconhecidos.
Isso só tende a preocupar desnecessariamente uma pessoa saudável.
Porém, quem tem esse tanto de dinheiro disponível para gastar com algo assim não pode ser considerado normal ou saudável.
Aah, aqueles pobres bilionários e sua busca efêmera pela felicidade…
Imaginação
Imaginação é a ferramenta que nos possibilita aprender com os erros que nunca cometemos.
Ela nos dá a oportunidade de decidir que uns futuros serão melhores que outros e nós podemos escolher os bons e descartar os maus.
Não preciso mastigar um feixe de carrapichos para saber que isso é uma idéia maravilhosamente péssima.
Eu sei que ser admitido será melhor que ser demitido e que o almoço será melhor que a conta.
E eu sei dessas coisas porque posso utilizar a minha imaginação para vivê-las.
Porém, segundo pesquisas recentes, a imaginação humana (pleonasmo?) não é tão boa em prever a intensidade das nossas sensações e emoções. Temos uma tendência a imaginar que uma reação emocional será bem mais intensa e durará muito mais tempo do que acontece no fim das contas.
Se valendo de um experimento relativamente simples, o grupo usou vários voluntários e os fizeram descrever e quantizar o que achavam que sentiriam quando comesses batatas fritas e depois responderiam o mesmo questionário já com as batatas na boca.
Os pesquisadores descobriram que nenhum dos pesquisados conseguiu prever confiavelmente a quantidade de prazer que sentiria, até poucos instantes antes de colocar as batatas na boca e ainda que algumas das coisas que influenciam as previsões não influenciam o resultado. Por exemplo: se os voluntários estivessem respondendo ao primeiro questionário na presença de chocolate (que a maioria das pessoas acha mais prazeroso que batata frita), o número total de quantidade de prazer seria bem menor, pois as fritas estariam sendo comparadas ao chocolate e as pessoas esperariam que elas não tivessem um gosto tão bom. Contudo, o número final do segundo questionário (pós-degustação) não mudou. Ou seja, a previsão foi influenciada pela visão do chocolate, mas a experiência continuou a mesma.
A pesquisa achou paralelos entre essa experiência em laboratório e coisas que são realmente importantes nas vidas das pessoas (romance, emprego, eleições) e achou que o erro mais comum era a superestimação; se uma coisa ruim acontecesse, as pessoas previram que ficariam devastadas para sempre e, depois daquilo acontecer, não teria sido tão ruim assim.
E vice-versa!
As pessoas também acham que uma coisa boa vai ser estupidamente maravilhosa por muito tempo quando a realidade é mais curta e menos intensa.
De fato, a maioria dos eventos não nos afeta por muito tempo, a maioria das coisas se torna rapidamente irrelevante para o nosso bem-estar emocional.
Muita coisa sobre o nosso sistema emocional nos é desconhecida. Nós humanos não entendemos a velocidade com a qual nos adaptamos. Somos criaturas incrivelmente resistentes e flexíveis, nos adaptaríamos a quase qualquer coisa, mas isso não parece ser algo que sabemos a nosso respeito e costumamos errar nas nossas auto-previsões de adaptação.
Somos também ótimos racionalizadores. Quando algo desagradável acontece, conseguimos enquadrar de uma maneira que faz parecer não tão desagradável assim.
Quando meu cachorro me morde e arranca o tampo do meu joelho, eu adapto minhas idéias e memórias para todas as vezes em que ele foi agressivo comigo, penso na sujeira que ele fazia e eu tinha que limpar, no trabalho que eu tinha para cuidar dele, no tempo e dinheiro que eu desperdiçava com aquele infeliz canino e, racionalmente, fica mais fácil atirá-lo contra a parede sem sentir tanto remorso (essa estorinha é uma analogia fictícia, não há necessidade de ligar para a SPA, tá?)…
Outro exemplo, se eu sou despedido, vou pensar: “Ainda bem! Melhor ficar na rua que continuar trabalhando nessa joça para um retardado complexado, recalcado e afetado que acha que manda em alguma coisa só porque é dono! Melhor sem aparador de respingo de um limpa-fossa que dono de um lugar sem futuro desses!”
Talvez isso seja um mecanismo de defesa, pois assim não ficamos tão mal quando coisas más acontecem.
O líder dessa pesquisa, Daniel Gilbert, recomenda que busquemos nos informar mais para conseguirmos fazer previsões melhores sobre o nosso próprio futuro emocional.
Segundo ele, uma das melhores maneiras de prever como nos sentiremos no futuro é achar outras pessoas que passaram pela mesma coisa e perguntar como elas se sentem, depois do fato experimentado.
