Vamô pedalá pelado!


Este final de semana rolou um movimento, na Avenida Paulista, chamado Pedalada Pelada. Mais do que um movimento pró-ciclistas, o evento que já ocorre em 150 cidades pelo mundo tem vários objetivos, entre eles, fazer com que as pessoas, pelo menos uma vez no ano, enxerguem quão vunerável são as pessoas que tentam usar a bicicleta como meio de transporte.  
Quem se interessa participa da manifestação, também batizada de peladada, “tão nu quanto você ousar”, ou, na minha interpretação, tão pelado quanto você se sentir confortável. O movimento, que já tem sua segunda edição no Brasil, aconteceu no sábado.
Acho absolutamente fantástico o modo não-violento que os participantes da manifestação se utilizam para expressar-se contra algo tão violento quanto à falta de segurança no trânsito e quanto à falta de planejamento público para com as pessoas que não usam carros. O desrespeito ao ciclista, aos pedestres e aos usuários de transporte público na maioria das cidades brasileiras é absurdo.
Os objetivos da manifestação são vários, e todos, na minha opinião, justos:
+ Pedala-se pelo meio ambiente e contra as emissões de gases do efeito estufa gerados por automóveis;
+ Pedala-se por diversão, porque pedalar é gostoso;
+ Pedala-se para tentar tornar os ciclistas mais visíveis aos olhos dos motoristas desavisados;
+ Pedala-se para chamar a atenção do poder público para a falta de sinalização de trânsito especial para pedestres e ciclistas;
+ Pedala-se a favor dos transportes públicos;
+ Pedala-se pela conscientização do corpo e purificação da mente;
+ Pedala-se pelos pedestres;
+ Pedala-se para conscientizar poder público e governantes para os absurdos de violência no trânsito, e para chamar a atenção dos  tomadores de decisão política e pública para a urgência em se resolver a obsenidade com que são tratados todos os usuários de transportes (e nisso incluem-se pedestres, ciclistas, usuários de transporte público, etc.);
+ Pedala-se com o objetivo de ocupar os espaços públicos.
E, pra quem acha que o movimento é obseno, porque os participantes pedalam pelados, aí vai uma listinha do o que eu acho obsceno:
– Acho obsceno não termos a maior parte das principais vias de trânsito com sinalização para ciclistas;
– Acho obsceno que o transporte público aumente de preço e os jornais não noticiem como uma barbaridade;
– Acho obsceno as pessoas terem tantos carrões, contribuindo para o imenso trânsito que temos nas grandes cidades;
– Acho obscenas as estatísticas de mortes no trânsito;
– Acho obscenas as cenas de infrações no trânsito a que sou exposta todos os dias.
E você? Já respeitou um ciclista e um pedestre hoje? Ajude a mudar as estatísticas
Espero que este evento não deixe de ser um movimento sério para ser apenas uma farra sem motivo. Espero que seja uma festa, mas uma festa consciente.
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Saiba mais:
World Naked Bike Ride
Apocalipse motorizado AQUI ACOLÁ e ALI
+ Vá de bike! +
Catracalivre

Mulheres na Ciência 5 – Lideranças femininas para o meio ambiente

Para fechar a semana de posts sobre mulheres na Ciência, tinha escolhido buscar mulheres que tinham ou têm contribuído para o meio ambiente, que são consideradas líderes ambientais e que de uma forma ou de outra, pressionam por ações na Ciência, na política ou na sociedade.
Pois… depois de pesquisar vi que grande parte do que eu queria dizer já estava dito. André Trigueiro, apresentador do Cidade e Soluções e também comentarista da Rádio CBN falou tudo em sua participação para a Rádio no dia Internacional da Mulher.
Não são mulheres da Ciência no senso mais estrito da palavra, mas são mulheres que agem pressionando todos os lados (o da Ciência, o popular, o político, o social, o econômico, e qual mais lado estiver disponível para ser pressionado.).
Com vocês, as lideranças femininas segundo André Trigueiro (recomendadíssimo!)
Clique aqui

Mulheres na Ciência 4 – Sylvia Earle

Dando continuidade a série Mulheres na Ciência, em comemoração à semana na qual comemoramos o Dia Internacional da Mulher, vou escrever um pouco sobre a “Her Deepness“.
Fui apresentada à Sylvia Earle enquanto assistia a esta palestra do TED:

