Resenha – Raízes do Brasil

“A falta de coesão em nossa vida social não representa um fenômeno moderno. E é por isso que erram profundamente aqueles que imaginam na volta à tradição, a certa tradição, a única defesa possível contra nossa desordem.”

Lançado seis anos antes de Formação do Brasil Contemporâneo, este livro é uma das bases para a compreensão do nosso país. De onde veio? O que come? Como sobrevive?

O historiador Sérgio Buarque de Holanda descreve a situação que nos criou; da falta de hierarquia e “frouxidão da estrutura social” até a formação e longevidade das oligarquias que conhecemos muito bem hoje.

Os problemas, que começaram em Portugal mas que hoje já são bem nossos, explicam muito sobre nossa herança social e o motivo por sermos tão diferentes de países com a mesma idade do nosso (Estados Unidos) e até consideravelmente mais jovens (Austrália).

raizes

O volume mostra um pouco como a nossa escravidão (que acompanhou a plantação de cana-de-açúcar que foi escolhida porque tínhamos espaço demais para aproveitar) moldou os rumos das relações entre populações urbanas e rurais séculos depois e detalha as diferenças das mentalidades das maiores potências da época (Portugal e Espanha) e como isso dificultou a formação de uma personalidade brasileira.

[O] aparente triunfo de um princípio jamais significou no Brasil mais do que o triunfo de um personalismo sobre o outro.

É um livro fascinante realmente. Eu pensei em incluir algumas frases excepcionais mas percebi que estava sublinhando o livro inteiro. Qualquer página onde o livro for aberto vai ter uma excelente frase que é tão verdade hoje quanto era oitenta anos atrás.

Começa meio lento por causa da linguagem mas rapidamente você se acostuma com o passo e o mundo se abre ao seu redor. É um livro razoavelmente curto (cento e cinquenta páginas de texto propriamente holandiano) com uma leitura agradável.

“É inegável que em nossa vida política o personalismo pode ser em muitos casos uma força positiva e que ao seu lado os lemas da democracia liberal parecem conceitos puramente ornamentais ou declamatórios, sem raízes fundas na realidade.”

Raízes do Brasil, de Sérgio Buarque de Holanda, relançado pela Companhia das Letras (com Abaporu virado pro lado errado na capa) e a venda em casas do ramo. Recomendo (especialmente para mostrar, ao contrário do que a escola nos ensina, que História pode ser interessante).

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A frase que abre esta resenha e demonstra a ideia nada nova e apropriadamente ultrapassada de que “antigamente era melhor” se torna um tanto quanto comicamente irônica ao longo do livro, salpicado de citações não-traduzidas em francês, espanhol, italiano e, a mais esquisita, uma em latim retirada de um livro em alemão.

É bem estabelecido que “hoje” é sempre a melhor época para se viver, independente de quando esse “hoje” se encontre, mas parece que antigamente o pessoal era mais poliglota.

Resenha – Formação do Brasil Contemporâneo

“Salvo em alguns setores do país, ainda conservam nossas relações sociais, em particular as de classe, um acentuado cunho colonial. (…) Quem percorre o Brasil de hoje fica muitas vezes surpreendido com aspectos que se imagina existirem nos nossos dias unicamente em livros de história.”

Surpreendentemente (ou não), as palavras acima foram publicadas pela primeira vez 72 anos atrás. Caio Prado Jr. descreveu, em 1942, um Brasil que parece recém saído da situação de colônia escravista, onde o trabalho livre ainda é desorganizado, a economia interna ainda é quase inexistente e a sociedade ainda não aprendeu a lidar com a falta de escravos sociais. Isso tudo, tristemente, continua desconfortavelmente atual hoje em dia, quase duzentos anos depois do nosso “grito de independência”.

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Formação do Brasil Contemporâneo foi o livro que mais contribuiu para o autoconhecimento do nosso país, até então dividido em ilhas de informações com intercomunicação inadequada. Ele investiga esmiuçadamente a realidade do país desde que éramos colônia portuguesa até a entitulada formação do Brasil como nação.

A forma como ele expõe os problemas atuais (sim, a maioria continua bem fresca, mostrando como evoluímos muito pouco nos últimos dois séculos) e suas causas no passado nos ajuda a compreender o contexto para o resto do livro e nos dá os fundamentos do que ele pensa ser a melhor forma de resolver nosso ranço colonial, que serviu para nos distanciar do resto do mundo, e que nos desviou para o lado errado da evolução social.