WWD – Andando com Dinossauros
Ano passado, enquanto na Austrália, trabalhei com uma empresa que prestava serviço de mão-de-obra para shows e tive a oportunidade de participar da montagem de Walking with Dinosaurs – The Live Experience e, melhor ainda, presenciar o espetáculo ao vivo, num ensaio antes da abertura.
Após quase trinta e duas horas direto no ar trabalhando, subi a arquibancada e me sentei o mais alto que pude, atrás do pessoal com os controladores-remotos dos dinossauros e ao lado da mesa de som e luz.
Isso é o que eu consigo lembrar:
Tudo começa com um narrador da voz impostada, num cenário cheio de árvores e flores gigantes, dizendo como a vida surgiu.
O som atmosférico é perfeito e cria uma sensação de se estar numa selva primitiva, com sons do vento penteando a folhagem gigante e de insetos estranhos e igualmente grandes.
A narração continua e surgem os primeiros dinossauros (não vou conseguir lembrar a ordem de entrada nem os tipos porque naquele momento meu cérebro não estava operando otimizadamente).
Em tamanho real, até onde eu saiba, os bichos são motorizados, como carrinhos, com um motorista dentro e são também animatrônicos, com seus movimentos musculares sutis controlados remotamente pelos controladores sentados à minha frente.
Dezenas de botões, luzesinhas e joysticks controlam os movimentos de cauda, pele, escamas, pescoço, cabeça, boca e olhos dos animais que, em conjunto com o áudio, a iluminação e o cenário mutável, conferem um realismo extraordinário ao show.
Vários dinossauros são empregados (tiranossauro, estegossauro, braquiossauro e até um pterossauro), sempre com cuidado histórico, para mostrar as diferentes eras em que viveram e como era o seu mundo (quando cada um que aparecia, o cenário se transformava, mostando a evolução não só animal como também botânica).
Eles interagem levemente com o narrador, que permanece sempre na pista, mas agindo como um observador destacado da ação, a la David Attenborough, nunca se intrometendo demais na ação.
Eu assisti ao ensaio geral, que difere da apresentação por não haver público e que serve para ajustarem os volumes e as marcações de palco. O resto é idêntico.
Um show realmente impressionante, tanto pelo tamanho e qualidade da produção quanto pela diversão.
É embasbacante ver aqueles animais, alguns quase do tamanho do ginásio (o brontossauro é incrivelmente enorme), se movendo tão elegante e fluidamente. É como estar no filme Jurassic Park, com animais de verdade!
Não sei quanto custa o ingresso, mas vale a pena ir só para sentir o que eu senti. Era como se tivesse sido inserido naquele mundo, milênios atrás.
Só faltou o cheiro. Mas talvez tenha sido melhor assim…
E a vida…
Publicado hoje, mais cedo, no meu outro não-tão-científico blogue.
Biologia é um negócio bom.
Não me refiro especificamente à matéria de colégio, César & Sezar, José Luis Soares ou àquele da capa amarela que era bem ruim e desatualizado, mas ao Estudo da Vida, propriamente dito, que acreditado ser algo que deveria ser praticado por todos, pois seria nada mais que treinar viver (e viver treinando).
Se a vida nos ensina alguma coisa, será que somos estudiosos em algum grau e, por conseguinte, biólogos?
Se sim, hoje estamos todos de parabéns!
Dia três de setembro é Dia do Biólogo.
Os profissionais (esses sim precisaram passar horas e meses lendo aqueles livros), que podem trabalhar com bichos (aquáticos, terrestres, voadores, mistos, mulas e ligers) e plantas, como também com microbiologia, são pessoas
que vivem (e dedicam suas vidas) em busca constante de coisas novas.
Eu tenho uma meta de aprender pelo menos uma coisa nova por dia, mas esse povo alopra.
Conheço alguns biólogos e todos (o que me faz concluir que isso é verdade para toda a classe) são pessoas extremamente curiosas e ativamente em busca de informação.
Graças a esse povo, nós sabemos que não descendemos de macacos (mas temos ancestrais comuns com eles), que vírus não estão vivos (pelo menos não todos e não o tempo todo) e que migrações foram responsáveis pelo formato do mundo (inventei essa última parte só para manter a tradição de dizer as coisas em três… foi mal…).
Eu mesmo nunca quis ser biólogo, só não sei dizer exatamente o porquê.
Além de ter uma área de atuação enorme, normalmente envolvem coisas que me interessam.
Acho que tenho interesses maiores por outras coisas. Deve ser isso.
De qualquer forma, parabéns aos biólogos e biólogas amigos, conhecidos e anônimos por aí!
Aproveitem o resto da quarta-feira!
Dica do Fafá, apenas um dos muitos biólogos que dividem as salas dos Lablogatórios aqui perto.
Aliás, biologia lá dá no meio da canela! Se alguém rebolar uma pedra lá dentro é capaz de acertar um biólogo no meio do quengo!