Especialistas apresentam resultados da Conferência de Bali na Fiesp

Via Portal FIESP
Medidas voltadas à redução das emissões de gases causadores do efeito estufa assumem caráter mais rígido. A Conferência também deu ênfase aos mecanismos de produção mais limpa e ao controle estrito do desmatamento florestal

Foi realizado hoje (23), na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), em parceria com a Brazilian Carbon Beureau (BCB), o primeiro relato público, no Brasil, sobre os assuntos tratados durante a 13ª Conferência do Clima, realizada em Bali, na Indonésia, de 3 a 14 de dezembro de 2007.
Os especialistas Marco Antonio Fujihara (que integra o Conselho Superior de Meio Ambiente da Fiesp), Luiz Gylvan Meira Filho e Antonio José Ludovino Lopes pontuaram os principais aspectos tratados na Conferência e o que isso significa, na prática, para a vida dos países, das empresas e dos cidadãos.
Eles foram unânimes em afirmar que as discussões de Bali abriram novas perspectivas para um acordo global contra o aquecimento do planeta. Num acordo que, nas palavras de Luiz Gylvan Meira Filho, “foram extremamente complexas”, representantes de 190 nações firmaram um pacto para a redução da emissão de gases causadores de efeito estufa. A meta ideal, explicou Gylvan, é reduzir 60% das emissões globais: um objetivo bastante ambicioso, que assusta principalmente os países menos desenvolvidos, receosos de que as novas diretrizes ambientais limitem sua capacidade de crescimento.
Na reunião [em Bali], criou-se o chamado “mapa do caminho”, um documento que apresenta basicamente duas estratégias que devem convergir para um acordo global. De um lado, estão os países desenvolvidos, signatários do Protocolo de Kyoto, que têm o compromisso de reduzir em 5,2% nas emissões de gases de efeito estufa entre 2008 e 2012. Projeções da ONU indicam que as nações ainda não cumprem o que foi acordado. Apesar disso, em Bali, os países europeus insistiram na necessidade de reduzir as emissões para algo entre 25% e 40% até 2020. Também foi enfatizada a importância da cooperação tecnológica entre países ricos e pobres, de modo que os últimos possam crescer sem que isso implique em degradação ambiental. Do lado dos “países pobres”, uma das principais novidades foi a criação de um “fundo de adaptação”, que será gerido pelo Global Environment Fund (GEF). Os recursos para este projetos serão obtidos por meio da cobrança de taxas nas transações do mercado de crédito de carbono.
As questões fechadas com um certo consenso envolveram 133 nações em desenvolvimento, mais a China, que aceitaram discutir a tomada de ações “mensuráveis, reportáveis e verificáveis” de redução de emissão de gases de efeito estufa.
Como as decisões afetam o Brasil

Especialista em mercado de carbono, Marco Antonio Fujihara assinalou que o Brasil tem perspectivas interessantes nesse campo. Uma das boas novas é a criação, pelo Banco Mundial, de um Fundo de Investimentos para evitar desmatamentos. “Os projetos florestais ganham maior importância”, disse Fujihara, para quem os mecanismos de desenvolvimento limpo, descritos pelo artigo 12 do Protocolo de Kyoto, também mantêm grande relevância.
Ele lembrou, porém, que segundo as novas diretrizes, o Brasil, a Índia e a China, principais expoentes dos países emergentes, talvez precisem se comprometer muito mais com a redução de emissões do que vinha acontecendo até agora. Esse controle se dará por meio de controle do desmatamento, de manejo sustentável, de mudanças no uso do solo e no aumento do estoque de carbono florestal, entre outras medidas possíveis.
Em Bali, a delegação brasileira apresentou a proposta de um Fundo para Proteção e Conservação da Amazônia Brasileira. Em princípio, trata-se de um fundo de caráter voluntário, com aporte inicial de US$ 150 milhões, operados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A administração desse fundo ficará a cargo de um conselho consultivo, integrado por representantes dos governos federal e estaduais, entidades não-governamentais, especialistas, cientistas e empresários.

