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Tuitando no Roda Viva

Hey, uma nota rápida. Segunda-feira (6), fui ao programa Roda Viva da TV Cultura como tuitera. Sérgio Gabrielli, que está deixando o cargo de presidente da Petrobras, era o entrevistado. Ele falou sobre vários temas polêmicos como o alto custo da gasolina no país e as comuns propagandas institucionais da empresa. Com relação ao meio ambiente, disse que a indústria automobilística não tem, no Brasil, tecnologia suficiente para evitar a poluição causada pelos veículos ao consumirem o combustível proveniente do petróleo. Sobre os vazamentos do ouro negro durante a exploração, afirmou que a empresa investe em tecnologia para evitar tragédias ambientais. Concorde ou discorde, o papo foi quente com direito a todos (entrevistados, apresentadores e perguntadores) falarem ao mesmo tempo e continuarem as discussões até nos intervalos (bastidores). Interessou? Veja o programa na íntegra aqui. Você também pode checar as melhores partes da conversa no meu perfil do Twitter.

 

Obs.: Na foto acima, seguro a charge que Caruso (esquerda) fez de nós – tuiteiros de plantão – durante o programa. Sou a de verde e a Amanda Wanderley, do podcast Decodificando, ao meu lado.

Feliz 2012!

Este é o primeiro post de dois mil e doze. Para começar o ano no Xis-xis escolho a foto da Pedra do Baú, formação rochosa localizada em São Bento do Sapucaí (SP), como ritual de passagem do blog. Depois de cerca de 15 anos, retornei a um dos meus lugares preferidos perto da famosa Campos do Jordão em um dos últimos dias de 2011 – quando fotografei a bela paisagem. Além da panorâmica, gosto de ambientes altos onde vejo como somos pequenos neste mundinho afora (solo, Terra, universo). É lá, na ponta do despenhadeiro, que respiro profundamente a força da natureza na qual estamos inseridos – um belo, e que belo, clichê.

Sem deixar a pieguice de lado, desejo para você em 2012 o mesmo que para mim: a cada dia tentar ser uma pessoa melhor. Se estresse menos com qualquer problema que apareça, seja consciente de seus atos para escolher os melhores e curta cada momento a sós, com sua família, com seus amigos ou com seu namorado. Tudo isso sem pressa. Aproveite este ano bissexto, a sexta-feira 13 que está por vir e o dia 21 de dezembro. Carpe diem. 

Feliz Ano Novo com uma única meta!

Era comum fazer aquelas exploradas listas de metas para o Ano Novo. Para 2012, nada disso. Quero deixar uma única mensagem intuitiva que há anos um amigo me aconselhou: “Faça o que sonha. Seja quem quer ser”. Parece óbvio, simples, bobo, autoajuda. Mas pare para pensar.

Quantas vezes você realmente realizou o que queria? Quantas vezes deixou um sonho por inúmeros listáveis – e muitas vezes fúteis – motivos? Quantas vezes não usou meras desculpas para justificar essa falta consigo? Valeu a pena?Sempre, quando tenho uma grande dúvida sobre qual caminho seguir ou um sonho que parece inalcançável, paro: “Qual a minha verdadeira vontade?” Faça esse exercício e veja que será mais feliz e deixará os que estão a sua volta mais contentes. Sério. Sua realização poderá estimular amigos, parentes, colegas, vizinhos, conhecidos.

Graças a esse meu amigo hoje, por exemplo, entre tantas coisas, ando de bicicleta. Era uma antiga vontade. Vários motivos, entre eles o bairro em que eu morava completamente pensado para carros, desestimulava minha locomoção sobre duas rodas. Atualmente, me atrevo – como desejei observando as pessoas em Paris, Barcelona e Amsterdã – a usar a bicicleta como meio de locomoção.

Estou no começo, mas pedalando no caminho rumo ao que sempre sonhei.

Com a cabeça nas nuvens

Adivinhe onde tirei esta foto? Na varanda da minha casa (suspiro). Aliás, a primeira coisa que faço ao chegar no apartamento é abrir a cortina – faça chuva ou sol, seja dia ou noite. Tenho necessidade desse respiro profundo: admirar a Serra da Cantareira, observar a mudança de tempo e do clima, ver a vida. Sinto que a maioria dos moradores de grandes centros urbanos, ou seja, mais da metade da população do país, perde essa relação com a natureza por vontade própria ou sem querer.

