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Nem ONG trabalha de graça!

campuspartyQuerida leitora (o), este blog está um tiquinho quietinho, mas as atividades offline não param! Quinta AGORA, dia 28, mediarei uma mesa redonda na Campus Party São Paulo sobre como engajar as pessoas em causas de instituições sem fins lucrativos! Venha ver e aproveite para me conhecer pessoalmente!

Ao meu lado, estarão os incríveis profissionais: Maria Guimaraes (ou a Renata Oliveira do Prado), da Pesquisa FAPESP; Lucas Carvalho Pereira, da Iniciativa Verde; Ariel Tomaspolski, da Juntos; e, Jessica Rampazo, da SOS Mata Atlântica. Vamos debater e animar as pessoas. Existem instituições sérias que tem como objetivo viver em um mundo melhor. Se essa é sua busca, vem com a gente! Vem! Vem!

Foto: Seu Sebastiãozinho, em São Carlos, dando entrevista para nossa revista Plantando Águas. <3

Como é possível plantar águas

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É com muito orgulho (e suor) que divulgo o vídeo sobre o projeto Plantando Águas, da Iniciativa Verde. O documentário exclusivo mostra as ações possíveis e relativamente simples que podem ser tomadas para recuperarmos o nosso tesouro: a água. Estoure a pipoca e divirta-se!

Dê licença para a mãe

mao1Este ano, passei pelas experiências mais científicas e indescritíveis da minha vida: engravidei, pari (consegui normal, obrigada, Dra. Sandra, pela graça alcançada) e me tornei mãe. Foram nove meses – de janeiro até outubro – cuidando da pessoinha que crescia dentro do meu ventre, da nossa saúde e buscando garantir o sustento da cria. Agora, estou de licença-maternidade (neste exato momento, digito com uma mão e, com a outra, seguro a criança amamentando-a). Ok, tive que parar para trocar fralda, colocar para arrotar…

Li pilhas de livros e de sites sobre gravidez. Durante as leituras, tinha vontade de compartilhar várias informações aqui! Como, por exemplo, que os espermatozoides “de meninas” são mais lentos, demoram mais para chegar ao óvulo. Em compensação, duram mais tempo dentro do corpo da futura mãe. Portanto, se quiser ter uma filha, faça sexo antes de ovular (talvez, esse tenha sido o meu caso).

Pratiquei exercício físico quase todos os dias (no mínimo, caminhava quatro quilômetros diariamente), ioga para grávidas (o que também era praticamente um grupo de autoajuda e força na peruca), meditação e fui militar com a alimentação! Comi comida de verdade. Conclusão: engordei apenas nove quilos durante a gravidez (nem isso) e evitei andar como uma pata-choca. Também preveni o diabetes gestacional (tenso) e o sobrepeso (que gera bebês abaixo do peso). Até exercícios pontuais para facilitar o parto e pós-parto pratiquei. Experiências, no mínimo, cômicas. Segui a intuição, os especialistas e o que indicavam as pesquisas científicas. Foi um momento discovery da minha vida.

O parto foi o momento mais dolorido (é uma dor de parto, de partir, de separação), espetacular e inexplicável da minha vida. Senti muita dor. Tinha vontade de vomitar, perdia a força de me sustentar a cada contração (que durava mais de um minuto e vinha a cada dois), quase desmaiei. Após sete horas no hospital, nós dois éramos três. Inacreditavelmente, tinha um bebê parecido comigo nos meus braços. Aquele bebê com mais de três quilos, que não parava de chorar, saiu de dentro do mim. Oi? Como pode uma célula se tornar uma criança? Eu acredito em milagre. Será que toda a célula guarda a lembrança de ser alguém? Com certeza, sim.

