Ao vivo do espaço
A NASA (Administração Nacional da Aeronáutica e do Espaço, em inglês) já tem um canal de TV há algum tempo, que funciona o dia todo, mostrando programas educativos e mostrando algumas coisas legais em tempo real, como o lançamento dos foguetes e consertos nas naves e blá blá blá…
Não comecei a escrever para falar da NTV, mas de uma câmera na Estação Espacial Internacional que virou webcam.
Eu gostaria de ter visto para acompanhar a movimentação da estação sobre a Terra, mas o computador que estou usando começou a suar, ficou esbaforido, com o rosto vermelho e segurando o braço esquerdo, aí eu achei melhor fechar a página, mas vocês podem acompanhar aqui toda a adrenalina que é ver, por um ângulo inédito, o mundo passar.
Literalmente.
Eu queria mesmo era tentar ver Antenor passando.
[dica do Atila, via Wired]
Candiru (ou “o peixe com o qual você não quer se familiarizar”)
Irei a todo custo evitar rimas neste artigo.
Na região amazônica, dois peixes fazem parte da pletora de pesadelos: a piranha e o candiru.
O primeiro é carnívoro predador, atraído por sangue e tem dentes bastante afiados, como mini-tubarões fluviais, enquanto o segundo é um parasita, atraído por uréia e tem um anzol na cabeça.
Unra!
As piranhas matam da maneira clássica, mascando a sua carne até que nada mais sobre a não ser ossos mais ou menos limpos e um cardume de peixes temporariamente satisfeitos.
O Candiru, por sua vez, mata de uma maneira inovadora: agonia.
Não o tipo de agonia que se sente quando Emílio Santiago rima “macho dengoso” com “tá delícia, tá gostoso”, mas algo um pouco maior.
Esse peixe, que é mais grosso do que deveria, se aloja na uretra dos incautos que se aliviam nas águas daquela região.
E por que esse bicho faz essa malvadeza tão grande?
Ele não faz, isso é um acidente. Nem de uretra ele gosta.
O Candiru é um parasita eventual e se liga a peixes para se alimentar de sangue (por alguns minutos por vez apenas). Esses peixes excretam amônia pelas guelras atraindo o pseudovampiro que se liga, usando o seu ferrão/arpão, a uma artéria e tem o sangue prontamente bombeado para dentro de si usando a pressão sanguínea do parasitado. Clever, ay?
Ele faz isso ao sentir o cheiro da amônia dissolvida, assim como as piranhas farejam o sangue e meu cachorro fareja medo (amônia é convertida em uréia nas pessoas e o cheiro deve ser semelhante, mas eu não saberia).
Quando eu disse que nem de uretra ele gosta foi com base no dado da ligação com a artéria. Ele não sabe chupar como um mosquito. Se não houver uma pressão positiva empurrando-lhe sangue goela abaixo, ele não tem como se alimentar. Logo a uretra humana é o prato de sopa para a cegonha.
Não conseguindo beber, o peixe relaxa e tenta sair, mas aí o dono do canal excretor já está correndo louco pela floresta, com seu apêndice seguramente acoplado entre as mãos e chorando.
Se essa imagem não o impedir de mijar na bacia amazônica, eu não sei o que impedirá.
(Faz sentido para mim (e talvez só para mim) que o peixe ache o alvo usando o olfato como os urubus o fazem.
Explico: urubus sentem cheiro de carniça enquanto estão voando numa certa direção. Se o cheiro aumentar, continuam em frente, se diminuir, dão meia-volta. Enquanto estão indo em frente, fazem uma curva para um lado e o processo se repete; se o cheiro aumentar, continuam praquele lado, se diminuir, voltam para o outro.
Eles vão fazendo isso, corrigindo a trajetória aos poucos até que, de repente, estão voando em círculos cada vez menores, sentindo que o cheiro está ali meio para a esquerda e que todos aqueles outros urubus voando na mesma área do mesmo jeito não podem estar errados.
Mas isso demora e ele precisa ser mais rápido. “Ele” que eu digo é o Candiru.
Uma ruma de carniça não vai se mover tão rápido tão cedo, mas o alvo do peixe é móvel e está engajado numa atividade curta e intercalada com vários momentos de não-excreção.)
E quanto à rima?
Por não enxergar muito bem, o peixe entra no primeiro buraco que encontra perto da fonte de uréia.
Às vezes o Candiru entra no buraco errado.
Quadrinhos
A triste verdade sobre os cientistas loucos.
Para mais quadrinhos semanalmente traduzidos (ou não), clique aqui ou visite meu outro blogue
Retirado do Cowbirds in Love.
