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Uma guirlanda ecológica de Natal

Gosto do Natal por passar momentos – bons, confusos, bagunçados, tudo junto ao mesmo tempo, sabe aquela situação bem família “trapo” e “buscapé”? – com meus parentes e meus amigos. Agora, decorar a casa para a data me pega, evito juntar badulaques. Como repete uma tia minha: “Menos é mais”.

Então, para que lotar o doce lar com as luzinhas que gastam energia teoricamente à toa (é um dilema me aproveitar de Itaipu)? Por que devo comprar um pinheiro de plástico que permanecerá mofando por um ano? Tem sentido adquirir um “de verdade” para depois jogá-lo no lixo ou plantá-lo em um lugar destinado à Mata Atlântica (pinheiros, generalizando, empobrecem o solo)? Ou juntar aquele bando de enfeitinhos que tomarão um espaço precioso no armário? Chega.

Este é o primeiro Natal com minha “casa própria”. Portanto, expus todas essas chatas – eu sei – filosofias ao meu marido que, por obséquio, acabou cedendo. Porém, há um tempinho lembrei que uma amiga jornalista contou certa vez que gostava de fazer guirlandas com rolhas de vinho como passatempo. Hum. Detalhe: vinhos que ela própria teria degustado. A sua autopropaganda típica – a moça é bem humorada – ficou gravada na minha memória. Dia desses fiz o pedido.

E eis que ela me presenteia com a ecoguirlanda da foto. Não ficou linda na minha varanda? Amei o presente. É de bom gosto, foi dado por um amigo e é ecológico – reutiliza materiais que iriam amontoar mais pilha no lixão. Além disso, todo o material utilizado para fazer o enfeite poderá ser reaproveitado no próximo ano. Minha guirlanda, sim, manifesta o espírito natalino.

 

Feliz Natal para você que comemora a data. Para quem não, tenha um maravilhoso dia como todos deveriam ser. Um beijo.

Conheça o Minhocão, em São Paulo

Estou muito encantada por usar a bicicleta como meio de transporte e lazer. Era um sonho antigo que agora virou realidade. E andar no Minhocão (viaduto no centro de Sâo Paulo), seja de bicicleta ou a pé, era outro. A construção bizarra – são cerca de 3,5 km de via elevada – corta ruas importantes para a história da cidade, está rodeada de edifícios interessantes como o Castelinho da rua Apa e a sua própria implementação revela que a cidade é pensada para a circulação de carros e não para as pessoas em transportes públicos. Andar de bicicleta nele, fazer o uso do concreto como um parque, traz a sensação de reivindicar o que é deveria ser de todos (clique na imagem para ver o vídeo post).

Por que o Rio tem morros?

Essa eu aprendi caminhando na Pista Cláudio Coutinho, na Cidade Maravilhosa – clique aqui para ver um vídeo do passeio e saber mais. O local é repleto de placas com explicações sobre a flora, a fauna e a formação rochosa locais. Duas delas me chamaram muito a atenção, diziam como aqueles morros do Rio de Janeiro “apareceram”. Veja que incrível – a geologia me encanta por proporcionar um contato com o passado remoto: a maioria das rochas cariocas que vemos nos morros se formou há cerca de 600 milhões de anos, durante a época chamada Eon Paleozóica.

Faz tanto tempo que a América nem existia.

Simplificando a história, existiam vários continentes dispersos. Devagarinho, eles foram se juntando, juntando, aglutinando… Até que se uniram em um continente gigante chamado Gondwana. Conforme os continentes colidiam, suas margens se acavalam umas sobre as outras formando uma cordilheira de montanhas (isso lembra os Andes?) e soterrando vastas porções da crosta (“casca” externa da Terra). Era algo lentamente violento.

A pressão e o calor da colisão entre os continentes foram tão intensos que fizeram com que uma rocha que estava lá no fundo da crosta se modificasse e aparecesse. Essa rocha, entre elas a do Pão-de-Açúcar, se chama gnaisse. Segundo indicam as placas da Pista, as gnaisses que vimos em forma de morros cariocas foram formadas há 25 quilômetros de profundidade. A erosão – ação da chuva, vento e mar – das partes mais superficiais da crosta fez com que a gnaisse aparecesse.

Nem preciso dizer que me delicio com essas histórias. Leitor, vamos preservar o que levou tanto tempo para ser esculpido.

Para onde vão os pássaros?

Pareço criança. Aliás,  meus pais sofriam enquanto passava pela fase do “mas por que”… No último feriado, estava em um dos meus locais preferidos do Rio de Janeiro. Ah, o Arpoador… A missão era ver o por-do-sol. Enquanto me esforçava (estava nublado), uma outra coisa chamou a atenção: os pássaros.