Previsões seguras – Sobre o encontro na FIESP

Anexo o texto da revista FAPESP sobre o encontro na FIESP. Depois escrevo as minhas impressões pessoais.
Via Agência FAPESP
Por Thiago Romero
Agência FAPESP – O aquecimento do sistema climático mundial foi detectado de forma inequívoca. Essa é uma importante e genérica conclusão do quarto relatório científico do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), que foi reconhecida politicamente na 13ª Conferência das Partes da Convenção do Clima (COP-13).
A afirmação é considerada um dos principais embasamentos teóricos do documento que deu origem ao Plano de Ação de Bali, acordo firmado por representantes de 180 países que participaram da reunião realizada em dezembro do ano passado, em Bali, na Indonésia.
Para Luiz Gylvan Meira Filho, pesquisador do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP), que participou da COP-13, um dos pontos altos do plano é o consenso, entre os países, de que a demora em reduzir as emissões de gases do efeito estufa limitará significativamente a oportunidade de atingir os níveis de estabilização climática, aumentando o risco de impactos mais severos sobre o clima.
“É uma inegável vitória que os relatórios científicos do IPCC estejam influenciando decisões políticas internacionais. Isso porque, há até pouco tempo, chefes de estado diziam serem naturais as variações climáticas dos últimos anos”, disse durante o evento Conferência de Bali: Novas Diretrizes sobre as Mudanças Climáticas, realizado nesta quarta-feira (23/1) na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), na capital paulista.
O encontro debateu assuntos discutidos na COP-13, que teve o objetivo de estabelecer diretrizes para um novo acordo de combate às mudanças climáticas após 2012, fase final do primeiro período de acordos no âmbito do Protocolo de Kyoto. Segundo Meira Filho, que foi presidente do grupo de negociação de dois artigos do protocolo, a quarta edição do relatório do IPCC influenciou claramente o Plano de Ação de Bali.
“As conclusões dos estudos do IPCC, que utilizou diferentes métodos científicos para que as hipóteses fossem testadas por meio de observações do clima, foram reconhecidas explicitamente em vários trechos do texto do plano”, explicou.
Segundo ele, dois motivos explicam por que os cientistas do painel demoraram vários anos para conseguir detectar, de forma inequívoca, o aquecimento global. “Primeiro porque se precisou esperar que o clima mudasse mais do que a variabilidade natural. E, segundo, porque foi preciso aperfeiçoar os modelos para que os cientistas conseguissem reproduzir todos os efeitos relacionados a essas mudanças, como a variabilidade solar e o fenômeno El Niño”, disse Meira Filho, que foi presidente, de 1994 a 2001, da Agência Espacial Brasileira (AEB).
Metas a longo prazo
Com base em um consenso entre os países representados em Bali, o Plano de Ação enfatiza a urgência em atingir metas a longo prazo referentes à estabilização da concentração dos gases que produzem efeito estufa na atmosfera, também com base nos resultados do IPCC, órgão que ganhou o Prêmio Nobel da Paz de 2007 – dividido com Al Gore, ex-vice-presidente dos Estados Unidos.
De acordo com o plano, essa estabilização somente ocorrerá se as emissões globais forem reduzidas em aproximadamente 60% em relação ao níveis emitidos em 1990. “Essa conta é feita a partir do fluxo da atmosfera para os oceanos. Hoje, cerca de 2,2 bilhões de toneladas de carbono entram nos oceanos, que são os maiores consumidores de dióxido de carbono da atmosfera”, explicou Meira Filho.
Segundo ele, com a redução das emissões mundiais em 60% seria possível estabilizar em 550 partes por milhão a concentração de dióxido de carbono, algo considerado satisfatório. “Mas o consenso geral de Bali aponta para a obrigatoriedade dessa redução das emissões, seja lá qual for o nível de estabilização. Por isso houve um consenso rumo a medidas de mitigação mais intensas”, apontou.
Os 60% de redução seriam uma espécie de reconhecimento mundial dos limites do planeta. “O problema é tão sério que há indicações de que a possível falta dessa consciência ambiental possa gerar sérios conflitos entre as nações”, disse.
Outro ponto importante da reunião em Bali foi a possibilidade de haver novas negociações entre os países para definir os níveis máximos de temperatura mundial. “Esse também foi um passo importante, uma vez que recentemente a Europa, em uma reunião do G8 que contou com autoridades brasileiras, fez a proposta de um pacto global visando à limitação do aumento da temperatura média mundial em 2ºC, o que foi rejeitado pelos Estados Unidos e pelo Brasil”, disse Meira Filho.
Também presente na reunião da capital paulista, Antonio Ludovino Lopes, advogado especialista em direito ambiental que também participou da COP-13, disse que o evento em Bali ofereceu um mapa de caminhos que os países devem perseguir.
“Ainda não sabemos se esse mapa tem tecnologia GPS [Global Positioning System] ou se ele se parece mais com os usados por antigos navegadores. Do ponto de vista jurídico, esse mapa ainda precisa ter alguns espaços preenchidos”, disse.
Para Lopes, em Bali houve uma nítida tentativa de encontrar novos caminhos jurídicos entre os países, de acordo com as limitações dos instrumentos do Protocolo de Kyoto, o que, segundo ele, gerou conclusões de grande expressão na reunião.
“Uma delas foi a implantação, quase que definitiva, do fundo especial para a adaptação. Trata-se de um instrumento do Protocolo de Kyoto que prevê o financiamento de projetos de adaptação ambiental em países em desenvolvimento”, apontou.