A paixão com que Sylvia fala de suas experiências mergulhando, como fala da necessidade de preservar os oceanos, como apresenta sua palestra, me fascinaram e me cativaram profundamente. Por essas e outras, minha curiosidade sobre esta pesquisadora cresceu, e sua história é tão dedicada às Ciências que não poderiam ficar fora desta semana de homenagem.
Os pais de Sylvia não tiveram uma educação superior. Sylvia nasceu numa fazenda e desde sempre aprendeu a observar e respeitar a natureza. Aprendeu também a não ter medo do desconhecido, algo que muito provavelmente serve de lição para esta mulher espetacular até hoje.
Como era uma aluna exemplar, era dedicada, estudiosa e tirava notas boas, ganhou uma bolsa para fazer graduação (seus pais não poderiam pagar se ela não tivesse ganhado a vaga). Conseguiu se manter na faculdade porque trabalhou em vários laboratórios durante sua graduação.
Neste período, concluiu que deveria especializar-se no estudo das plantas, pois esse seria o primeiro passo na compreensão de um ecossistema. Fez seu mestrado na Duke University e iniciou suas expedições ao fundo do mar, coisa que nunca parou de fazer. Concluiu seu doutoramento estudando algas pardas (as feófitas), trabalho que gerou frisson na comunidade oceanográfica, devido ao detalhamento com que descreveu várias espécies.
Casada e com três filhas, nunca deixou a família ou a pesquisa, coisa que atualmente é ainda bastante difícil. Em 1979 explorou o fundo do mar em uma região que nenhum ser humano além dela jamais esteve. Logo depois, iniciou uma empresa de engenharia, design e tecnologia para produção de equipamentos para exploração do fundo do mar. Atualmente é exploradora da National Geographic Society, emprego que muita gente gostaria de ter.
Estou doida pra ver sua contribuição de Sylvia para o Google Earth e a ferramenta para a exploração do fundo dos oceanos, introduzidas em fevereiro deste ano, mas ainda não deu tempo.
Todo trabalho e dedicação de Sylvia Earle parece ter apenas um propósito: divulgar os oceanos, preservar esses ambientes e os seres vivos que habitam lá, pregar a importância da conservação ambiental. Estou com ela, e você?
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Saiba mais:
Academy of achievement 
Great women

Mulheres na Ciência 3 – Margaret Mee e Maria Werneck de Castro

Para lembrar a semana na qual comemoramos o Dia Internacional da Mulher, o terceiro post conta histórias sobre mulheres na Ciência e suas contribuições. Hoje, pretendo trazer notícias não de uma, mas de duas mulheres artistas que contribuíram muito para os estudos botânicos: Margaret Mee e Maria Werneck de Castro.
Margaret Mee nasceu na Inglaterra e veio para o Brasil com o segundo marido. Curiosa e desbravadora, apaixonou-se pela flora nacional, ilustando inúmeras espécies da Mata Atlântica entre 1958 e 1964, pelo Instituto de Botância de São Paulo. Entre os anos de 1964 e 1988, dedicou-se a exploração da Amazônia. Fez 15 expedições para a floresta Amazônica. Enfrentou doenças, fome, teve problemas com índios e com madeireiros mas, corajosamente, trouxe de lá ilustrações de centenas de plantas e deixou rascunhos de outras tantas.
Muitos botânicos utilizam até hoje as ilustrações de Mee para identificar plantas, descrevê-las e estudá-las. Margaret Mee é reconhecida internacionalmente e suas anotações e desenhos são consideradas preciosidades na Ciência botânica. Este ano comemora-se 100 anos do nascimento desta artista.
Obras de Margaret Mee estão em exposição na Pinacoteca de São Paulo até dia 15 de março! São só mais quatro dias. Eu fui e vale muito a pena!


Maria Werneck de Castro  começou seus desenhos científicos, principalmente de anatomia humana e patologias, enquanto trabalhava no Instituto Manguinhos, no Rio de Janeiro. Em 1958 foi transferida para Brasília, que neste ano estava recebendo seu primeiro asfaltamento. Lá, apaixonou-se pelo Cerrado. Enfrentando o calor do Cerrado, o sol e os insetos, Maria Werneck capturou belíssima imagens das plantas desse ambiente e desenhou para cientistas do departamento de botânica de Brasília.
Os trabalhos de Werneck tem um valor inestimável para as pesquisas botânicas e é usada por muitos cientistas da atualidade. Maria Werneck doou seus originais à Biblioteca Nacional, para que ficassem à disposição dos pesquisadores.


