Redescobrindo livros

Meu trabalho me proporciona momentos muito agradáveis. A maioria da população acha trabalhar terrível, mas eu não tenho problemas com isso (quer dizer, tenho às vezes). Como o assunto é linguagem infantil, seja ela uma linguagem científica ou não, às vezes me ponho a ler livros infato-juvenis, que podem ser referência para algum tema, ou simplesmente para ver como os autores voltados para essa faixa etária constroem suas histórias de modo a alcançar o objetivo de se comunicar com os pequenos leitores.
Pois bem, o livro desse final de semana foi O menino do dedo verde. Tinha lido esse livro quando era criança, mas tudo o que me lembrava era que havia um menino com uma característica peculiar: se ele tocasse seu polegar em algo, lá nasceria uma planta.
Mas o livro é mais do que isso (eles sempre são). Há livros que precisam ser lidos várias vezes, pois o grau de maturidade do leitor o faz encontrar coisas que não foram encontradas antes. Livros tem idade certa para serem lidos. Se uma criança tenta ler Clarice Lispector, não vai entender nada, não vai gostar e talvez fique traumatizada para o resto da vida. Por outro lado, alguns livros infanto-juvenis, como O menino do dedo verde, tem mensagens pra você quando se é criança e depois, quando se é adulto também.
Talvez eu consiga despertar em você a vontade de ler livros de novo. Aproveitar aquela estante de livros empoeirados da casa da mãe e reutilizá-los, redescobrí-los. Trocá-los, vendê-los – livros não podem ficar parados.
Busque lá pelo seu O menino do dedo verde. No meu, descobri que, Maurice Druon, em 1957, já alertava que flores e natureza (essa, que tentamos desesperadamente proteger) podem ser mesmo a salvação da nossa Mirapólvora. Que as pessoas ficam mais felizes ao lado de plantas, estejam elas em presídios, em favelas, em guerras, nos centros urbanos, na nossa rua, ou em qualquer outro lugar. E enfim, busque em você um dedo verde e cultive plantas em casa. Descubra uma que se adapte ao seu ambiente (eu, por aqui, finalmente achei um lugar para a hortelã, mas o manjericão ainda não está feliz).
Boa jardinagem! De plantas e de livros.

Somos vítimas do nosso próprio preconceito

Discriminação de gênero, de raça, de crenças são tão agarrados em tantas sociedades, que, por vezes, assumem a falsa alcunha de “cultural”. E nessa “cultura” pessoas se cegam diante do óbvio. Todos praticamos e somos vítimas de prenconceito.
A população brasileira é composta de 53,7% de brancos, 38,4% de pardos, 6,2% de negros, 0,4% de amarelos e 0,4% de indígenas (Enciclopédia do Estudante: geografia do Brasil. São Paulo: Moderna, 2008). Mesmo assim, quantas pessoas de cada etnia você encontra em fotografias que ilustram nossos livros didáticos? Quantas pessoas de cada etnia compõe elecos de novelas, ocupam cargos públicos, têm empregos de alto salário? Quantos negros, índios e amarelos dividem com o seu filho as mesas da escola? A proporção se mantém quando consideramos acessos à internet por etnia?
O mesmo vale para as mulheres… Ah, as mulheres…
Fonte: IBGE, Censo Demográfico 1980, 1991 e 2000 e Contagem da População 1996.
As mulheres são maioria discreta na população brasileira. São pessoas que se unem a mim pelo gênero. Somos, depois dessa característica, tão diferentes! Temos acesso a informações diferentes, características físicas e personalidades diferentes, empregos diferentes, visões de mundo diferentes. E mesmo assim uma força descomunal nos une.
Entretanto, muitas de nós esquecemos essa força e dizemos “cultural”, ou “não percebi nada de errado”, ou ainda “coitado… não quis dizer isso”, ou “você está exagerando” e muitas outras desculpas que damos quando somos vítimas de preconceito. Às vezes é sutil, às vezes chega a doer.
Dói ter que responder em uma entrevista de emprego se você planeja ter filhos, quando isso não é da conta do seu empregador. Dói ter que deixar seu filho que só deve se alimentar do leite materno por seis meses porque você só tem quatro de licença maternidade. Também machuca (e essa dói mesmo) quando você ouve uma mulher dizer que não sente que as chances das mulheres mudaram depois que uma mulher de muita coragem resolveu queimar sutiãs em praça pública, buscando igualdade de gênero. Dói ter que se encontrar em clubes de “luluzinhas” para conseguir discutir aquilo que quero, pois não dá pra falar sobre filhos, moda, maquiagem, fotografia, casa, profissões onde há homens (aparentemente). Dói ser chamada de miss num concurso que avalia conteúdo em textos produzidos por mulheres. 
Pior: dói mais ainda perceber que mulheres como eu, que tem mais similaridades comigo do que o fato de ser mulher pois têm acesso à internet, tiveram o imenso privilégio de estudar, têm empregos, renda, etc., não se darem conta que estão sendo vítimas de preconceito…

Pegada 6 – Clap, clap, clap!