Agenda – 23 de janeiro

O que: Conferencia de Bali- Novas Diretrizes Sobre as Mudanças Climáticas
Onde: Ed. Sede Fiesp, Av. Paulista, 1313 – São Paulo
Quando: 23 de janeiro
Objetivo: O evento irá refletir sobre assuntos discutidos na conferência, que reuniu representantes de 180 países com o objetivo de estabelecer diretrizes para um novo acordo de combate às mudanças climáticas após 2012, fase final do primeiro período de acordos no âmbito do Protocolo de Kyoto.
Mais informações:
Portal FIESP

Harbin dá adeus ao gelo mais cedo

O festival do gelo em Harbin é um dos mais populares eventos do inverno chinês. Com temperaturas chegando a menos de 35 graus negativos, a temperatura é a grande aliada da maior atração turística da cidade: as esculturas feitas no gelo. Os artistas produzem esculturas belíssimas de animais, pessoas e construções famosas, que podem ser visitadas tanto durante o dia quanto durante a noite, quando uma iluminação realmente especial torna as esculturas ainda mais atrativas.
Porém, segundo a BBC News, o evento é uma das vítimas mais recentes do aumento de temperaturas global. As esculturas que antes podiam ser visitadas por turistas até o final de fevereiro, este ano já estão derretendo.
Junto às preocupações ambientais, existe na cidade a preocupação financeira. Quanto mais cedo as esculturas derretem, mais cedo vão-se embora os turistas e os dólares trazidos por eles.
Mais fotos de Harbin: Spluch

