Você é capaz de agir?
Há ações e ações. Quando elas partem do povo, e não de uma categoria só, as ações tendem a ser muito, muito fortes. Por que? Porque quando partem do povo, no fim, essas ações estão sendo representadas por todos os segmentos, todas as categorias, todos os gêneros, classes sociais.
Mas que assunto é esse??? O assunto veio porque acabei de receber um e-mail/convite da ONG na qual eu trabalhei enquanto estava em Cambridge (a Cambridge Carbon Footprint) para participar de uma ação, que ainda é segredo de Estado, que vai acontecer na Inglaterra na primeira semana de dezembro. Não vai ser nada absurdo, não vai custar milhões de libras, não vai exigir infra-estrutura, nem grandes aglomerações e eu vou poder ajudar bem daqui de casa.
Serão apenas ações pessoais, que serão feitas por pessoas como eu, você, ou o maquinista do trem que eu pego todos os dias, obviamente sobre mudanças climáticas (por isso que eu tenho que falar sobre isso).
O objetivo? Fazer barulho em silêncio.Todo mundo fazendo ações pessoais em casa, na escola, no trabalho, na rua onde mora. Será que um dia conseguiremos tal coisa? Mal posso esperar para a blogagem coletiva que a Sam Shiraishi está organizando, imagina se fosse uma mega ação, que partisse de todos, não só da blogosfera?
Como a esperança é a última que morre, vou fazer um convite parecido com a que a Cambridge Carbon Footprint fez para mim. Faça uma ação pessoal e registre. Vale plantar uma árvore, fazer um passeio e recolher o lixo do caminho, denunciar uma empresa que age sem sustentabilidade, parabenizar uma que age sustentavelmente, andar um dia da semana de transporte público, comer só produtos locais e orgânicos por um dia, escrever uma coluna para um jornal de grande ou pequena circulação sobre o tema, etc.).
Essa ação deve ser realizada entre os dias 1 e 7 de dezembro. Poderíamos juntar todos os posts e registros aqui no Rastro de Carbono. Que tal? Alguém topa? Alguém copia?
Pegada 9 – A pergunta que não quer calar
Todos os dias eu passo em frente à um estabelecimento que aluga espaço para eventos.
E, praticamente todos os dias, eles estão lavando a FACHADA e a CALÇADA, gastando energia elétrica e muita, mas muita água.
Hoje resolvi mandar um e-mail para eles. Mas, claro, tive que preencher um formulário, invés de mandar o e-mail diretamente.
Aí vai o e-mail que eu mandei. Espero uma resposta breve.
Bom dia,
Existe alguma razão real que os faça lavar a fachada e a calçada praticamente todos os dias, gastando água e energia elétrica?
Obrigada,
PS.Obviamente os telefones são fictícios, mas o email não.
Plantas da época – novembro
Respeitar a sazonalidade das frutas, legumes e verduras é uma maneira de reduzir sua pegada de carbono e aproveitar o melhor sabor que as plantas têm a oferecer! Faça sua ação pessoal deste mês!
Inspirada pelo livro “O mundo é o que você come”, de Barbara Kingsolver, que eu ainda não acabei de ler, resolvi voltar com as dicas das plantas da época. Por que? Porque em comparação com as plantas fora de época, as de época consomem menos recursos para serem produzidos, o que reflete na sua pegada de carbono. E não só isso, mas as plantas da época tem mais sabor. Se produzidas localmente e orgânicas, então, aí sim tratam-se dos alimentos com menores pegadas de carbono que podemos encontrar.
Além disso, comer o que a estação fornece naturalmente ajuda a economizar dinheiro – já que a produção é maior e o preço de produção é mais baixo.
Para ajudar o consumidor a escolher os produtos da estação, o CEASA-CAMPINAS tem tabelas mostrando exatamente quais os vegetais de cada estação.
Para facilitar, os alimentos de novembro são: abacaxi, ameixa, banana, coco verde, goiaba, mamão, melancia, nectarina, pêssego, abóbora, berinjela, jiló, pimentão, beterraba, cenoura.
Acesse as tabelas clicando Aqui.
Não sabe o que fazer com isso? Aí vai uma dica:
Aubergine rolls (ou rolinhos de beringela)
Descasque 2 beringelas e corte fatias longitudinais de 0,5cm de espessura
Tempere com sal, pimenta e azeite de oliva.
Grelhe uma a uma até as fatias de berigela ficarem tenras.
Recheio:
150g de ricota
150g de mussarela fresca
noz moscada
2 ramos de cebolinha.
