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Uma viagem inesquecível

Olá! Fiquei fora por cerca de 20 dias. Por isso… Os últimos comentários entraram no ar apenas hoje. Aos poucos, o Xis-xis voltará completamente ao lugar. E com novidades nordestinas.
Estava de férias – se é que jornalista e blogueiro consegue essa proeza. Viajei pelo litoral de Alagoas e Pernambuco. Passei por praias, cidades, povoados e paisagens como: Maceió, Penedo, Piaçabuçu, foz do Rio São Francisco, São Miguel dos Milagres, Praia do Morro, Praia do Toque, Rio Tatuamunha, Porto de Pedras, Japaratinga, Maragogi, São Bento, Praia dos Carneiros, Porto de Galinhas, Pontal do Cupe, Praia de Muro Alto, Recife, Olinda e – a cereja do bolo – Fernando de Noronha.
Claro que, em todo o percurso, a curiosa xeretou os modos de viver, as especificidades das marés e dos ventos, os comportamentos e as curiosidades da fauna e da flora dos locais. Aos poucos, colocarei tudo aqui no blog.
É encantador ver tanta riqueza natural de perto. Principalmente, aquela derivada do mar e dos rios. Ao mesmo tempo, é triste perceber que tudo isso pode acabar em poucos anos devido à exploração de terras, de pessoas e do turismo depredatório. Falta muita educação ambiental, inclusive em Fernando de Noronha, geralmente, por parte daqueles que migram para esses lugares.
Bom, mas nesses dias que virão reviverei a viagem neste blog com um olhar ambiental e científico. Por vezes, crítico. O Brasil é muito belo. Convido para participar dessa caminhada.

Plástico oxibiodegradável talvez não seja uma boa ideia

Essa é para refletir. Os fabricantes de plástico oxibiodegradável dizem que a principal vantagem do produto é que ele se decompõe em 18 meses, sendo que a sacolinha plástica “clássica” demora no mínimo 100 anos. Até aí, lindo. Porém o que tenho discutido há tempos com muita gente do meio…
O diferencial do plástico oxibiodegradável é que ele se “esfarela” na decomposição. Por isso essa ação parece ser mais rápida. Bem, aí está o problema. Antes das bactérias e fungos mandarem a ver na decomposição, esses milhões de farelinhos já contaminaram a água, o solo e tudo mais.
E, se esse plástico for usado para a reciclagem… Estudos apontam que os produtos feitos com esse material duram menos. Já que a ideia é acelerar na decomposição. Eles podem quebrar mais facilmente, por exemplo. A solução parece ser, ao menos por enquanto, consumir menos plástico possível.

Gaste sua sola do tênis

Hoje, deixarei o carro estacionado. Vou aproveitar para circular a pé. Observar o cheiro, os sons e o gosto da cidade. Pasmar no cotidiano. De quando estive na Europa, uma das coisas que mais senti falta ao voltar ao Brasil foi caminhar pela cidade. Durante o dia, durante a noite… Sem medo e com transporte público para me levar para onde precisasse.
Bom, não é uma boa ideia numa terça-feira “comemorar” o Dia Mundial Sem Carro. Mas 22 de setembro foi eleito o dia em questão em 1998 1997. Cerca de 35 cidades da França participaram com passeios ciclísticos e outras atividades. A ideia foi espalhando, espalhando, até chegar no Brasil em 2001.
De acordo com o Instituto Akatu, uma pessoa que circula 10 km por dia de carro emite, por ano, 75 toneladas de CO2. Para ter uma ideia do montante, de acordo com o Prêmio Época de Mudanças Climáticas de 2008, a farmacêutica Roche no Brasil – uma empresa, não uma pessoa – emitiu 5.593 toneladas de CO2 em um ano.
Sei que, em cidades como São Paulo, as opções de transporte público são péssimas e escassas. Então, vamos usar este dia para protestar. Por um ar, um trânsito, uma qualidade de vida melhor. Para entrar na rede social sobre assunto, clique aqui. Para saber o que vai rolar de especial em São Paulo, veja aqui.