Aquecedor solar obrigatório no Rio de Janeiro

Sérgio Cabral, Governador do Rio de Janeiro, sancionou e publicou no Diário Oficial de 03/01/2008, a lei 5.184/08, de autoria do Deputado Estadual Rodrigo Dantas (DEM), que obriga prédios públicos aquecerem ao menos 40% da água consumida, através de energia solar. A partir de agora, todo edital de licitação para obras de construção, como CDHU e escolas públicas ou reforma de prédios públicos deverá conter informações sobre instalação do sistema solar de aquecimento. Somente prédios com inviabilidade técnica de adaptação para o novo sistema serão isentos da nova regra.
A cidade de São Paulo adotou uma política pública parecida em julho do ano passado, que obriga todas as construções com mais de três banheiros, a terem 40% da água aquecida com energia solar. Belo Horizonte, mesmo sem nenhuma política pública, é a cidade brasileira que mais tem casas que utilizam aquecedores solares.
Em 2007 o IPCC identificou o setor de edificação como o maior setor da economia que pode contribuir para a diminuição de emissões de gases do efeito estufa no planeta. Além do uso de energia solar para aquecer água e o ambiente, outras soluções como melhorar a eficiência das iluminações diurnas e noturnas, utilizando mais iluminação natural e menos lâmpadas incandescentes, aumentar a eficiência nos aparelhos elétricos e eletrodomésticos podem contribuir para o clima.
O Brasil tem pouco investimento na área de energia solar, porém os produtores de aquecedores solares se mostram confiantes com o crescimento do setor. Só no Rio de Janeiro são recebidas 2,2 mil horas de insolação (suficiente para gerar 15 trilhões de megawatts, cerca de 4 vezes a energia gerada no mesmo período por uma usina hidrelétrica). Embora as usinas hidrelétricas sejam consideradas pelo IPCC como fontes de energia limpa, durante os horários de pico, onde o consumo de energia elétrica é maior, usinas termelétricas movidas a carvão são ativadas.
Além dos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro que assinaram leis que obrigam o uso de aquecimento solar em prédios públicos, Santa Catarina e Paraná que fazem projetos semelhantes, oito cidades têm lei de incentivos fiscais para quem utiliza aquecedores solares como Recife, Rio, Campo Grande, Curitiba, Florianópolis, Porto Alegre e Vitória. Maceió deve adotar em breve o mesmo texto da lei de São Paulo.
Saiba mais:
Cidades Solares

Agenda – 30 de abril a 3 de maio

O que: 6º Simpósio Brasileiro de Engenharia Ambiental
Onde: Serra Negra (SP)
Quando: 30 de abril a 3 de maio
Temas:
+ “Aquecimento Global”
+ “Recursos Energéticos Mundiais”
+ “Seqüestro de Carbono”
+ “Criação e Evolução do Ensino de Engenharia Ambiental no Brasil”
Mais informações:
VI Simpósio Brasileiro de Engenharia Ambiental

Os biocombustíveis são mesmo verdes?