Bem vindos a 2009
“No Brasil, o ano só começa depois do Carnaval.”
O meu principalmente, já que minhas férias são em janeiro, mas isso não pode (ou deve) ser adicionado ao repertório de informações pertinentes de qualquer leitor meu, pois isso só interessa ao meu agente de viagens e à minha chefe (o primeiro não sabe que eu escrevo e a segunda preferiria que eu não o fizesse).
Não sei quanto à veracidade da frase que abre este texto, mas se não é o ano que começa depois do Carnaval é a nossa invejável temporada de feriados:
Paixão de Cristo, Páscoa, Tiradentes, Dia do Trabalho, Dia das Mães, Corpus Christi, São João, São Pedro, Dia dos Pais, Dia da Independência, Finados, Proclamação da República, Padroeira do Brasil, do estado e do município, e Natal.
Alguns têm data fixa, mas outros são móveis.
Então, como saber que dia é cada um?
Simples!
Dia 21 de março marca o equinócio (de outono no sul, de primavera no norte), que é a ocasião quando o dia dura o mesmo que a noite.
Depois desse dia, entre 22 de março e 25 de abril, uma lua cheia agraciará o céu. O primeiro domingo depois dessa lua é a Páscoa!
Usando esse dado como base, temos:
Sexta-feira anterior = Sexta-Feira Santa;
Domingo anterior = Domingo de Ramos;
Quarenta dias antes disso = Quarta-Feira de Cinzas;
Sessenta dias depois do domingo de Páscoa = Corpus Christi.
Nosso ano, portanto, só começa quarenta e seis dias antes do primeiro domingo depois da primeira lua cheia após a primeira noite do ano com exatamente doze horas.
Feliz 2009!
Adivinhação
O Google está aperfeiçoando uma nova ferramenta, que possibilita colher informações dos visitantes e eu me ofereci para a fase inicial de testes.
O texto destacado logo abaixo deve mostrar, se funcionar direito, um perfil psicológico do visitante, baseado nas informações colhidas por tal ferramenta através do IP de cada um, após análise dos hábitos de navegação (as páginas recentemente acessadas, datas de aniversário registradas em msn, orkut, etc.).
Cada quadro é diferente para cada pessoa.
Funcionou para mim, espero que funcione para vocês.
Leiam e se impressionem!
Você sente necessidade de que outras pessoas gostem de si e o admirem, e ainda assim tende a ser crítico em relação a si mesmo. Embora tenha algumas fraquezas de personalidade, geralmente é capaz de compensá-las. Você tem uma considerável capacidade não utilizada, que ainda não usou a seu favor. Disciplinado e com auto-controle por fora, tende a ser preocupado e inseguro no íntimo. Às vezes tem sérias dúvidas sobre se tomou a decisão correta ou fez a coisa certa. Prefere uma certa mudança e variedade, e fica insatisfeito quando é cercado por restrições e limitações. Também se orgulha de pensar de forma independente, e não aceita afirmações de outros sem provas satisfatórias. Mas descobriu que não é recomendável ser excessivamente sincero ao se revelar para outras pessoas. Às vezes é extrovertido, afável e sociável, embora às vezes seja introvertido, cauteloso e reservado. Algumas das suas aspirações tendem a ser irrealistas.
E aí, deu certo?
Estatisticamente, sim. Porque psicologicamente, funciona.
Nada aí em cima é mutável, o Google não fica fuçando IP dos outros (não que eu saiba), o texto vai ser o mesmo independentemente (essa palavra tem mais “e” que “divisibildade” tem “i”) de quem o abra, onde quer que esteja.
Não gosto de mentir, desculpem!
Mas fiz isso para ilustrar o efeito Forer (<– cliquem no link e leiam; é grande mas vale a pena), ou validação subjetiva, fenômeno onde nosso cérebro absorve as informações que nos agradam e desconsidera as que não gostamos.
Mesmo que não seja verdade, eu gosto de pensar que sou uma pessoa forte, decidida e influente. E se outrem me diz isso, aí é que é bom mesmo!
Eu acho triste uma pessoa que precisa tentar justificar a própria personalidade, caráter e existência acreditando que não tem sorte na vida porque nasceu no ano do rato com ascendência em plutão e é escravo de libra com influência lunar na sétima casa da estrela dalva.
