Resenha: Prós e contras da globalização
A coisa que acredito ser a mais difícil nessa história toda de tentar “viver verde” é buscar o local em detrimento do global. Dessa maneira, pregar sobre consumir e produzir localmente em um mundo globalizado é uma tarefa árdua, mas não impossível. E não é só isso. Governo, instituições públicas e privadas, pessoas como nós, deveríamos, em termos ambientais, pensar cada vez mais em melhorar nosso local invés de incentivar a busca insana de empregos, produtos, estilos de vida no exterior. Maluco? Impossível?
Recusar que vivemos em um mundo globalizado é negar o óbvio. Temos cada vez mais os poderes dos países, a cultura, a economia, o meio ambiente, todos eles moldados por fluxos de ideias originadas nos mais diversos cantos do planeta, vindos das mais inesperadas fontes. Regional ou globalmente, todos tem voz, através de mídias sociais, TV, sites, rádio e órgãos oficiais dos governos, como ONU, UNFCCC, UE, G-20, OMC, ANSA, FRANSA, entre outros grupos. São ouvidos aquelas ideias que conseguem atender os interesses da maioria – claro, vale ressaltar que esses interesses nem sempre são sadios.
Pensadores da globalização são divididos em dois grupos, os céticos e os globalistas que tem visões bem diferentes, desde os conceitos da globalização até as novas ordens mundiais estabelecidas pelo fenômeno. Em algumas ocasiões, os pensadores céticos, por exemplo, acreditam que a globalização vai fortalecer os Estados e a identidade nacional, principalmente porque estão o tempo todo submetidos às novas ideias e propostas que vêm de fora. Os globalistas, por outro lado, acham que a globalização vai aumentar o multilateralismo, desgastando a soberania das Nações, bombardeadas por movimentos rápidos de pessoas, capitais, conhecimentos e culturas. Esse debate e suas posturas, todas contraditórias, podem ser entendidas no livro Prós e contras da globalização, por David Held e Anthony McGrew.
Ainda não há uma corrente de pensadores que conseguem sintetizar o melhor dos dois mundos, céticos e globalistas. Em termos ambientais, penso que devemos aproveitar as tecnologias e conhecimentos globais para melhorar a vida das pessoas dentro dos próprios países. É economicamente mais viável produzir milhares de produtos na China porque lá a mão de obra é abundante e barata mas, em se tratando de sustentabilidade onde o cenário é dividido pelos planos econômicos, sociais e ambientais, produtos chineses respondem só um em três quesitos.
Produtos locais, por outro lado, podem fortalecer a economia local, respeitar o ambiente e as pessoas que consome e produzem o produto. Podem, mas isso não é 100% verdade. Entretanto, é mais fácil fiscalizar e exigir das instituições e dos governantes quando estamos perto do que está acontecendo. Estar longe só traz um sentimento de passividade da maioria da população. No Brasil, é o que vemos na Amazônia e em Brasília.
Prós e contras da globalização, David Held e Anthony McGrew, 2001 é da Editora Jorge Zahar e foi uma cortesia para este blog.
Deu merda!
Piada por piada – lavar salada, tirar fantasia do blue man group, fazer xixi na chuva – uma outra piada mostra que, fazer piada (piada, piada, piada) para falar de assunto sério não necessariamente funciona. É, SOS Mata Atlântica… deu merda. (e nem vem falar que essa é de mau cheiro gosto e a primeira não, que não vai colar comigo!)
Blog Faça cocô no banho – Agache-se e abrace essa causa.
Me lembrou muito a chacota feita à neutralização de carbono pelo site “neutralização de traições“. Vale a pena ver.
Pena, que nenhum dos dois fui eu quem fiz… (não! não o xixi ou o coco, nenhum dos dois sites/blogs)
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Vi no G1
Pegada 25: Enquete – o que você achou desse vídeo?
Free Blog Poll
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Via: Felipe Epaminondas
Pegada 24 – Eu tenho uma dúvida!
Então… complementando o post abaixo, me ocorreu mais uma coisa!
Se 75% das pessoas já desbebem no banho, que raios de economia vai ser essa?
Durante o banho, lavar a salada antes ou depois da calcinha?
Devemos à Índia e ao Paquistão gratidão eterna pela inveção do que para mim é o principal artefato dos banheiros urbanos da atualidade: o vaso sanitário. Claro… não como o conhecemos atualmente, mas, lá pelos idos de 2.500 a.C., latrinas ligadas a um sistema de corrente de água podiam ser usadas, desde que as pessoas estivessem de cócoras.
