O LHC quebrou!

Ando meio sem tempo e meio por fora, aí não sei se alguém já comentou, mas vou me arriscar por aqui.
O Grande Colisor de Hádrons vazou.
Mas nada de outra dimensão, apenas fluido resfriador.
Ele foi feito para funcionar a uma temperatura de 2 kelvin (ou duzentos e setenta e um graus centígrados negativos) e era resfriado por hélio líquido.
Um pouco de hélio vazou e a temperatura subiu para quentíssimos 4K (-269°C), o que é inaceitável para os prótons que correm ao redor do anel.
O dano é reparável, basta fechar o setor e deixar a temperatura ficar ambiente. Mas isso tem que ser feito devagar, para não haver um choque térmico potencialmente destruidor para os componentes envolvidos.
Isso levará seis semanas (a temperatura no tubo é realmente muito e os componentes muito sensíveis).
Depois disso, mais alguns meses para consertar e resfriar de novo.
No meio de ano que vem, voltaremos a ter medo de buracos negros instáveis e strangelets teóricos.
Por enquanto, estamos a salvo da Caça às Bruxas e do pânico desnecessário.
Atualização instantânea:
Minha fonte primária conflite com a fonte do link acima no número de meses necessários para o reparo, mas isso não me diz respeito neste momento.
Depois eu ajeito.

Internet emburrifica as pessoas?

Eu ouvi/li (primeiro ouvi num dos milhares de podcasts que escuto semanalmente, depois li os artigos) um debate interessante sobre o uso da Internet e seus efeitos.
De um lado, o autor do artigo Is google making us stupid? (O google está nos deixando burros?), Nicholas Carr, argumenta que nossa atenção (e capacidade de concentração) está diminuindo, pois estamos sendo constantemente bombardeados por links para clicar, por outras páginas abrindo, muita informação em pouco tempo e também uma facilidade enorme em obter qualquer informação num piscar de olhos (Quantas e quais línguas o rei Juan Carlos fala? Qual o maior números de pregadores de roupa que alguém colocou na cara? Qual a circunferência da Terra? E quem a mediu pela primeira vez?). Ou seja, não precisamos mais absorver fatos e dados, basta ter uma conexão com a Rede por perto e pronto, automaticamente sabemos de tudo!
No outro extremo da discussão, Jonathan Grudin, pesquisador de interação entre humanos e computadores da Microsoft, diz que a invenção dos livros foi criticada por Sócrates como sendo uma má idéia! De repente, uma tradição oral se perdeu; ninguém precisaria mais decorar centenas de milhares de versos ouvidos só uma vez nem todos dependeriam da memória alheia para obter informação.
Dali em diante bastava escrever e esperar que outrem lesse.
“Que tipo de futuro é esse? Será que gostaríamos de viver nele?”, perguntou Carr em algum momento da rusga, precipitando Grudin a proferir uma das melhores frases que ouvi recentemente: “Quem tem que gostar do futuro são as pessoas que viverão nele, não nós!”, e partiu para concluir que esse argumento foi usado (não lembro por quem) quando carros estavam começando a se tornar populares e que nenhum dos retrógrados moradores do século 18 continua vivo para continuar reclamando do futuro dos outros.
Nós gostamos e somos nós que vivemos aqui!
Minhas considerações estão depois deste pulo – clicái!

Esporos

Não, não vou falar sobre o jogo SPORE, porque eu quero ter mas não posso jogar (me falta tempo e condições físicas), portanto eu tento não pensar muito nisso.
Na verdade, o título deveria ser “Fungos e seus esporos“, mas além de difícil de repetir rapidamente três vezes e parecer nome de banda punk de pré-adolescente (e querer contabilizar na fama do jogo), o filé do artigo é sobre os esporos mesmo. Os fungos que os gera são os coadjuvantes.
Pesquisadores estudando fungos que crescem em rumas de fezes de herbívoros (ô vida boa…) descobriram que os bichinhos se desenvolvem por meio de esporos que devem ser devorados e redefecados.
Contudo, os animais necessários para esse estágio de desenvolvimento não gostam de pastar onde fazem suas necessidades (hummm) e se tornou preciso que os fungos dessem um jeito (eu estou falando como se todos os envolvidos fossem seres conscientes e tudo ocorresse em pouco tempo, mas é porque eu sou um cronista e suponho e espero que meu publico entenda de evolução, mas se não for o caso, leiam o lablogue de Marco).
Eis que surgiu a coisa biológica mais rápida (na verdade, a que tem maior aceleração) da qual se tem notícia. Os esporos.
As espécies estudadas atiram sua munição genética até cento e oitenta mil vezes a aceleração da gravidade (que equivale ao aumento de velocidade em dez metros por segundo a cada segundo que passa, perto de um prédio grande).
180.000 x 10m/s² = 1.800.000m/s² (um milhão e oitocentos mil; por extenso é mais fácil de entender números grandes).
Ou seja, no primeiro segundo, a velocidade é zero. No segundo seguinte (para não confundir ninguém dizendo “no segundo segundo”), a velocidade é 1800000 metros percorridos a cada segundo. Se mantida essa taxa, no próximo segundo, a velocidade seria três milhões e meio de metros percorridos em um só segundo!
Desde o começo isso já seria mais rápido que a velocidade da luz, o que não é possível.
Mas isso é a ACELERAÇÃO medida por segundo.
Como tudo ocorre em bem menos tempo, a velocidade não chega a ser tão impossível.
O fato ocorre em um milionésimo de segundo (1 sobre 1 milhão, ou um zero-vírgula seis zeros, ou 0,0000001), o que não é bem apropriado para os nossos olhos que devem se preocupar mais com coisas como dentes-de-sabre pulando bem mais devagar.
A conta, portanto, daria uma velocidade máxima de 1,8 metro por segundo (na página que eu indiquei mais acima eles chegam num total de 25, mas eu não vou discutir isso porque estou com preguiça, com fome e com uma dor no joelho que tá dobrado faz tempo e eu sei que na hora que eu desdobrar vai doer pior, o que me preocupa mais que o resultado dessa conta aí).
Câmeras daquelas que acompanham trajetória de balas ou balões de festa estourando rodam a mil quadros por segundo. Para estudar esses lançamentos foi preciso uma câmera que filmasse 250 mil quadros por segundos. Só isso.
Essa aceleração brutal se dá devido a um efeito chamado pressão osmótica que precisa ser monstruosa para que os microscópicos esporos consigam adquirir tal aceleração no ar, que para eles é denso como uma piscina de melaço seria para nós (comparativamente, é como se um humano estivesse se movendo cinco mil vezes mais rápido que o som dentro de mel de rapadura).
A distância alcançada é de mais ou menos dois metros e um pouquinho (essa última sentença é bastante vaga, eu sei, mas foi de propósito), o que aparenta ser suficientemente longe dos bolos de excrementos para os animais pastarem novamente e ingerirem os esporos, criando mais fungos nas próximas excreções (como eu disse antes, o lixo de um é o tesouro de outro).
Tem muita coisa boa no mundo.

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