E a salva de palmas vai para minha amiga Tanilda, que resolveu rodar alguns softwares de internet que consomem a noite toda de energia e banda larga somente uma vez por semana, para economizar energia!
Clap, clap, clap!

Pegada 5 – Urgente!

Estou à caça de instituições, cooperativas, grupos voluntários etc. que façam coleta de lixo reciclável em casas e condomínios.
Tenho dois problemas: 1) Um amigo quer promover a separação do lixo reciclável e orgânico no condomínio onde mora e quer contato de alguma instituição que o faça. 2) A instutição que coleta aqui no meu prédio só coleta latinhas de alumínio e papelão. Preciso de alguém que, ou colete tudo, ou colete o resto (plástico, outros papéis e outros metais).
Se alguém puder perguntar em seu próprio prédio quem faz a coleta, ficarei muito grata pelo contato. Talvez muitas outras pessoas estejam precisando. Vamos fazer uma lista de cooperativas e instituições para deixar isso público? Talvez consigamos fazer um mapa e separar por regiões e cidades.

Na Ciência: painéis solares

Os painéis solares disponíveis atualmente no mercado são caros e pouco eficientes. Mas estudos recentíssimos afirmam que é possível produzir células fotovoltáicas capazes de absorver todos os comprimentos de onda do espectro da luz visível.
O futuro parece promissor. Cientistas da The Ohio State University publicaram recentemente no PNAS o paper intitulado The remarkable influence of M2? to thienyl ? conjugation in oligothiophenes incorporating MM quadruple bonds do qual nem eu, nem Pharyngula  entendemos nada (ainda bem, me senti meio mal no início!). Entretanto, algumas leituras depois e pudemos perceber que o paper trata de uma nova descoberta, que poderá fazer com que os painéis solares absorvam energia de um espectro de luz maior do que o espectro atual. Isso pode significar maior eficiência na captação de energia solar pelos painéis solares e transformação em corrente elétrica num futuro não muito distante (para os padrões das Ciências).
Entretanto, ainda é só uma pesquisa básica. Não se sabe ao certo como o material usado para os primeiros experimentos vão se comportar em ensaios mais longos. Também não foram feitos testes de viabilidade e escalabilidade, então não se tem idéia de se é possível nem quanto eles custariam se produzindo em escala.
Saiba mais:
New Solar Material Captures Entire Spectrum of the Rainbow Inhabitat
A step closer to efficient solar power? Pharyngula
New solar energy material captures every color of the rainbow Research news

Eu no Decodificando!

Estou no Podcast Decodificando!!! Lá-lá-lá-lÁ!

Jonny, Amanda, Dani, Carlos Hotta e eu, falando sobre “Brasil, um Estado laico?”

Vá até lá e confira!

Multirão do lixo eletrônico

Não sabe o que fazer com aquele celular velho? Ou com aquele monitor que pifou faz tempo? E aquele monte de CD’s descascados que entopem a sua gaveta? Seus problemas acabaram! Dia 30 de outubro, quinta-feira, no Estado de São Paulo inteiro, acontecerá o Multirão do lixo eletrônico.

Parte do e-lixo, como é também chamado o lixo eletrônico, pode ser reutilizado em novos equipamentos, ou, reciclados, obviamente. Se eles estiverem funcionando ainda, podem servir a uma instituição, ou pode ajudar alguém.
Os postos de coleta estão listados neste link aqui.
Agora, se você teve uma idéia, e acha que pode fazer uma contribuição maior, fazendo sua empresa ou prefeitura aderir ao movimento, cadastre-se aqui.

Planeta no parque: Eu fui! E NÃO gostei.

Era domingo. Era o último dia. Estava um dia “miserable” para os padrões brasileiros. Chovendinho, friozinho. Não tinha quase ninguém no Ibirapuera, se compararmos com os lindos dias de sol de primavera e verão. O que significa que também não tinha quase ninguém no “evento”.
O “evento” estava esparramado pelo parque. Três áreas, denominadas “Mobilidade”, “Consumo” e “Cidadania e coexistência”. Excelentes idéias, uma vez que esses devem mesmo ser os três assuntos que mais podem permitir a diminuição das emissões de gases do efeito estufa. Mas não necessariamente os três assuntos que mais permeiam a vida de crianças e adolescentes (se era mesmo a intenção do evento atrair escolas, acho que esses assuntos não são os mais relevantes para essas faixas etárias).
Cheguei e fiquei na tenda da “Mobilidade”. Tempo suficiente para perceber que não, ninguém ia vir falar comigo, me mostrar dados, me convencer a deixar o carro em casa e andar mais a pé ou com transporte público. Saí da tenda como entrei: mentira! Saí com um panfletinho e um carimbo (se passasse por mais duas tendas, teria direito a um brinde!). Esse é o problema de ter painéis explicativos nas tendas: os monitores acabam deixando a tarefa informativa pra eles.