Misture tudo numa tigela
Molho:
50ml de azeite
450g de tomate cereja
1 alho bem picado
sal e pimenta a gosto
açúcar para controlar a acidez
Esquente o óleo e coloque os tomates cereja. Deixe-os cozinhando de 8-10 minutos. Tire do calor e acrescente o alho, o sal, a pimenta e o açúcar.
Modo de preparo:
Depois de grelhadas, estenda as fatias de beringela e coloque uma colher de sopa do recheio numa das extremidades e enrole. Deixe com o lado do feixo para baixo. Faça isso com todas e disponha numa forma para assar. Ponha o molho por cima. Asse até que o queijo derreta. Sirva com arroz.
Pegada 8 – Rompa o silêncio!
Iniciado em 23 de outubro, a mobilização “Rompa o silêncio!”, promovida pela UNICEF, busca colher assinaturas de pessoas que desejam contribuir para os esforços de combate à exploração sexual de meninos e meninas no Brasil. A campanha ainda tem como objetivo incentivar que as pessoas denunciem crimes de violação sexual.
Para participar, basta assinar o abaixo-assinado (clique na imagem). Ele será entregue III Congresso Mundial de Enfrentamento da Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes que deverá ocorrer entre os dias 25 e 28 de novembro, no Rio de Janeiro e deverá contar com a participação de delegados de 150 países.
Seja um multiplicador e divulgue essa ação. Saiba mais aqui.
Pegada 7 – Saiu a lista de indicados para o The BOBs
O The Best of Blogs é uma excelente maneira de conhecer blogs novos, já selecionadíssimos e merecedores do prêmio.
Eu já escolhi os meus. E você?
Redescobrindo livros
Meu trabalho me proporciona momentos muito agradáveis. A maioria da população acha trabalhar terrível, mas eu não tenho problemas com isso (quer dizer, tenho às vezes). Como o assunto é linguagem infantil, seja ela uma linguagem científica ou não, às vezes me ponho a ler livros infato-juvenis, que podem ser referência para algum tema, ou simplesmente para ver como os autores voltados para essa faixa etária constroem suas histórias de modo a alcançar o objetivo de se comunicar com os pequenos leitores.
Pois bem, o livro desse final de semana foi O menino do dedo verde. Tinha lido esse livro quando era criança, mas tudo o que me lembrava era que havia um menino com uma característica peculiar: se ele tocasse seu polegar em algo, lá nasceria uma planta.
Mas o livro é mais do que isso (eles sempre são). Há livros que precisam ser lidos várias vezes, pois o grau de maturidade do leitor o faz encontrar coisas que não foram encontradas antes. Livros tem idade certa para serem lidos. Se uma criança tenta ler Clarice Lispector, não vai entender nada, não vai gostar e talvez fique traumatizada para o resto da vida. Por outro lado, alguns livros infanto-juvenis, como O menino do dedo verde, tem mensagens pra você quando se é criança e depois, quando se é adulto também.
Talvez eu consiga despertar em você a vontade de ler livros de novo. Aproveitar aquela estante de livros empoeirados da casa da mãe e reutilizá-los, redescobrí-los. Trocá-los, vendê-los – livros não podem ficar parados.
Busque lá pelo seu O menino do dedo verde. No meu, descobri que, Maurice Druon, em 1957, já alertava que flores e natureza (essa, que tentamos desesperadamente proteger) podem ser mesmo a salvação da nossa Mirapólvora. Que as pessoas ficam mais felizes ao lado de plantas, estejam elas em presídios, em favelas, em guerras, nos centros urbanos, na nossa rua, ou em qualquer outro lugar. E enfim, busque em você um dedo verde e cultive plantas em casa. Descubra uma que se adapte ao seu ambiente (eu, por aqui, finalmente achei um lugar para a hortelã, mas o manjericão ainda não está feliz).
Boa jardinagem! De plantas e de livros.
Somos vítimas do nosso próprio preconceito
Discriminação de gênero, de raça, de crenças são tão agarrados em tantas sociedades, que, por vezes, assumem a falsa alcunha de “cultural”. E nessa “cultura” pessoas se cegam diante do óbvio. Todos praticamos e somos vítimas de prenconceito.
A população brasileira é composta de 53,7% de brancos, 38,4% de pardos, 6,2% de negros, 0,4% de amarelos e 0,4% de indígenas (Enciclopédia do Estudante: geografia do Brasil. São Paulo: Moderna, 2008). Mesmo assim, quantas pessoas de cada etnia você encontra em fotografias que ilustram nossos livros didáticos? Quantas pessoas de cada etnia compõe elecos de novelas, ocupam cargos públicos, têm empregos de alto salário? Quantos negros, índios e amarelos dividem com o seu filho as mesas da escola? A proporção se mantém quando consideramos acessos à internet por etnia?