Coube aos egípcios o aprimoramento do sistema – a partir de 2.100 a.C, já se podia descomer sentado! Uma perfeição que só foi ultrapassada mil anos depois, quando o sistema sentar + dar descarga foi aprimorada pelos povos do oriente.
No Ocidente? Pasmem… no Ocidente a coisa desandou. Gregos e troianos se entendiam pelo menos em uma coisa: descomer ao ar livre. Já os para os romanos, que deviam mesmo gostar de mostrar suas obras, tudo era feito em grandes banheiros públicos – que também serviam de local para promoção de banquetes e debates! Sensacional! Em Roma, o sistema era bem parecido com o usado no Egito: sentado com fluxos de água para levar tudo embora. Pena que com a queda do Império Romano, os grandes debates e banquetes foram se extinguindo, assim como o uso coletivo do banheiro.
A popularização do vaso sanitário Europa afora só seu deu em 1668, a partir da França, quando um decreto determinou que deveria existir pelo menos um banheiro em cada casa. Em 1778, o inglês Joseph Bramah criou um vaso sanitário acoplado a uma descarga hídrica, que por muitos anos ficaria restrito à alguns usos.
Mas o que isso tem a ver com calcinha e salada? Bom, todo mundo sabe que esse negócio de descomer e desbeber em qualquer lugar pode ocasionar doenças – no caso do desbeber não pelo conteúdo em si, mas, assim como o descomer, pelos seres vivos que ele pode atrair – e, inclusive, seres vivos causadores de doenças.
A última campanha do S.O.S. Mata Atlântica sobre economia de água é uma loucura! Para economizar água vamos fazer o quê? Deixar de lavar o carro com tanta frequência? Trocar a válvula hidra do vaso sanitário por um sistema inteligente de dois volumes? Diminuir o tempo do banho? Recolher água da chuva? Não lavar a calçada? Fechar a torneira para escovar os dentes, lavar os cabelos ou ensaboar a louça? Aproveitar a água da máquina de lavar para lavar o quintal? Não!!!!
A bola da vez é FAZER XIXI NO BANHO (porque, aparentemente, é uma ação que todos podem fazer)! Óbvio, segundo o site, no começo do banho, senão fica cheiro, né? Resta saber como ficam os respingos nos azulejos! E o mal cheiro no ralo? Meu banho é ultra rápido – geralmente desligo o chuveiro para me ensaboar e para lavar o cabelo – não vai dar pra diminuir o cheiro!
Fora isso, segundo o gráfico apresentado acima, é possível economizar água no banho lavando roupa íntima e salada. Salada? Como assim, Bial? Antes ou depois da calcinha?
Mas, não paramos por aí! Apesar da aparente perfeição técnica dos criadores e diretores Eduardo Lima, João Linneu, Fabio Fernandes, Henrique Lima, Julio Zukerman e Fábio Simões (comentado nos mais conceituados blogs de publicidade – aqui e aqui), aparentemente é razoável fazer xixi na chuva (na fazenda, ou numa casinha de sapê também?) e embaixo de árvores (e viva a cultura greco-romana!) – como pode ser visto no gráfico abaixo (se bem que não peguei a ideia de como fazer xixi na chuva gasta água (será que devemos pedir pra São Pedro fazer parar de chover naqueles minutinhos fatídicos?):
Deixo a bola pra vocês… mas quando eu acho que tem gente que deveria parar de ajudar o planeta, é dessas e outras que eu me refiro. Só espero que ninguém saia por aí sugerindo que voltemos às fossas sépticas – lá não se gasta nem uma gota de água!
Fazer xixi no banho? Tô fora!
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Informações históricas: Fernando Dannemann
Mais sobre o tema: De repente
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UPDATE
No orkut, tem mais discussão sobre esse post rolando na comunidadePediatria radical.
Uma semana luminosa no ScienceBlogs Brasil
Semana que vem será uma semana iluminada e luminosa no ScienceBlogs Brasil.
Os blogueiros prometem tentar escrever sobre mil temas relacionados a LUZ, desde fenômenos ópticos, economia de energia elétrica, usos da luz nos mais diversos campos do conhecimento científico, e muito mais!
Os sciblings querem convidar você para participar desse papo cheio de energia e esperam ansiosos as mais diversas contribuições!
Quer participar? Faça um post e deixe seu comentário no Raio-X!
Preparem a ajuda humanitária para Santa Catarina
Certa manhã dessas, ao conversar com meu amigo matutino de twitter, o @penachiando, leio uma notícia minimamente intrigante:
Pensei com meus botões: Oh, raios! Que história é essa de ditadura ambiental?