Caio Prado Jr. deixa bem claro que fomos colonizados somente para facilitar os interesses mercantilistas, transformando o país num imenso galpão fornecedor de riquezas para os outros e que isso nos afeta até hoje (1942 para ele, 2014 para nós). Por estarmos na zona tropical, nossa sociedade foi inventada, diferente da tradicional sociedade colonial temperada, parecida o suficiente com a colonizadora a ponto de ser quase uma extensão desta. Aqui fomos diferentes desde o primeiro dia. A ocupação do interior, por exemplo, foi apenas uma necessidade num mundo sedento por monoculturas, tanto agrícolas quanto pecuárias.

Ele fala também sobre as raças no Brasil, reclamando da falta de análise sistemática que “[f]ornece por isso ainda muito poucos elementos para a explicação de fatos históricos gerais, e temos por isso de nos contentar aqui no estudo da composição étnica do Brasil, em tomar as três raças como elementos irredutíveis, considerar cada qual unicamente na sua totalidade“. Especialmente na homogeneização dos escravos, provenientes de várias culturas distintas que foram forçados a conviver sob o peso dos grilhões pelos brancos, geralmente católicos.

Outra parte interessante é quando ele discorre sobre a criação disforme da nossa sociedade, antes baseada no mercantilismo e escravidão, que precisa agora crescer, de alguma forma, num mundo onde existe liberdade social e econômica. Esse monstro que se forma dessa situação cria a nossa sociedade com imensas fendas entre os abastados, que podem ter tudo do bom e do melhor que a Europa pode oferecer, e os desafortunados, impedidos de possuir.

Isso lembra alguma coisa?

Da colonização e povoamento, passando por economia e comércio e findando em (literalmente, sendo a última parte do livro) vida social e política, uma excelente leitura; didática e intrigante. Certamente, este é um dos livros que sempre quis ler mas me faltava oportunidade.

O volume acaba com uma entrevista sobre a importância histórica de Formação do Brasil Contemporâneo com o historiador Fernando Novais, seguida por um posfácio de Bernardo Ricupero.

O livro é muito bom para nos fazer enxergar como nossa sociedade mudou muito pouco nestas últimas oito ou doze décadas e que algumas soluções que poderiam ter sido postas em prática antes ainda têm seu lugar hoje em dia.

Recomendo para aqueles que gostam de aprender de onde vieram e, tudo coninuando da mesma forma, para onde irão. Talvez marxista demais para a maioria dos gostos, mas objetivo em suas descrições.

A bibliografia me deixou um pouco nervoso. É muita coisa interessante e muito pouco tempo para ler (ou até achar) tudo.

E, como bem lembrou minha esposa, Caio Prado Jr., Darcy Ribeiro (O Povo Brasileiro – também na Companhia das Letras) e Gilberto Freyre (Casa Grande & Senzala) são os três autores indispensáveis para aqueles que querem entender melhor do Brasil. Por favor, se você gostar de um, leia-os todos.

Formação do Brasil Contemporâneo, de Caio Prado Jr., relançado pela Companhia das Letras e disponível em livro eletrônico ou arbóreo.

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Resenha atrasadíssima. Mas a culpa não é minha, afinal não posso ser responsabilizado pelas coisas que a procrastinação me força a fazer. Ou não fazer, como seja.

Aguardem mais resenhas de volumes da Companhia das Letras nos próximos meses. Fizemos uma parceria.

Mas médicas cubanas têm sim cara de empregada doméstica!

Anteontem, uma jornalista da minha terra escreveu em sua conta do Facebook o seguinte (sic):

“Me perdoem se for preconceito, mas essas medicas cubanas tem uma Cara de empregada domestica. Será que São medicas Mesmo??? Afe que terrível. Medico, geralmente, tem postura, tem cara de medico, se impõe a partir da aparência…. Coitada da nossa população. Será que eles entendem de dengue? E febre amarela? Deus proteja O nosso Povo!”

Declaração de Micheline Borges em seu Facebook

Declaração de Micheline Borges em seu Facebook

Repetindo o título, as médicas cubanas têm sim cara de empregada doméstica!

Explico:

As cubanas são marrons. E as marrons brasileiras são, via de regra, pobres.

Por serem pobres, brasileiras não têm acesso a educação de boa qualidade.