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Saiba mais sobre 
Margaret Mee
Royal Botanic Gardens, Kew
Ciência Hoje
Maria Werneck de Castro
Notebooks from Brazil’s cerrado
Clube da Orquídea

Mulheres na Ciência 2 – Luisa Villa

No começo da semana comemoramos o Dia Internacional da Mulher. Para comemorar a data, resolvi tentar escrever um pouco sobre o trabalho de mulheres que dedicam sua vida à construir as Ciências e à desenvolver as tecnologias que nos ajudam a compreender melhor o mundo.
Hoje escolhi falar sobre uma doença sexualmente transmissível que poucas pessoas conhecem bem e os estudos encabeçados pela professora Luisa Villa que resultaram em uma vacina para mulheres que previne a doença.
O vírus HPV (Human papillomavirus) é transmitido por contato sexual e pode ser prevenido com o uso da camisinha. HPV é na realidade o nome dado a uma família formada por mais de uma centenas de vírus diferentes. Entre os sintomas relacionados à infecção pelos vírus estão lesões de pele e de mucosa, verrugas na região genital, condiloma acuminado (popularmente conhecido como crista de galo) e alguns tipos de câncer em homens e mulheres.
O câncer do colo de útero, por exemplo, é um tipo de câncer largamente associado à infecção por HPV em mulheres. As notícias são alarmantes: acredita-se que cerca de 70% das mulheres sexualmente ativas deverão contrarir HPV em algum momento de sua vida. O sistema imunitário da maioria destas mulheres será responsável por livrá-las dele. Entretanto, estima-se todos os anos, cerca de 40 mil mulheres brasileiras contraiam o câncer do colo do útero.
A professora Luisa Villa, do Instituto Ludwig, é especialista em infecções por HPV. É uma das criadoras e líderes de uma das maiores pesquisas realizadas com mulheres infectadas pelo vírus e seus estudos possibilitaram avanços significativos em busca da prevenção da doença através do design e desenvolvimento de uma vacina contra HPV.
Seus estudos agora se concentram nas infecções em homens e como se dá o desenvolvimento de alguns tipos de vírus neles. Sabendo como a infecção se comporta, é possível desenhar novas drogas e desenvolver novas terapias.
Mas não se esqueça! Se você é mulher, mantenha em dia sua visita ao ginecologista e exija o exame Papanicolau, que é capaz de identificar a infecção pelo HPV e deve ser fornecido gratuitamente pelo SUS. Se você é homem, consulte um urologista caso apareça qualquer verruga ou lesão nos órgãos genitais. O diagnóstico precoce feito por um profissional da saúde especializado pode prevenir maiores problemas de saúde.
Previna-se! Use camisinha!
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Saiba mais sobre o trabalho desenvolvido pela professora Luisa Villa e seus últimos artigos publicados aqui (em inglês). Na barra da esquerda clique em “Research groups” e depois em “Virology”.

Mulheres na Ciência 1 – Maria Sybilla Merian

Ontem, 08 de março, comemorou-se o Dia Internacional da Mulher. Esta semana vou tentar escrever sobre mulheres desconhecidas ou não, que fizeram ou fazem história na Ciência. Esta foi a maneira que eu encontrei de homenagear todas as mulheres que dedicam parte de suas vidas para desvendar os fenômenos da natureza, que buscam curas para doenças e tentam todo dia fazer o mundo um lugar melhor de se viver.
Para começar, Maria Sybilla Merian, uma mulher sensacional a quem fui sem querer apresentada, enquanto estudava insetos.
Maria Sybilla Merian teve uma vida diferente da vida que se esperava de uma mulher do século XVII. Aos treze anos, em 1660, incentivada pelo padrasto, já desenhava e pintava espécies de plantas e insetos. Conta a história que, nesta época, Maria Sybilla colecionava lagartas na intenção de descobrir no que elas se transformariam. Sem saber ela estava dando um passo que poucos cientistas e naturalistas tinham dado: estava fazendo as primeiras observações de metamorfose.  
Aqui vale uma contextualização histórica: nesta época, a Ciência discutia um problema que ainda hoje incomoda muita gente: De onde viemos?. De um lado, alguns cientistas acreditavam que os seres vivos surgiam de roupas sujas e seres vivos em decomposição. Estes, os adeptos a teoria da abiogênese, acreditavam que na matéria não viva havia um “princípio ativo” que possibilitava o desenvolvimento da vida. De outro lado, os adeptos da teoria da biogênese ainda tentavam identificar de onde vinham os seres vivos por meio de alguns experimentos, pois acreditavam que a vida só se originava de outra vida. Os primeiros experimentos nesse sentido foram realizados por Redi, em 1668, 21 anos após o nascimento de Sybilla mas a discussão só se encerrou mesmo em 1862, com os experimentos de Louis Pasteur.
Maria Sybilla casou-se e teve duas filhas. Numa atitude bastante inusitada para a época, separou-se do marido e mudou-se para Amsterdã depois de ingressar na igreja protestante labadista. Em outra atitude bastante corajosa (e inesperada para uma mulher de seu tempo), embarcou em uma expedição para o Suriname, então colônia holandesa, onde a igreja buscava fiéis. Lá, Maria Sybilla começou a produzir uma das suas mais fantásticas obras: Metamorfose dos insetos do Suriname.