Por exemplo… Há alguns anos, seguia pelas estradas no interior do Mato Grosso do Sul rumo ao ocidente. Meu destino final era a cidade de Bonito. Lembro direitinho daquela paisagem como se fosse ontem: plantação rasteira de soja em ambos os lados, rodovia de mão dupla quase sem curvas que parecia infinita e, elevando os olhos um pouco acima do horizonte, o céu azul claro com nuvens salpicadas. Este era um espaço amplo, livre da interferência de extensas e unidas construções.

 

Minha tia compartilhou os seus pensamentos: “Nossa! Há quanto tempo não vejo um céu assim, infinito?” Ela – e todos nós naquele carro – ficou admirada. Mesmo morando no Rio de Janeiro, cidade que tem um lado (o do mar) com o horizonte de certa maneira livre, naquele momento sentiu e percebeu que falta o céu nos faz.

 

Eu vou perder a vista observável a partir da minha varanda – é verdade que ganharei outras condições como um parque e mais movimento de pessoas no espaço público. Por enquanto, sigo admirando o máximo possível os tons de azul que mudam a cada dia, as nuvens, as montanhas, a chuva, o sol, o clima, o tempo. É importante ter o pé no chão, mas jamais quero perder o meu céu.

Uma guirlanda ecológica de Natal

Gosto do Natal por passar momentos – bons, confusos, bagunçados, tudo junto ao mesmo tempo, sabe aquela situação bem família “trapo” e “buscapé”? – com meus parentes e meus amigos. Agora, decorar a casa para a data me pega, evito juntar badulaques. Como repete uma tia minha: “Menos é mais”.

Então, para que lotar o doce lar com as luzinhas que gastam energia teoricamente à toa (é um dilema me aproveitar de Itaipu)? Por que devo comprar um pinheiro de plástico que permanecerá mofando por um ano? Tem sentido adquirir um “de verdade” para depois jogá-lo no lixo ou plantá-lo em um lugar destinado à Mata Atlântica (pinheiros, generalizando, empobrecem o solo)? Ou juntar aquele bando de enfeitinhos que tomarão um espaço precioso no armário? Chega.

Este é o primeiro Natal com minha “casa própria”. Portanto, expus todas essas chatas – eu sei – filosofias ao meu marido que, por obséquio, acabou cedendo. Porém, há um tempinho lembrei que uma amiga jornalista contou certa vez que gostava de fazer guirlandas com rolhas de vinho como passatempo. Hum. Detalhe: vinhos que ela própria teria degustado. A sua autopropaganda típica – a moça é bem humorada – ficou gravada na minha memória. Dia desses fiz o pedido.

E eis que ela me presenteia com a ecoguirlanda da foto. Não ficou linda na minha varanda? Amei o presente. É de bom gosto, foi dado por um amigo e é ecológico – reutiliza materiais que iriam amontoar mais pilha no lixão. Além disso, todo o material utilizado para fazer o enfeite poderá ser reaproveitado no próximo ano. Minha guirlanda, sim, manifesta o espírito natalino.

 

Feliz Natal para você que comemora a data. Para quem não, tenha um maravilhoso dia como todos deveriam ser. Um beijo.

Baía de Guanabara contra águas e morros?

Este é um post no estilo: você sabia? Ao menos 15% da Baía de Guanabara, aquela coisa linda circundada por cidades como Rio de Janeiro e Niterói, foi aterrada desde a “descoberta” do Brasil. Uma famosa obra do tipo é o aterro onde está inserido o Parque do Flamengo – delicioso ficar pasmando nele admirando o Pão-de-Açúcar. Bom, apesar de sua beleza, qual o limite para tal ocupação? Há muitas “estórias” para refletirmos sobre as alterações feitas por nós na paisagem.