Por que não existe um calendário baseado num ciclo de onze anos, quando o Sol (através das chamadas erupções solares) lança milhões de toneladas de partículas altamente carregadas (raios cósmicos, raios-x, raios UV) pelo espaço e através do nosso mísero planetinha? Isso, visto de dentro da minha cabeça, exerceria uma influência muito maior que Plutão, que nem mais Planeta é (tadinho, eu gosto dele…).
Qual o mecanismo que faz todas as pessoas nascidas em fevereiro serem aventureiras e desinibidas?
Eu tenho um primo que faz aniversário no mesmo dia que eu e estudei na faculdade com dois sujeitos que também dividem aniversário comIgor.
Somos quatro pessoas de personalidades completamente diferentes.
E por qual razão o ano de nascimento influenciaria nas escolhas do indivíduo?
Será que todas as pessoas nascidas em um mesmo ano agirão da mesma forma?
Só acreditarei em astrologia se, um dia, EU responder a um questionário sobre a minha personalidade (dissertativamente, sem múltipla escolha para não influenciar o resultado), que será revisado pelos meus melhores amigos e dado o grau pelo meu segundo escalão de amizade e que, após isso, será mandado, por um mensageiro anônimo que nunca teve contato comigo, em um envelope selado e sem identificação para um astrólogo que não sabe nem tem como saber quem eu sou, que deverá informar o ano, mês, dia e hora em que eu nasci baseado apenas nas minhas respostas mais sinceras (revisadas pelo painel das pessoas que mais me conhecem) e não o contrário.
P.S.
Plutão,
Pouco me importa se sua órbita é exocêntrica e dividida com Charon, se vocês dois têm uma rotação travada, se formam um sistema binário, nem se sua órbita não foi totalmente limpa.
Você orbita ao redor do Sol e já é grande o suficiente para ter alcançado equilíbrio hidrostático.
Não importa o que digam, Plutão, para mim, você ainda é um Planeta!
Igor Santos
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Original.
Estou incomunicável, por isso estou reutilizando artigos antigos publicados automaticamente.
Só volto a ver asfalto e cimento dia 26.
Carnaval proibido
-Retirado do Jornal da Assembléia-
Correção política extremada ou simples perda de tempo?
Por Jorge Peixoto
Natal, 30 de janeiro de 2009.
O Deputado Estadual Luiz Almir Filgueiras Magalhães, na tarde de ontem, encaminhou Ofício à Assembléia Legislativa do Estado pedindo, em caráter urgente e extraordinário, o pedido de votação da medida 32.833/09, que aconselha maior prudência neste período de festas carnavalescas.
Mas a que custo? Segundo o texto da medida, o bloco tradicional da Redinha, Os Cão, ficaria proibido de sair este ano, ou pelo menos de manter a sua tradição de se cobrir com a abundante lama do mangue da praia da Redinha, pois os foliões “perturbam a paz e causam poluição visual nas ruas do bairro”.
Mas não pára por aí!
O Deputado quer também proibir, ou melhor, “regulamentar” os blocos de mela-mela do estado, quando diz que “tais blocos ofendem aos passantes, vítimas inocentes de uma cruel prática, deixando os cidadãos e o Patrimônio Público sujos, sem o consentimento das partes”. Segundo o texto do Ofício, os mela-melas só poderiam “circular em trechos de ruas públicas após consentimento do Governo do Estado, na forma da Secretaria de Transportes e Obras Públicas (STOP), da prefeitura do município e, caso haja, conselho de bairro por maioria de voto. Tais trechos serão fechados ao público comum, por não mais de uma (01) hora e serão determinados por Conselho Extraordinário, formado por parlamentares e assessores, apenas durante o evento, e todos os envolvidos nas celebrações devem assinar Termo de Compromisso (…) onde deixam explícito que participam por livre e espontânea vontade e que os impede de levar adiante processo civil ou penal contra outros partícipes.”
Resumindo, pra brincar num mela-mela, os organizadores precisam pedir permissão ao secretário de TRANSPORTE (?), ao prefeito e deve ganhar por maioria o voto do conselho de bairro. Depois disso só se pode brincar por no máximo uma hora num local determinado pelos vereadores e seus empregados e ainda todos devem assinar um papel dizendo que não se importam de se sujar em nome da folia.
Imagine o tamanho da papelada, o tempo perdido com burocracia e, mais importante, o ônus de tudo isso! Sim, porque nada aí seria de graça.
Mas seria isso um preço baixo a pagar pelo conforto de poder sair por aí sem o risco de ser atingido por maisena? Ou um mal necessário para que todos nós possamos ir comer a nossa ginga com tapioca sem termos a nossa paz perturbada e a nossa visão poluída por seres do mangue?