Fui pra tenda “Consumo”. Lá, os monitores conversavam sobre suas preocupações em explicar coisas para crianças, suas angústias em explicar certo, suas dúvidas de que aquela informação seria realmente aproveitada por elas. Fui abordada, no meio desse assunto, com um “pra biólogo então, a gente não fala mesmo nada, com medo de falar besteira”. Pena…
Lá, fiquei sabendo que a maioria absoluta dos monitores era estudante de artes plásticas. Não que estudantes em geral não possam falar sobre meio ambiente. Claro que não! Todos, todos os cidadãos tem o mínimo de conhecimento para falar sobre o tema, ainda mais se foram instruidos para isso. Mas, acho que estudantes de geologia, biologia, gestão ambiental e áreas afins teriam muito mais o que dizer, e apoio técnico a dar. Ponto a menos para o evento, de novo.
Já estava deprê, neste momento. Fui então para uma sessão de filme no Planetário. Me salvaram!
De lá, a última tenda: Cidadania e coexistência. Supostamente aquela onde encontraria pessoas da empresa que estava organizando o evento. Talvez encontraria as pessoas com quem eventualmente troco e-mails por conta do blog. Não, ninguém. Saí de lá também como saí das outras duas tendas. Com informação zero e um carimbinho. Daí, fui pegar minha prenda…
A prenda era, obviamente, uma sacola de pano. Entre os patrocinadores, Bunge (aquela dos agrotóxicos) e Petrobrás (aquela do petróleo), entre outras menos danosas. O espaço destinado aos patrocinadores, na minha opinião era O ESPAÇO que deveria ser usado para TODO o evento. Tudo deveria ser concentrado ali, sem essa coisa de “caça à prenda”. Um espaço de discussão, de grupos falando sobre o assunto de forma conjunta, tudo misturado porque assim o é na vida. O consumo, a mobilidade e a cidadania, coexistindo num único espaço não compartimentalizado.

Resumo da ópera: acho que esses eventos estão errando na mão. Estão se preocupando menos com o público e mais com o “green wash”. Acho que vou ter que publicar sobre isso aqui… Mas por hoje é só.

Pegada 4 – Mais sobre pobreza e mudanças climáticas

Para complementar meu post de ontem do Blog Action Day, um excelente relatório sobre mudanças climáticas e pobreza, produzido pela Organisation for Economic Co-operation and Development.
Mando o link do pdf (tudo em inglês):
Poverty and Climate Change – Reducing the Vulnerability of the Poor through Adaptation

Agenda 28 a 30 de outubro

O que: VI Simpósio Brasileiro de Educomunicação
Onde: SESC Vila Mariana – São Paulo (SP)
Quando: 28 a 30 de outubro de 2008
Objetivo: “Aproximar comunicadores e educadores numa discussão sobre os melhores caminhos pra promover uma educação ambiental adequada aos paradigmas da Era da Informação”, diz Dr. Ismar de Oliveira Soares, da ECA/USP, coordenador do evento.
Debater como se comportam os jornais brasileiros frente ao tema das mudanças globais? Qual o impacto da educação ambiental no comportamento do brasileiro? Que estratégias de comunicação vem o governo adotando no tratamento dos conflitos que envolvem o meio ambiente? Os investimentos do setor privado têm compensado suas contribuições para a acirramento dos problemas ambientais? Que papel cabe, nesse contexto, às ONGs, ao Terceiro Setor e ao sistema formal de ensino? O que é “stress ecológico” e como as crianças e adolescentes se envolvem na luta pela preservação da natureza?
O simpósio contará com a cobertura jornalística, por parte de um grupo de 100 adolescentes, com a assistência de 30 educomunicadores de organizações como o NCE/USP, o Canal Futura e o programa Nas Ondas do Rádio, da Prefeitura de São Paulo. As produções serão exibidas através da web-rádio e na programação do Canal Futura.
Programação: Clique aqui
Inscrições:
R$ 17,50 • trabalhador no comércio e serviços matriculado no SESC e dependentes
R$ 35,00 • usuário inscrito, estudante, + 60 anos, professor e aposentado
R$ 70,00 • demais interessados
Mais informaçõeshttp://www.sescsp.org.br/sesc/conferencias_new/subindex.cfm?Referencia=5742

Durante a semana… não vou poder aparecer de novo…