Publicado
18 de dez de 2009
Esse, foi o Obama que convenceu milhões de norte americanos, convenceu líderes e povos do mundo, convenceu o comitê do Prêmio Nobel [Yes, we can!]
E esse foi o Obama que falou na COP-15 hoje de manhã:
Muitos comentários negativos ao discurso “sem sal” do Presidente Barack Obama surgiram no Twitter. Entretanto, o discurso segue a proposta para política externa norte-americana.
Pessoalmente, fiquei decepcionada. Esperava um discurso mais acalourado acalorado (tks Takata!), que levasse a galera ao delírio! Um discurso Yes, we can! Um discurso Let’s do it! Mas não… um discurso com as propostas já levadas anteriormente, um discurso que não empolgou outros chefes de Estado, delegações ou imprensa americana (que até onde fontes in loco informam, vaiaram o cara). Pra não perder as esperanças, espero que, mesmo não tendo empolgado, o discurso baste. Último dia de COP. Vamos ver o que vai acontecer agora.
Publicado
22 de abr de 2009
Charge disponível em: http://www.nature.com/nature/journal/v455/n7214/full/455737a.html
Hoje, 22 de abril, comemora-se o Dia da Terra. Para celebrar essa data, aproveitei uma pseudo-férias para ir à USP, assistir a um debate que promete analisar as negociações sobre mudanças climáticas, o que já foi feito, o que tem sido feito, o que será feito para as negociações internacionais e as perspectivas nacionais em políticas públicas.
Na chegada ao debate, no
IEA, já tive uma pequena disputa de trânsito com uma fulana que definitivamente não sabe dirigir, num Tucson. Está agora sentada ao meu lado. Espero que ela tenha grandes contribuições para dar sobre o tema, já que deve ser uma pessoa muito consciente sobre suas emissões pessoais de gases do efeito estufa.
Na mesa de discussões, apenas nomes de respeito: Sérgio Serra, Gylvan Meira, Adriano Santhiago, Paulo Artaxo, Tercio Ambrizzi, José Eli da Veiga e Wagner Costa Ribeiro. Em discussão, o encontro em
Copenhagen (COP-15), o mapa do caminho de Bali (COP-14) e os trilhos formados pelos grupos de trabalho
AWG-KP e
AWG-LCA, as
políticas públicas dos EUA, o
Protocolo de Kyoto e o segundo período de compromisso a ser assumido pós 2012,
G-20 e
UNFCCC, entre outros.
Resumo da ópera:
+ Há um grupo Ad Hoc discutindo o futuro do Protocolo de Kyoto (AWG-KP) e o segundo período de compromissos, que deverá ser firmado após 2012, quando expira o prazo para as reduções de emissões previstas pelo Protocolo.
+ Há um outro grupo Ad Hoc discutindo formas cooperativas de ação a longo prazo (AWG-LCA) para mitigar as emissões de GEEs.
+ Todos esperam uma definição dos EUA sobre as políticas em relação às mudanças climáticas, mesmo sem terem ratificado o protocolo de Kyoto. Uma política de
“cap and dividend”, será?
+ Há uma esperança de que o G-20 – que contempla o grupo dos países que deve ser responsável por cerca de 82% das emissões de gases do efeito estufa do mundo até 2015 – proponha medidas de mitigação dos gases do efeito estufa além dos objetivos da UNFCCC. [Minha opinião: não vai acontecer.]
+ Infelizmente, mitigação parece ser a ponta do tripé mais discutido entre os delegados da UNFCCC. Adaptação (o que faremos quando as consequências do aquecimento global começarem a ser sentidas?) e vulnerabilidade (quais as regiões mais vulneráveis aos efeitos do aquecimento global?) são os primos pobres dessa discussão.
+ No Brasil, há grandes discussões sobre REDD (Redução das Emissões de Desmatamento e Degradação ambiental), ou seja, uma política de incentivos para redução de emissões de gases do efeito estufa provenientes de desmatamento e degradação ambiental em países em desenvolvimento que fazem correta conservação, manejo sustentável e aumento dos estoques de CO2 em florestas. [Deve-se lembrar que o Brasil está planejando a adoção de uma matriz energética movida a combustíveis fósseis (termelétricas), aumentando a intensidade de carbono da economia, fragilizando nossas posições na UNFCCC].
Basicamente, enquanto os delegados dos mais de 192 países membros da UNFCCC discutem se querem trabalhar com um plano de mitigação, adaptação e vulnerabilidade com base em uma perspectiva de um aumento de 2 ou 4 graus Celsius, o Brasil insiste na política da responsabilidade histórica e os países do G-20 fingem que a crise ambiental merece menos atenção do que a crise econômica, o Planeta Terra esquenta, e a fulana do Tucson dirige por aí sem nenhuma responsabilidade por suas ações pessoais e o aquecimento global faz suas vítimas.
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adaptação, AWG-KP, AWG-LCA, Bali, cap and dividend, COP-15, Copenhagen, emissões de gases do efeito estufa, EUA, GEE, meio ambiente, mitigação, mudanças climáticas, Obama, políticas públicas, REDD, Tucson, UNFCCC, vulnerabilidade