Por não terem uma base educacional decente, brasileiras não podem entrar em cursos muito concorridos de faculdades públicas, como medicina. E, por serem pobres, não podem pagar uma faculdade particular ou sequer os materiais indispensáveis e caros que até cursos públicos exigem.

Por serem marrons, são pobres; por serem pobres, têm educação deficiente; por não terem educação suficiente, não são médicas, ou engenheiras, ou advogadas, ou arquitetas, ou psicólogas, ou dentistas. São domésticas.

Como Cuba tem educação para todo mundo, às vezes até forçada[1], até quem é marrom pode virar médica.

Lá. Aqui não. Aqui as marrons precisam ganhar dinheiro limpando “casa de família“.

Ou seja, as médicas cubanas são sim parecidas com nossas domésticas. E, pela primeira vez, eu entendi porque o conceito de cotas educacionais (raciais ou sociais, aqui tanto faz, a cor da pela é intrinsecamente ligada ao salário do fim do mês) é importante.

Talvez seja defeituoso e enviesado (como o próprio programa Mais Médicos), mas é importante. Se por nenhum outro motivo, pelo menos para que pessoas como Micheline Borges, branca (deus proteja as bases líquidas e o pó-de-arroz!), saibam que o que estão dizendo é preconceito. Mais especificamente racismo e xenofobia.

A 'branca' jornalista Micheline Borges. Foto retirada de seu perfil público do Facebook, via Google Cache.

A ‘branca’ jornalista Micheline Borges. Foto retirada de seu perfil público do Facebook, via Google Cache.

Micheline, eu sei que você não tem noção do que seja sofrer e lutar para ser alguém na vida e é incapaz de se colocar no lugar de outrem, mas fica difícil “ter postura” e “se impor” quando se passou a vida toda tendo certeza de que se é um ser inferior por causa de tanto condicionamento pela sociedade, representada por pessoas como você, justamente pela “aparência” que você, jornalista branca e loira (Koleston FTW!), tanto preza. Para racistas, como você, só parece médica quem não parece doméstica (ver falácia do escocês).

E sim, cubanos sabem o que é febre amarela e dengue. Até mais do que nós, natalenses.

Finalmente, antes de clamar ao seu amiguinho invisível por ajuda procure se informar sobre o que ele tem a dizer de comportamentos com o seu. Seja burra mas pelo menos seja consistente.

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[1] Se você se formou em administração, por exemplo, e não tem no que trabalhar, o governo cubano “pede” que você volte para a faculdade e se forme em, digamos, jornalismo. Isso é um caso real de um motorista (!) que acompanhou meu pai em Cuba.

Miriam Rita Moro Mine, a Presidenta da República e vinte e dois segundos no Google

Penso que você acha a vida tão problemática porque acredita que existem as pessoas boas e as pessoas más. Você está, é claro, errado. Existem, somente e sempre, as pessoas más; sendo que algumas delas estão em lados opostos.

– Lord Havelock Vetinari

Política não é meu filão. Como eu não sou programador, a ideia de um mundo binário me escapa e eu tento me afastar um pouco dos que só enxergam o “eu” e o “eles” e isso inclui futebol, religião, cara-ou-coroa, esquizofrênicos bipolares e, especialmente, política.

Esclareça-se: meu uso da palavra “política” neste texto diz respeito ao entendimento popular, ou a “definição do torcedor”, como só eu chamo. No Brasil (e aqui uso a palavra “Brasil” para designar aqueles que estão perto de mim com a boca constantemente mexendo para evitar que o cérebro comece a funcionar), a palavra “política” significa “PT vs. PSDB, e eu estou de um lado e odeio qualquer um que se declare apoiar o outro”. Comportamento típico de torcedor, daí minha definição.

Quanto à definição de “política” como “princípios que visam guiar decisões para alcançar resultados racionais”, sou 100% partidário. Mas eu possuo um dicionário em casa então posso estar um pouco desconectado da realidade.

Arranjem um quarto, vocês dois!

Arranjem um quarto, vocês dois!

Eu, como já deixei claro em algumas ocasiões (de batons com chumbo ao letal caso do camarão com vitamina C, passando pelo alarde dos “espelhos falsos”), não sou imune a spams pseudocientíficos mas, agora, parecem estar expandindo a área de mensagens indesejadas na minha caixa de entrada. Passei recentemente a receber emails com críticas ao governo (ou, melhor dizendo, emails dizendo que o PT é feio e bobo). Um deles discorre sobre a (não-) polêmica do uso (não-) inadequado da palavra “presidenta” pela corrente (Girino maldito!) atual ocupante da cadeira principal de Presidência da República Federativa do Brasil.