Alguns twitts depois:
Como assim, Bial?
Em resumo. A câmara legislativa de Santa Catarina aprovou uma lei ambiental que obriga propriedades rurais catarinenses acima de 50 hectares manterem 10 metros de mata ciliar ao longo de rios e córregos. Ocorre que o Código Florestal federal exige a manutenção de 30 metros ao longo dos mesmos rios e córregos.
Definitivamente preciso de um jurista para me explicar se é possível que uma lei estadual sobreponha-se dessa maneira a uma lei federal, mas fato é que esse anúncio causou tal rebuliço entre o Ministro do Meio Ambiente e o governo de Santa Catarina que até houve ameaça de botar a polícia defendendo os pobres agricutores barriga verdes.
Só tenho uma coisa a dizer sobre essa história: O povo tem memória curta. E os governantes não devem ter memória nenhuma! Será que vai ter ajuda humanitária para Santa Catarina na próxima enchente?
Foto publicada no blog Alles Blau
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Saiba mais:
Lei ambiental estadual causa conflito entre SC e Minc
Mata Ciliar x Código ambiental de Santa Catarina
Código ambiental de SC será questionado na ONU
A política energética brasileira
Flickr by ChromaticOrb under the Creative Commons
Há algumas semanas, entrei em uma discussão com o Luiz Bento, vizinho de Science Blogs, autor do Discutindo Ecologia, sobre a real necessidade de produzirmos energia a partir de termelétricas movidas a combustíveis fósseis.
O Luiz tinha acabado de assistir a uma reunião do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, que aconteceu no Centro de Tecnologia da UFRJ. Nela, o Ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc ao revisar o inventário brasileiro de emissão de gases do efeito estufa, mencionava a previsão da construção de 81 novas termelétricas no país até 2017.
Ao meu ver (pessoal e intransferível), um país com uma previsão destas caminha na contramão da história e adota uma política pública burra, atrasada e parece completamente indiferente e alienado às previsões catastróficas levantadas pelos relatórios do IPCC e os acordos da convenção das partes em relação as possíveis consequências do aquecimento global.
Mas, claro, o Ministro Carlos Minc explicou a situação, justificando que, longe de burrice, a construção de termelétricas invés de geradores de energia renovável (eólica, hidrelétrica, solar, biomassa, etc) deve-se ao “nó” dado em licenciamento de novas usinas hidrelétricas. Um suposto problema de falta de energia deveria, então, ser resolvido com a construção de outras formas geradoras de energia, e, se não nos resta opção de energia limpa (não? e eólica, solar, biomassa?) a solução mesmo seria construir termelétricas a carvão ou a óleo combustível.
O problema não pára por aí. Além de menosprezar as outras formas de obtenção de energia limpa, dizendo que são caras e inconstantes (são mesmo? e além disso são menos poluidoras) o Ministro Carlos Minc joga a culpa pela não obtenção de licenciamento de hidrelétricas nos ambientalistas (ele, inclusive?), e os chama de eco-hipócritas e eco-demagogos (ele, inclusive?).
Devo admitir que fiquei bestificada com essas colocações, até porque via no Ministro Carlos Minc um cidadão preocupado com os destinos ambientais do país, um ambientalista e um ativista.
Fiquei, por um momento tentada a buscar n informações sobre usinas de energia limpa, comparar dados, construir planilhas. Isso, obviamente, me consumiria um tempo que não tenho, então desistir da tentação foi relativamente fácil. Mas fiquei extremamente grata ao colunista da CBN Sérgio Abranches por uma de suas colocações, a Senadora Marina Silva e, posteriormente, ao professor José Goldemberg, especialista em energia da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.
A senadora Marina Silva (PT-AC), em palestra na USP, organizada pelo IEA, levantou uma excelente questão: os ambientalistas sempre poderão ser considerados bodes expiatórios para todos os problemas ambientais do país.
Até porque, imagino eu, os ambientalistas são um grupo tão cheio que podem ser unidos em um único grupo assim como podemos unir algas em um mesmo grupo taxonômico, ou unir políticos sob um mesmo ideal. Marina Silva também trouxe um número importante: disse ela que 45,4% da matriz energética brasileira é limpa (Fonte: Ministério de Minas e Energia, 2008).