Alguns fatos da “dieta” (puerpério) ninguém me contou antes de engravidar. Na gravidez, seu quadril “amolecerá” para o bebê passar – isso você deve saber. O cóccix, que está nessa região, pode ir para trás na hora do nascimento. O que pode causar muita, muita dor (antes e depois de parir). Sentar? Esquece. Durante o parto e dias depois, você vai sangrar – e muito. Terá contrações que ajudarão o útero a voltar ao tamanho de antes de engravidar (principalmente, enquanto estiver amamentando). Você dará de mamar a cada três horas contando a partir do início da mamada, faça dia ou noite. Ou seja, terá cerca de duas horas para comer, dormir, tomar banho… É normal por até cerca de um mês após o nascimento você ficar deprimida, chorando sem parar e sem causa aparente. Calma, não é a primeira, nem a última. Isso acontece porque os hormônios, antes elevados, despencam. Se a tristeza permanecer, é bom procurar auxílio médico.

Agora, estou vivendo mais ainda ser mamífera na pele. Antes, me sentia uma canguru. Hoje, uma macaca com o filho sempre dependurado. Haja quatro litros de água diariamente, água de coco, três copos de suco de laranja natural e vitaminas para amamentar. Ah, claro, e disposição para ficar quatro horas por dia com a cria mamando. Mas a amamentação é um dos meus momentos preferidos com ela. De maior cumplicidade. E de suor. Gente, como amamentar nos faz suar, afe. Neste bafão de verão, então, estamos um grude só (sacou?).

Apesar de toda essa verdade animalesca, e inclusive por essa sensação terrena e intangível, ter filho é uma viagem incrível. Como disse meu marido: “Todo mundo diz que ter filho é cansativo, mas não é um cansaço estressante. Sabe quando você tem que acordar cinco da manhã em uma viagem para pegar a van e fazer o passeio mais esperado? Quando está vivendo este momento, é o máximo”. “A mão que embala o berço governa o mundo”, disse Abraham Lincoln, um dos presidentes dos Estados Unidos. Espero ser a tutora de uma pessoa que ajude a tornar o mundo o que ele tem a vocação para ser: o paraíso na Terra.

Pronto: já plantei árvores, fiz um filho. Quem sabe, agora, vem um livro de minha autoria?

Obs.: Vou ficar um tempo sem postar novamente porque, nas horas vagas, mãe de bebê faz o quê? Aproveita para dormir! Então, desde já, quero desejar um maravilhoso 2015! Fui dormir!

 

Va-len-do 2014!

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Querida leitora e leitor, me doei de corpo e alma ao tentador ócio criativo durante o recesso de fim de ano – após 12 meses de muita semeadura. Agora, volto com o bom humor feminino procurando decifrar a intangível (muitas vezes, vaidosa) linguagem científica! Que os deuses da ciência me deem um dia de 30 horas, amém. Isso porque as minhas metas para 2014 estão acirradas e já comecei a colocar em prática desde o dia dois (palmas): ler mais livros (delícia), praticar exercício físico ao menos três vezes por semana, meditar, trabalhar (vamos plantar árvores?), frilar, blogar e colocar em prática os novos projetos. Ah, também dormir. Não necessariamente nessa ordem. Ufa.

Quando não publico por aqui, saiba que estou na labuta e mergulhada nos livros. “Mãs”, enquanto neste blog há grilos, sugiro que dê uma fuxicada no blog da Iniciativa Verde, instituição do terceiro setor onde trabalho – clique aqui. Nem tudo que criamos e executamos por lá está no blog, é muito trabalho por trás da instituição, mas publicamos informações que podem ajudar a entender mais sobre, principalmente, a recomposição florestal, a mata atlântica e o Código Florestal. Aliás, na Iniciativa Verde, estamos preparando vários materiais de comunicação relacionados a esses temas. Em breve colocaremos tudo no site. Aguarde, é muita interdisciplinaridade junto.

Para mim, o ano de 2012 foi de resistência e o ano de 2013, plantio. Portanto, que este 2014 que se inicia seja de colheita. Que, a todos nós, venham os frutos doces de tanto trabalho. Que tenhamos mais respeito, mais compaixão, mais tolerância, mais possibilidades. Que tenhamos saúde e emprego. Que tenhamos mais conhecimento. Uma família incrível e amigos maravilhosos. E, acima de tudo, que tudo seja embasado no amor. Feliz 2014!