O mesmo vale para as mulheres… Ah, as mulheres…
Fonte: IBGE, Censo Demográfico 1980, 1991 e 2000 e Contagem da População 1996.
As mulheres são maioria discreta na população brasileira. São pessoas que se unem a mim pelo gênero. Somos, depois dessa característica, tão diferentes! Temos acesso a informações diferentes, características físicas e personalidades diferentes, empregos diferentes, visões de mundo diferentes. E mesmo assim uma força descomunal nos une.
Entretanto, muitas de nós esquecemos essa força e dizemos “cultural”, ou “não percebi nada de errado”, ou ainda “coitado… não quis dizer isso”, ou “você está exagerando” e muitas outras desculpas que damos quando somos vítimas de preconceito. Às vezes é sutil, às vezes chega a doer.
Dói ter que responder em uma entrevista de emprego se você planeja ter filhos, quando isso não é da conta do seu empregador. Dói ter que deixar seu filho que só deve se alimentar do leite materno por seis meses porque você só tem quatro de licença maternidade. Também machuca (e essa dói mesmo) quando você ouve uma mulher dizer que não sente que as chances das mulheres mudaram depois que uma mulher de muita coragem resolveu queimar sutiãs em praça pública, buscando igualdade de gênero. Dói ter que se encontrar em clubes de “luluzinhas” para conseguir discutir aquilo que quero, pois não dá pra falar sobre filhos, moda, maquiagem, fotografia, casa, profissões onde há homens (aparentemente). Dói ser chamada de miss num concurso que avalia conteúdo em textos produzidos por mulheres.
Pior: dói mais ainda perceber que mulheres como eu, que tem mais similaridades comigo do que o fato de ser mulher pois têm acesso à internet, tiveram o imenso privilégio de estudar, têm empregos, renda, etc., não se darem conta que estão sendo vítimas de preconceito…
Pegada 6 – Clap, clap, clap!
E a salva de palmas vai para minha amiga Tanilda, que resolveu rodar alguns softwares de internet que consomem a noite toda de energia e banda larga somente uma vez por semana, para economizar energia!
Clap, clap, clap!
Pegada 5 – Urgente!
Estou à caça de instituições, cooperativas, grupos voluntários etc. que façam coleta de lixo reciclável em casas e condomínios.
Tenho dois problemas: 1) Um amigo quer promover a separação do lixo reciclável e orgânico no condomínio onde mora e quer contato de alguma instituição que o faça. 2) A instutição que coleta aqui no meu prédio só coleta latinhas de alumínio e papelão. Preciso de alguém que, ou colete tudo, ou colete o resto (plástico, outros papéis e outros metais).
Se alguém puder perguntar em seu próprio prédio quem faz a coleta, ficarei muito grata pelo contato. Talvez muitas outras pessoas estejam precisando. Vamos fazer uma lista de cooperativas e instituições para deixar isso público? Talvez consigamos fazer um mapa e separar por regiões e cidades.
Na Ciência: painéis solares
Os painéis solares disponíveis atualmente no mercado são caros e pouco eficientes. Mas estudos recentíssimos afirmam que é possível produzir células fotovoltáicas capazes de absorver todos os comprimentos de onda do espectro da luz visível.
O futuro parece promissor. Cientistas da The Ohio State University publicaram recentemente no PNAS o paper intitulado The remarkable influence of M2? to thienyl ? conjugation in oligothiophenes incorporating MM quadruple bonds do qual nem eu, nem Pharyngula entendemos nada (ainda bem, me senti meio mal no início!). Entretanto, algumas leituras depois e pudemos perceber que o paper trata de uma nova descoberta, que poderá fazer com que os painéis solares absorvam energia de um espectro de luz maior do que o espectro atual. Isso pode significar maior eficiência na captação de energia solar pelos painéis solares e transformação em corrente elétrica num futuro não muito distante (para os padrões das Ciências).
Entretanto, ainda é só uma pesquisa básica. Não se sabe ao certo como o material usado para os primeiros experimentos vão se comportar em ensaios mais longos. Também não foram feitos testes de viabilidade e escalabilidade, então não se tem idéia de se é possível nem quanto eles custariam se produzindo em escala.
Saiba mais:
New Solar Material Captures Entire Spectrum of the Rainbow Inhabitat
A step closer to efficient solar power? Pharyngula
New solar energy material captures every color of the rainbow Research news