 

Segundo um pessoal da Fiocruz, localizada no bairro de Manguinhos, antigamente o mar chegava até a avenida Brasil (veja no mapa), umas das vias expressas mais importantes de entrada da Cidade Maravilhosa e que possui a péssima fama de ser perigosa devido aos tiroteios. Também já ouvi e li rumores de que praias como a do Botafogo e Copacabana sofreram com a interferência humana.

 

Talvez a história mais triste sobre aterros na Baía de Guanabara diz respeito ao Aeroporto Santos-Dumont. Existe um bairro, no centro do Rio, chamado Castelo que ainda hoje é conhecido por alguns como “Morro do Castelo”. O local era histórico. De acordo com notícias publicadas em jornais, foi nesse morro que os portugueses, em 1500 e bolinhas, se abrigaram após expulsarem os franceses da cidade (aliás, dizem que o “r” carioca é pronunciado puxado devido ao sotaque francês). Então, foi ali que a cidade se estabeleceu.

 

Assim, vários edifícios históricos foram construídos desde a época dos jesuítas e se mantiveram de pé até o começo de 1900 – entre eles, uma fortaleza que inspirou o nome dado ao morro. Até que, nos anos de 1920, o morro foi ladeira abaixo. Sob o pretexto de melhorar a circulação de ar na cidade para as comemorações do 1º Centenário da Independência do Brasil, o prefeito Carlos Sampaio mandou demolir o local.

 

Aquele montão de terra tirada de lá foi usado, entre outros, para aterrar a área do Aeroporto Santos-Dumont. E, assim, a história literalmente se encontrou demolida. Prédios históricos, acidente geográfico natural, residências, lembranças… ao chão – ou no fundo do mar. Valeu a pena? Como disse meu marido, “parece que as pessoas tentam insistentemente deixar o Rio de Janeiro feio, mas mesmo assim não conseguem”. Tomara.

 

Presente de um beija-flor

Óunnn! Contei por aqui que coloquei a flor brinco-de-princesa na varanda da minha casa para alimentar os beija-flores da cidade, lembra-se – clique aqui? Deu certo! Ah, que gracinha! Eu vi beija-flores por aqui umas quatro vezes – inclusive enfrentando as chuvonas de agora! Porém, eles são muito rápidos. Ainda não consegui tirar uma foto para postar aqui no blog.


Segundo o marido, eles veem na varanda pela manhã, cerca de 9h, e na hora do almoço, 13h. Ele já viu várias vezes. Quando os observei, foi lá pelas 17h. Estou encantada. Depois de visitar minha varanda, que fica no oitavo andar, ele vai até o 15º – fôlego – do prédio da frente! O vizinho colocou aqueles bebedouros de beija-flor. Depois, o bichinho segue seu rumo descendo rápido.

 

Eles são ariscos. Já vieram no brinco-de-princesa com gente na varanda. Mas, geralmente, apenas quando estamos de costas para a flor. Caso contrário, se estou de frente para a planta – como ontem – ele descansa no parapeito da varanda do prédio vizinho, dá uma piada – o canto deles é bem diferente de outros passarinhos como o sabiá – e voa para outro lugar.

 

Já as maritacas ainda não vieram… Ouço todo dia elas gritando do outro lado da rua e, até agora, nada. Vou colocar mamão para ver se dá certo e mudar o comedouro de lugar. Disseram que beija-flores são bravos, talvez estejam espantando as maritacas. Sei não, vamos ver.

 

A única coisa triste desta história toda são as pragas de plantas: os pulgões contra-atacaram. Maledetos. Novamente, eles estão sugando a roseira. E uma espécie de mosquinha branca encheu a brinco-de-princesa de berebinhas. Mesmo assim, ambas estão florindo. A brinco-de-princesa segue com flores, enquanto a roseira abriu dois dos botões – rosas estampadas neste post.

 

Mesmo com medo de, por tabela, fazer mal aos beija-flores e insetos gracinhas como borboletas, pulverizei inseticida na varanda toda – o óleo de Neem, inseticida natural, não deu conta. Tomara que salve minhas filhinhas. Enquanto isso, boa semana primaveril!