Obs.: O desenho é a minha livre expressão dos átomos. Foi o melhor que pude fazer.

Como destruir vários ambientes com espécies invasoras

IMG_1848Duas ideias de jerico. Na realidade, três se formos falar sobre as ovelhas, mas esta fica para outro post. Quem visita o Parque Nacional da Terra do Fogo, em Ushuaia, Argentina, pode observar o trabalho de castores canadenses fazendo suas represas. Sim, esses bichos são geniais, derrubam árvores para conter água. Acontece que, como deve ter reparado, eles são canadenses! E o que fazem do lado oposto do continente? E por que as lebres-europeias, provenientes do outro lado do Atlântico, também podem ser vistas ao lado deles no Fim do Mundo?

Bem, resumindo a história que você pode saber mais aqui, os castores foram introduzidos na região em 1946 pela indústria da pele. Sem predadores naturais, os 25 pares se transformaram em 100 mil indivíduos! Um problema para a bicharada local, que tem que competir por espaço e comida com eles, e para as árvores. Estas são derrubadas sem tempo de recomporem bosques, agora, no chão. Quer dizer, na água.

Por sua vez, as lebres-europeias foram colocadas na Patagônia para serem caçadas pelos homens. Isso mesmo, como um instrumento esportivo. Mas elas foram longe… Atualmente, podem ser encontradas aqui no estado de São Paulo comendo plantações! O caso da lebre-europeia é tão sério, que ela está causando a extinção da lebre-da-patagônia. Esta é rara de ser observada. Agora, a outra, eu mesma vi do ônibus dentro do Parque Nacional Los Glaciares, onde está o famoso glaciar Perito Moreno (Argentina). Aliás, há alguns anos, creio que foi ela que observei no Paraná. Para você ver como a ação humana sobre os animais pode causar um estrago continental.

A caça às baleias ajudou a dizimar um povo

IMG_1823Esta triste história mostra que o bater das asas de uma borboleta em um extremo do planeta pode provocar uma tormenta no outro extremo em semanas. Na região litorânea mais ao sul da Terra do Fogo, local austral do continente Americano, vivia o incrível povo Yámana. Essa região foi a última onde o homem chegou – exceto pela Antártida – e isso foi há cerca de 15 mil anos. Desde então, os Yámanas viviam lá ambientados ao clima extremamente frio.

Com a chegada dos europeus, por volta do ano de 1.500, a vida desse povo mudou para sempre. Os Yámanas viviam em famílias. Cada família em uma canoa – a região da Terra do Fogo é toda formada por ilhas, em outro post pretendo falar sobre essa geografia. Quando estavam em terra, construíam cabanas redondas com galhos e dormiam no chão. Depois, abandonavam a cabana e voltam às canoas. Outra família poderia ocupar a cabana abandonada sem problemas.

Canal de Beagle ao fundo
Canal de Beagle ao fundo

Quando eles avistam uma baleia no Canal de Beagle, localizado em frente à cidade argentina de Ushuaia, a caçavam. Em seguida, faziam uma fogueira bem grande para avisar a todos os Yámanas que conseguiram uma baleia. O óleo dela era usado para eles manterem a pele do corpo seca. Ele era divido entre todos e guardado um pouco sobre a terra para caso aconteça alguma ecasses no futuro. A carne servia como alimento. Se fosse uma baleia que no lugar de dentes tinha cerdas bucais, estas eram usadas para forrar a parte de dentro e inferior da canoa.

Os europeus, principalmente, descobriram que haviam muitas baleias na região e na Antártida e começaram a caçada desenfreada. Muitas ainda correm risco de extinção. Até hoje não conseguiram se recuperar – no Ushuaia, antes comum, atualmente é difícil avistar baleias. Os colonizadores usavam o óleo de baleia, entre outros, para acender lampiões de rua.