Há um tempo, minha amiga Carol, de Cambridge, me pediu que comentasse um artigo que foi publicado no jornal inglês The Guardian. O artigo “Burning biofuels may be worse than coal and oil, say experts” , trata de um comentário de um outro artigo publicado na revista Science, sob o título: How Green Are Biofuels? (somente para assinantes), de Scharlemann e Laurance, no dia 4 de janeiro.
Como não queria que possíveis opiniões do jornal inglês interferissem no meu julgamento, fui atrás do texto da Science. E por isso a demora. Qual minha surpresa em constatar que, o artigo da Science faz comentários sobre um artigo encomentado pelo governo suíço (Ökobilanz von Energieprodukten: Ökologische Bewertung von Biotreibstoffen, por Zah et al.) e não mostra as metodologias de cálculo usadas para que as conclusões sobre os biocombustíveis serem piores que os derivados de petróleo fossem tiradas.
Resumindo: não consegui analisar os resultados de forma real. Só pude analisar as impressões que Scharlemann e Laurance tiveram e depois analisar as impressões de Alok Jha, o correspondente do The Guardian.
Basicamente, os dois artigos em inglês trazem o seguinte comentário: embora, dos 26 biocombustíveis estudados por Zah, a queima de 21 deles emitisse 30% menos gases do efeito estufa que a gasolina, 12 deles apresentavam altos custos ambientais agregados. Entre os 12 encontram-se o etanol de cana de açúcar brasileiro e o etanol de milho americano.
Os dois métodos usado por Zah, não explicados em nenhum dos dois textos em inglês, resumem os custos ambientais em um único número. Entre estes custos ambientais encontram-se a perda da biodiversidade, causada por desmatamento de áreas como a floresta Amazônica ou o Cerrado e o aumento dos preços nos alimentos, causado pela preferência dos agricultores em plantar para a produção de biocombustível. Por outro lado não considera importantes fatores indiretos, como os danos causados pelos subsídios dados a agricultores americanos e as consequências sociais da produção dos biocombustíveis em larga escala (nem das consequências sociais da extração do petróleo e produção de derivados em larga escala). Só não ficou explicado o que pra mim é o mais importante: como se fez a valoração destes custos ambientais.
O artigo da Science é bem mais coerente e consciente do que o texto do The Guardian, e trás os prós e os contras do estudo de maneira clara. Este tipo de estudo tem muito valor, mas a falta de explicação metodológica trás dúvidas sobre as conclusões. As perguntas que me ficam são: A extração de derivados de petróleo não é causa danos sociais? A produção de derivados não tem custos energéticos elevados? Qual as consequências ambientais de se extrair petróleo de uma plataforma continental em alto mar ou num deserto?
Fica complicado fazer comparações trazendo os contras de um único lado (do lado dos biocombustíveis). Mas também não fica sensato acreditar que os biocombustíveis são os grandes salvadores da pátria, ainda mais sabendo da falta de planejamento estratégico, que no Brasil, ainda permite que áreas da Amazônia e do Cerrado sejam degradadas em pról do “desenvolvimento econômico”.
Saiba mais:
+ How Green are Biofuels? – Scharlemann and Laurance, Science
+ Burning biofuels may be worse than coal and oil, say experts – The Guardian
+ Biocombustível pode ser sujo, diz estudo – Folha Online

Comentário de Adilson Gonçalves ao artigo da Science

Para enfatizar ainda mais minha opinião sobre o assunto, leia o comentário de Adilson Roberto Gonçalves, pesquisador do Projeto Finep-Bioetanol (Lorena, SP) e professor da Escola de Engenharia de Lorena – EEL – USP. Texto publicado no Jornal da Ciência, neste link.
“Precisamos tomar com cautela informações sobre a ‘sujidade’ de biocombustíveis. Parece que o estudo comparou gasolina com álcool sem medir os custos ambientais da produção do combustível fóssil.
Hoje a cana usa pouca água devido à fertirrigação, ou seja, o uso da vinhaça de volta aos campos que economiza sobremaneira água além de não mais poluir rios. Poucos sabem que para cada litro de gasolina produzido um litro de água é gasto, gerando um efluente de difícil tratamento. Esses parâmetros parecem que não foram considerados no estudo citado pela reportagem.
A visibilidade do etanol como alternativa energética viável desperta uma intrigante corrente de estudos contrários à questão, especialmente pelos concorrentes.
É claro que qualquer atividade agrícola, especialmente as monoculturas, gera resíduos e demanda insumos –não sejamos hipócritas quanto a isso. Mesmo a propalada ‘agricultura orgânica’ se usa de embalagens plásticas não degradáveis para vender seus produtos no supermercado.
A grande maioria dos estudos sobre o etanol da cana dá conta que essa é uma excelente alternativa energética, hoje existente em larga escala, mas que poderia ainda ser superada pelo uso do etanol da biomassa (resíduos agrícolas e florestais). O etanol da cana é, com certeza, muito distinto do etanol de milho norte-americano: esse sim compete diretamente com alimentos, mas a cana não.
A competição é aquela normal de mercado pois, queiramos ou não, vivemos num mundo capitalista, no qual tentamos regular os aspectos sociais e ambientais envolvidos. Tudo, à exceção desses poucos ‘estudos’ da reportagem, mostra que o etanol de cana consegue ir além dos ganhos econômicos, pois ambientalmente é muito mais favorável que a gasolina.”

Mais ciclovias!