Sérgio Abranches dizia que
[…] para reduzir a margem de rentabilidade das eólicas, das usinas a vento, porque tem um custo de manutenção muito baixo então o custo benefício delas é muito favorável, eles fizeram uma manipulação no cálculo do custo benefício que permite avaliar as empresas na hora dos leilões, que teve como consequência premiar as termelétricas a carvao e viabilizar as termelétricas a óleo diesel que são as mais caras e as piores que tem […]. Houve um erro grosseiro da política de energia do governo, que o governo não quer reconhecer, não quer voltar atras, e aí diz que são os ambientalistas.
[…] Nós estamos na contramão do mundo, o mundo tá erradicando, tá tentando erradicar o uso de carvão, tá tentando trocar as termelétricas por energia renovável, nós temos um enorme potencial de energia renovável e estamos aumentando a participação dos combustíveis fósseis, do carvão e do óleo diesel e […] bloqueando o uso das energias renováveis no Brasil […]. Isso não tem nada a ver com ambientalismo tem a ver com uma péssima política de energia que está na contramão do mundo.
Ouça:
O IBAMA pretende reduzir o impacto ambiental causado por usinas termelétricas movidas a carvão e óleo diesel. As usinas terão que prever o plantio de árvores para absorver pelo menos 1/3 dos gases causadores do efeito estufa [maldita neutralização de carbono]. Os outros terão de ser mitigados no investimento em produção de energias renováveis.
Ao ser perguntado sobre a construção das usinas térmicas, o professor José Goldemberg pôs em cheque o real déficit de energia no país.
[…] o Brasil, que sempre teve sua matriz energética limpa, está expandindo sua matriz não na direção correta, construindo mais hidrelétricas, mas construindo térmicas, né? Isso tem provocado críticas tremendas e o Ministério de Minas e Energia se defendia dizendo que a culpa era do Ministério de Meio Ambiente, viu? E agora então veio o troco do Ministério do Meio Ambiente, né? Eu acho que é um remendo, viu? Quer dizer, a solução mesmo é mexer na política energética de modo que se construa usinas hidrelétricas ou usinas que usem energia dos ventos ou energia fotovoltáica. […] 1/3 de plantio de árvores não é suficiente mas ainda é bastante, viu? Vai encarecer a energia, viu? […]
[…] esse argumento desses defensores de energia usando carvão e diesel estão completamente equivocas, no momento não há perigo nenhum de racionamento, choveu à beça no ano passado e no começo desse ano. Essa é uma situação que ocorria a dois, três anos atrás, não há urgência nenhuma, viu? O que há é que o Ministério de Minas e energia entrou na direção errada, viu? E se o problema e de mais urgência porque não fazer parques eólicos no Norte do país? […] Maranhão, Piauí […]
Eu acho que o governo entrou numa direção errada, o Ministério do Meio Ambiente demorou para atuar, finalmente atuou, ótimo. Provavelmente as medidas deles são insuficientes. O que precisava é rever o processo de licienciamento de usinas de modo que as usinas que efetivamente são adequadas são licenciadas rapidamente.
Ouça:
UFA! Fiquei bem mais tranquila em perceber que minhas observações não estavam assim tão erradas. Também fiquei tranquila em saber que especialistas no assunto tocaram em pontos que eu imaginava corretos. Pena que o governo insiste em andar para trás. ACORDA GOVERNO!
Bem-vindos sciblings!
Dou boas vindas ao novo blog do Science Blogs Brasil!
Ciência e Ideias, de Maria Guimarães e João Alexandrino.
Informação científica de qualidade na medida certa. Jornalismo científico de primeira. Notícias quentes e populares. Tem que ir lá olhar!
Pegada 23 – Sustentabilidade
Acabei de voltar de um banco. Uma das propagandas dizia:
SUSTENTABILIDADE É QUANDO VOCÊ INVESTE NO FUTURO DO PLANETA E NO SEU
Eu não poderia discordar mais. Enquanto as pessoas acharem que ser sustetável é cuidar do SEU futuro, teremos aquelas discussões extremamente basais e infrutíferas como: “Por que reduzir o MEU consumo de carne se MEU vizinho não reduz?”, ou “Por que usar um carro 1.0 flex se EU tenho dinheiro para comprar um 4×4 para andar na cidade?” ou “Vamos cuidar da crise econômica e ambiental do NOSSO país!”, ou ainda “O Brasil vai lutar para ganhar créditos de carbono por manter SUAS florestas mas não vai deixar de emitir gases do efeito estufa pois SUA responsabilidade histórica em relação ao aquecimento global é baixa e NÓS temos que crescer economcamente”.
Enquanto sustentabilidade não for uma preocupação com o que deixaremos para as gerações futuras, estaremos em um caminho paliativo e infrutífero (pelo menos para a maioria da população).