Os Yamánas começaram a sofrer com a falta das baleias. Menos alimento, menos proteção para o corpo. Além disso, a região litorânea onde viviam começou a ser disputada pelos colonizadores que queriam se estabelecer lá porque o local era a ligação (para barcos) entre os Oceanos Atlântico e Pacífico. Para piorar, os índios que viviam na região começaram a morrer sem resistência às doenças dos “brancos”.

Por fim, brigaram pela sua terra, mas sofreram com a violência dos colonizadores. Se não me engano, em menos de 100 anos, a população de 2.500 índios que viviam no local foi reduzida para 500. Hoje, sua cultura praticamente se perdeu. Assim, junto com eles, perdeu-se a riqueza das pessoas.

Bahia Lapataia
Bahia Lapataia

Obs.: A foto acima foi tirada na lindíssima Bahia Lapataia, dentro do Parque Nacional da Terra do Fogo, onde os índios viviam. Se não me engano, esse “montinho elevado” é um sambaqui, chamado lá de concheiro (concheiros ou concheira). Restos das cabanas ou de artefatos e alimentos usados por eles.

Dica sobre turismo no Parque: se for no inverno, pode visitar com vã (a entrada é gratuita). Devido à neve, algumas trilhas como a costeira ficam fechadas. No verão, indico dois dias para conhecer as principais trilhas – seria prático ir com carro alugado. Ah, dá para acampar no parque.

Pelados no Ushuaia

*Este post é uma participação especial, ele foi escrito pelo jornalista Gustavo Mendes Nascimento (@gustamn). 

Fonte da foto: Museo Mundo Yámana
Fonte da foto: Museo Mundo Yámana

Imagine andar peladão na região do Ushuaia, a cidade mais ao sul do planeta. E viver basicamente da pesca, em águas com temperaturas que variam entre 0 e 4 graus célsius, caçando em canoas rústicas, que afundam se não tirar a água de dentro! Detalhe: se cair na água, você morre em poucos minutos de hipotermia. Ah, e a pesca não é apenas de peixinho. É de lobo marinho e, algumas vezes, até de baleias! Sentiu o drama?

Pois é, parece mentira – ainda mais quando você está lá em carne e osso no Ushuaia, com três camadas de agasalhos ultratecnológicos pra fugir do frio e, ainda assim, batendo os dentes! Mas esse povo existiu. O nome dele é Yámana – ou Yaghan ou Tequenica, segundo a Wikipedia. Era um povo nômade que habitava as ilhas da Terra do Fogo. Eles têm uma cultura linda e, como muitos outros povos da América do Sul, uma história triste. Sua cultura e seu povo foram quase totalmente arrasados pela chegada dos europeus à região. Mas isso será assunto para um outro post. Neste, vamos entender como eles fugiam do frio, que foi o primeiro motivo que levou eu e a Isis a conhecermos o Museo Mundo Yámana, em Ushuaia, Argentina.

 

Canoa com fogueira

Os Yámanas não andavam pelados à toa. Eles podiam fazer roupas e algumas vezes andavam com um manto de pele para se proteger do vento. Mas andar pelado era o mais comum por um motivo simples. Se andassem vestidos, a umidade nas roupas – por conta do gelo e da atividade principal deles, a pesca – os deixaria com muito mais frio. Imagine uma roupa úmida com o vento batendo? Não dá! Melhor ficar pelado. Além disso, como eram nômades, não tinham uma moradia fixa onde pudessem guardar e proteger suas roupas.

Mas, claro, só isso não bastava para sobreviver naquela região. Eles tinham outras técnicas. Uma delas era se besuntar com gordura de animais marinhos e terra. Assim, formavam uma película protetora na pele. Também andavam com tochas ou faziam fogueiras sempre que podiam (já viram o post sobre o porquê da região se chamar Terra do Fogo?). E o mais curioso: faziam fogueiras até mesmo nas canoas! Na parte central, colocavam areia ou palha para proteger a madeira do fundo. Como as canoas não eram totalmente estanques, a areia ou palha ficavam úmidas e não deixavam a canoa virar um braseiro só. As crianças controlavam o fogo e retiravam a água da canoa, enquanto a mulher remava e o homem pescava – eles eram nômades e passavam boa parte do tempo nas canoas.