Era uma revoada em um fim de tarde, claro. Um bando de ave voltando rumo ao horizonte do alto mar. Fiquei intrigada. Aquela ação trouxe à minha cabeça relações de aves e ilhas que já presenciei. Por sorte, ao meu lado estava Mauro Rebelo, escrevinhador do “Você que é biólogo” e um dos meus guias do Rio de Janeiro. Lancei a dúvida para ele: “Sabe por que os pássaros estão indo embora?”

 

A resposta, caro leitor, era óbvia. O rush no céu se dava na volta para casa. Essas aves dormem nas ilhas, onde também constroem seus ninhos. Já vi isso em outro lugar, acho que em Fernando de Noronha. Lá, as fragatas, também conhecidas por “piratas”, atacam os atobás na volta ao ninho (feito nas ilhas) para roubar a pesca do dia – leia uma matéria bacana aqui.

 

Em seguida, veio outra questão que guardei para mim e agora divido com você. Será que, antes da ocupação desenfreada da Baía de Guanabara, alguns desses pássaros não “moravam” no continente?

 

Clique acima para ver a volta dos pássaros – apesar de não parecer, havia um monte de ave no céu. A gravação foi feita no Aterro do Flamengo e não no Arpoador. Afinal, quem viu meu vídeo sobre os tucanos de São Paulo – aqui – deve ter reparado que filmar aves não é o meu forte.

Brinquedos científicos, tecnológicos e sobre a conservação do meio ambiente

Em poucas palavras: detesto esta época em São Paulo. O que deveria ser um mês de paz, acompanhado pelo tal “espírito natalino”, na realidade, é uma réplica de um dos círculos do inferno de Dante Alighieri. Pessoas brigam na rua, no carro, na chuva, na fazenda. O trânsito é um caos, multiplica-se o tempo necessário para se deslocar na cidade.

Bom, nem era isso que queria dizer. Foi apenas um desabafo e uma deixa para falar sobre presente de Natal. Esses dias, fui comprar um brinquedo para um parente bebê lindinho. Como prefiro os brinquedos educativos e artesanais, entrei em uma dessas lojas especializadas. Adoro!

 

Depois de escolher o presente, fui passear com calma pela loja. Relembrei da minha infância, quando brincava com aqueles quebra-cabeças e carrinhos de madeira, fantoches e livrinhos de pano, saquinhos das cinco-marias (aqueles de areia) e mais um montão de coisas. Tudo simples, mas tão divertido!

 

Viajei pelo passado… até chegar ao futuro. Eu não conhecia os novos brinquedos (fotos) que unem ciência, tecnologia e conservação do meio ambiente. Imagine você mesmo montar um robô-tiranossauro-rex movido a energia solar? E criar um gerador eólico? Ai, que máximo. Fiquei procurando uma desculpa para ganhar esses brinquedos! Mãe, eu quero!

Ah, um detalhe importante: o preço era proporcional à minha empolgação. Está disposto a desembolsar cerca de R$ 100? As brincadeiras de hoje em dia são muito caras.

Pensou em subir o morro do bondinho a pé?

Este post é para quem gosta de apreciar mar, montanha, pássaros, flores, espécies em extinção, tudo junto e misturado. A Pista Cláudio Coutinho, mais conhecida como Trilha da Urca, é um dos meus pontos preferidos no Rio de Janeiro – outros são o Arpoador, Museu da Chácara do Céu, Parque das Ruínas, Aterro do Flamengo, Prainha, Grumari, Lagoa, afe, lista extensa. A trilha une prática de esportes ao ar livre, caminhada ou corrida, com a contemplação de paisagens de tirar o fôlego. O melhor: tudo com a segurança de um terreno do exército.

Seus 2.500 metros podem ser feitos a pé por pessoas de todas as idades, pois o caminho ligeiramente íngreme possui chão de asfalto. Durante o agradabilíssimo passeio, é possível ver pau-brasil recém-plantado e espécies em extinção como, por exemplo, orquídea-da-gávea, bromélia-da-urca, velózia-branca e roxa. Entre os pássaros, podem ser avistados: tiê-sangue, gavião-carijó, saí-azul, sanhaços e tesourão. Claro que os saguis também dão pinta por lá – veja o vídeo com mais informações clicando na primeira imagem deste post.

 

Agora, a cereja do bolo é a trilha que dá acesso ao topo do Morro da Urca, onde fica a primeira parada do bondinho. Sim, é possível subir os cerca de 220 metros do Morro da Urca com seus próprios pés! O caminho que dá acesso ao topo está sinalizado à esquerda nos primeiros metros da Pista – fique atento. Alguns degraus de madeira improvisados são o começo da árdua subida. Prepare-se.