Já pensei várias vezes em usar bicicleta para me locomover em São Paulo. Uma, porque gosto de andar de bicicleta. E outra porque é um dos meios de transporte mais verdes que existem. Mas não consigo. Não tenho coragem de sair de casa e enfrentar, junto com os carros, ônibus e caminhões, uma luta cruel por um pedaço de chão. Admiro quem consegue, chego até a invejar, mas todas as vezes que tento pensar em mudar de hábitos e trocar as caminhadas e ônibus por bicicleta, desisto.
Depois de uma matéria que eu li esta semana, fui pesquisar mais sobre ciclovias em São Paulo. Descobri que existe uma lei (Lei 14.266) que criou o Sistema Cicloviário de São Paulo, que legitima a bicicleta como um meio de transporte. A lei também prevê que o município articule o transporte por bicicleta com o Sistema Integrado de Transporte de Passageiros, implemente infra-estrutura adequada como ciclovias e bicicletários, permita acesso de passageiros com bicicletas em vagões especiais de trens e metrôs, e crie sinais e legislação específica para que o transporte com bicicletas seja seguro. A lei na íntegra pode ser conseguida no Pedaleiro.
No papel, tudo parece muito bom. Mas fato é que (não encontrei um número certo) existe na cidade de São Paulo apenas 22,7 a 29 Km de ciclovias construídas, sendo que 19 Km encontram-se dentro de parques, ou seja, a grande maioria da nossa malha de ciclovias é destinada para o lazer e não para o transporte. Só para efeitos de comparação, o Rio de Janeiro possui 140Km de vias exclusivas para bicicletas e o Reino Unido possui uma malha nacional de mais de 16.000Km.
Numa cidade como São Paulo que tem como um dos maiores problemas o trânsito e os congestionamentos gerados pelo imenso número de veículos nas ruas – cerca de 5,5 milhões de automóveis e 62% deles com apenas um usuário, ter menos de 30km de ciclovias servindo toda a cidade parece estupidez.
Para tentar melhorar a situação, o prefeito Kassab prometeu, dia 15 de agosto do ano passado, uma ciclovia de 12,2Km ao longo da Radial Leste, ligando 8 estações do metrô. A obra deve ficar pronta no começo deste ano. (Alguém que passe na Radial pra confirmar a situação das obras?). Em 22 de setembro, “Dia Mundial sem carro” o prefeito prometeu construir mais 50Km de ciclovia na cidade. Algumas vias onde já existem ciclovias, ou existem projetos de implementação, você encontra aqui.

Para agilizar a blogosfera, pensei em criar uma imagem para trazer à tona a discussão sobre o uso de bicicletas e fazer uma pressão sobre o governo para que as ciclovias sejam construídas ou finalizadas. O aumento da extensão e segurança das ciclovias é de fundamental importância para que o paulistano deixe o carro em casa e vá de bicicleta. Como não sou boa em lidar com imagens (alguém?), procurei na web e achei esta imagem, que vou usar – espero que o autor não se importe – todos os diretos de www.geocities.com/bici_portugal/

Para levar a campanha “Mais ciclovias!” pra frente, convido:
+ Willian Cruz do Vá de bike!
+ Pedaleiro
+ Mercedes do Folha Verde

+ Ester Beatriz do Saber é bom demais
+ Faça a sua parte

Promessas da ONU para 2008

Assim diz o secretário geral da Organização das Nações Unidas, Ban Ki-moon:

“So we must act on the mutually reinforcing relationship between climate goals and development goals. Climate change will remain a top priority, both because of the desperate urgency of the issue itself, and because of the tight negotiating calendar” 

O que significa tentar casar os objetivos de redução de emissão de gases do efeito estufa com os objetivos de desenvolvimento de cada país, principalmente os que não estão no Anexo I. E isso tudo em um curto período de tempo, seguindo a agenda do Mapa do Caminho (leia sobre o Mapa do Caminho aqui e aqui).
Tomara que ele consiga!