 

Como captar água doce em plena ilha

Existe um lugar paradisíaco indescritível chamado Cayo de Agua – sugestão: dê um Google Imagens. É fantástico tanto em cima da água (foto) quanto em baixo (veja o vídeo aqui, sim, sou a pessoa de blusa branca). Fica lá em Los Roques. Num desses bate-papos informais com os marinheiros do barco que nos levou à Cayo de Agua, descobri o porquê do nome. E, em outra conversa com a camareira da pousada, encontrei a “fonte” da água doce usada no arquipélago.

 

A curiosidade me move – andando por Cayo de Agua para explorar o local até pisei num daqueles espinhos de mato. Como já disse por aqui, antes de colocar o pé na estrada sempre dou uma pesquisada sobre o local. Quando fomos a Los Roques, não havia muita informação confiável na internet. Todas as minhas indagações fiz aos moradores. “Você é uma jornalista nata”, diz meu marido. Por onde passo busco conhecer as “estórias” locais. O barqueiro, por exemplo, disse que antigamente as pessoas retiravam em Cayo de Agua a água doce usada para sobreviver – rá, daí o nome.

 

Segundo o marinheiro, aquela é a única ilha que possui fonte de água doce – localizada atrás da duna ao fundo da foto. Ele também disse que ninguém sabe explicar sua proveniência, ou seja, como ela brota por lá, no meio do nada, no meio do mar. Mistério… Agora, e o trabalho que era pegar essa doce água?

 

A maioria dos moradores vive em Gran Roque, a ilha principal. Ela fica cerca de 1h30 de distância em lancha rápida de Cayo de Agua. Imagine você enchendo seu barquinho de baldinhos e atravessando o mar tendo que desviar de ilhas e bancos de areia, perderia ao menos metade do dia na jornada. Sem contar que, no meio do caminho, a doce água poderia se misturar com a do mar devido ao balanço das ondas. Uma tragédia.

 

A solução mais prática atualmente encontrada foi a dessalinização da água do mar: toda a água doce usada por todos provém dessa tecnologia. Claro que muitas vezes a água acaba na ilha – passamos por esse evento desagradável. Assim, é de se imaginar o chuveiro de lá completamente diferente do nosso, um pinga-pinga. Eles realmente sentem o que é viver sem esse bem essencial. Tanto que uma das primeiras recomendações, entre as recepções e as explicações, feitas para nós pela gerente da pousada foi: economize água.

 

Eles sabem a falta que a água faz.

Para ser um ecoturista decente

Da série especial de Weruska Goeking, sobre San Pedro do Atacama (Chile):

No Valle de La Luna estão as Três Marias. As pessoas que viviam na região e retiravam sal das minas acreditavam que as esculturas eram guardiãs do lugar. Hoje vemos apenas duas Marias e meia porque há cerca de dez anos um japonês tentou subir na escultura à esquerda para tirar uma foto. Como a formação rochosa é “recente”, aproximadamente mais de um milhão de anos, ela não aguentou e cedeu. Depois do acontecimento, de acordo com a guia local, quem ultrapassar a linha formada por pedras aos pés das Marias pode ser deportado.

Ao lado das Três Marias uma construção que até a década de 1970 serviu de abrigo para uma família que explorava sal nas minas locais. A cobertura feita de uma planta oca, parecida com mini bambus, é capaz de manter uma temperatura amena à sua sombra.

A ida à Duna Major reserva um pouco mais de aventura. O esforço para subir seus cerca de 100 metros é recompensado pela vista incrível ao chegar em seu topo, onde é possível enxergar a Cordilheira do Sal, o Vale da Morte e o Salar.

Ainda no início da subida ao topo da Duna Major, a vista surreal de rochas, areia e diversas montanhas nevadas ao fundo.

À frente, o caminho rochoso por onde é permitido subir a duna. Subir pela areia é vetado, já que as pegadas demoram de duas a três semanas para desaparecerem, variando conforme a incidência de ventos. No dia em que visitei três pessoas inadvertidamente deixaram suas pegadas. Uma pena. Um tipo de recordação que, definitivamente, a natureza não precisa.

Observação: Algumas “cavernas”  ao longo do Vale foram construídas pelo homem, quando ainda era permitida a exploração de sal no local.

Saiba mais sobre a participação no post Nem sempre onde há fumaça, há fogo.