Contendo inúmeras mudanças de tamanho e cores de letra e toda sorte de ênfases inapropriadas, o texto, aparentemente escrito por Miriam Rita Moro Mine (mais sobre ela daqui a pouco), nos conta como a “presidenta” já foi estudanta quando adolescenta e representanta de ‘etc’, ETC, ~etc~, etc, e minha paciência é muito pouca para textos nojentamente escritos e peço perdão por ter feito vocês provarem um pouco da orgia gráfica que é aquilo que me mandaram.

O original é bem pior, acredite.

Imagem representativa do estado dos meus olhos e da minha saúde mental após ler o email da “presidenta”.

Uma belíssima aula de português.

Foi elaborado para acabar de vez com toda e qualquer dúvida se tem presidente ou presidenta.

Será que está certo?

Acho interessante para acabar com a polêmica de “Presidente ou Presidenta”

A melhor forma de acabar com a “polêmica” citada é admitir que ela nunca existiu e quem escreveu isso é só muito afetado e precisa cuspir em alguém para se sentir bem.
Uma coisa que vou dizer logo agora, estragando a surpresa vindoura: obviamente quem escreveu o trecho transcrito acima não foi a mesma pessoa que elaborou a “belíssima aula de português”, considerando a falta de ligação entre frases sem sujeito. Só faltou um “#comôfas” ali depois da interrogação.

Isso e a incapacidade de saber que o gênero de “aula” é feminino e que um substantivo mulher nunca poderia ser “elaborado”. O resto da frase eu não consegui entender, então não vou comentar.

A imbecilidade toupeirice tapadez suposta “aula de português” começa da seguinte maneira:

A presidenta foi estudanta?

Existe a palavra: PRESIDENTA?

Que tal colocarmos um “BASTA” no assunto?

É. Que tal?

Segundo o Loogan/Houaiss – Enciclopédia e Dicionário (ano de 1998 – ISBN 85-86185-01-9), na página 1299 temos o verbete:

PRESIDENTA s.f. Mulher que exerce função de presidente.

Ou seja, essa definição existe numa cópia física (a única que tem perto de mim no momento em que escrevo isto) desde que a ré, Mônica Dilma, era apenas uma estudante de doutorado em economia (durante uma pausa que fez em sua carreira política entre 1995 e 1999).

Segundo o FLiP (Ferramentas para a Língua Portuguesa), que abriga o dicionário on-line Priberam (vejam aqui o verbete “presidenta”):

A palavra presidenta pertence à língua portuguesa.

Podemos fazer esta afirmação, por um lado, porque a palavra tem indesmentivelmente curso na língua (o que é possível aferir através da pesquisa em corpora e em motores de busca) e, por outro lado, porque está registada em todos os dicionários e vocabulários contemporâneos consultados, nomeadamente nas principais obras de referência da lexicografia portuguesa e brasileira, como o Vocabulário da Língua Portuguesa de Rebelo Gonçalves (1966) ou o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, da Academia Brasileira de Letras (5.ª edição, 2009). Não sabemos ao certo desde quando é que este registo lexicográfico é feito, mas a palavra constava já do Novo Dicionário da Língua Portuguesa de Cândido de Figueiredo (1913) ou do Vocabulário Ortográfico e Remissivo da Língua Portuguesa de Gonçalves Viana (1914).

Desde 1913, hein?

Pronto. Basta dado.

E bem dado.

Se tivesse que chutar, não diria que Dilma está a elogiar a gravata de Fernandinho.

Se tivesse que chutar, não diria que Dilma está a elogiar a gravata de Fernandinho.

Mas calma, o que é isso aqui?

Meu espirito deu um salto para traz, como se descobrisse uma serpente deante do si. Encarei o Lobo Neves, fixamente, imperiosamente, a ver se lhe apanhava algum pensamento occulto… Nem sombra disso; o olhar vinha direito e franco, a placidez do rosto era natural, não violenta, uma’placidez salpicada de alegria. Respirei, e não tive animo de olhar para Virgilia; senti por cima da pagina o olhar delia, que me pedia também a mesma cousa, e disse que sim, que iria. Na verdade, um presidente, uma presidenta, um secretario, era resolver as cousas de um modo administrativo.