Eu acredito em ônibus híbrido

Dia desses, voltando de uma consulta ao médico, observei um ônibus circular mais barulhento que os outros. E também, diferente. “Que fechada a parte de trás do ônibus. Cadê o escapamento?”, pensei. A-há, era um ônibus híbrido. Ele funciona com hidrogênio, um gás que emite água no lugar do gás carbônico, e também com diesel.
Pena que não estava com minha máquina para tirar foto… Ele tem um design bem bacana. Bonito. Contemporâneo. Em uma descida, reparei que o escapamento fica no teto. Estranho, mas ao menos a fumaça não é jogada diretamente em cima dos pedestres e dos carros.
Eu voto nos ônibus elétricos e movidos a hidrogênio. Por mim, todos os “chamadores” de chuva deveriam ser substituídos – percebe quanta fumaça tóxica os ônibus emanam? O único detalhe é o barulho. Daria para melhorar? Ninguém merece uma cidade mais poluída sonoramente do que já é.
No dia seguinte, leio em dois caminhões, um de uma rede de roupas e outra de salgadinhos, “movido a biodiesel”. O biodiesel é um combustível que, no lugar do petróleo, utiliza como matéria-prima vegetais. Exemplo, a soja. Que feliz. Só espero que isso não estimule mais o desmatamento, que é o que está ocorrendo com o Cerrado…

Quanto o Brasil emite de gás carbônico?

Esses dias, precisava descobrir quanto o Brasil, o país inteiro, emana de gás carbônico equivalente (CO2e)* para fazer uma matéria sobre aquecimento global. Foi um sufoco. O Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) disponibiliza para quem quiser consultar esse e outros dados sobre o tema na internet. Mas a página estava fora do ar!
Sorte que conversei com um assessor de imprensa do MCT competente. Ele me passou o dado. Anote aí. O valor é… 1,3 bilhões de toneladas de CO2e por ano! Parece muito? Saiba que essa conta foi feita entre os anos de 1990 e 1994. O valor ainda não foi atualizado.
Atualmente, o Brasil é o quarto maior emissor de gases poluentes. Ele perde, na ordem, para a China, Estados Unidos e Indonésia. Mas jamais devemos esquecer que, antigamente, os países desenvolvidos eram os maiores poluidores devido à Revolução Industrial e outras ações. Uma boa parte das nossas emissões se deve às queimadas e ao desmatamento de florestas.
*Além do CO2, outros gases também colaboram para o aquecimento global como o metano. Só que, o metano retém 21 vezes mais calor na atmosfera do que o gás carbônico. Mas o gás carbônico é mais abundante. Daí, é feita uma conta que considera tudo isso e, enfim, chega-se a um valor chamado gás carbônico ou dióxido de carbono equivalente (CO2e). Minha colega do Rastro de Carbono escreveu um post completinho sobre CO2e, leia aqui.
Obs.: A foto tirei na trilha que leva à praia do Bonete, em Ubatuba.

Por que São Paulo alaga?

Terça-feira, 13:40h, dia 8. Saio da Zona Norte em direção ao Jaguaré. Para quem não conhece São Paulo, saiba que esse trajeto pela Marginal Tietê possui 11,5 km. Estava chovendo. De manhã, acordei com o barulho do aguaceiro. Até aí, ok. Após o agradável feriado de sol, banquinho e violão em um sítio, decido pegar a famosa marginal para ir trabalhar.
Quando cheguei na via e observei o rio que, apesar de imundo, adoro paquerá-lo… Ele estava na altura dos carros! Fiquei chocada e com medo. Compare a foto ao lado com a deste link. Olhava para o céu. Torcia para as nuvens se afastarem. No rádio, os locutores avisavam: a prefeitura está em estado de alerta. Evitem a Tietê.
Não sei quantos metros o rio subiu. Mais de dez? Além disso, ele corria rápido. Não fedia muito, acredito que por causa da chuva. A água deve ter desconcentrado a poluição. Enquanto motoristas de carros brigavam com caminhoneiros, motoqueiros passavam buzinando ao nosso lado, a chuva resolveu cair novamente.
Todos se viraram para o rio. Saí da pista da esquerda para a “esquerdinha” – ao lado da última. Vai que o Tietê continue subindo? De salto alto, me preparava para abandonar o navio, quer dizer, o carro. Quando, mais uma vez e de vez, o trânsito pára. Fiquei QUATRO horas “estacionada” na marginal. QUATRO horas!
Descobri que sou calma. Para passar o tempo, observava os motoristas e os passageiros entre a chuva conversar do lado de fora dos carros. Arrumava os dados do meu celular. Ouvia o desespero nas rádios. Foi assim que, duas horas depois, descobri o porquê do trânsito parado. A Marginal Pinheiros alagou.
A Tietê se encontra a Pinheiros após o Cebolão. Cebolão igual a um monte de viaduto passando para tudo quanto é lado formando uma espécie de cebola gigante. No final do viaduto, só carros grandes atravessavam a enchente. Nem caminhoneiros se arriscavam.
Perguntei para o guarda de trânsito, após um carro popular como o meu empacar no meio da água: “Meu carro passa?” “Basta não parar de acelerar”. Não tive nem coragem de trocar a marcha, como fiz outras vezes.
Esperei na margem do alagamento, com uma picape atrás de mim ansiosa para sua vez, todos os carros saírem da água. Menos o atolado, claro. Pisei fundo na primeira e fui com a marola passando a altura do carro! Aquela água marrom-clara. Consegui! Consegui! Fiquei eufórica até parar no outro trânsito, no da Marginal Pinheiros. E, logo em seguida, chegar para trabalhar.
Agora, respondendo resumidamente à pergunta do título. A umidade do Norte do país forma nuvens. Estas, com as correntes marítimas, são empurradas para o Sudeste e parte do Sul. Chegam aqui e caem em forma de chuva.
São Paulo é uma cidade cortada por muitos, mas muitos rios, riachos, córregos e tudo quanto era água. A Ladeira Porto Geral, ao lado da conhecida 25 de Março, se chama assim porque lá existia um porto.
Daí, as pessoas foram construindo casas em volta dos rios e afins. As ruas foram colocadas em torno deles ou em cima – isso mesmo – deles. Parte foi canalizado. Lagos foram cimentados. Margens foram encurtadas. Pântanos deram lugar a prédios de luxo.
Chove? Sim. E alaga. Agora, querem aumentar a Marginal Tietê. Fazer mais pistas. Impermeabilizar mais o solo. Li que só houve uma discussão pública sobre a reforma. O Ministério Público parou as obras. Não sou contra a “nova” Marginal. Mas, enquanto não respeitarmos a natureza, será ainda mais difícil nosso meio ambiente nos respeitar.