Outra técnica pra espantar o frio era ficar de cócoras, protegendo assim as partes vitais dos fortes ventos e frio da região. Mas não é que de vez em quando eles davam uma agachadinha. Eles ficavam MUITO de cócoras. Ficavam tanto, mas tanto, que tinham as pernas tortas e a pele da barriga flácida, deformados pela postura – veja essa foto aqui.

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Em tempo: o Museo Mundo Yamana é simples, pequeno e rústico. Mas tem muita informação sobre esse povo. Eu e a Isis saímos de lá, por um lado encantados, e por outro, tristes pela quase extinção desse povo. Sinal de que o museu cumpriu seu papel. E nós tentamos cumprir o nosso, que é espalhar a história.

 

Patagônia austral: posts sobre o Fim do Mundo

IMG_3201Acabei de voltar de uma viagem pelo tempo. Uma viagem sobretudo geológica, glaciológica, paleontológica e antropológica. Fui para a Patagônia austral chilena e argentina! Um sonho realizado! Lá é o último lugar da Terra, exceto pela Antártida, onde o homem chegou. Isso há 15 mil anos. Uma data recente se você pensar que o planeta tem mais de quatro bilhões de anos. Engraçado que, ano passado, fui para a África do Sul, lugar onde o homo sapiens “apareceu” cerca de 200 mil anos atrás. Um ciclo fechado! Como deu para perceber, tenho muuuuita história para contar.

 

Nem acabei de publicar todos os posts que queria sobre a África (ao menos alguns vídeos vou colocar no ar) e já quero partir para a Patagônia. Achei que fosse “apenas” contemplar paisagens deslumbrantes, caminhar muito, comer e beber bem, mas, no Fim do Mundo, consegui caçar muita informação sobre os primeiros habitantes daquela inóspita região. Sem contar a paleontologia do nosso continente que consegui entender melhor – mas eu já imaginava que veria dados sobre os extintos animais como dinossauros e grandes mamíferos graças ao livro “A Viagem do Beagle”, do mestre Darwin. Recomendo!

 

Enfim, estando no Fim do Mundo deu para perceber porque Darwin conseguiu coletar tanta informação sobre geologia e como aquelas terras incríveis o ajudaram a formular a famosa Teoria da Evolução. Se você pode, não deixe de ir à Patagônia (me mande e-mail se precisar de dicas e informações). Ela me ajudou a entender mais sobre o nosso planeta, sobre o nosso continente, sobre os nossos vizinhos e sobre eu mesma. Uma viagem ao passado e ao nosso futuro.

 

IMG_3070Apesar desse não ser um blog de turismo, vou compartilhar algumas dicas ao fim de cada post (seria um dever meu, porque há pouca informação em português sobre como conhecer a região). Dica de museu para quem curte antropologia: Museo Yámana, em Ushuaia. Para quem gosta de palentologia, Centro de Interpretación Histórica Calafate; e para quem quer entender sobre glaciologia, Glaciarium, ambos em El Calafate.

 

Outras dicas básicas. A Aerolineas Argentinas pode cancelar voos de última hora ou adiantar o voo sem avisar. Portanto, chegue com folga ao aeroporto. Apesar de a Argentina e o Chile serem vizinhos, o transporte entre eles é complicado fora de temporada (depois quero fazer um post sobre o ranço entre ambos). A maioria dos passeios duram o dia todo, vá com tempo e reserve com antecedência. Leve roupas sintéticas para o frio, eu (sou muito friorenta) peguei -15 ºC sem reclamar. Roupas ideais: segunda pele de tecido polar, blusa de tecido polar, corta vento e impermeável. A calça deve ser segunda pele de tecido polar e calça corta vento. Tênis impermeável de caminhada. E aproveite o frio do mundo!