Uai!? Quem terá sido o analfabeto comunista safado e moderno que escreveu tamanha besteira?

Ora, meus caros, ele não é analfabeto, apenas de outra época. Mais especificamente 1880, durante o Império do Brasil. Mais especificamente ainda, Machado de Assis, no capítulo 80 do seu livro Memórias Póstumas de Brás Cubas (ou, no português original do século retrasado, “Memorias Posthumas de Braz Cubas”).

Então agora já chega, né? O verbete tem pelo menos 133 anos.

Mas nãããããããããããão, o spammeiro não quer saber de basta, para satisfazer sua doença mental ele quer agredir a figura pública que representa o outro time, objeto do seu ódio.

Baixinha, dentuça, gorducha (menos na época do câncer), sempre de vermelho, andando com um amigo que fala errado e outro que é bem sujo.

A mensagem indesejada continua, incluindo agora um nome e um título: Miriam Rita Moro Mine – Universidade Federal do Paraná.

Excelente! Um ponto objetivo para a nossa análise.

Antes de qualquer outra coisa, vejo no Currículo Lattes que Miriam (que é doutora e passará a ser denominada doravante Dra. Mine) é realmente da Universidade Federal do Paraná.

Em seguida, alguns poucos segundos no Google me devolvem um post chamado Esclarecimento, de um sub-blog do Blog do Noblat (tudo bem, não chamaria essa fonte de “confiável”, mas…), onde a autora diz ter recebido um (sic) “desmentido formal” da doutora, que diz:

Prezada Sra Maria Helena

Nunca escrevi absolutamente nada sobre a existência ou não da palavra “presidenta”. Meu nome está sendo usado indevidamente como autora de um texto que circula na internet e na imprensa.

Sou professora da Universidade Federal do Paraná – UFPR, Departamento de Hidráulica e Saneamento, graduada em “Engenharia Civil “ e com pós-graduação em cursos de “Engenharia“ (Mestrado e Doutorado) e professora de cursos de “Engenharia” na UFPR (ver meu Curriculum Lattes – www.cnpq.br – plataforma lattes)

Eu jamais escreveria um texto que não fosse da minha área de atuação.

Miriam Rita Moro Mine

Miriam Rita Moro Mine

Universidade Federal do Paraná

Departamento de Hidráulica e Saneamento

Caixa Postal 19011

81531-990 Curitiba – PR

Como Maria Helena (a autora do blog citado) diz que havia publicado o spam “coberto de elogios”, acho que não haveria de se retratar tão facilmente por causa de uma mensagem anônima.

Bom, eu realmente não sei. O que sei é que no blog de Juca Kfouri, aparentemente a propósito de nada, encontro um comentário que lê (sic):

Prezados Circula na internet um e-mail sobre a palavra presidenta como se fosse de minha autoria. Nunca escrevi nada sobre este assunto. Sou professora de cursos de Engenharia e não de Gramática da Língua Portuguesa. Miriam Rita Moro Mine

Renan Calheiros está pegando na aliança. O que será que Lula está cochichando?

Renan Calheiros está pegando na aliança. O que será que Lula está cochichando?

Novamente, como não posso confirmar a identidade da comentarista, não posso afirmar que ela não escreveu o texto que virou spam.

O que posso confirmar é que existem versões mais antigas que não contam com a assinatura dela (cuja primeira referência é justamente em outro post do blog de Maria Helena, em 14 de outubro de 2010).

Por exemplo: em 16 de junho de 2010, no blog webartigos, foi publicado o texto Espelho, espelho meu, existe redação mais bela do que eu? que inclui uma versão do spam afirmando explicitamente que “no e-mail não há identificação do autor”.

E, em primeiro de novembro de 2010, um comentarista do blog Palavras e origens – Considerações Etimológicas cola o texto referido e é prontamente respondido pelo autor do blog com a mensagem: “Prezado, esse texto que você envia (sem autoria) apareceu pela primeira vez no site Levante-se Brasil, cujos organizadores mantêm essa comunidade no Orkut — http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=73197065.”

Eu juro que tentei entrar na tal comunidade (desde agosto do ano passado, de fato, quando primeiro pesquisei a respeito) mas não consegui. Mais um beco sem saída.

Por outro lado, mais uma confirmação de que o texto não é de autoria da Dra. Mine (digo “confirmação” porque quem sai por aí colando esse tipo de besteira não tem capacidade intelectual suficiente para editar informações – que o digam os comentaristas de um texto meu).