Destino ilegal de lixo supera 30 milhões de toneladas por ano

São resíduos como lixo doméstico, da limpeza pública em geral – varrição e limpeza de ruas – e industrial. A estimativa foi feita pela Associação Brasileira de Empresas de Tratamento de Resíduos (Abetre) – entidade que representa as empresas especializadas em tecnologias de proteção ambiental em resíduos sólidos.
São gerados aproximadamente 53 milhões de toneladas por ano de resíduos urbanos. Quanto é isso? Um milhão de toneladas equivale a um estádio do Maracanã, preenchido desde o gramado até a marquise superior.
Desse total, apenas 48% são destinados a aterros sanitários públicos (35%) e privados (13%), que tem as condições adequadas de proteção do solo, tratamento de chorume – aquele líquido que vaza do lixo -, gás e monitoramento. Do restante, cerca de 27 milhões de toneladas, 40% estão espalhados em lixões e em aterros controlados – nome dado aos lixões que foram parcialmente adequados, passando a adotar algumas medidas de mitigação, mas que não estão dentro do que exige a legislação ambiental. Aproximadamente, 12% sequer são coletados. Entenda aqui a diferença entre lixão e aterro.
O lixo hospitalar, que gera preocupação por seu caráter perigoso, está na mesma condição. A quantidade de resíduos de serviços de saúde coletada pelos municípios é de 209 mil toneladas por ano, porém 43% desse total é destinado a lixões ou a locais ignorados sem nenhum tipo de controle sanitário.
“A legislação enquadra a destinação inadequada como crime ambiental desde 1998, Lei. 9.605/98, Art. 54, par. 2º, inciso V. Mas ela tem persistido devido às deficiências de controle e fiscalização, além da tolerância representada por sucessivas renovações de Termos de Ajustamento de Conduta (TACs)”, diz Diógenes Del Bel, diretor-presidente da Abetre. “Enquanto não houver a definição de uma data-limite para fechamento dos lixões e aterros controlados, o problema vai persistir”, acredita.
Segundo levantamento da Abetre, mais de 320 dispositivos regulam o setor entre leis, decretos e resoluções federais ou estaduais, além de normas técnicas diversas. Pelo que vemos, não basta.

Papel reciclado feito com cocô de elefante

O título não é pegadinha. O site The Great Elephant Poo Poo Paper Company vende bloquinhos e cadernos feitos com cocô de elefante! Explico. O elefante é vegetariano. As plantas que ele come são ricas em fibras. No Brasil, usamos alternativas como fibra de coco ou de bananeira para criar papéis reciclados. Os donos do site foram mais criativos…
O elefante não digere toda a fibra que come. Assim, eles recolhem o cocô de elefantes em parques de conservação da Ásia. Usam técnica manual para extrair as fibras do cocô e fabricar o papel – acredito que seja do modo clássico, veja aqui. Depois de pronto, vendem o produto para a Ásia, América do Norte, Europa e Japão. Confira aqui a loja online também chamada de “pootique” – “poo”, em inglês, significa cocô. Pegou, pegou?
Os idealizadores afirmam que essa é uma maneira de, inclusive, preservar os mamíferos em questão. E gerar empregos.