O caminho exige do corpinho – em alguns trechos, usei até as mãos para me equilibrar devido à inclinação… Para piorar ou aumentar a adrenalina, quando fui tinha acabado de chuviscar. A terra estava molhada e escorregadia. Como o clima entre as árvores é sempre úmido, talvez essa seja uma condição constante do solo.

Durante a subida, estava ansiosa para ver a paisagem. O que não foi possível porque a mata fechada impedia, inclusive, a entrada dos raios solares. De certa maneira, não poder apreciar a Baía de Guanabara aumentou ainda mais a ansiedade, a inquietação, a euforia. O que viria à frente?

Apenas ao chegar quase no topo da trilha é possível avistar parte da Praia de Botafogo (foto ao lado) – o outro lado do Morro, já que o acesso à Pista se dá pelo cantinho da Praia Vermelha, no bairro da Urca (foto à esquerda). Bom, seguindo trilha adentro alguns metros para a esquerda… Tcha-nan! Um portão é a dica de que chegou a primeira parada do bondinho! Cerca de uma hora e pouco de subida, você está na primeira parada do bondinho! Do bondinho!

É emocionante atingir o topo com seu próprio esforço. Lá em cima, a tão almejada vista é de tirar o fôlego – se é que sobrou algum. Vale cada gota de suor. Suspiro.

Obs.: Quem preferir, pode fazer o caminho inverso. Descer o Morro da Urca pela trilha. Ou subir e descer. No meu caso, voltei usando o bondinho como meio de transporte – você pode comprar a passagem só de descida lá em cima, mesmo. Há mais de 15 anos não passeava nele…

Vou de bike


Comprei uma “biquicleta” – como diria um conhecido quando criança! Tenho namorado a magrela há meses, mas estava sem tempo para adquirir e muito menos para passear com uma. Até que decidi, “do fim de semana não passa”. Aí está. Agora, vamos pedalar.

Sou daquele tipo de pessoa que quando ganha ou compra algo, quer usar logo. Portanto, domingão, acordei relativamente cedo. Pedalei até tentar alcançar alguma ciclofaixa da cidade – de domingos e feriados algumas faixas de ruas que ligam parques são fechadas exclusivamente para ciclistas. Um detalhe: não conseguimos chegar a uma delas.

 

Nos perdemos… Ameaçava chover… Iam começar os jogos do final do campeonato de futebol… Decidimos voltar. Rodamos, sei lá, pelo menos uns 12 km. A sensação é de liberdade. A mesma daquela quando você era criança e começava a expandir os seus horizontes andando de bicicleta pelo bairro.

As cerca de duas horas pedaladas também foram suficiente para comprovar algo que “eu já sabia”: a cidade de São Paulo é feita para carros. Em bairros arborizados, de calçadas limpas, trechos “interioranos” da cidade, as ruas estão vazias! Cadê as pessoas?

Generalizando, os pedestres são esquecidos durante a formatação do espaço público urbano da metrópole aquariana. Os ciclistas, então… Que tal tentarmos abraçar as nossas calçadas? E exigir ciclovias permanentes? É tão baratinho perto do investimento que é aumentar, por exemplo, as marginais… Bom, veja no vídeo (clique na imagem) a minha empolgação com o passeio. Só te digo: vicia.

Baía de Guanabara contra águas e morros?

Este é um post no estilo: você sabia? Ao menos 15% da Baía de Guanabara, aquela coisa linda circundada por cidades como Rio de Janeiro e Niterói, foi aterrada desde a “descoberta” do Brasil. Uma famosa obra do tipo é o aterro onde está inserido o Parque do Flamengo – delicioso ficar pasmando nele admirando o Pão-de-Açúcar. Bom, apesar de sua beleza, qual o limite para tal ocupação? Há muitas “estórias” para refletirmos sobre as alterações feitas por nós na paisagem.

 

Segundo um pessoal da Fiocruz, localizada no bairro de Manguinhos, antigamente o mar chegava até a avenida Brasil (veja no mapa), umas das vias expressas mais importantes de entrada da Cidade Maravilhosa e que possui a péssima fama de ser perigosa devido aos tiroteios. Também já ouvi e li rumores de que praias como a do Botafogo e Copacabana sofreram com a interferência humana.

 

Talvez a história mais triste sobre aterros na Baía de Guanabara diz respeito ao Aeroporto Santos-Dumont. Existe um bairro, no centro do Rio, chamado Castelo que ainda hoje é conhecido por alguns como “Morro do Castelo”. O local era histórico. De acordo com notícias publicadas em jornais, foi nesse morro que os portugueses, em 1500 e bolinhas, se abrigaram após expulsarem os franceses da cidade (aliás, dizem que o “r” carioca é pronunciado puxado devido ao sotaque francês). Então, foi ali que a cidade se estabeleceu.