A minha opinião é de que isso é uma medida ridícula, um artifício para fazer número, adicionando, antes da próxima eleição, ao portfólio de Luiz Almir.
Se ele não gosta d’Os Cão ou de mela-mela (é fato público que ele gosta mesmo é de serestas), deixe nós, que gostamos, aproveitar o espetáculo, a farra e a brincadeira em paz e pare de gastar o nosso dinheiro e o tempo da Assembléia com medidas inúteis e descabidas!
O e-mail do Deputado é luizalmir@al.rn.gov.br
Deixo-o ouvir a sua opinião!
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Agora, se eu, Igor Santos, não dissesse que não existe Jornal da Assembléia nem Jorge Peixoto, que isso aí é mentira e foi inventado por mim no dia 30 de janeiro (do ano passado) como uma brincadeira (visando estimular o pensamento crítico de alguns colegas meus), quantos acreditariam na minha palavra virtual?
Cuidado com a informação que vocês recebem, não acreditem em tudo o que lêem. Dados sem corroboração não valem de nada, por mais que pareçam fazer sentido ou sejam agradáveis e concordem com nossos pontos de vista.
E, baseado na minha experiência, se passou na TV é mentira.
Podem acreditar em mim!
Publicado originalmente aqui.
Mais uma semana
Em retrospecto, eu me precipitei (aparentemente, trocadilhos de siglas usando certas áreas de estudo da vida como alvo da piada não são vistos com bons olhos) e devo fingir que nada aconteceu.
Mas eu sou daquele que quando derruba o copo automaticamente cruza os braços nas costas, olha para o teto e assobia de improviso o mais alto possível, tentando parecer inocente mas apenas aumentando a visibilidade do acidente e a obviedade da culpa.
Acho que a partir de amanhã vou publicar uns contos que ando escrevendo.
Mas não confiem no que eu digo. Eu sei que eu não confio.
E, finalizando, uma frase que resume a minha situação corrente:
“Ninguém é um cientista como Howard.”
-L. Hofstadter, Ph.D-
Hoje o mundo acaba
Não é bem assim, na verdade. Quando eu digo “mundo”, quero dizer “Lablogatórios”.
Hoje é o último dia deste portal incrível de informação científica e, a partir de depois-de-hoje (não sei se é amanhã ou segunda-feira) ele se acabará.
O que também não é literalmente verdade, pois quando eu me refiro a “acabar”, estou de fato tentando me expressar de maneira que se faça entender que quero dizer “mudar”. Nós estamos de mudança, como eu disse dia desses. Vamos virar Science Blogs Brasil, ou SBB (o que poderia também significar Sociedade Brasileira de Biologia, mas isso é um assunto interno e vocês têm nada que se meter com isso).
Voltando ao título, o “hoje” estava certo.
A partir do final do expediente bancário de hoje nós não mais atualizaremos nossos blogues até que o nome, o formato, as fontes e o endereço mudem. Uma forma de protesto, uma espécie de desobediência civil.
Se vocês achavam que eu estava me referindo ao fato de hoje ser uma sexta-feira 13, odeio desapontá-los.
Mas a vida é assim mesmo, se acostumem…
Mais spam
Como já foi sugerido que tentar desmistificar boatos acaba ajudando a reforçá-los por aumentar sua exposição, eu não vou me dar ao trabalho de rebater uma por uma as alegações do último absurdo que chegou a mim ontem via email.
Mas eu também não sei ficar quieto.
Clique aqui para ler o resto (atenção: contém material impróprio para quem está com pressa)
Mais uma mudança
Daqui para o fim deste mês eu estarei escrevendo em um novo blogue, no Science Blogs Brasil.
Todos nós do Lablogatórios vamos nos juntar ao maior portal de blogues científicos da Internet mundial, numa tentativa de espalhar Ciências mais bem espalhado.
Seremos os primeiros a escrever em português por lá, mas também teremos alguns artigos nossos traduzidos.
Esse é apenas mais um passo na minha jornada até a dominação mundial, que deverá se realizar em breve, com a mudança de nome de uma famosa página de buscas para googlIgor.com e com a conquista de um meio de comunicação que passará a ser denominado “televisIgor”.
Mas sério, o Science Blogs é importante e passar a escrever lá será uma honra imensa (como se já não bastasse estar acompanhado de pessoas tão fabulosas aqui no lablogs).
Louros cabem nas cabeças de Atila e Carlos que estão fazendo tudo isso.
Espero não desapontar.
=¦¤þ
p.s. quando eu for me mudar eu aviso para vocês atualizarem os links, RSS e afins.