 

Ação ambiental: plante árvores da Mata Atlântica!

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A ONG Iniciativa Verde onde trabalho – sim! virei oficialmente ecochata, hippie ou ongueira -, vai fazer uma ação aberta a todos: o Plantio Simbólico. Na ocasião, todo mundo – principalmente aqueles que já têm um filho e escreveram um livro – terá a chance de plantar árvores da maravilhosa Mata Atlântica! As mudas serão plantadas no Sesc Interlagos para aumentar e incrementar um bosque que existe no local. Sua rinite e a fauna agradecerão, tenha certeza.

Na ocasião, as equipes da Iniciativa Verde e do Sesc Interlagos explicarão como plantar uma árvore da Mata Atlântica, o que é restauro florestal, a importância de se preservar a floresta. Sério, é fantástico entender de perto como é cuidar da Mata Atlântica, que nos fornece comida, casa e roupa lavada. É uma piração quando as pessoas (foto acima) pegam as bebês árvores: “Que muda é essa? É essa?”

Venha ser feliz e fazer o bem. Com o passar do tempo, você pode voltar ao Sesc Interlagos para ver o quanto a sua mudinha cresceu. Não é lindo?

Informações importantes:
Data: 27 de setembro de 2013
Horários: 10h e 14h
Local: Sesc Interlagos (o Viveiro é o ponto de encontro)
Endereço: Av. Manuel Alves Soares, 1100, Parque Colonial, São Paulo (SP)

Saiba mais aqui. Veja as fotos do Plantio Simbólico 2012.

 

Saiba a sua relação com animais presos em cativeiro para “show”

O que eu posso fazer para melhorar o mundo? Com esta pergunta prepotente, comecei a escrever este blog que vos fala. Hoje, cinco anos depois, continuo tocada pela mesma questão. Graças à dúvida – e ao Xis-xis – consegui fazer da minha profissão o meu modo de tentar melhorar a qualidade de vida das pessoas que vivem, ao menos, perto de mim. Seja tentando “desvendar” a ciência para leitores ou estimulando o restauro da Mata Atlântica. No campo pessoal, oferecendo um “bom dia” ao motorista do ônibus ou, humildemente, explicando para os amigos próximos que as cores avermelhada ou azulada das estrelas têm a ver com o comprimento de onda emitido por elas.

Blackfish

Apesar de acreditar na possibilidade de todas as pessoas da Terra poderem ter qualidade de vida (comida, saudáveis condições de moradia, educação, acesso à medicina, tempo para curtir os amigos e a família), sinto que esse dia ainda está longe. E essa distância parece aumentar enquanto espero ansiosamente pelo documentário Blackfish, ainda não sei quando será seu lançamento no Brasil ou em DVD. Ele usa como fio-condutor a história da orca Tilikum para abordar os “shows” com animais marinhos em cativeiro. Nem quando era criança e também sentia a vontade de tirar foto abraçada com um golfinho, me interessei por esse tipo de “show”. O motivo é simples: qual é a graça de ver um imponente animal selvagem “obedecendo” as ordens de um humano apenas para entretê-lo?

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Gratificante, mesmo, é topar com um animal desses vivendo com toda a sua natureza. Como quando vi os golfinhos caçarem tainhas surfando nas ondas da Praia de Pipa, no Rio Grande do Norte. Ou quando observei as baleia-francas saltarem sobre as águas, enquanto eu passava muito frio sobre uma rocha na cidade de Hermanus, na África do Sul (segundo pesquisadores, as baleias saltam, entre outros motivos, para se livrarem das cracas que habitam as manchas esbranquiçadas da pele). Ou quando vi seus filhotes balançarem as nadadeiras e o rabo livres, leves (eles nascem com cerca de quatro toneladas!) e soltos na reserva De Hoop, também no indescritível país africano. Ou quando ouvi a conversa dos golfinhos enquanto mergulhava com snorkel, em Fernando de Noronha (ouça no vídeo). Ou quando nadei com arraias e tartarugas aqui pertinho de São Paulo, em São Sebastião.