 

Assim, vários edifícios históricos foram construídos desde a época dos jesuítas e se mantiveram de pé até o começo de 1900 – entre eles, uma fortaleza que inspirou o nome dado ao morro. Até que, nos anos de 1920, o morro foi ladeira abaixo. Sob o pretexto de melhorar a circulação de ar na cidade para as comemorações do 1º Centenário da Independência do Brasil, o prefeito Carlos Sampaio mandou demolir o local.

 

Aquele montão de terra tirada de lá foi usado, entre outros, para aterrar a área do Aeroporto Santos-Dumont. E, assim, a história literalmente se encontrou demolida. Prédios históricos, acidente geográfico natural, residências, lembranças… ao chão – ou no fundo do mar. Valeu a pena? Como disse meu marido, “parece que as pessoas tentam insistentemente deixar o Rio de Janeiro feio, mas mesmo assim não conseguem”. Tomara.

 

Saguis: bonitinhos, mas ordinários

Quem passeou de bondinho no Rio de Janeiro, pelo Pão-de-Açúcar, já deve ter visto aqueles macaquinhos engraçadinhos que ficam nos encarando com cara de pidão: os saguis. Eles encantam pela fisionomia e pelo jeito, porém causam um problemão por serem quando são uma espécie invasora no estado do Rio de Janeiro e de São Paulo.

Esses saguis são originários da Mata Atlântica (não do Sudeste), mas de uma parte do bioma do Nordeste – leia mais sobre os saguis. Aqui, no Sudeste, eles foram introduzidos pelo homem. As más línguas dizem que as pessoas compravam os saguis como bicho de estimação. Porém, como o macaquinho é inquieto, acabavam abandonando em matas da cidade.

 

Não vou nem falar sobre a prática de ter em casa um bicho de estimação sem permissão legal e, tão péssimo quanto, largá-lo depois. Há um outro problema. Os saguis souberam se virar por aqui. Eles se alimentam de frutas, de insetos e de ovos de passarinho.

 

Há alguns anos, quando estive no Parque Estadual da Ilha Anchieta, em Ubatuba (litoral norte de São Paulo), um responsável pelo local me contou que os saguis estavam causando um desequilíbrio no ecossistema da ilha. Os saguis, por se alimentarem de ovos, diminuem a população de pássaros nativos que não conseguem defender sua cria. E agora, José?

 

Curiosidade: lá no Morro da Urca, vi um sagui passando seu filhotinho lindo para outro sagui. Achei estranho devido à nossa proximidade (humanos) deles e porque sempre, em documentários, vi a mãe macaca carregar o bichinho – clique na imagem ao lado para ver o filhotinho. A Maria Guimarães, do Ciência e Ideias, me contou que o macho sagui ajuda a fêmea a carregar o filhote. Afinal, levar um bebê pesadinho o dia todo junto ao corpo cansa.
Correções: Leia os comentários abaixo feitos pelo veterinário especializado em animais silvestres e fotógrafo Samuel Betkowski. “Existem SIM espécies de saguis originárias da região sudeste do Brasil. (…) Não existe problema nenhum nisso. Ainda, algumas espécies nativas do sudeste estão ameaçadas de extinção como é o caso do Sagui-da-serra-escuro (Callithrix aurita)”, explica.

Olhe o “matinho” da praia aí, gente

Que bacana! Lembra-se do jundu – clique aqui e ali? Trata-se de uma vegetação costeira em risco de extinção. Desde criança – vou ao Rio de Janeiro, praticamente, todos os anos -, achava fantástico o “matinho de praia” que tomava parte da areia, às vezes avançando sobre o calçadão, no Leblon. Ainda mais quando estava sobre umas minúsculas dunas. Dava um ar mais selvagem à praia, mais natural. Nunca entendi porque apenas lá um pouco dessa vegetação estava preservada…

Por sorte, parece que alguém anda pensando da mesma maneira que eu. Agora, os jundus do Leblon e de Ipanema foram cercados para ninguém pisar neles! O cercadinho sempre está acompanhado de uma placa: “Área de proteção ambiental da orla marítima. Lei municipal 1.272/88. Recomposição da vegetação de restinga fixadora de dunas. Ajude a conservar esta praia mantendo limpo este local”. É o mínimo que deveria ser feito para recompor esse ecossistema completamente devastado da Mata Atlântica.

 

Inspire-se nessa imagem.