Estudo para prevenir algas na Guarapiranga

“Descobri” um oásis em São Paulo. Nem parece a cidade. Tem água, muita água, um pouco ainda de fauna e flora preservada e esportes – claro – aquáticos. Fiquei encantada com a Represa Guarapiranga – em tupi-guarani significa “garça vermelha”.
A primeira vez que fui lá, este ano, fiquei com nojo daquela água azul meio marrom. Mesmo assim, pisei no lodo do fundo da represa para entrar em um veleiro. E rezei para não pegar uma pereba. Até agora nada apareceu…
A água é meio sujinha, sim, e existem invasões ilegais de terra. Mas para as pessoas lutarem contra ambos, creio que precisam conhecer o problema – e a beleza – de perto. Esses dias voltei lá. Para piorar a situação, notei que a água está repleta de algas!
Para cuidar desse mais um problema, a Sabesp disse que fechou uma parceria com a Universidade Federal de São Carlos (Ufscar). O contrato, de R$ 1, 15 milhão, tem validade de um ano. No acordo, caberá à Sabesp fornecer relatórios da qualidade da água da Guarapiranga. A Ufscar, que já possui estudos relacionados ao tema, deverá desenvolver o modelo de previsão de crescimento compatível com a realidade da represa.
Trata-se de um método matemático que leva em conta uma série de variáveis, como insolação, temperatura, aspectos físicos e biológicos do manancial. Com o cruzamento dessas informações, será possível apontar quais partes da represa tendem a contar com o florescimento das algas. A partir daí, a Sabesp deverá combater esses organismos nos pontos de maior intensidade.
O que são algas?
São cianobactérias – microorganismos que tem estrutura celular como de uma bactéria e fazem fotossíntese. Ao entrar em contato com materiais orgânicos – como esgoto -, podem liberar compostos como a geosmina e o metilisoborneol. O primeiro, também encontrado em alguns vegetais como a beterraba, está associado ao odor de mofo. O segundo, ao cheiro e gosto de terra. Apesar de não causar risco à saúde, o tratamento da água não consegue remover essas sensações. Confesso que não sou muito fã de algas…
Pobreza, menos saúde e menos preservação ambiental
Por sofrer com as ocupações irregulares, que despejam o esgoto in natura no manancial, o problema é recorrente na Guarapiranga. Como disse acima, esses organismos se alimentam dos nutrientes presentes nos dejetos. O sol forte e a ausência de chuvas contribuem para o surgimento das algas.
Obs.: A foto tirei em uma marina da represa. Charmosos os veleiros, não?

Parece zebra, mas não era

Há mais de 100 anos, viviam felizes, alegres e trotantes na África do Sul bandos de animais que se pareciam com a zebra. Era uma espécie de mamífero chamada quagga (nome científico: Equus quagga burchelli). Eles eram dóceis. Pesavam cerca de 350 kg e tinham 1,30 metros de altura. Diferente da zebra, não apresentavam listras no bumbum e nas pernas.
Certo dia no século XIX, colonos descobriram o gosto da sua carne. E caçaram indiscriminadamente o animal. Também porque, no lugar onde pastavam, queriam criar ovelhas e cabras. Tristemente, no dia 12 agosto de 1883, do zoológico de Amsterdã, morreu o último exemplar da espécie.
Até que, em 1987, um grupo de pessoas decidiram trazer o quagga de volta. E reintroduzi-lo no seu devido habitat. Analisando o DNA do animal, descobriram que o quagga era uma subespécie da zebra. Assim, os pesquisadores concluíram que é provável que muitos genes do quagga estejam distribuídos e dispersos nas populações de zebras atuais.
Então… Eles cruzaram zebras com características e genes parecidos aos dos quaggas. O objetivo é chegar a uma população mais próxima possível da quagga original. Veja as impressionantes fotos do resultado dos cruzamentos aqui. Pelo visto, eles estão conseguindo. O projeto se chama “Quagga project”. Para saber mais, leia ali – em inglês.
Pena que esse e outros exemplos de animais extintos pelo homem não mudaram o modo de agir do homo sapiens.