O líquido na taça está numa posição esquisita. Estariam os dois deitados?

O líquido na taça está numa posição esquisita. Estariam os dois deitados?

Continuar minha barragem (ver 4) a partir daqui seria bater em quem está no chão.

Mas como eu só luto sujo, deixo o golpe final para o senhor Juscelino Kubitchesk

LEI Nº 2.749, DE 2 DE ABRIL DE 1956

Dá norma ao gênero dos nomes designativos das funções públicas.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o CONGRESSO NACIONAL decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º Será invariàvelmente observada a seguinte norma no emprêgo oficial de nome designativo de cargo público:

“O gênero gramatical dêsse nome, em seu natural acolhimento ao sexo do funcionário a quem se refira, tem que obedecer aos tradicionais preceitos pertinentes ao assunto e consagrados na lexeologia do idioma. Devem portanto, acompanhá-lo neste particular, se forem genèricamente variáveis, assumindo, conforme o caso, eleição masculina ou feminina, quaisquer adjetivos ou expressões pronominais sintàticamente relacionadas com o dito nome”.

E, desta página, concluo da situação que: NÃO CONSTA REVOGAÇÃO EXPRESSA.

É presidenta. E quem disse foi um homem, o que significa que está certo e deve ser obedecido.

Agora morram todos de hemorroida explosiva.

Finalizando e esclarecendo: eu acho que o mundo só vai ser um lugar bom quando Lula morrer enforcado nas tripas de FHC (ou equivalentes). Mas eu odeio extremistas e acho que todos eles devem morrer da forma mais brutal possível, principalmente os violentos. [1]

Uma frase ótima que achei durante minha pesquisa e vou, daqui em diante, passar como minha (mantendo a tradição dos spams): Não misture vernáculo com ideologia.

2 x 3 = 6. Se esse não foi o sinal da besta, eu não sei o que é.

2 x 3 = 6. Se esse não foi o sinal da besta, eu não sei o que é.

São todos iguais, pessoal. Parem de se enganar achando que existe “o outro lado”.

Concluo com uma frase do próprio spam:

Por favor, pelo amor à língua portuguesa, repasse essa informação..

Essa frase lembra alguma outra?

Texto original do spam para fins de pescar paraquedistas e misturar analogias (sem a bizarra edição gráfica pois sou bonzinho):

A presidenta foi estudanta?Uma belíssima aula de português.
Foi elaborado para acabar de vez com toda e qualquer dúvida se tem presidente ou presidenta.
Será que está certo?
Acho interessante para acabar com a polêmica de “Presidente ou Presidenta”
A presidenta foi estudanta?
Existe a palavra: PRESIDENTA?
Que tal colocarmos um “BASTA” no assunto?
Miriam Rita Moro Mine – Universidade Federal do Paraná.
No português existem os particípios ativos como derivativos verbais. Por exemplo: o particípio ativo do verbo atacar é atacante, de pedir é pedinte, o de cantar é cantante, o de existir é existente, o de mendicar é mendicante… Qual é o particípio ativo do verbo ser? O particípio ativo do verbo ser é ente. Aquele que é: o ente. Aquele que tem entidade.
Assim, quando queremos designar alguém com capacidade para exercer a ação que expressa um verbo, há que se adicionarem à raiz verbal os sufixos ante, ente ou inte.
Portanto, à pessoa que preside é PRESIDENTE, e não “presidenta”, independentemente do sexo que tenha.
Diz-se: capela ardente, e não capela “ardenta”; se diz estudante, e não “estudanta”; se diz adolescente, e não “adolescenta”; se diz paciente, e não “pacienta”.
Um bom exemplo do erro grosseiro seria:
“A candidata a presidenta se comporta como uma adolescenta pouco pacienta que imagina ter virado eleganta para tentar ser nomeada representanta.
Esperamos vê-la algum dia sorridenta numa capela ardenta, pois esta dirigenta política, dentre tantas outras suas atitudes barbarizentas, não tem o direito de violentar o pobre português, só para ficar contenta”.
Por favor, pelo amor à língua portuguesa, repasse essa informação..

P.S. Mas eu achei o texto massa. Queria eu tê-lo escrito, pois é bem meu filão. Só jamais o faria pelas falhas gramaticais aberrantes.

[1] Para os mais lentos de raciocínio, isso foi uma piada do tipo autorreferente de propósito autoderrotado.

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