O valor de Maria Sybilla como naturalista e pintora é inestimável. Seu estudo com insetos, animais considerados demoníacos (pois vinham da lama e da sujeira), e suas observações e descrições acuradas possibilitaram a descrição de diversas espécies de borboletas, e descreveram pela primeira vez o processo de metamorfose. Não apenas isso, mas Maria Sybilla foi uma das primeira observadoras de que a vida realmente só surgia de outra vida. Com a descrição completa do ciclo de vida das borboletas, Maria Sybilla pode ser considerada uma das naturalistas que deram credibilidade à teoria da biogênese.
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No lablogatórios, Maria Sybilla já foi assunto aqui

Pegada 19: Mulheres relevantes na web 2.0

Hoje, 8 de março, é dia internacional da mulher. E nada mais elegante para um blog neste dia do que falar sobre mulheres que, de alguma forma, marcaram presença profissional e pessoal na web 2.0. Nada de musa, nada de miss. Conteúdo, relevância, profissionalismo e ideias sensacionais foram os itens que as Monas e colaboradores analisaram para escolher alguns casos interessantes.
Visite e confira: As mulheres influentes da blogosfera, no site Monalisa de Pijamas.

Ué!? O que eu estou fazendo aqui?

Fato é que eu já tinha me despedido do Lablogatórios. E fato também que eu estava ansiosíssima pela nova casa, o Science Blogs Brasil (o link ainda não está funcionando, é só para constar). Mas fato também é que não basta haver um lançamento do novo portal. Aparentemente temos que ter O LANÇAMENTO do novo portal, e, para tanto, precisamos de mais tempo. 
OK, OK… A boa filha a casa torna. Vamos continuar a nossa programação normal.
Se bem que é verdade que eu aproveitei essas “férias” porque estive trabalhando demais. Demais, mais do que qualquer lei trabalhista permitiria, mais do que um sindicato acharia justo. Mas é por uma excelente causa! Estamos publicando livros!
Nas pseudo-férias, várias coisas aconteceram. A vermicomposteira, por exemplo, tem várias novidades para contar (boas e más). Estou doida pra escrever um post junto com o Ecce Medicus, e outro com Ecodesenvolvimento e Geófagos, tudo parado por minha culpa, minha tão grande culpa. Fora isso, tenho estado meio Monalisa… e espero também que meu sumiço não tenha feito as meninas se esquecerem de mim. 
Além disso tudo, aparentemente temos novidades americanas sobre a luta contra o aquecimento global e, inclusive, novidades das pesquisas científicas de alguns departamentos da NASA para a causa ambiental. Ainda não tive tempo de me informar bem sobre isso, mas vou tentar me atualizar essa semana.
Por falar nessa semana, vai haver o lançamento de um livro que me parece interessantíssimo. Aliás, o lançamento oficial aqui em São Paulo ocorre quinta-feira, na livraria Martins Fontes, na Paulista. O livro é do meu mais novo amigo Maurício Andrés Ribeiro e fala sobre como arquitetos, urbanistas e demais projetistas do ambiente urbano podem contribuir para o meio ambiente, reduzindo as emissões de gases do efeito estufa nas construções e cidades. A cidade e sua relação com o meio ambiente é tema do livro Ecologizando a cidade e o planeta, a venda por R$ 49,00. Ainda estou lutando para tentar resenhar o livro.
Se tudo der certo voltarei a postar decentemente. Sei que fãs e leitores (tudo bem, foi só a @mariacarol) já estão pressionando por posts novos. Vou me esforçar e farei o possível.
Até breve!