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Como vivemos no capitalismo, regido pelo dinheiro, ando a favor de usar o turismo de observação (evitando ao máximo a intervenção humana) para preservar as espécies. Ao menos, essa medida pode ajudar na educação ambiental e no respeito ao diferente, ao outro ser. Em Noronha, podemos nadar com os golfinhos desde que eles venham até nós. Na África do Sul, a população das baleias-francas está em crescimento. Lá os barcos com turistas estão proibidos de se aproximar, se não me engano, mais do que 50 metros perto delas. O motor deve ser desligado e há limite de minutos para ficar perto de uma. E não é que elas veem até a gente, nos encaram olhando nos nossos olhos e ficam próximas observando? <3

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Fazemos parte do meio ambiente e do mesmo planeta em que vivem os animais marinhos. A natureza deve ser curtida, sentida, respirada, vivida. Mas, jamais, degrada. Na África do Sul, os barcos com turistas mergulhando dentro de gaiolas para observar os tubarões-brancos me incomodaram. Vi o procedimento de outra embarcação: os guias jogam uma mistura de sangue de peixe na água e uma foca de mentira. Os curiosos tubarões-brancos, com mais de cinco metros de comprimento, chegam perto dos barcos e observam (inclusive nós, fora da água). Agindo como gatinhos que batem as garrinhas na bolinha de lã, eventualmente, os tubarões tentam abocanhar a foca de mentira. Assim, são guiados até baterem na gaiola cheia de turistas. A “brincadeira” com os instintos desses animais pode impactar o seu cotidiano, não?

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De acordo com alguns psicólogos (não achei as referências que tinha visto), um dos motivos pelos humanos criarem animais selvagens que, em alguns casos, nos “vejam” como alimento é pelo poder. O humano se sente poderoso, pensa que é igual em força ou beleza ao animal ou até superior ao bicho, já que este se “submete” ao humano. Agora, focando nos mamíferos marinhos. O documentário The Cove mostra que os golfinhos, por exemplo, são capturados do seu ambiente natural para serem exibidos em “shows” mundo afora – veja o premiado filme, que inclusive ganhou o Oscar, e tenha um ataque alérgico de nervosismo. Este texto em inglês (se não conseguir ler use o Google Tradutor), indicado para mim pela jornalista Juliana Arini, aponta que muitos animais são maltratados e sofrem por se separarem do grupo.

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Como nós, os cetáceos de modo geral vivem em sociedade. Agora, vamos imaginar. Você morava com sua família e amigos. Um dia, enquanto estava com eles na rua, vieram estranhos armados e o levaram embora a força. Você, deprimido, foi colocado em um local onde deveria obedecer às ordens da equipe do sequestrador. Em troca, ganhava comida. Se exibisse suas habilidades para todos os estranhos que o iam ver, poderia continuar “vivendo sossegado”. Eventualmente, um turista chegava perto, dizia que te amava, que faria de tudo para te proteger. Esse amor não parece doentio? Mais um sentimento egoísta de sua parte do que amor?

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Eu já cometi erros enquanto turista. Mas, a cada dia, reflito sobre as consequências das minhas pequenas ações. Os animais devem, sim, serem estudados para conhecermos mais sobre eles. Devem ser contemplados para aprendermos a respeitá-los. Podem ser expostos em zoológicos e aquários, tudo adequadamente e o mais saudável possível para eles, para ser ensinada a educação ambiental – e até serem preservados e pesquisados. No fundo, cabe a nós pensarmos o entretenimento que queremos ter. Queremos ter entretenimento ou respeitar os outros seres que dividem o mesmo meio ambiente que nós para, juntos, vivermos em um mundo mais saudável? Nós compartilhamos o mesmo planeta, a nossa qualidade de vida depende da vida dos outros seres. E vice-versa.